Sionistas estariam planejando a instalação de um território ao estilo Israel no sul da Argentina e do Chile. Teoria da conspiração ou realidade?
Vamos, primeiramente, entender a história do sionismo e, depois, voltaremos para os tempos atuais, a fim de ampliar o horizonte necessário do conhecimento.
Segundo o pensamento dominante, o sionismo, que fomentou a criação de uma Nação para os judeus, data do final do século XIX, e teria surgido na Europa. Há alguns intelectuais que dizem que isso teria nascido bem antes, já na cisão da Igreja Católica na Inglaterra.
O sionismo europeu do século XIX planejava criar uma Nação judaica em três possíveis áreas: Palestina, Sul da Argentina (Patagônia) ou na África.
A Rússia, bem como a União Soviética já quiseram instalar verdadeiras Nações judaicas em seu enorme território, um deles, com Stalin à frente, foi a Criméia, até então com uma população turcomena majoritária.
Muitos intelectuais judeus se posicionaram e ainda se posicionam contra a criação de uma Nação judaica. Freud e Einstein são alguns dos nomes mais conhecidos dos intelectuais contrários à ideia sionista. Também há religiosos ortodoxos e judeus ateus e comunistas contrários à ideia de um Estado judeu.
Fazendo um parêntese, não tenho nada contra uma região em um país ter uma destinação a um povo ou a uma população em especial, mas um Estado em si só de uma religião ou de uma etnia parece ter, como intrínseca, a ideia segregacionista e de superioridade tão prejudiciais como vemos hoje naquele pedaço de mundo, até porque, queiram ou não, aquela região sempre foi continuamente ocupada pelos palestinos, não se tratando de terra sem povo.
Independentemente da data, o fato é que o holocausto da Segunda Guerra tornou factível e uma realidade o sonho de uma Nação para judeus.
A Nação judaica, chamada Israel, idealizada pela ONU, surgiu como ideia em 1947 na Palestina, majoritariamente destinada a judeus e uma parte um pouco menor para o povo palestino. Sim, povo, pois os palestinos, embora arabizados, constituem um povo à parte, com ascendência múltipla e de milenar instalação naquela região.
Movimentos terroristas israelenses praticaram atos de guerra contra militares e autoridades inglesas e civis palestinos, desde antes da criação de Israel. E esses grupos terroristas viriam a formar o exército israelense, hoje chamado de Forças de Defesa de Israel.
Muitos dos oficiais militares ocuparam cargos importantes no Estado israelense, muitos deles como primeiros-ministros.
O Estado de Israel, assim, surgiu pelo diálogo entre algumas Nações a nível da ONU, excluindo os árabes, que precisavam ser ouvidos, e pela força da guerra colonialista, de ocupação de território. E até hoje a força expansionista colonialista contínua é uma realidade. No começo foram se tomando áreas destinadas aos palestinos, sobrando uma parte da Faixa de Gaza e uma parte da Cisjordânia. Depois, colonizaram parte do território palestino através de grupos de colonos judeus ultra religiosos. Depois invadiram áreas dos Países vizinhos, que ocupam até hoje. Israel é, assim, desde a sua criação, um Estado colonialista expansionista.
Por outro lado, por ser um Estado militarista e com o serviço militar obrigatório, todos os seus jovens, homens e mulheres (com algumas pouquíssimas exceções), prestam o serviço militar. Após, com uma bolsa do governo, eles podem viajar pelo mundo, muitos deles optando pela Bahia e pela Patagônia, chilena e argentina. Daí surgiram alguns vídeos sobre eles, alguns falando sobre uma teoria chamada de Plano Andinia, de ocupação militar israelense do sul da Patagônia (chilena e argentina).
A Patagônia interessou, sim, aos sionistas, ao menos no passado. Hoje, ao que tudo indica, os israelenses viriam apenas como turistas, após prestarem o serviço militar obrigatório naquele país. Ao que consta, eles não viriam armados e não foi localizado qualquer aparelho que possa caracterizar tentativa de captação de dados ou de informações sensíveis. Aparentemente, então, há um pouco de exagero nas falas dos vídeos difundidos pelas redes sociais.
Contudo, considerando: 1) o perfil colonialista e expansionista de Israel; 2) as riquezas minerais, incluindo petróleo, da região; 3) a proximidade da Patagonia com a Antártida (o continente possivelmente com as maiores reservas de gás, petróleo e minério do globo); 4) o precedente criado com as falas de Trump, que autorizaram a tomada de território de qualquer país; a Argentina e o Chile devem, sim, se precaver e ocupar militarmente a região, ou seja, colocar bases militares próprias (e não estrangeiras), além de reativar serviços de integração regional como fazia a antiga LADE - Líneas Aéreas Del Estado, fomentada pelos governos peronistas para facilitar a ocupação do território pelos argentinos. Evidentemente, a inteligência argentina deveria monitorar a ação desses "militares turistas", a fim de verificar a existência de ações estranhas ou de ações repetitivas e padronizadas por parte dos israelenses. Nunca é demais se precaver, considerando a riqueza hoje existente e também o potencial da região.
O chamado Plano Andinia pode ser uma grande teoria da conspiração, ou não. Por isso, a precaução seria a melhor medida por parte dos governos sul americanos.