quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo! Feliz 2016!


Imaginava que este blog não duraria até meados de 2015, e não é que estamos acabando o ano com mais uma postagem?
Já são oito anos de blogs, contando os anteriores (cyrosaadeh.blogspot e click, este já apagado pelo provedor), algo raro no mundo virtual.

Pretendo dar continuidade a este espaço por 2016 e muitos outros anos.
Feliz Ano Novo! Feliz 2016!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

NATAL COM OLHAR HUMANO

Há muito tempo, crianças eram perseguidas por exércitos. Isso não mudou muito. Veja as crianças sírias que fogem dos radicais. Há muito tempo, crianças eram escravizadas, prostituídas e tratadas como mero objeto. Hoje ainda é assim. Não é preciso ir à guerra na Síria. Isso se vê aqui mesmo no Brasil. Há muito tempo, cria-se que uma criança nascida em Belém mudaria o caminho da humanidade. E mudou! Hoje, não garantimos o futuro das crianças nem semeamos a paz para que possam colher um futuro melhor. Não temos esperanças em nós mesmos nem no futuro da humanidade. A data que era para ser comemorada com abraços e danças, com muita felicidade, é vista como dia de troca de presentes, de comércio, justamente o contrário do que pregava Cristo, a quem devemos esse dia tão especial. Que o nosso Natal seja simples, cheio de modéstia e de amor; repleto de felicidade; recheado de amigos; e cheio de esperança na Humanidade. Que os nossos olhares possam a partir desse dia se tornar ainda mais humanos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

OLHARES HUMANOS - REDUÇÃO HIGIENISTA DA NOSSA INCOMPETÊNCIA - MARGARETE GONÇALVES PEDROSO

REDUÇÃO HIGIENISTA DA NOSSA INCOMPETÊNCIA


arte-brasileira-5
“Não importa se a redução da maioridade vai resolver o problema, o que importa é tirar estes moleques da rua”. Li esta frase emblemática e reveladora em um post de uma rede social. O autor desse escrito, não sei se intencionalmente ou por força de um ato falho, revelou e resumiu o pensamento, ainda que não assumido, da maioria daqueles que defendem a redução da maioridade penal.
Pensar que a redução da maioridade penal resolverá, com um passe de mágica, todo o problema da violência no Brasil é um engodo sem tamanho. Obviamente, políticos oportunistas apoiam-se nisto de maneira populista e demagógica, apresentando para a população uma receita milagrosa para o fim da prática de crimes no país e com isso aumentam suas possibilidades de ganho de votos para manterem-se no poder. Ora, a boa intenção política para a solução dos problemas da violência não é mágica, passa pela adoção de medidas que garantam a todas as nossas crianças, saúde, educação, moradia digna, enfim, passa pela efetiva criação, pelo Estado, de políticas públicas de inclusão social.
Entretanto, soluções a longo prazo, evidentemente, não rendem votos para a próxima eleição, daí a opção (sempre) por uma pseudo solução tão imediatista quanto irresponsável. A sociedade precisa entender que a “venda” da redução da maioridade penal por esses legisladores, nada mais é do que uma propaganda enganosa. Primeiro porque a partir dos 12 anos, os menores de idade já são punidos e cumprem suas “penas” em estabelecimentos adequados e separados dos adultos, portanto não há impunidade. Segundo que o produto anunciado (redução da violência) não tem garantia, nem poderia.  Basta observarmos o constante aumento da criminalidade entre os adultos. Fosse a prisão, nos moldes como se apresenta em nosso sistema penitenciário, a solução, não teríamos altíssimos índices de reincidência entre os maiores de 18 anos.
Mas, voltando à frase que iniciou este texto, talvez quem defenda a redução da maioridade não esteja preocupado em “resolver o problema”, mas sim em retirar da sua frente os tais moleques que perambulam pelas ruas das cidades brasileiras e esfregam todos os dias em nossas caras o quanto somos incompetentes como cidadãos. Somos uma Nação que não sabe cuidar de nossas crianças, que não sabe cuidar do nosso futuro.
A ineficiência do Estado reflete a nossa ineficiência como eleitores e é responsabilidade de cada um de nós, de modo que a solução que resta, para alguns, é trancafiar nossas incompetências atrás dos muros dos presídios, retirá-las da frente de nossos olhos.
Até agora não li, nem ouvi nenhum defensor da proposta dizer que ela é boa para coibir delitos típicos de jovens de classes sociais mais privilegiadas, na qual realmente há uma impunidade efetiva. Não está no imaginário de ninguém a prisão do adolescente que apresentar documento de identidade falso para entrar na balada, ou daquele que constranger o colega de escola submetendo-o à violência psíquica ou física (bullying), ou do garoto que beijar à força uma menina no colégio. Diante disto, concluo que qualquer proposta de Emenda Constitucional para reduzir a maioridade penal pretende, como já se faz em todo sistema carcerário, a punição dos pobres, dos moradores de rua, dos sem nada, pretende-se a segregação daqueles que talvez já tenham idade para votar, mas que sequer sabem que são cidadãos. A seletividade é clara, afinal, o que realmente importa é tirar nossa incompetência da frente.
Como disse Maria Rita Kehl, na Folha de São Paulo de 14/06: “ Sabemos sem mencioná-lo publicamente que essa alteração na lei visa apenas os filhos dos “outros”. Estes outros são os mesmos há 500 anos. Os expulsos da terra e “incluídos” nas favelas”
 
Margarete Gonçalves Pedroso, Procuradora do Estado de São Paulo e colaboradora do Grupo Olhares Humanos
 
www.olhareshumanos.wordpress.com

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

MUITO MAIS QUE MEROS CRIMES DE RACISMO. CRIMES DE LESA PÁTRIA.


Não gosto muito de publicar textos jurídicos de minha autoria no meu blog pessoal, mas a questão dos atos preconceituosos praticados na internet têm me revoltado e deram ensejo a um texto escrito com o fígado, sem cebola e sem o tempero da poesia, mas com muito calor e emoção, para reflexão.
 foto: internet
Os atos execráveis de discriminação praticados contra diversos personagens públicos, com destaque a jornalistas e atrizes negras, não configura tão somente crime de racismo. É muito mais que isso.

O racismo, como qualquer ato discriminatório, configura um ato horripilante, típico da era das trevas. Se estivéssemos na Europa, ofender a etnia negra poderia ser simplesmente crime tipificado como racismo, mas não no Brasil, onde o negro faz parte de nossa identidade nacional. Somos um país de maioria negra. Somos um país onde os afrodescendentes, negros ou pardos, compõem mais de 51% de nossa população.

Uma ofensa à raça negra propagada na internet ou em qualquer mídia não é apenas um crime de racismo. É um crime de lesa pátria tipificado no art. 22 da Lei 7170, de 14 de dezembro de 1983, e assim também deve ser tratado.

Assim dispõe o referido dispositivo:

“Art. 22 - Fazer, em público, propaganda: (...)

II - de discriminação racial, de luta pela violência entre as classes sociais, de perseguição religiosa; (...)

Pena: detenção, de 1 a 4 anos.”

Um ato contra um elemento integrante de nossa entidade afronta mais que o indivíduo diretamente atingido e mais também que a coletividade racial. Tal ato violenta o cerne de nossa identidade, alcançando o próprio povo brasileiro e a imagem de nossa nossa pátria. É o que prevê desde 1983 a tão polêmica Lei de Segurança Nacional, ainda em vigor.

Chega dessa barbárie. Chega do silêncio complacente. Chega da barbárie praticada contra a alma de tantos brasileiros e que alcança diretamente a nossa identidade. Somos uma Nação formada por diversos povos, dentre eles o negro, que é a maioria de nossa população.

É passada da hora da Justiça se impor como garantidora dessa maioria negra e da identidade de nossa Nação. O Brasil não pode ser compelido a busca o exemplo de Europa homogênea, que já não existe mais. Somos europeus, um pouco asiáticos, mas também somos indígenas e mais ainda negros. Essa é a nossa identidade que muitos não querem aceitar.

Os brasileiros negros, assim como qualquer outro nacional, não pode ser compelido a ler e ouvir tantas ofensas propagadas na mídia contra a nossa identidade. Essa propaganda do terror, de uma imagem que não é nossa, diminuindo com caneta ácida a identidade brasileira, afronta a própria Nação, e não há como não ser considerada um crime de lesa pátria.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

OLHARES HUMANOS

OLHARES HUMANOS *


JORNAL APESP
Falar ou mesmo pensar em Direitos Humanos causa polêmica ou apreensão, pois, muitas vezes, são vistos como os direitos dos outros, daqueles que nada têm a ver conosco. Humanos somos todos nós; portanto, falar de Direitos Humanos diz respeito a todos. O estudo dos Direitos Humanos é, antes de tudo, a luta incansável pela reafirmação das liberdades, o que inegavelmente atrapalha e incomoda as redes de poder já constituídas. Entretanto, é a liberdade que nos torna verdadeiramente humanos.
Para muitos, os Direitos Humanos são despidos de sentido e de significado, é como se não lhe dissessem respeito. Teima-se em desconhecer que só alcançaremos um mundo mais igualitário, justo e que respeite o outro, quando iniciarmos uma construção coletiva, quando olharmos o outro em suas peculiaridades e particularidades, quando pudermos nos enxergar no outro. O estudo dos Direitos Humanos nos garante outra perspectiva, aquela que nos permite olhar além de nós mesmos. Para estudar Direitos Humanos é preciso compreender que a igualdade e a dignidade são direitos basilares de todos.
O reconhecimento das nossas próprias incongruências e falibilidades é passo inicial para a consolidarmos uma agenda de efetivação dos Direitos Humanos. Diante de tudo isso, nos demos conta do quanto somos limitados dentro de nossos mundos, no conforto de nossas profissões, marcadas por dogmas seculares e arraigados, pouco criativos e voltados para nós mesmos.
No exercício da Advocacia Pública, sentimos a necessidade de nos aprofundarmos no estudo de questões que nos afligem diariamente em nossas vidas e em nosso trabalho. Em uma análise superficial pode parecer que os Direitos Humanos se contrapõem à atuação de advogados que defendem um ente público, o que não é real. O Estado não deve ser visto como opositor dos Direitos Humanos, senão como seu depositário e guardião. Assim, cabe ao Advogado Público orientar os administradores públicos a suprimirem os obstáculos que desrespeitam a dignidade da pessoa humana, de modo que, é o Advogado Público quem deve orientar juridicamente o Estado a fazer políticas públicas que concretizem os Direitos Humanos como saúde, educação, segurança, meio ambiente.
Como podem perceber, muitas inquietudes nascem do estudo dos Direitos Humanos e destas inquietudes é que nasceu um feliz encontro de pessoas que têm o sonho de serem agentes transformadores da realidade. Ao nos encontrarmos, percebemos que tínhamos em comum o mesmo desejo, que era estudar e disseminar conhecimentos e ideias para contribuir na construção de um mundo mais livre, menos segregador e mais justo.
Nesse contexto, nasceu o Grupo Olhares Humanos que, embora com proposta multidisciplinar, reúne, hoje, Procuradores do Estado que querem olhar além de si próprios.
Percebemos que para pensar os Direitos Humanos é preciso ter a capacidade de olharmos para além de nós mesmos. É preciso ter a capacidade de olharmos para o outro na sua singularidade, nas suas diferenças. E é deste olhar que falamos, é este olhar que propomos.
Olhar o outro é olhar sem distinção, é garantir que cada sujeito possa usufruir plenamente de todos os seus direitos. Olhar o outro é ver além da raça, da cor, do sexo, da língua, da religião, da opinião política, da posição social ou econômica. Olhar o outro é respeitar a dignidade e a subjetividade de cada pessoa.
Não é possível ficarmos inertes diante do mundo, é preciso atuar, fazer algo. Entretanto, sabemos que é necessária certa rebeldia diante do sofrimento, não podemos ficar inertes diante da dor de outro ser humano. Não é tarefa fácil e imediata, mas se mostra como uma luta diária e sem prazo definido, mas que escolhemos assumir ao criarmos o Grupo Olhares Humanos.
O olhar humano é o olhar rebelde, que se direciona para fora, para o outro, para além de nós mesmos. É poder olhar o outro que nos torna mais humanos.
 
Margarete Gonçalves Pedroso é Procuradora do Estado, ex-conselheira eleita da PGE, colaboradora do Grupo Olhares Humanos e atual integrante do Conselho Estadual da Condição Feminina.
 
 
* Texto originalmente publicado no Jornal da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, Edição 72, maio/junho 2015 (http://www.apesp.org.br/pdf/jornal-do-procurador/72.pdf).

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A CRISE SÍRIA, A GEOPOLÍTICA MUNDIAL NESSE INSTANTE E O BRASIL

OS ESTADOS UNIDOS LUCRAM COM O RESULTADO DA CRISE NA SÍRIA E CRESCEM

Não basta aos Europeus atacar o Estado Islâmico e fomentar outros grupos rebeldes a Assad (presidente sírio). Enquanto tomar atitudes desse estilo, a União Europeia estará sujeitando diversos de seus países a uma avalanche de refugiados sírios desesperados por um porto seguro.

Enquanto isso, os Estados Unidos, que treinaram muitos dos militantes do Estado Islâmico e demais rebeldes sírios, recebem poucos refugiados, crescem economicamente e fazem um acordo com uma dezena de países no Pacífico. Se a cartada americana era crescer às custas da Europa, que sofreria com a crise com os refugiados, enquanto estava tentando se recuperar da forte crise que vivencia desde 2008, parece que conseguiu.

Por outro lado, se os estadunidenses pretendiam frear o crescimento chinês, também estão conseguindo.  Eles enfraqueceram política e economicamente a Rússia e o Brasil, ao mesmo tempo em que estão minando a popularidade dos líderes de esquerda em toda a América Latina, com os quais a China mantinha bons laços econômicos e firmou acordos com investimentos massivos. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos movimentam suas tropas em sentido às fronteiras da China e da Rússia, ou seja, estão cercando seus rivais geopolítico (Rússia) e econômico (China).

A Índia, outro membro dos BRICS, ao lado do Brasil, Rússia, China e África do Sul, mantém contatos com China, Rússia e também os Estados Unidos e não ameaçam a grande potência militar do planeta, os Estados Unidos. Porém, estão para ocupar o 7º lugar no PIB mundial, deixando o Brasil para trás.

BRASIL

O Brasil enfrenta uma séria crise política e econômica e uma tentativa nunca dantes vista de quebrar a Petrobras, que deixaria de explorar vários campos de petróleo e de ampliar o refino limitado de petróleo, para meramente exportar óleo cru, importando ele já refinado. Ou seja, gastaria muito mais e se tornaria dependente do exterior, deixando de industrializar-se, criar mais empregos e produzir dólares. Esse sério alerta foi dado na revista Diplo, Le Monde Diplomatique Brasil, edição de setembro.

Se a ideia dos Estados Unidos eram barrar a China das Américas, conseguiu, e facilmente. Isso não tira a responsabilidade de Lula, Dilma e do Partido dos Trabalhadores, mais preocupados em criar multinacionais brasileiras do que em fomentar a industrialização massiva no interior do país.  Hoje, as maiores cervejarias do mundo têm sócios brasileiros; as maiores exportadoras de frango também, alguns dos bancos mais bem estruturados, bem como uma das maiores redes de fast food do mundo. Mas isso não tem colaborado com o crescimento acelerado do país. Ao contrário, implicou em remessa de dinheiro para o exterior e a criação de unidades industriais em solos estrangeiros e uma política que premia investidores no mercado financeiro ao invés de produtores.

Não é necessário dar golpe para mudar a política social. A presidente Dilma já está fazendo isso por conta própria. No entanto, setores conservadores tentarão, a todo custo, ocupar o governo federal no tapetão.

Se os Estados Unidos ficarão quietos, ou não, não sabemos, já que a desestabilização do Brasil não interessará a eles, que voltaram a crescer e querem seus vizinhos pacificados e aliados, mas sem turbulências próximas. Embora queiram o controle e assegurar estabilidade, a prioridade dos Estados Unidos é a Ásia, e não a América do Sul.

Talvez os Americanos invistam no Brasil, assegurando certa estabilidade a Dilma, que já tem um governo mais próximo daquilo que lhes convêm, afastando ao mesmo tempo o gigante sul americano da China e de outros líderes esquerdistas do continente.

Mas se a “esquerda” no Brasil cair, os governos da Argentina e da Venezuela não sobreviverão. Os Estados Unidos podem ajudar um pouco a economia do Brasil, mas não a ponto de dar carta branca ao governo Dilma.

RÚSSIA E OUTROS PAÍSES

A Rússia, hoje, não é a potência que interfere em todo o planeta, como fazia a URSS décadas atrás, mas devido ao seu poderio militar e às ações geopolíticas estratégicas pontuais, ainda faz a diferença, ao contrário da China, que se atém basicamente ao fortalecimento do seu exército, sem grande papel no cenário mundial.

A Rússia percebeu há tempos a intenção da União Europeia e dos Estados Unidos isolarem-na, seja com a cortina de mísseis Patriot de defesa na Turquia e Polônia, seja com as ações militares na Ucrânia e com as guerras patrocinadas pelos Estados Unidos e União Europeia nos países que lhe são próximos, Iraque, Afeganistão e Paquistão.

A ação russa e de outros países integrantes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, Bielorússia, Armênia, Tadjiquistão, Cazaquistão e Quirguistão, na Síria, visa evitar que venham a sofrer em seus solos com as ações terroristas do Estado Islâmico. A Rússia também almeja garantir que a sua marinha tenha um porto no Mediterrâneo, de fronte aos países europeus, numa região estratégica, ao mesmo tempo em que manteriam um aliado numa região em que os Estados Unidos, Israel, Irã e Arábia Saudita, predominantemente, ditam as regras.

Os russos já comunicaram que enfrentaram não só militantes do Estado Islâmico, mas aviões turcos e israelenses que sobrevoavam a Síria. Ou seja, a guerra da Síria reflete no mundo todo e interessa a diversos países. Aos Estados Unidos, em especial, por diversos motivos, seja por tirar um rival do poder e fortalecer o seu aliado israelense, seja por criar, com os refugiados, uma situação de crise para os europeus, permitindo que cresça sem a concorrência no oeste do globo.

A Israel, a crise na Síria serve de pretexto para enfraquecer os seus opositores Hezbollah e Irã, ao mesmo tempo em que fomenta militantes radicais (leia-se Estado Islâmico) que lutarão em vários outros países do Oriente Médio, enfraquecendo política e militarmente todos os seus vizinhos. Os sobrevoos de aviões israelenses e os ataques que têm ocorrido sistematicamente no território sírio contra alvos do exército sírio, demonstram que Israel não está apenas observando o que ocorre no seu país vizinho.

A Arábia Saudita fomenta o radicalismo islâmico, mas ao mesmo tempo defende países com ditaduras militares que lhes sejam favoráveis, como a do Egito. Visa ela manter a hegemonia no mundo muçulmano no Oriente Médio, afastando o seu rival Irã. Ao mesmo tempo aproxima-se de Israel, também aliado próximo dos Estados Unidos.

O Irã tem uma indústria pulsante e crescia muito economicamente, tendo sido freado por conta dos embargos agora amenizados. Com o acordo nuclear, o Irã voltará a ter a sua economia crescente, que é o que interessa ao atual governo. A médio prazo, inclusive, poderá fazer parte do bloco emergente dos BRICS. Questões geopolíticas não foram esquecidas, tanto que atua na Síria e no Iemen, para contrapor-se às ações da Arábia Saudita, que teria se aliado a Israel. O Irã afirma que os aviões sauditas que atacam o Iemen são conduzidos por pilotos israelenses, que teriam melhor preparo para essas missões.

SÍRIA

Enquanto o mundo se divide em questões econômicas e geopolíticas, os sírios e os curdos vêm sofrendo na carne e na alma os reflexos da mais grave crise humanitária das últimas décadas. Não bastasse o horror de uma guerra comum, as atrocidades praticadas por soldados de diversos países, além dos militantes radicais do auto denominado Estado Islâmico, que agravam a questão com atos de selvageria, já que prostituem, estupram, crucificam, apedrejam, queimam, esquartejam e fuzilam suas vítimas, tornam o viver desesperador.

A Síria está em ruínas e em cinzas e o seu povo foge desesperado.

Será que a população mundial está preparada para enxergar as questões humanitárias envolvidas nessa questão, deixando as econômicas e as geopolíticas para um segundo plano? Será que nos preocuparemos principalmente em salvar e preservar vidas? Será que gritaremos para que os líderes recebam os refugiados de guerra? Será que cobraremos dos nossos líderes que ajudem os deslocados internos na Síria? Será que cobraremos dos líderes políticos dos países envolvidos os esclarecimentos necessários e a abstenção de financiar ou intervir belicamente nesse conflito horrendo? Será que teremos manifestações pelo fim do conflito na Síria?

Os Caminhos são muitos. O antigo Caminho de Damasco, de Paulo, foi o de publicizar que Deus não punia ou se vingava, mas pregava amor e caridade. O atual exige isso dos humanos. Estaremos preparados para esse importante Caminho?

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A RÚSSIA AINDA RUGE


A Rússia, na Síria, está mostrando ao mundo que ainda é um jogador geopolítico e que merece respeito. Ao mesmo tempo, provoca a Turquia, membro da OTAN, e repele interesses israelenses ao enfrentar no ar caças daquele país.
Putin pode ter vários defeitos, mas é graças a ele que o mundo ainda não enfrentou a terceira guerra mundial. O Oriente Médio só não explodiu porque Putin, sem o aval expresso dos Estados Unidos, barrou os interesses beligerantes e econômicos sauditas e israelenses contra o Irã.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

PETROBRÁS

Vocês se lembram de que a presidente Dilma e a Petrobrás haviam sido objeto de grampo da agência de espionagem estadunidense, o que levou o Brasil a estremecer as relações com os Estados Unidos, o mesmo que fez a Alemanha, também espionada?
Você sabia que as questões de nacionalização da produção petrolífera foram objeto de golpe nos mais diversos países do mundo pelo menos nos últimos 70 anos, em razão de interesses geopolíticos dos grandes impérios (Inglaterra e Estados Unidos, em especial)?
Se somarmos isso ao que está acontecendo no Brasil, hoje em dia, você pensaria o que?
É óbvio que houve desmandos e prática de crimes por diversas autoridades. Isso tem que ser objeto de apuração e, se o caso, punição.
Me refiro no texto à questão de patente interesse internacional no enfraquecimento da Petrobrás.
Se você não acha esses argumentos suficientes, o que você diria a respeito da pressão para que a Petrobras não participe com exclusividade em algumas áreas do pré sal nem aumente a sua produção de refino de petróleo? Sim, querem que o Brasil não amplie sua tecnologia de prospecção de petróleo, uma das mais avançadas do mundo, e que passe a exportar petróleo cru e importe, como vem fazendo, o combustível já refinado, muito mais caro.
Fique de olho. Os interesses nacionais também estão em jogo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O SACI PERERÊ E O FOLCLORE INTEGRAM OS DIREITOS HUMANOS

Ilustração: camaleão.org

                       















Não há como falar do nosso Saci Pererê  sem abordar logo de início o que mais atormenta a sobrevivência do nosso folclore como um todo: a globalização.
 
As diversidades culturais relacionam-se umbilicalmente aos Direitos Humanos e elas vivenciam momentos angustiantes com a presente globalização.
 
Não há hoje a mundialização prevista inicialmente pelos franceses mais à esquerda, com conotação mais humanista e de interação. Hoje não há qualquer conversação ou interação real, mas a mera imposição de costumes, de valores e de interesses de um ou poucos Estados sobre o conjunto da humanidade, ou seja, a homogeneização e a pasteurização, símbolos maiores da modernização da vestimenta do imperialismo, que se apresenta sob uma versão mais colorida, mas ainda sob um só prisma, iludindo aqueles que não refletem e não têm consciência histórica e política.
 
A questão atingida mais de perto pela globalização é a manifestação cultural própria de um povo ou de uma localidade, com destaque à sua música, à sua dança, à sua arte e também ao seu folclore.
 
A garantia de proteção ao folclore se dá em âmbito internacional através da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais[1], que protege a diversidade das manifestações culturais e foi ratificada pelo Brasil em 2007, e em âmbito interno através da Constituição da República[2].
 
É bom sabermos que há uma proteção, mas sem efetividade, sem implementação e sem vontade, de nada adianta existirem leis, Constituições e Tratados Internacionais garantistas.
 
O governo e a família, que deveriam ser os principais responsáveis pela preservação e propagação da cultura nacional, omitem-se em grande parte das vezes. Uma ou outra alma reticente é que brada pela sobrevivência do folclore nacional. A globalização avassaladora, dentre outras perversidades, cortou os laços afetivos com o nosso passado. Para quem duvida, tomemos como exemplo o dia das bruxas, que nada tem a ver com o nosso folclore, com a nossa história e o nosso modo de viver, mas é ela que domina o coração e a mente de nossas crianças e dos seus pais, com festas de Halloween feitas em escolas, academias, condomínios e até nas empresas e repartições públicas!
 
Algumas pessoas da minha geração ainda têm em mente a figura do Saci Pererê, personagem do folclore nacional que foi divulgado por inúmeros escritores, com destaque a Monteiro Lobato e o seu Sítio do Pica Pau Amarelo, mas as crianças de hoje, ao contrário, adeptas mais dos seriados televisivos, da internet e dos desenhos e filmes, quase sempre empacotados (importados) do que do livro nacional, já aderem a uma consciência globalizada e pouco conhecem dos valores culturais locais.
 
Todo esse desinteresse com a cultura nacional é o reflexo do descaso com a nossa história e os nossos valores. Desta forma, não basta haver a proteção legal nacional ou ainda internacional à cultura local ou regional se os governantes e o próprio povo não se interessarem na implementação e no aperfeiçoamento de garantias já existentes. O que pode estimular, e muito, a valorização da cultura nacional pela população é a educação planejada e de qualidade que prime pela formação de cidadãos brasileiros, com efetiva noção de história do Brasil e de suas raízes culturais. Segundo o que penso, sem o necessário acompanhamento de uma educação vigorosa, qualquer medida a ser implementada seria em vão, pois as mentes e os corações já estariam dominados pelo espírito massificador da globalização.
 
Como se vê, o Saci Pererê tem potencial para assustar e espantar as bruxas da globalização. Ele, além de ser um herói da resistência da cultura e do folclore brasileiros, de nossa brasilidade, também significa a efetividade de uma parte dos direitos humanos.
 

[1] http://www.cultura.gov.br/politicas5/-/asset_publisher/WORBGxCla6bB/content/convencao-sobre-a-protecao-e-promocao-da-diversidade-das-expressoes-culturais/10913
[2] Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

SACI PERERÊ FOI ENGOLIDO PELA GLOBALIZAÇÃO

Globalizaram nossas mentes e corações. Em breve tenderão a globalizar nossas almas e será o fim.
Quase nenhuma criança lembra das lendas brasileiras que inclui o Saci Pererê, personagem de Monteiro Lobato, dentre outros autores.
No entanto, as nossas crianças brasileiras sabem do dia das bruxas, globalizado pelos estadunidenses, e do dia em que se comemora tal coisa mais sem graça. Sem graça por não ter história, por não ter conteúdo e por não ter brasilidade.
Na semana que vem tem o texto do Saci Pererê e os Direitos Humanos aqui pra você.
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O CAMINHO DE DAMASCO QUE SE AVIZINHA


Quarta Parte – SOLUÇÕES POSSÍVEIS

 

Viver em local atingido por uma guerra não é fácil. Refugiar-se também não é. Há uma vida a ser refeita.

As várias violações ao direito humanitário e as afrontas à própria Convenção de Genebra não têm sido suficientes a sensibilizar as Nações Unidas para a adoção de soluções eficazes tanto para por fim ao conflito, como para diminuir o drama dos civis envolvidos.

A primeira solução seria a pronta pacificação, a fim de salvar vidas. Permitir ataques aéreos ou estabelecer uma zona de exclusão aérea não é ação totalmente eficaz para por fim ao conflito se ao mesmo tempo não houver a efetiva proibição de financiamento a grupos privados que estejam lutando naquele país, inclusive com aplicação de sanções. Como o caso envolve interesses geopolíticos regionais muito claros, o que não tem sido aprofundado pela mídia, a solução definitiva vem sendo retardada em prol dos países secretamente envolvidos na questão.

A outra medida a ser adotada, que entendo ser mais urgente, é a amenização do drama dos que buscam refúgio ou que se encontram na zona de guerra, buscando-se impor a cada um dos países membros da ONU o recebimento de um percentual mínimo de refugiados, o que amenizaria tanto o drama do povo sírio, como também dos países que hoje acolhem números assustadores e assimétricos de refugiados, o que vem acarretando problemas sociais muito difíceis de serem resolvidos nos países de acolhida, como no caso do Líbano.

Uma medida que também deveria ser incentivada é a guarda ou a adoção à distância (apadrinhamento) de crianças e adolescentes em situação de refúgio, bem como a doação financeira e material a entidades que cuidam de refugiados ou de questões humanitárias, com a consequente possibilidade de dedução do imposto de renda, conforme a legislação local vier a definir.

Situação tão dramática e cruel como a que temos visto não pode autorizar a inércia dos países nem dos povos que se encontram em situação de maior segurança humanitária. Os exemplos vividos pela humanidade não nos dão direito ao silêncio e à inércia.

Esses dramas e a comoção geral permitem prever que um novo caminho de Damasco se avizinha, com a importante valorização das questões humanitárias e do efetivo implemento de ações que assegurem uma maior dignidade a cada uma das pessoas atingidas por atos de profunda desumanidade.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O DOLOROSO CAMINHO DE DAMASCO


                                                     Terceira Parte – AS VIOLAÇÕES

 

São muitas as violações sofridas pelos refugiados, seja no país de origem, seja onde se encontram esperando a solução de sua situação, seja no país de acolhida.

Na Síria, as minorias são perseguidas, principalmente pelos grupos radicais, como o Estado Islâmico.

O Estado Islâmico tem praticado verdadeiras barbaridades que nos remetem a um tempo sombrio de nossa história. Os gays são assassinados, normalmente jogados dos prédios.  As mulheres e crianças podem ser vendidas como escravas e daí serem prostituídas. Muitas crianças, órfãs ou que se perderam de suas famílias, vagam sozinhas pelo deserto. Os opositores e os ditos infiéis, ateus ou seguidores de outras religiões, como os yazidis ou que não se proponham a pagar um imposto de tolerância, normalmente são executados a tiros, mas podem ser degolados, crucificados, afogados ou queimados vivos. A tortura é frequente, assim como o uso de armas proibidas.

O governo sírio, por sua vez, estaria praticando tortura, prisões ilegais e utilizando armas proibidas. Mas, por outro lado, é esse governo que, ao lado dos curdos, tem garantido a sobrevida dos homossexuais e das minorias religiosas nos locais em que ainda mantém controle.

Os curdos são considerados heróis por alguns e terroristas por outros. Mas nem todos os grupos de curdos são iguais. Há os marxistas e também aqueles ligados à Turquia, Estados Unidos e Israel. Os que mais se envolvem na guerra, com armamentos antigos e também cedidos pelo governo sírio são os curdos do norte da Síria, com o apoio do PKK, partido marxista turco, ligado à defesa dos interesses da etnia curda. São esses que estão libertando a população do norte da Síria das mãos do Estado Islâmico e que, por outro lado, têm sofrido intenso bombardeio da Turquia em território iraquiano e sírio.

As crianças são as principais vítimas. Milhares tornam-se órfãs e perdem-se de suas famílias. Muitas são utilizadas como soldados pelas forças oposicionistas, onde se destaca o Estado Islâmico. Muitas são compelidas a trabalhar desde pequeninas, para poderem sobreviver. Milhares são escravizadas. Outras são obrigadas ou seduzidas a se prostituírem. Algumas casam-se ainda crianças, com menos de 9 anos, para deixarem de ser um encargo para a família. Muitas ficam em abrigos no meio da guerra, enquanto outras ficam em campos de refugiados. Nenhuma delas pode ser adotada porque na Síria o instituto da adoção não é reconhecido. E a obtenção da guarda não é algo fácil. Primeiro o pretenso guardião tem que manter contato com alguma instituição religiosa localizada na Síria, seja muçulmana ou cristã, para poder ter a guarda de criança da mesma religião que a sua. Depois, terá que ir à região, seja nos países circunvizinhos ou na própria Síria, que se encontra em uma sangrenta guerra civil.

As mulheres também sofrem numa região onde o machismo prevalece em plenos horrores da guerra. As que são cristãs são obrigadas a vestir trajes muçulmanos ao saírem em público nas regiões dominadas pelos grupos extremistas. Muitas são prostituídas ou escravizadas; outras, assassinadas. São, em síntese, resumidas a meros objetos.

  Os idosos com dificuldade para se locomover não recebem tanta atenção da mídia, mas são grandes vítimas, muitos abandonados até morrerem de fome e de sede.

Os deslocados internos sírios, que são aqueles que saíram de seu local de origem, mas permanecem na Síria, normalmente são pessoas de menor poder aquisitivo e que ainda continuam a correr sérios riscos, além de estarem sujeitos a passar fome e sede.

   E os refugiados que conseguiram fugir do conflito bélico e do país de origem, ainda têm que enfrentar a dificuldade em sobreviver. Alguns países os deixam segregados em campos, onde estarão ao lado se seus conterrâneos. Outros países, como o Brasil, de forma mais humana, o abrigam no seio social, porém, isso os obriga a se depararem com uma língua diversa e com costumes muito diferentes. Porém, será dessa forma que poderão se integrar à comunidade local e, se assim quiserem, permanecer no país.

Conseguir o status de refugiado não é tarefa fácil. Enquanto solicitam, muitos são tratados como animais, segregados em campos próprios. Outros têm mais sorte e são inseridos no meio social do país de acolhida. Mas a luta para isso não é fácil, como se viu.

 É um longo caminho a ser percorrido.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A ESPERANÇA NO CAMINHO DE DAMASCO

 
 
                                           Segunda Parte – O REFÚGIO E A BUROCRACIA

 

Segundo a revista Caros Amigos, edição de julho, a Alemanha seria o país que receberia o maior destino de refugiados na Europa, seguida pela França e Espanha.

Mas não são os europeus os que mais recebem os refugiados sírios.

O país que mais acolhe os refugiados sírios no mundo, hoje, é a Turquia, com mais de 1,8 milhão de refugiados daquela nacionalidade. Porém, o Líbano, com uma população inferior a 5 milhões de habitantes, abriga mais de 1,2 milhão de sírios, o equivalente ao impressionante percentual de 25% de sua população. O Egito, a Jordânia e o Iraque abrigam, juntos, quase um milhão de refugiados da Síria. Porém, quase todos eles ficam em campos para refugiados, distantes da população civil do país e da necessária integração local. Os sírios e os palestinos recebidos por aqueles países passam frio e fome e necessitam do apoio de instituições como o ACNUR ou ONGs voltadas a questões humanitárias.

Na América Latina, o Brasil lidera o acolhimento dos sírios, com mais de 1.600 refugiados dessa nacionalidade, grande parte em São Paulo, mas é um número ínfimo se comparado à sua população de mais de 200 milhões de habitantes.

Mesmo aparentando ser pouca coisa, há que se confirmar tratar-se de uma pequena evolução. Desde 2013 o governo brasileiro desburocratizou a emissão de vistos para cidadãos sírios e demais estrangeiros afetados por guerras. Segundo o ACNUR, quase a totalidade dos pedidos de refúgio por sírios é deferida e, hoje, os sírios passaram a constituir o maior grupo de refugiados no Brasil.

Embora a postura do governo brasileiro seja mais liberal do que era anos atrás, os sírios, assim como outros refugiados, têm sofrido muito já em solo considerado seguro, pois não basta estar em solo livre de guerras e perseguições. É preciso sobreviver. E para isso há a necessidade de obtenção de emprego, para que seja propiciada renda para a locação de um alojamento, para a aquisição de roupas adequadas e também de comida, pelo menos.

O primeiro contratempo é a grande demanda de solicitações de refúgio. Essa grande procura, inédita até então no Brasil, tem levado a Polícia Federal a demorar meses para efetuar o atendimento inicial. Lembre-se que somente após ser apresentada a solicitação é que será expedida a carteira provisória que servirá de autorização, inclusive para buscar trabalho. Porém, o fato de ser estrangeiro e não falar o português são grandes empecilhos, e o refugiado acaba se socorrendo a conhecidos ou a membros da comunidade ou a instituições de caridade para poder sobreviver.

O caos na vida do solicitante de refúgio foi apenas dirimido. Nada ainda lhe foi assegurado.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

OS CAMINHOS DE DAMASCO


Enquanto restar um único humano, a humanidade persistirá, mesmo diante da dor e das atrocidades. Os índios sobreviveram. Os negros também. Os ciganos e os judeus idem. Os sírios sobreviverão. Mas para fazer frente a tantas formas de desumanidades, os direitos humanos devem se fazer presentes, de forma célere e firme”.

 

O ATUAL CAMINHO DE DAMASCO

Primeira Parte – A DESUMANIZAÇÃO CAUSADA PELA GUERRA

 

Tenho ascendência síria, dentre outras etnias.

O meu avô, pobre, mas culto, falava inglês, francês, turco e aramaico, além do árabe, e veio para o Brasil fugindo da guerra logo no início do século XX.

Da minha família, a imagem mais marcante que criei desde novo é a de uma criança pequena, de seis anos, perdida em um deserto, logo após todos os seus familiares e habitantes do vilarejo em que moravam terem sido assassinados brutalmente. Essa história é baseada em fatos reais, mais precisamente na minha então pequenina trisavó, socorrida por freiras francesas e levada a um convento, onde cresceu e conheceu o seu futuro marido.

Por isso, para mim, no meu imaginário, as crianças sírias são as mais lindas do mundo, as mulheres de lá são as mais fortes e destemidas e o sírio é um povo simples, mas culto e visivelmente sofrido por milênios de dominações e exploração.

Hoje, a terra de parte dos meus antepassados vivencia a maior catástrofe humanitária mundial dos últimos 25 anos. Dos seus 17 milhões de habitantes, 4 milhões se refugiaram em outros países e 7 milhões e 600 mil pessoas se deslocaram internamente, buscando sobreviver em meio ao caos criado por uma sangrenta guerra civil iniciada em 2011. Dos sírios que ainda habitam o país, 9,8 milhões vivem com insegurança alimentar, com 6,8 milhões delas em situação grave, segundo a ONU. É um número muito alto, onde a economia esfacelada faz rarear o emprego e a renda, acarretando a fome e proliferando as doenças.

A situação demonstra ser ainda mais grave quando se depara com o número de mortos. Já são mais de 220 mil sírios mortos, entre mulheres, crianças, civis, militantes e soldados do governo. Um fato nem sempre abordado é que há muitos órfãos espalhados pelo país.

O que também é alarmante é a notícia de que governo e alguns grupos rebeldes são acusados de torturar, executar e de usar as terríveis armas químicas contra a população.

A guerra síria reúne um emaranhado de grupos e de interesses complexos. No entanto, de forma simplista, o que se destaca na mídia é a ação do Estado Islâmico que, com ações de terror e verdadeira selvageria, impõe o pânico entre os civis.

Esse grupo radical que adora criar polêmica, recentemente recomendou que meninas de apenas 9 anos de idade já se casassem. Além disso, costuma escravizar e estuprar mulheres e crianças de minorias religiosas que não reconhece, como as da comunidade religiosa Yazidis. Também costuma assassinar, seja crucificando, queimando vivo, afogando ou esquartejando aqueles que não se convertem ao islamismo ou que são considerados traidores.

Nesse mundo terrivelmente machista há heroínas que se destacam, como as voluntárias curdas da Unidade de Defesa das Mulheres, ligadas à Unidade de Proteção do Povo, de ideologia marxista, que já causaram grandes derrotas aos militantes do Estado Islâmico, inclusive na cidade de Kobani, na fronteira com a Turquia, como revela a revista Caros Amigos de julho deste ano.

Não bastassem a guerra, as violações constantes praticadas por todos os lados do conflito, os estupros, as escravizações, as perseguições, as torturas, as execuções, a falta de comida e a ruína econômica dela decorrente impõem a fuga massiva de pessoas rumo à sobrevivência. Como se pode perceber, vive-se uma crise humanitária sem precedentes nos últimos anos, com reflexos no mundo inteiro e principalmente nos países daquela região.

Essa é a primeira parte de um triste texto. Nas próximas, você saberá quais medidas humanitárias estão sendo adotadas pelo mundo e pelo nosso país, e o que mais poderia e deveria ser feito.

 

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

UM GRANDE PAÍS QUE PODERIA SEGUIR OS ENSINAMENTOS DO SEU PEQUENO VIZINHO


O Uruguai é um país muito agradável e que merece ser conhecido. Montevideo,  capital que reúne quase metade da população do país,  é um verdadeiro reduto da tranquilidade.
Os uruguaios são tão tranquilos que costumeiramente esquecem de trancar os portamalas dos seus veiculos e aí caem as coisas mais estranhas. No último dia de estadia presenciei sacos de tacos de golfe sendo espalhados pela avenida. Sem buzinar ou se estressar, os motoristas esperaram o distraído condutor do carro à frente recolher sua bagagem.
Os motoristas são os mais distraídos.  Vi algumas pequenas colisões, típicas da distração. Mas também vi pedestres desatentos, como uma senhorinha que por milagre não bateu a cabeca no portão de uma garagem que se elevava vagarosamente.  Como ela não pode ver o portão colorido? 
As pessoas caminham sossegadas, muitas sem rumo, atrapalhando os poucos apressadinhos. Lá as pessoas  costumam lhe dar atenção, quando fizer alguma pergunta.
Fiz muitas amizades e destaco duas. Uma com um ex líder estudantil que no passado teve que procurar asilo por conta da ditadura. Gentil, ele me deu uma aula sobre política. 
Para ele, a esquerda tem o dever de ser ética.  O contrário seria admitir uma incongruência com os valores que ela deve defender. 
Além do que, para ele a esquerda não deveria ocupar o poder,  mas orientar,  indicar o caminho através  da oposição. E se viesse a ocupar o poder, deveria ser pelo menor tempo possível,  para não se corromper com o "modus operandi" da política vigente. 
Ainda ressaltou que a esquerda deve estar próxima dos anseios da população. 
Foram frases ditas com absoluta sinceridade e sabedoria, com as quais concordo. Parece-me que os uruguaios têm o dom da franqueza e do poder de visão, tão bem,  capitaneado pelo agora ex presidente Pepe Mujica.
Um outro senhor que conheci apresentou se como Pepe. Com 50 anos de idade, enfrenta um câncer,  diabetes e anemia. Tem privações alimentares muito sérias e está proibido de realizar atividades físicas.  Para quem era fisioculturista, isso não deve ser nada fácil. Tornou se amigo e convidou me para visitar Montevideo outras vezes. Mas o melhor foi a indicação de uma boa parrilhada a um preço baixo. Realmente muito boa. Com menos de quarenta reais comi muito bem e ainda tive direito a uma taça de vinho bom e a uma sobremesa. Para quem conhece o Uruguai,  sabe que não é fácil comer bem por esse valor. Foi um achado esse local, assim como esse novo amigo, tao simpático, que fez questão de ressaltar que o povo uruguaio nunca foi consumista e que, de um tempo para cá,  estão sendo mudados os seus hábitos,  o que por consequencia tem elevado o custo de vida.
Por fim, o que me deixou perplexo é que Mujica, ao contrário do que pensava,  não é unanimidade nacional.
Tem muita gente da esquerda mais radical, como um taxista culto que conheci, que diz que ele é considerado por muitos um produto de marketing e um tiete dos estadunidenses.
 
Um país como esse, onde a saúde e a educação,  inclusive universitária,  são gratuitas e de qualidade, com um povo culto e pacífico, nada estressado, e que fala o que pensa, é  onde sonho morar ou ver o meu Brasil se transformar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ÁRABES, POVO ETERNO

foto: internet
Sou descendente de árabes, mas não só deles. 
Talvez me sinta mais descendente de árabes por carregar um sobrenome dessa origem, e de forte significado.
Tenho orgulho de minha ascendência. Tivemos figuras iluminadíssimas, como profetas, filósofos, navegadores, médicos, astrônomos e escritores que engrandeceram este planeta. 
A humanidade só saiu da escuridão da Idade Média por conta do Renascimento surgido graças aos Califado Árabe de Córdoba, na Espanha, onde grandes pensadores muçulmanos, judeus e cristãos, árabes ou não, traçavam a salvação da humanidade.

Abaixo, um pequeno poema ou texto sobre a grandiosidade dos árabes, povo profundamente desconhecido da maioria.

Já ouvi dizer que árabe é um povo estranho, que não acredita em Deus e tantas outras barbaridades. Chega!

Acreditando ou não em Deus, sendo muçulmanos, cristãos ou ateus, que diferença faz? O que importa não é a essência, o espírito?


Venho de uma etnia que vivia em regiões desérticas e convivia com as adversidades.
Povo forte.

Venho de uma etnia que escrevia poesias, contos e histórias até hoje conhecidos.
Povo sensível e criativo.

Venho de um povo que aperfeiçoou a matemática, a astronomia e a medicina.
Povo culto.

Venho de uma etnia que participou do surgimento de religiões e dos grandes profetas.
Povo religioso.

Venho de uma etnia que divide o pão e a mesa aos estranhos.
Povo cordial.

Venho de uma etnia que criou a escrita e que, sob a Idade da Luz, evitou maiores catástrofes na Idade Média tão escura e sanguinolenta.
Povo sábio.

Venho de uma etnia que hoje é discriminada e taxada de estranha e radical.
Povo sofrido.

Venho e sou dessa etnia dos meus ascendentes. Sou multirracial. Embora não tenha conhecido as terras dos meus antepassados, sonho com elas.

Povo eterno.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

TEMPOS DE INTOLERÂNCIA


Vivemos numa sociedade repleta de intolerância.
Não sei se o contato sempre individualizado com os aplicativos dos smartphones, os programas televisivos que expõem pessoas, como Fazenda e Big Brother Brasil, o pouco acesso a informação com conteúdo, a falta de cultura e leitura (que poderiam ampliar o nosso horizonte), e a excessiva carga de "notícias" de entretenimento, nos tornam mais fechados num mundo cada vez mais cruel e massificador. É um tipo de massificação nunca antes vista, e olha que já passamos pelo rádio, pela televisão e também pelo cinema.
Hoje, as pessoas estão mais individualistas que nunca, não suportam o diferente, seja no tocante à cor, à religião, ao gênero ou opção sexual.
Não tenho dúvida de que se um nazista aparecesse na São Paulo de hoje, estaria certo que o nazismo e o fascismo venceram a segunda guerra mundial. E você me entenderá pelo o que citarei mais abaixo.
Estamos vivendo um grande retrocesso que precisa ter fim, antes de se transformar em uma serpente a contaminar toda a sociedade, cada vez menos progressista e humanista.
Escrevo isso não é a toa.
Recentemente uma pessoa com alto grau de cultura soltou a seguinte pérola: "que não é obrigada a passar ao lado dos moradores de rua e sentir o mau cheiro que exalam". Ora, os mendigos com certeza não exalam o mau cheiro para nos incomodar, mas em decorrência da situação de rua deles. Faltou àquela alma a devida compreensão da situação de tantos exilados nas vias públicas.
As pessoas sempre olham para si como se fossem o umbigo do Universo. Não é por outro motivo que a insensibilidade leva alguns psicopatas a atear fogo em indígenas ou indigentes, a matar homossexuais e travestis ou a assassinar mulheres. Para esses doentes, as vítimas não têm vida, não têm personalidade, não têm direitos e menos direito ainda a nos incomodar, por mais absurdo que isso seja.
Mas uma das piores situações que já vi ocorreu dias atrás, quando estava no centro da cidade de São Paulo, caminhando. Reparei que muitas pessoas olhavam para um certo ponto, sejam aqueles que estavam na calçada, sejam aqueles que atravessavam a rua, sejam os que estavam nos bares ou saindo do carro. Tentei detectar o que chamava a atenção de todo mundo e não tive êxito. Não sabia se era um furto, roubo ou algo assim. Mas logo depois me deparei com uma fala de inconformismo de uma moça que parecia ter saído de um carro: "precisavam fazer isso?". Percebi, então, que era algo que chocava as pessoas e passei a procurar a cena que horrorizava a multidão, e aí me deparei com um casal de homens de mãos dadas. Aquilo chocava a todos de tal modo que parecia que ocorreria um apedrejamento em questão de segundos. Eu também fiquei chocado, não com as mãos dadas daquele casal, mas com a reação de uma massa de pessoas na maior cidade brasileira em pleno Século XXI. Parecia que havia me transportado para a Europa da Idade Média ou para algum país retrógado e opressor.
Calei-me, pois o confronto não seria produtivo, e continuei o meu caminho, deixando o casal e aquela massa de inconformados para trás. Mas não estou conformado até agora com o que vi. Foi algo estarrecedor.
As pessoas não são capazes de enxergar que aquele casal representava apenas duas pessoas demonstrando afeto e carinho, o que é raro e extremamente importante para os dias de hoje, num mundo frio, cruel e individualista. A massa só conseguiu enxergar uma cena de enfrentamento de valores, como se o homossexualismo fosse uma aberração e a opção do inconformado fosse a única correta, como se aquele casal tivesse que demonstrar afeto apenas em casa ou em outro local reservado
Faltou pouco para um apedrejamento fático, já o psicológico ocorreu com os olhares fuzilantes da multidão.
Posso não querer a opção que alguém adotou para si, posso também não achar bonito um beijo de homens ou de mulheres e o jeito de x ou y, mas isso não me autorizará a reagir de forma repulsiva, afinal aquilo não ocorreu comigo, mas com duas pessoas que, de livre vontade, se dispuseram a demonstrar afetividade uma pela outra. Somente psicopatas acham que aquilo diz respeito exatamente a ele. Não é possível.
Vivemos tempos sombrios, de excessos de reações impensadas. Manifestações que não demonstram racionalidade, mas uma massificação nas reações e nos discursos fáceis que contaminam as mentes dos que não percebem a insensatez.
Parece que ser conservador virou moda, se transformou em algo correto.
Parece que a humanidade e a beleza de suas excentricidades e de suas diferenças, não podem ser toleradas.
Sem tolerância, sem respeito, sem compreensão, jamais haverá humanidade. A reação dessa multidão me assustou, pois percebi mais do que nunca que a humanidade corre sério risco, e não digo isso pelas ações injustificadas e bárbaras do Estado Islâmico, mas falo pela reação das pessoas, de massas de pessoas, de uma das maiores metrópoles do planeta.
Aqueles que percebem o risco precisam dar um basta a essas intolerâncias.
Foram essas pequenas manifestações de intolerância que deram "legitimidade" ao nazismo. O risco que a humanidade vive não é pequeno!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Noés e as Arcas do Mediterrâneo

Pequenas Arcas de Noé tentam atravessar o Mediterrâneo rumo ao Continente que seria o reduto do progresso humano, principalmente da liberdade, da felicidade.
Esses barcos velhos, rudimentares, lotados de seres humanos de vários cantos do planeta, costumam naufragar e seus passageiros são, muitas vezes, largados à própria sorte, sem salvamento pelos ditos evoluídos europeus.
Muitos seres humanos e suas famílias tentam salvar suas vidas e morrem sem chegar à Terra Prometida.
As inúmeras pequenas Arcas e os seus destinos nos fazem repensar. Seriam os Europeus Noés do destino de significativa parcela da humanidade?

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

GANGORRA ECONÔMICA

A gangorra econômica está aí.

Dólar sobe, dólar cai.
Taxa de empregos sobe. Taxa de empregos cai.
Inflação sobe muito. Inflação sobe.
Valor do salário diminui um pouco. Valor do salário... Que salário? Ele quase não existe mais.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

SEMPRE A MESMA COISA

Não aguento mais assistir tevê.
É sempre a mesma coisa.

Novela, programas de auditório, violência...

A única coisa diferente a cada dia é a roupa dos apresentadores do Jornal Nacional.
Sempre elegantes. Já repararam?
Saudades do Cid Moreira e suas combinações mais exóticas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

SER...

Às vezes queria ser um pássaro para poder voar e imaginar fugir dos apertos da vida.
Outras vezes, queria ser uma insignificante bactéria, para ser quase imperceptível para os comandos da realidade.
Noutras, queria ser eu mesmo. Até hoje não entendo o motivo disso!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

PALAVRAS


Quantas palavras soltas ao vento! Quantas sem sentido! Quantas retratam o sofrimento que nos oprime! Quantas! E quantas ainda faltam para retratar cada aspecto desse nosso universo! Muitas!

Por outro lado, quantas palavras são criadas e soam poéticas.  São assim porque são empregadas com exatidão,  a ponto de nos fazerem sentir o que se é dito ou escrito.

Palavras são,  assim,  mágicas. Oras nos fazem sonhar e compreender. Oras se tornam incompreensíveis ou cruéis.  

São,  sem dúvida,  símbolo do nosso mundo e da própria humanidade.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

OS CAMINHOS DE DAMASCO

Até o final do ano publicarei aqui, dividido em 4 partes, um texto sobre a guerra da Síria e a situação das crianças, mulheres e refugiados. Não percam.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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