segunda-feira, 31 de maio de 2010

4ª MOSTRA DE CINEMA "IMAGENS DO ORIENTE"

Os destaques são os clássicos do cinema egípcio


Ana Maria Barbour

Exibições ocorrem de 24 de junho a 6 de julho em três das melhores salas de cinema da capital paulista: CineSesc, Cine Olido e Cinemateca Brasileira


Desde 2007, a Mostra de Cinema Imagens do Oriente (IMO) exibe em São Paulo a mais recente produção cinematográfica do Irã, de países árabes e de outras regiões do chamado “Oriente Médio”. Em sua seleção, os curadores visam, acima de tudo, aprofundar o conhecimento sobre a cultura e o cotidiano destes povos, contribuindo para reforçar os laços e diminuir os preconceitos contra o mundo islâmico. Nesse sentido, sempre procuram trazer ao menos dois diretores a cada evento, organizando com eles mesas-redondas e debates com o público.

Agora, para celebrar os 130 anos da imigração árabe para o Brasil, IMO focaliza a história do cinema árabe, com um programa especial mostrando os maiores clássicos do cinema egípcio de 1948 até a década de 1970. A iniciativa, que conta com o apoio do Ministério da Cultura do Egito e da Embaixada do Egito no Brasil, pretende revelar a história do cinema árabe por meio desses clássicos, realizados durante o que pode ser considerado seu principal período – os anos 1960 estendidos. A maioria dos filmes é realista, ou romântico-realista, em geral sobre o alto Nilo rural, no Sul, e remete ao conflito de classes, à degradação social e à perda de valores como a solidariedade. Vários tratam de honra e vingança sob diversos prismas. A mostra traz também, com Algodão doce, de 1949, um exemplo do gênero musical leve, uma das características do início da década de 1950. A comédia, dessa vez combinada ao realismo, está em A segunda esposa, de 1967, considerada um modelo dessa mistura de estilos bastante explorada ao longo dos anos 1960. Um filme mais recente também foi incorporado. Trata-se de O colar e a pulseira, rodado em 1986 por Khairy Bishara, que se baseou no romance homônimo de Yahya Taher Abdullah.

Imagens do Oriente é uma realização do Instituto da Cultura Árabe, este ano em parceria com o Ministério da Cultura da República Árabe do Egito e do Consulado do Egito no Rio de Janeiro, que disponibilizaram e possibilitaram a vinda dos filmes, além das fundamentais parcerias com a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, do Sesc-SP (Serviço Social do Comércio) e do Centro de Estudos Árabes da Universidade de São Paulo, bem como do apoio da Cinemateca Brasileira, a Embaixada do Brasil no Egito, a Imprensa Oficial, além da Fundação Caipirinha e da ArteEast de Nova Iorque. Nesta quarta versão, IMO ocorre de 24 de junho a 6 de julho em três das melhores salas de cinema da cidade: CineSesc, Cine Olido e Cinemateca Brasileira, segundo o cronograma: 24/6 a 1º/7 – CineSesc (abertura do evento com o filme A múmia. A noite da passagem dos anos) e Cine Olido; 30/6 a 6/7 – Cinemateca.

1.Algodão doce
Título original: Ghazal el banat غزل البنات
1949, Egito, 35mm, pb, 120 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Anwar Wagdi
Atores principais:
Naguib Al Rihani
Laila Mourad
Anwar Wagdi

Sinopse: Hamam, professor de uma escola de ensino fundamental, foi demitido por não ser capaz de controlar as alunas travessas. Sentindo-se pessimista em relação à vida, é encaminhado por um amigo para trabalhar como tutor de Laila, filha de um pachá. Na casa do magnata, Hamam enfrenta uma brusca mudança em seu entorno social. Laila o trata como a um amigo, e, mostrando-lhe o lado belo da vida, desperta os sentimentos do tutor.

2. O desejo da garça
Título original: Du’á’ al-karawán دعاء الكروان
1959, Egito, 35mm, pb, 109 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Henry Barakat
Atores principais:
Faten Hamama
Ahmed Mazhar
Amina Rizk
Zahrat El-Ola

Sinopse: Baseado no romance de 1934 do escritor egípcio, Taha Hussein, esse é um conto de amor e traição, situado na zona rural do Alto Egito, no Sul do país. A história gira em torno de Amna, uma jovem que planeja vingança contra o engenheiro que destruiu sua família, levando sua irmã à morte e condenando-a a viver na desonra.

3. A segunda esposa

Titulo original: Al-zawja al-thániya الزوجة الثانية
1967, Egito, 35mm, pb, 105 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Salah Abou Seif
Atores principais:
Soad Hosny
Shukry Sarhan
Soheir El-Morshidy
Abdel Moneim Ibrahim
Muhammad Nuh

Sinopse: Um abastado proprietário rural - ‘umda, segundo seu título de honra- não consegue ter filhos, mesmo após anos de matrimônio. Desesperado por um herdeiro, e com o consentimento da sua própria mulher, decide assumir uma segunda esposa. Sua escolha recai sobre uma moça já casada, que ele força ao divórcio para esposá-lo. Revoltada com a injustiça sofrida, a jovem vinga-se do marido dissipando a riqueza dele e minando o seu prestígio.

4. Diário de um fiscal rural

Título original: Yawmiyyát na’ib fi al-aryáf يوميات نائب في الأرياف
1968, Egito, 35mm, pb, 123 min
Idioma: árabe
Legendas em português e espanhol
Diretor: Tewfik Saleh
Atores principais:
Raviya Achour
Ahmed Abdelhalim
Tewfik El Dekn

Sinopse: Baseado no romance homônimo do escritor egípcio Tawfiq Al-Hakim, de 1937, registra as atividades diárias e atribulações de um funcionário público nomeado para exercer as funções de justiça numa aldeia do interior do país. O filme traça um vivo retrato das tensões sociais na região.

5. O carteiro

Título original: Al-bústagui البوسطجي
1968, Egito, 35mm, pb, 100 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Hussein Kamal
Atores principais:
Shukry Sarhan
Zizi Mustafa
Seif El Dine
Soheir El-Morshidy
Salah Mansour
Sinopse: Abbás, habitante da cidade do Cairo, é nomeado pelo governo para ocupar o posto de fiscal numa agência de correio de uma pequena aldeia do Alto Egito. Naquele local distante, sofre com os contrastes sociais e enfrenta uma dura solidão. Ali, ao abrir uma carta que revela segredos de um caso de amor escondido das famílias, Abbás desencadeia ações que escapam de controle.

6. Algum medo

Título orignal: Shay’ min al-khawf شيء من الخوف
1969, Egito, 35mm, pb, 112 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Hussein Kamal
Atores principais:
Yehia Chahine
Mohammed Tawfik
Shadia
Mahmud Mursi
Sinopse: Relata a história de uma gangue que se apodera de um vilarejo do sul do Egito, aterrorizando seus habitantes. O filme, tido como uma metáfora do regime nasserista foi banido até que o próprio Nasser o liberou. O presidente alegou que se seu partido de fato se parecia com aquele bando, merecia o mesmo destino da gangue do filme. Baseado em um conto do escritor Tharwat ‘Ukásha.


7. A múmia. A noite da passagem dos anos


Título original: Al-mumia’a الموميا
1969, Egito, 35mm, cor, 102 min
Idioma: árabe
Legendas em português e francês
Diretor: Chadi Abd al-Salam
Atores principais:
Ahmed Marei
Ahmad Hegazi
Zouzou Hamdy El-Hakim
Nadia Lutfi


Sinopse: O filme é baseado na história verdadeira do clã dos Abd el-Rasuls e a revelação do Vale dos Reis, próximo à aldeia de Kurna, em 1881. A tribo das montanhas guardava há milênios o segredo das relíquias da tumba perdida. Quando um oficial do governo egípcio descobre que peças do tesouro estão sendo vendidas no mercado negro, inicia uma investigação. O filme explora o dilema da busca por um passado reprimido e mal compreendido.

8. A terra


Título original: Al-ard الأرض
1969, Egito, 35mm, cor, 130 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Youssef Chahine
Atores principais:
Hamdy Ahmed
Yehia Chahine
Ezzat El Alaili
Tewfik El Dekn
Mahmoud El-Meliguy
Salah El-Saadany
Ali El Scherif
Nagwa Ibrahim

Sinopse: Nas lavouras de algodão às margens do Nilo, em meados da década de 1930, desenvolve-se o drama da redução do fornecimento de água de dez a apenas cinco dias por mês para os camponeses, em nome do aumento da cota destinada ao latifundiário. Ao mesmo tempo, a disputa pelo amor da bela filha de Abou Swelem, representa a própria disputa pelo futuro. Baseado no romance de Abd el-Rahman al-Charqawi, o filme narra a história épica de duas gerações confrontadas com a expropriação de suas terras e a perda de seus valores.

9. O colar e a pulseira


Título original: Al-túq wa al-iswára الطوق والاسوارة
1986, Egito, 35mm, cor, 110 min
Idioma: árabe
Legendas em português e inglês
Diretor: Khairy Bishara
Atores principais:
Muhammad Munir
Sherihan
Furdus Abdulhamid
ahmad Badir
Ezzat El-Alaili
Sinopse: Estrelado pelo famoso cantor pop núbio Muhammad Munir, baseia-se em um romance de Yahya Taher Abdullah (1938-1981). Trata-se de uma crítica ao provincianismo, com personagens típicos, como o santarrão de aldeia, o místico, etc., num retrato dos problemas vividos por essa sociedade e a sua falta de perspectivas.

 
 
Ana Maria Barbour é jornalista e editora do ICArabe.

sábado, 29 de maio de 2010

ALMAHJAR

O ICARABE - Instituto da Cultura Árabe promove o aprofundamento da história da imigração árabe no Brasil. A página ainda está em construção, mas promete muitas informações. Se você tem ascendência árabe, não pode deixar de pesquisar e de apresentar informações sobre a sua família. Vá à página http://www.icarabe.org/almahjar/. E boa diversão.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

HOMENS-AMEBAS NÃO CREEM EM DEUSAS

Homens vivem menos que mulheres, se aposentam mais tarde que elas, adoecem mais facilmente, não têm o seu dia internacional, não agüentariam a dor de um parto e de fato não agüentam o sofrimento de uma depilação com cera quente. Mas, mesmo com tudo isso, somos os homens, os seres considerados fortes, os guerreiros e até, segundo a história contada, os sábios.

Ah, me perdoem, mas os leões que não caçam e só dormem são muito mais fortes do que nós. Eles se deitam e a fêmea deixa que eles comam primeiro. Bem, conosco ocorre quase a mesma coisa, mas a juba leonina, linda e indescritível, não é nossa, é das mulheres.

Poderíamos ser considerados pavões, que chamam a atenção, mas também não somos. Quem chama a atenção são as mulheres que desfilam nas passarelas, nas quadras de samba, nas praias ou nas simples ruas. Os homens pavões não chamam a atenção de ninguém, a não ser de meia dúzia de mulheres.

Poderíamos ser comparados aos macacos e aí está a nossa proximidade, pois não somos mais que as mulheres. Gostamos de jogar pedras nos outros e ficamos cantando em grupo. Sozinhos, estamos mais para a comida dos macacos, "bananas!", ouu até para moscas, que têm o dom de irritar e ficar sempre em volta da mesma coisa, num prazer verdadeiramente autista.

O homem que se acha macho gosta de falar: tive “tantas” ejaculações, mas esquece de se preocupar com os orgasmos femininos. O homem macho se acha no direito de bater na mulher. O homem macho não se preocupa com as fragilidades femininas. Esse homem macho é o pior tipo de macho da natureza. Os macacos e até as moscas são melhores do que nós.

O homem que descobriu a masculinidade pura se preocupa com os orgasmos femininos, em seduzir a mulher demonstrando ser sensível a algumas questões (a tudo é impossível para nós), em ser carinhoso e a olhá-la como ela realmente é, uma deusa. Homem que gosta de mulher age assim. O outro, metido a macho, não gosta de mulher, gosta apenas da imagem que ele vê refletida de si mesmo no espelho, com um nível de inteligência tacanha e que denigre o ser masculino.

Bem, escrevi tudo isso graças a três incentivos.

Primeiro, por um texto interessantíssimo do médico Dráuzio Varela, publicado no jornal Folha de São Paulo. Ele, dentre outras coisas, cita que o homem é na verdade o sexo frágil. Começamos a falar mais tarde, temos dificuldade em formar frases, somos feios na puberdade, enquanto as mulheres já avançam no processo de beleza ímpar. Ele tem toda a razão: somos um Zé ninguém, na verdade, um zero à esquerda.

Segundo, por conta de um email que recebi de uma amiga. Todos sabemos que em vários lugares do Brasil existem os Hospitais das Mulheres, mas você sabia que em S. Paulo tem o Hospital do Homem? Muito pouca gente sabe. É um Hospital que vive às moscas. É, ao menos a freqüência do hospital (com tantas moscas) é de um nível mais elevado do que a que se propôs inicialmente (de machos equivalentes a amebas).

Terceiro, porque amo as mulheres e reconheço que me torno um banana, sem casca e sem sabor, sem elas.

Homens das cavernas, homens-amebas, olhem para a beleza feminina e deixem seduzir-se. Tirem o espelho de frente de si e reconheçam que somos frágeis e elas fortes, belas, sedutoras, as nossas deusas, e nós, os súditos que podem virar bons amantes desses seres incomparáveis.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hoje completo 4 anos de youtube, com cerca de 230 mil acessos a todos os meus vídeos lá postados. Não é algo fenomenal, mas me agrada saber que os meus vídeos já foram vistos um quarto de milhão de vezes. Para quem faz por prazer, a resposta e a acessibilidade são as verdadeiras recompensas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

PORTA CURTAS



O PORTA CURTAS PETROBRÁS é uma página que reúne o melhor dos curta-metragens nacionais. E o mais bacana é a possibilidade de assisti-los na íntegra e de graça, sem sair da comodidade de casa e da frente do computador.
São filmes ficcionais, desenhos, documentários e alternativos que muitas vezes receberam inúmeros prêmios nacionais e internacionais, como o famoso ILHA DAS FLORES. É imperdível. Clique aqui para ir até a página e surpreenda-se!

terça-feira, 25 de maio de 2010

CHOMSKY FALA SOBRE CIÊNCIA COGNITIVA E ANARQUISMO

em espanhol, direto da página CHOMSKY.INFO

Chomsky sobre la ciencia cognitiva, y el anarquismo


Noam Chomsky entrevistado por Reddit Blog

Reddit Blog, 19 de marzo de 2010

P: ¿En este momento ve un elefante en la habitación de la ciencia cognitiva, de la misma forma que usted nombro a uno hace 50 años -- esto asumo es una referencia a mi crítica del Comportamiento Radical -- algo que necesita ser resuelto pero no obtiene casi atención?

NC: Bueno, algo que creo que recibe poca atención en la habitación de la ciencia cognitiva es la ciencia cognitiva como tal. La mayoría del trabajo que se está haciendo no parece tratarse de ciencia cognitiva, podría tomar un par de diarios aquí y darte unos ejemplos. El objetivo de la ciencia cognitiva es debe ser solo una parte de la biología. Concierne a la naturaleza, el crecimiento, desarrollo e incluso tal vez de la evolución de un particular sub-sistema en el organismo, principalmente el sistema cognitivo, que debe ser tratado de la misma forma que el sistema inmunológico, el sistema digestivo, el sistema visual. Cuando estudiamos estos sistemas hay una serie de preguntas que nos tenemos que hacer. Una de estas preguntas es, por supuesto, qué son: ¿podemos atribuirle características?. Esto se ha perdido totalmente en la ciencia cognitiva. Me refiero a que, toma por ejemplo mi propio campo de estudio, el lenguaje: hay muchísimo trabajo en lo que ellos llaman ciencia cognitiva y en lo que ellos llaman lenguaje; pero es muy extraño ver un esfuerzo en caracterizar lo que es en sí, y bueno, si no puedes hacer eso, no tiene ninguna diferencia nada de lo que hagas. El segundo tipo de pregunta que habría que preguntarse sobre cualquier órgano o subsistema del cuerpo es ¿cómo llega a ser lo que es? ¿Cómo pasa de un estado inicial, que es determinado genéticamente, a sea cual sea el estado que éste asume? Investigando esto hay muchos factores que puedes separar para propósitos analíticos, uno de ellos es la constitución genética especifica que está relacionada con este sistema, esto no significa que cada pieza de éste es utilizada sólo para este sistema, pero cualquier combinación de propiedades genéticamente determinadas que sea que determina que tienes un sistema visual insectívoro en vez de un sistema mamífero, o lo que pueda ser. La segunda pregunta de este tipo se refiere a cualquier dato exterior que modifique al estado inicial para conseguir el estado siguiente. La tercera se refiere a sobre si las reglas de la naturaleza interfieren en el crecimiento y desarrollo del organismo, que, por supuesto, lo hacen y de manera abrumadora: nadie, por ejemplo, dice que tu tienes un programa genético determinado que dictamina que las células se dividen en esferas, no cubos; eso es por minimización del a energía y por otras leyes naturales. Y lo mismo se mantiene por el transcurso del desarrollo. Por supuesto, lo mismo ocurre con la evolución, que ocurre en un canal físico y químico especifico de opciones y posibilidades, y las leyes físicas interfieren todo el tiempo en determinar que es lo que ocurre. Y el tercer tipo de pregunta es una de "por qué": ¿Por qué este sistema se comporta así y no de otra manera? En este punto te encuentras, primero que nada, con accidentes históricos como un asteroide que cae en la tierra. Pero, más significativamente, con el cómo las propiedades físicas y químicas del universo entraron a determinar el que ciertos cambios evolutivos se lleven a cabo bajo ciertas circunstancias particulares. Estas son un número de preguntas que habría que preguntarse, pero es muy difícil encontrar alguna concentración en estas preguntas, por lo menos en las aéreas de la ciencia cognitiva en las que estoy interesado, como el lenguaje, por ejemplo. Lo que se tiene son esfuerzos extremos, que son de cierta forma extremamente extraños, para demostrar que problemas triviales, que hemos respondido y para los que tenemos respuestas desde hace 60 años, pueden ser tratados con análisis masivo de datos, y podría dar algunos ejemplos, de hecho he escrito sobre ejemplos, pero me parece que seria salirse del camino. Me gustaría que la ciencia cognitiva se concentrara en los problemas que hay que resolver; ahora, esto es una pincelada bastante amplia, sí hay una buena parte que si se trata y hay buen trabajo en la ciencia cognitiva, pero en mi opinión es muy restringido con respecto al tiempo y esfuerzo dedicado -- desde mi punto de vista, mal utilizado -- en problemas periféricos que no tienen sentido, y esfuerzos que simplemente colapsan, y lo hacen constantemente. De hecho, muchos de ellos son parte del residuo del comportamiento radical que siento que hay que superar mientras se desarrolla la ciencia, podría dar ejemplos pero esto es solo una pincelada bastante amplia y general, injusta para muchos buenos trabajos, solo tomo tendencias que siento que están fuera de curso.



P: ¿Cuales son algunas de sus críticas al movimiento Anarquista de hoy? El cómo ser lo más efectivo posible es algo que muchos anarquistas no ven y usted podría decirse es la voz más prolífica en este tema, por lo que sus pensamientos serian bastante influyentes.



NC: Bueno, no estaría de acuerdo con el último comentario, pero mi crítica para el movimiento anarquista de hoy es un poco como la critica a la ciencia cognitiva, ¿Qué es el movimiento anarquista? Me refiero a que hay un número bastante grande de personas que aseguran estar comprometidas, de alguna forma u otra, con lo que llaman anarquismo, pero ¿hay un movimiento anarquista?, Hace 20 años estaba casualmente yo en Madrid, un día que resulto ser el día del trabajador, día en el que hubo grandes demostraciones de cientos de miles de personas del CNT, la vieja organización laboral anarquista, y bueno, puedes tener muchos criticismos contra estos movimientos anarquistas, pero por lo menos había un lugar a donde apuntarlos, había algo allí, algo que criticar o apoyar o tratar de cambiar. Pero el movimiento anarquista de hoy en los EEUU es, tan lejos como puedo ver, extremamente diluido, altamente sectorizado, así que cada grupo en particular pasa el tiempo atacando a alguna otra tendencia -- aunque algunas veces haciendo cosas importantes y útiles, pero es muy difícil. Esto no es solo cierto con los que se categorizan como anarquistas, pero también los que se pueden llamar activistas, los que quedan, los cuentas y hay muchas personas, mas de los que hubo alguna vez en el pasado, exceptuando tal vez un muy pequeño periodo al final de los años 60 y las organizaciones CIO en los 30, y cosas como esa, pero hay muchas personas interesadas en tantas cosas. Pasas por el pasillo principal de esta universidad y vez escritorios con estudiantes bastante activos y comprometidos con muy importantes situaciones, pero altamente fragmentados: hay muy poca coordinación, tremenda sectorización e intolerancia, intolerancia mutua sobre lo que creo yo que debe ser prioridad. Yo en lo particular creo que la principal crítica al movimiento anarquista es que tiene que reorganizarse y aceptar las divisiones y la controversia. No tenemos las respuestas, solo, tal vez, puntos básicos que seguir para una sociedad, no tenemos respuestas especificas -- nadie sabe tanto -- , y hay de seguro bastante espacio para desacuerdos saludables y constructivos, en la escogencia de tácticas, prioridades y opciones, pero veo muy poco de eso siendo manejado con camarería, de una forma civilizada y con un sentido de solidaridad y objetivo en común. Sobre cómo ser lo más efectivos posible, ese es precisamente el punto, en qué debemos concentrarnos: no hay que hacer una lista sobre los severos problemas por los que está pasando el mundo, algunos de ellos son extremadamente severos, por ejemplo, hay al menos dos serias preguntas con respecto a la supervivencia, literal, de la especie humana: una es la existencia de armas nucleares. Si alguien estuviese viéndonos desde Marte, estaría muy sorprendido que hayamos sobrevivido los últimos 60 años, y esto es extremadamente peligroso en este momento, no veo como eso no podría ser una prioridad; la otra es la cada vez más cercana crisis ambiental, y eso es algo que el anarquismo en particular debería estar bastante dedicado en resolver, ya que involucra, en una mano, las cuestiones de tecnología Ðque si puedes hacer que la energía solar funciones, y asiÐ y por el otro lado, la tendencia anti-ciencia en el anarquismo Ðla cual sí existeÐ ésta se encuentra en una posición contraproducente, ya que serán necesarias tecnologías sofisticadas y descubrimientos científicos para crear la posibilidad de la supervivencia de la sociedad humana, a menos que decidamos que no debería sobrevivir, deberíamos descender hasta alrededor de un par de miles de cazadores y recolectores. Pero excepto por esto, si realmente te preocupas por los billones de personas en el mundo y sus nietos y bisnietos, se van a requerir avances científicos y tecnológicos. Igualmente, serán requeridos cambios sociales radicales, particularmente en los Estados Unidos, pero esto también aplica al resto del mundo, donde ha habido proyectos corporativos de ingeniería social Ðbastante consientes, no esconden lo que están haciendoÐ desde la 2da Guerra Mundial, tratando de construir un sistema social basado principalmente en la explotación de hidrocarburos, como medios para crear suburbios, crear autopistas y destruir vías del tren; esto significa muchos cambios sociales sustanciales, y el anarquismo debería pensar en estos cambios. pensar en ellos no solo significa "me gustaría tener una sociedad libre y justa", no, eso no es pensar en ello, hay que hacer una distinción si queremos ser efectivos, entre el hacer propuestas y el comprometerse, es decir, puedes proponer que todos vivamos en paz, nos amemos los unos a los otros, que no debemos vivir bajo ninguna jerarquía, todos deben cooperar, está bien, es una buena propuesta, buena tal vez para un seminario académico en alguna parte; pero el comprometimiento requiere más que solo proponer, significa colocar una meta Ðla propuestaÐ y crear un camino de aquí para allá, eso es comprometimiento, y el camino de aquí para allá requiere, invariablemente, de pequeños pasos, requiere el reconocimiento de la realidad económica y social tal como existe e ideas sobre cómo construir las instituciones del futuro dentro de las sociedades existentes Ðpara citar a BakuninÐ pero también para modificar la sociedad existente. Es decir, pasos deben ser tomados para acomodar la realidad Ðla cual no hay que negarlaÐ, es la única forma de ser efectivos. Esto lo puedes ver si observas los serios y substanciales diarios anarquistas, como Freedom Press en el Reino Unido, que es tal vez el diario más viejo que ha habido, y si lo lees, te das cuenta que la mayoría de las paginas trata sobre tácticas reformistas moderadas, lo cual no es un criticismo, debería ser así y concentrarse en los derechos del trabajador, con problemas ambientales específicos, con la pobreza y el sufrimiento, con el imperialismo y así, y si quieres comprometerte a largo plazo con respecto a cambios sociales significativos hacia una sociedad más libre y justa, no puedo ver una mejor forma de ser efectivos. De otra forma, la insistencia en la pureza de la propuesta te aísla de la efectividad del activismo e incluso de alcanzar, de siquiera acercarte a tus propios objetivos; y esto terminaría llevando a la clase de sectarismo, terquedad y falta de solidaridad y propósito en común que creo es lo que siempre ha sido una especie de patología en las fuerzas marginales, de la izquierda en particular. Pero es particularmente peligroso aquí. Lo que nos lleva a la siguiente pregunta, de BerserkRL.



P: Es una pregunta larga así que la resumiré: Aunque usted como anarquista está a favor de una sociedad sin estado a largo a plazo, usted ha argumentado que sería un error trabajar en función de la eliminación del estado a corto plazo, y que deberíamos tratar de fortalecer al estado en este momento, porque es necesario contrarrestar el poder de las grandes corporaciones. Aun así, la tendencia de mucha de la investigación anarquista Ð su propia investigación así lo incluye, aunque también podría mencionar en particular la de Kevin Carson -- ha sido mostrar que el poder de las grandes corporaciones deriva primordialmente de privilegios concedidos por el estado (que, junto con el hecho que los gobiernos poderosos tienden a ser capturados por interés privados concentrados, a expensas del publico disperso, pareciera implicar que el mayor beneficiario de un estado poderoso serian las mismas elites corporativas a las que nos oponemos). Si el poder corporativo, tanto deriva del estado al igual que es tan bueno capturando al estado, porque eliminar al estado no es una mejor estrategia para derrotar al poder corporativo que incrementar el poder del estado?



NC: Bueno, hay respuesta bastante simple a ello: no es una estrategia, y ya que no es una estrategia del todo, no puede haber una mejor estrategia. La estrategia de "eliminar el estado" está al mismo nivel que aquella de "tengamos paz y justicia". Como procedes a eliminar el estado? Ok, puedes pensar en alguna forma de hacerlo? Me refiero, si hubiese una manera de hacerlo en el mundo existente, todo colapsaría y seria destruido. Simplemente, no lo puedes hacer, no hay que lo reemplace. Si hubiese una rica y poderosa red the cooperativas, organizaciones de comunidades, industria controlada por el trabajador extendiéndose por todo el país, y en todo el mundo, entonces sii se podría hablar de eliminar los Estados. Pero hablar de eliminar el Estado en el mundo como existe en este momento es aislarte en algún remoto seminario academico o un pequeño grupo, diciendo, "estoy seria tan genial". No es una estrategia, por lo que no puede haber una mejor estrategia. Nos enfrentamos a realidades. Lo que se describe aquí, que es de hecho cierto (yo también he escrito bastante sobre el tema), es que tenemos un numero de sistemas de poder, fuertemente interconectados. Uno de estos es el poder de las corporaciones. Un segundo poder, fuertemente conectado a este es el poder estatal. Y el comentario es correcto (como dice la persona que pregunta, yo también he escrito bastante sobre el tema) en que el poder estatal tiende a ser fuertemente influenciado por el poder privado.



Entonces, esos son problemas reales. Ahora nos enfrentamos a estrategias. Asi que, por ejemplo, la reforma de salud, esta bien? Justo en la primera plana. Cual es la estrategia para manejar el hecho que decenas de millones de personas no pueden obtener -- que el mejor sistema de salud que pueden obtener es ser llevados a una sala de emergencia donde ya es demasiado tarde para hacer cualquier cosa? Ese es un problema real, y representa a una gran parte de la población. Un segundo problema es que un sistema de salud provado y sin regulación como el de Estados Unidos -- no debería decir ÒcomoÓ, ya que el de Estados Unidos es el único. En un sistema de salud privado y sin regulación, donde las empresas farmacéuticas son tan poderosas que al gobierno ni se le permite negociar los precios de los medicamentos, en ese tipo de sistema, primero que nada, la salud esta estrictamente racionada por la riqueza, muy estrictamente; y de segundo, esta diseñado de forma que el presupuesto federal colapse. Solo toma una mirada a las líneas de tendencia. No quedaraa nada para las escuelas, para la Seguridad Social, para la seguridad del trabajador, nada. Lo que quede será para el sistema militar, eeste es intocable, y sigue creciendo -- otro problema al que hay que prestarle atención. Obama tiene el presupuesto militar mas alto desde la 2da Guerra Mundial. Mientras eso este allí, intocable, otro elefante se encuentra en el closet, el extremamente ineficiente y no regulado sistema de salud privatizado es dañino para la gente, excepto para los ricos -- a ellos les va bien -- y también va a destruir a los demás. Entonces, ¿qué hacemos con esto? Bueno, no es una estrategia el decir "vamos a demoler el estado". Eso no hace nada al respecto, y de hecho no es mas que un regalo al poder estatal corporativo porque no estas ofreciendo nada. Una respuesta a corto plazo y es el hacer lo que la mayoría de la población ha querido por décadas, desarrollar un sensible sistema de salud como el que tiene cada uno de los otros países industrializados, una variedad o la otra. Bueno, esta es una buena parte de la opinión de la mayoría, por lo que no hay muchos muros que tumbar para organizar a las persona alrededor de esto. Esto ha sido asi por décadas. Esta mayoría esta fuertemente en contra del nexo corporación-estado, pero eso no es irrompible; victorias mas grandes hemos tenido. Podemos ir a los detalles, como que se hace con el hecho que el partido Democrata se ha vendido, por razones obvias, incluso en pequeñeces como la opción publica, y asi. Que se hace con el hecho, un hecho bien concreto -- . Acaba de haber unas elecciones en Massachusetts que sorprendieron a todos por completo -- casi completamente sin representación, pero no me concentrare en esto. Pero una de las cosas mas impresionantes es el que miembros de uniones y sindicatos, la constituencia natural de Obama, la myoria de ellos no fue a votar por la tremenda apatía en el area pobre, obrera. (La elección fue ganada por los suburbios ricos). Pero entre aquellos que votaron, la myoria votoo por Scott Brown, el Republicano, contra los democratas -- disparándose a sii mismos en el pie, incidentalmente, porque una de las primeras cosas que ocurrió es el tumbar a un posible miembro pro-sindicato de la Junta Nacional de Relacion Laboral. Pero ellos tenían razones, y las razones son bien claras -- solo es necesario leer la prensa laboral. Las razones son que Obama hizo bien explicito que estaba dispuesto a comprometerse o renunciar a cualquier cosa excepto una: poner impuestos a los miembros de sindicato por sus planes de salud. Asi que, claro, las personas están muy molestas con eso. Y porque no habrían de estarlo? No es ni una posición anarquista; es una simple, elemental posición humana. Y bueno, si estas interesado en un proyecto a largo a plazo, el disolver el poder de las corporaciones y del estado, debes estar prestando atención a eso y debes organizar a los trabajadores en torno a eso. No debes dejarle a Rush Limbaugh el organizar a las personas con reales, legitimas quejas -- ese es el camino al facismo. Deben estar alla afuera organizándose entre ustedes, en lo que les importa. Esto puede estar relacionado, y puede relacionarse fácilmente a proyectos de tipo anarquista a largo plazo, pero es en esto que los anarquistas deberían estar trabajando. Y lo mismo es cierto en todas las partes de la sociedad. Es decir, mira, algunas de las cosas que están ocurriendo están al borde de lo surreal, pero ofrece oportunidades reales para una organización anarquista. Dejame tomar otro ejemplo. La tendencia de la economía, en los últimos 30 anoss, de parte de la planeación corporación-estado -- y este tipo de cosas no ocurre a partir de la nada -- de financializar la economía. Y un corolario a esto es desbaratar la producción nacional. Los dos van juntos. Asi que, por ejemplo, el porcentaje de las instituciones financieras en el PIB, el Producto Interno Bruto, era alrededor del 3 porciento en 1970; ahora se acerca a un tercio. Y, de la misma forma, la industria manufacturera esta siendo desmantelada, lo cual esta bien para los dueños, sabes, esta bien para ellos si pueden producir en Mexico o China, pero es terrible para las comunidades y para los trabajadores. Al mismo tiempo, finalmente se esta reconociendo -- incluso por parte de las elites corporativas, quien ha estado amargamente peleando contra esto por anoos -- que hay una verdadera crisis ambiental en camino, y que van a perder lo que tienen. Por lo que quieren hacer algo al respecto. Y lo que ahora están como tímidamente diciendo, bueno, no deberíamos -- no ser el único país en el mundo industrializado sin un tren de alta velocidad; deberíamos tener trenes de alta velocidad -- un movimiento minimo, pero significativo, para tratar una potencial crisis. Bueno, justo en este momento el gobierno y las corporaciones están desmantelando la industria manufacturera, como en Michigan e Indiana, cerrando las plantas de GM y asi enviando la producción a otros países, o -- tu sabes, están haciendo eso; esa es una de las cosas que están haciendo. Otra cosa que esta pasando es que el Secretario de Transporte esta en Europa, en Espana, usando dinero del estimulo federal, dinero de los contribuyentes, tratando de conseguir contratos para que firmas españolas proveen a Estados Unidos el sistema ferroviario de alta velocidad que necesita. A caso puedes pensar en una mejor -- me refiero, es dificl pensar en una critica mas dramática al sistema socioeconómico estado-corporacion. . Aquí hay comunidades y fuerzas de trabajo siendo destruidas, mientras que el dinero de los contribuyentes se va es a Espana, comprando lo podrías producir nosotros mismos. Ahora, si no te puedes organizar alrededor de eso, estas en verdaderos problemas: no eres un movimiento, para nada. Por supuesto, deberían -- toma, digamos, los trabajadores en Gary, Indiana o de Flint, Michigan, y asi. Tienen ellos que sentarse y ver como esto ocurre? No. Ellos pueden tomar los puestos de trabajo, las fabricas. Las pueden hacer funcionar ellos mismos. Las pueden convertir. Se ha hecho antes, con mucha mayor conversión, durante la 2da Guerra Mundia, para la producción en tiempos de guerra. Ellos no necesitan apoyo del gobierno para hacer eso, porque esa es la única institución que existe y la única que las personas pueden influenciar. No puedes influenciar una tirania privada. Puedes influenciar a un gobierno. Se ha hecho muy de vez en cuando. Va a necesitar algo de apoyo, pero de ninguna forma tanto como el rescate a Goldman Sachs. Va a tomar algo, va a tomar bastante ayuda popular, pero se puede hacer. Me refiero, se puede hacer en el marco de una teoría económica conservacionista, la cual es bastante clara con esto. Tu lees libros sobre corporaciones y dices, bueno, no esta tallado en piedra que éstas corporaciones deben trabajar solamente en pro de los interesed de los shareholders (accionistas), lo que significa un pequeño porcentaje de accionistas millonarios; ellas pueden trabajar por los intereses de los stakeholders (aquellos afectados por las operaciones de la empresa), que significa la comunidad y la fuerza de trabajo. Y ellos no van a decidir hacer eso, sino que la fuerza de trabajo y la comunidad tiene que decidir por ellos. Estos son esfuerzos perfectamente posibles. De hecho, se ha conseguido, hay casos en los que se ha hecho. Hay casos en los que se ha tratado incluso a larga escala. U.S Steel estuvo muy cerca de conseguirlo, y podría con un poco mas de apoyo corporativo. Y bueno, estas son -- podria continuar, pero estas son verdaderas estrategias de organización que combinan esfuerzos a corto plazo, que confrontan problemas reales por los que pasan las personas en sus dia a dia, con objetivos a largo plazo como crear parte de la base para una sociedad basada en la asociación libre y solidaridad y control popular y asi, y esta sentada allí en frente de nuestros ojos. Estas, a mi parecer, son las cosas que deberían observar, no preguntas abstractas sobre si deberíamos destruir al estado, para lo que no tenemos estrategia alguna. Siento que esa es la dirección en la que el pensamiento debe moverse. Eso no significa rendirse en las metas a largo plazo. De hecho, es la única forma de alcanzarlas. Y si hay otra manera de alcanzarlas, no la he escuchado.



Supongo que la pregunta que me viene a la cabeza viene a partir de sus preguntas, es que hay un numero grande de personas que están sinceramente comprometidas -- y correctamente -- al tipo de objetivos a largo plazo que los anarquistas han siempre tratado de alcanzar. Y la pregunta es: ¿por que no podemos unirnos y decidir en -- en vez de condenarnos unos a los otros por no hacer las cosas de la exacta manera que las hacemos, por qué no podemos formular propuestas concretas que combinen estas dos propiedades? Una, manejándose a partir de los problemas reales que las personas tienen en un sus vida inmediata, de dia a dia -- si quieres llegar a alguna parte, hay que tratar con estos problemas, y no sólo por razones tácticas, es a partir de simple humanidad. Entonces, por un lado eso, mientras manteniendo como pautas la concepción del tipo de sociedad libre y justa que quieres obtener por esos pasos. Y de vez en cuando las dos se juntas entre si, como en el caso que mencione, como la toma de una empresa productora por parte de los trabajadores y las comunidades, lo cual -- si es un objetivo alcanzable, y uno que tiene un gran potencial, o lo tendría si se lo apoyase, como hacen otros, y que combine tanto visión a largo plazo, como el tratamiento de reales y existentes quejas a corto plazo. Y hay muchas cosas como esa. Asi que la pregunta es: por que no concentrarse en eso, en vez de en preguntas abstractas, como sobre cual es la mejor estrategia para destruir al estado? Respuesta: no hay mejor estrategia, porque nadie a propuesto alguna.

domingo, 23 de maio de 2010

FALAS PRECISAS

foto: Wikipedia
"Na família dos vulgarizadores da opinião subalterna não faltará quem pretenda acusar de "antiamericanismo" os que hoje dão nome e apelido aos episódios de reafirmação do poder imperial americano. Tratar assim uma questão tão grave e decisiva para o futuro da vida decente neste planeta é uma forma tosca de "misturar estação" com o propósito de interditar o exame crítico de qualquer processo político. Isso desfigura o debate racional sobre os conflitos contemporâneos, transfigurado numa guerra de preconceitos travada nos esgotos da alma humana". 

Há pessoas que têm o poder da palavra (mas não de times de futebol*). Uma delas é uma figura pública que já ocupou cargos nos governos estadual e federal.
Essa fala acima, extraída da revista Carta Capital, é do sociólogo, bacharel em direito, colunista e economista Luiz Gonzaga Belluzzo, ao tratar do tema da preocupação dos Estados Unidos em minar o acordo firmado entre Irã, Turquia e Brasil.

* ele é o atual Presidente do Palmeiras

sábado, 22 de maio de 2010

PRECONCEITO EXPLÍCITO CONTRA ÁRABES E MUÇULMANOS

Transcrevo abaixo a reportagem publicada no portal ARABESQ sobre a Miss EUA de 2010, nascida no Líbano, naturalizada estadunidense e de família muçulmana.
A vitória da jovem é um claro sinal de mudança nos Estados Unidos. Mas forças de extrema direita, retrógradas e que defendem interesses outros que não os dos próprios Estados Unidos, a acusam de ser ligada ao grupo libanês Hezbollah, que parece ser um verdadeiro absurdo. Um grupo político de um país iria financiar uma candidatura de miss num país democrático? De miss? Se ainda fosse um filme ou um político, vá lá. Parece piada de mau gosto.
Outra acusação é que a miss EUA 2010 teria participado de concurso de strip tease. A verdade é que a sociedade americana é aberta e a jovem participou de um concurso de dança sensual, mas não strip tease. Agora, puni-la por fazer o que as moças estadunidenses fazem é o máximo da hipocrisia e uma desculpa para o preconceito contra árabes e muçulmanos que a direita estadunidense tenta impor a toda a sociedade dos Estados Unidos. Não suportam o negro Obama e também não suportam uma miss de origem árabe e muçulmana. Não suportam a tolerância e têm medo de enfrentar os iguais.
É, Estados Unidos. Um novo enfrentamento à vista. Antes foi o preconceito contra os negros. Agora aviva-se a insensatez contra os árabes e descendentes. Bem, leia a matéria abaixo. Boa leitura.

Passados menos de 24 horas após ser eleita Miss Estados Unidos, a jovem de 24 anos Rima Fakih, que em primeiro momento foi considerada o símbolo da diversidade e tolerância nos Estados Unidos, passou a enfrenta acusações contraditórias ao extremo pela mídia norte-americana contestando o seu título.

Enquanto sites judaicos acusavam a imigrante libanesa de estar ligada a grupos extremistas religiosos xiitas no Líbano, tendo entre seus parentes membros do Hezbollah, a mídia americana acusava-a de vulgaridade mostrando imagens de sua participação em um concurso de strip-tease nos Estados Unidos.

Extremista islâmica

O portal "Jewish Internet Defense Force" (Força de defesa judaica na internet) atacou a jovem dizendo que "era um dia obscuro para os EUA" por conta do triunfo de Rima, que foi acusada pelo grupo de apoiar o fundamentalismo islâmico.

A advogada e comentarista política Debbie Schlussel chegou inclusive a afirmar que a própria miss era uma defensora das atividades do grupo armado. "Fontes de inteligência confirmam que pelo menos três parentes de Fakih são atualmente dirigentes do Hezbollah, e que pelo menos oito membros de sua família foram terroristas do Hezbollah mortos por Israel nas últimas guerras entre Israel e Líbano".

Striper

Por outro lado fotos reveladas pelo site da rádio MojointheMorning mostram Rima Fakih, em poses consideradas “pouco consentâneas” com os apertados critérios da organização do Miss America, liderada pelo milionário Donald Trump.

"Temos algumas fotos que ainda não foram divulgadas mas não as vamos enviar à organização. Quando perguntámos se isto poderia tirar-lhe a coroa disseram-nos que não podiam fazer comentários", disse um representante do site MojointheMorning, alegando que as vestimentas e pouses usadas pela jovem no concurso de strip-tease não mostram nada a mais das usadas no Miss Estados Unidos.

Realidade

Rima Fakih foi escolhida Miss EUA por um júri de celebridades, incluindo o empresário Donald Trump, que é um dos organizadores da competição. Rima participou e ganhou o concurso de beleza representando o Estado de Michigan, para onde se mudou com sua família em 2003 após crescer em Nova York, onde estudou em uma escola católica apesar de a sua família ser de origem muçulmana.

Primeira Miss EUA de origem árabe, Rima explicou aos organizadores que a sua família celebra tanto as festas cristãs quanto as muçulmanas. "É algo histórico", declarou Imad Hamad, diretor regional de uma organização que luta contra a discriminação aos árabes-americanos (AAADC).

“Ao crescer, a minha mãe (Nadia) e a minha família me mostraram que o que temos dentro de nós é mais importante do que o exterior” disse Rima em entrevista ao jornal Arab-American.

“A minha família me ajudou a pagar as despesas para participar dos concursos, eu tive que vender o meu carro por 1200 dólares, dos quais usei 1100 para pagar as despesas e com os outros 100 convidei a minha mãe para um restaurante japonês”.

Rima nasceu na pequena aldeia de “Sarifa” no sul do Líbano de onde emigrou ainda criança com seus familiares em busca de uma vida melhor.

É diplomada em economia e queria ser advogada. Seus hobbies são viajar, dançar e fazer kickboxing, segundo os organizadores do concurso.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

DAMASCO, CAPITAL DA SÍRIA

Dizem que a capital da Síria, Damasco, é habitada há mais de 7 mil anos, o que a torna a cidade mais antiga do mundo, se for considerado que durante todo este tempo houve habitantes e ela nunca deixou de ser ocupada. Damasco surgiu ao lado do rio Barada, o que tornava a vida possível em uma região desértica.

A capital que tem nome de uma deliciosa fruta do oriente sempre ficou no centro das rotas comerciais, nas rotas das caravanas. Já foi ocupada por muitos povos (nesta ordem): assírios; persas; gregos; romanos; franceses e alemães (nas cruzadas); turcos-otomanos e novamente franceses. Guarda vestígios dessas ocupações, com ruínas romanas e construções dos cruzados e dos muçulmanos.

A cidade é cercada ainda hoje por uma grande muralha romana (a cidade se exetendeu além das fronteiras, veja bem).
Veja o que diz o site da prefeitura paulistana a respeito:

"O clima milenar e histórico pode ser sentido principalmente na parte velha da cidade, cercada por uma grande muralha romana. A viagem pelo tempo começa na entrada, quando é preciso atravessar portais majestosos e imponentes. No Souq al-Hamadiyyeh, um enorme mercado coberto que fica na Cidade Velha, as ruas de pedra e o telhado furado revelam as marcas do tempo.
O comércio é barulhento e colorido, bem característico do Oriente, e o burburinho faz parte do cenário. Continuando o passeio, por caminhos e ruelas que parecem um labirinto, é possível encontrar também os famosos banhos turcos, chamados por lá de hammams.
Existem muitas obras e jóias da arquitetura islâmica em Damasco. Construída no ano 705, a Mesquita de Omayyad ainda guarda mosaicos e minaretes de sua construção original. Junto dela, está o mausoléu de Saladin (um dos grandes heróis da história árabe), erguido em 1193.
Outra mesquita importante é a Takiyyeh as-Sulaymaniyyeh. Foi feita em estilo otomano, em 1554, e suas camadas de pedras pretas e brancas e minaretes longos chamam a atenção e impressionam.
Em um antigo campo militar, agora existe o Museu Nacional, que, assim como toda a cidade de Damasco, guarda relíquias importantíssimas do Mundo Antigo. Fazem parte de seu acervo peças que ajudam a contar a história do homem e das civilizações. Uma das exposições mais impressionantes é a que mostra ao público vários papiros escritos quatorze séculos antes de Cristo, utilizando o primeiro alfabeto conhecido no mundo.
Instrumentos cirúrgicos, encontrados nos túmulos de seus médicos, mostram uma parte da trajetória da medicina através dos tempos. Esculturas de mármore e terracota, armas de diversas épocas e outros objetos revelam a rotina e a vida de povos ancestrais, ajudando a montar o quebra-cabeça da história da humanidade.
Já no Palácio de Azem, construído em 1749, hoje funciona a sede do Museu de Artes e Tradições Populares da Síria. O prédio foi todo feito com basalto preto e rochas sedimentares brancas.
A Cidade Velha, também guarda importantes histórias e construções Cristãs. Foi ali que os discípulos tiraram São Paulo por uma janela, para que ele fugisse dos seus perseguidores. No lugar, foi construída a capela de São Paulo.
Muitos séculos depois, o nome deste santo batizou uma cidade que viria a se tornar uma das maiores do mundo. Uma metrópole moderna e jovem que tem em sua lista de cidades-irmãs a antiga e milenar Damasco do apóstolo São Paulo".

Fonte: milpovos.prefeitura.sp.gov.br

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O MUNDO MUDOU?

Causa ceticismo não o acordo travado entre Brasil, Turquia e o Irã, mas a posição estadunidense a respeito da questão. Pensava, particularmente, que o mundo estava mudando. Acho que o mundo pode querer mudar, mas os donos do poder não permitirão tão facilmente.
Imagino que os EUA sentiram minar o seu poder de liderança com essa atitude ousada de dois países emergentes (Brasil e Turquia) e daí visaram desacreditar todo o esforço diplomático envolvido e aplaudido pela imprensa internacional tradicional e também por aquela posicionada mais à esquerda.
Os EUA não permitem alternativas ao Irã. Agora, os líderes do país persa podem adotar duas atitudes básicas. A primeira é retirar-se da agência de inspeção de energia atômica e caminhar para a ilegalidade, sob o argumento (agora real) de que as forças imperiais (incluindo-se aí não apenas os EUA, mas também os demais membros do Conselho de Segurança da ONU) não permitem a ele a liberdade de atingir a independência na pesquisa da energia atômica para fins pacíficos. Haverá motivo, agora mais do que nunca, inclusive, de obter-se a tecnologia para a produção de armas atômicas, a fim de preservar a segurança e os interesses nacionais daquele país. Outra atitude é ir à Assembléia da ONU e manifestar publicamente a ação ilegal, ilegítima e imoral de agentes anacrônicos do imperialismo.
E ao Brasil e à Turquia? Também irem à Assembléia da ONU e fazerem não um discurso agressivo, mas um detalhamento do que ocorreu e dos esforços engendrados.
Os EUA mudam pouco e não permitem que o mundo se modifique um milímetro rumo ao progresso harmônico. Os governos de extrema direita devem estar eufóricos, assim como as indústrias armamentistas dominadas pelos Estados Unidos, França e Rússia.
Mas faço uma observação. Não ouvi uma só palavra dos governos da França, Rússia e China a respeito da nova rodada de sanções em discussão tão rapidamente divulgada pela Sra Clinton. Será um blefe dos Estados Unidos para adiar uma apreciação mais aprofundada do que foi pactuado pelos 3 países emergentes?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Domínios em língua árabe podem revolucionar a internet


Em uma etapa considerada um marco para uma das principais línguas do mundo agora a internet comportará endereços em língua árabe, como parte de um amplo movimento para tirar a restrição de navegação aos caracteres latinos.

O ministro das comunicações do Egito anunciou nesta quinta-feira o lançamento do primeiro domínio na internet utilizando caracteres árabes, buscando aumentar os serviços online e o número de usuários na população local.

"Lançar domínios em árabe é um marco na história da internet", afirmou o ministro Tarek Kamel, em nota. "Este grande passo abrirá novos horizontes para serviços online no Egito. Isso aumentará o número de usuários no país e permitirá que os serviços via internet cheguem a novos segmentos de mercado por meio da eliminação de barreiras linguísticas".
O domínio .misr (.مصر)- que significa Egito, em árabe, e que será escrito em caracteres locais - será registrado nos provedores de internet TE Data, Vodafone Data e Link Registrar, segundo comunicado. Analistas dizem que o conteúdo árabe responde por apenas 1% do total disponível na web apesar da sua população constituir mais de 5% do mundo.

Ao invés de usar o antigo nome de domínio, por exemplo: “.eg” as instituições podem gora utilizar, no Egito, o“.مصر”. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos também já começaram a usar os seus nomes em árabe para a terminação de seus domínios de internet.

Para especialistas, a mudança pode gerar um pouco de confusão, apesar de abrir a possibilidade para novos domínios escapando da dificuldade atual de registrar novos endereços na internet.

Porem o início do uso de terminações em árabe não é a primeira mudança sobre o fato. Há seis meses as empresas reguladoras da internet aprovaram o uso de nomes em árabe nos endereços, mesmo que a terminação continue sendo .com ou .net. Isso já se encontra em uso.
Para entender melhor, usaremos o exemplo do Portal Arabesq em árabe sob o endereço www.alarabesq.com que pode também ser acessado pelo endereço www.الارابيسك.com. Isso já é uma revolução no mundo digital, que deve aumentar as possibilidades da Internet, apesar de não necessariamente descongestionar os domínios em caracteres latinos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Personagens árabes na literatura brasileira

Jorge Medauar/ICArabe

A civilização islâmico – árabe não deixou marcas unicamente no seu passado histórico. Sua influência ainda se espraia por todo o mundo contemporâneo, uma presença rediviva em quase todas as atividades do homem. Já se tornou redundante a afirmação de que sem os algarismos arábicos, ou sem o símbolo zero, também projeto pelos árabes, não existiria a matemática moderna e, consequentemente, as chamadas ciências exatas.

Foi sua absoluta confiança na verdade da teoria árabe, de que o mundo era redondo, que Cristóvão Colombo zarpou para o Ocidente. E os portugueses, entretanto problemas técnicos de cosmografia, convocaram mestres árabes para auxiliá-los. Os sábios árabes, atraídos a Sagres, colaboraram não só na solução de aspectos da navegação, mas também contribuíram na solução de inquietações de ordem sociológica, problemas de compensação ou recuperação da população. Bem como na solução de questões levantadas pelos contatos da cultura portuguesa com a dos povos estranhos.

Valeram-se, assim, dos exemplos que lhes ofereciam os árabes com sua experiência e conhecimento de espaços extra-europeus. O aumento das populações nos trópicos deu-se sob a égide do costume árabe de considerar o filho mestiço detentor de todos os direitos. E Vasco da Gama, que teve como piloto Ahmad Ibn-Madjij, nascido na cidade de Djulgar, em Omã, de antepassados beduínos da Arábia, aprendeu com os árabes de Moçambique a técnica de construção de tanques de madeira para reservatório de água no fundo das embarcações. Com os mesmos árabes de Moçambique, aprenderam a construção de barcos com velas tecidas de palmas. Também o valor antiescorbútico das frutas cítricas foi decididamente transmitido aos portugueses por um chefe árabe.

Assim, guerreiros e sábios de Alá se espalharam do Crescente Fértil, acima da Península Arábica, para o Ocidente. Para a França. Sicília. Espanha. E ainda para o Oriente – China e Índia, deixando vínculos na filosofia, nas artes, arquitetura, metalurgia etc. Não deixa, pois, a História Árabe de ser um dos capítulos mais importantes da própria História da Humanidade.
Os historiadores reconhecem que os eruditos árabes estavam mergulhados em Aristóteles quando Carlos Magno e seus nobres ainda aprendiam a rabiscar seus nomes. Diz um historiador americano, contemporâneo, que em Córdova, com suas dezessete enormes bibliotecas, uma só das quais possuía 400 mil volumes, “cientistas se deliciavam com banhos luxuriosos numa época em que, na Universidade de Oxford, se considerava lavar o corpo um costume perigoso.
Língua da cultura

O árabe, como é sabido e consabido, foi, por muitos séculos, a língua da cultura e do pensamento progressivo por todo o mundo civilizado – vale dizer a língua do próprio conhecimento, através da qual se expressavam cientistas, filósofos e matemáticos. Trabalhos de natureza religiosa, astronômica e geográfica foram produzidos mais no árabe do que em qualquer outra língua. E seu alfabeto, depois do latino, ainda é o mais usado em todo o mundo.

E agora será oportuno repetir as palavras de Philip R. Hitti, para que se tenha uma ideia menos confusa do que vem a ser “árabe” e “semita”, e sobretudo para que não se percam as raízes históricas do Islamismo e do Semitismo: “Dos dois povos sobreviventes que representam a etnia semita, foi o árabe que preservou os traços físicos e mentais característicos desta família. Sua língua, apesar de ser a mais jovem do grupo semítico, do ponto de vista da literatura, conservou um número maior das peculiaridades da língua materna, inclusive a flexão.

O Islamismo, do mesmo modo, é, na sua forma original, a perfeição lógica da religião semita. Na europa e na América, deram à palavra “semita” o significado de judeu, mas os “traços semitas”, que incluem o nariz proeminente, não são absolutamente semíticos. Estes característicos diferenciam o tipo judeu do semita e representam, evidentemente, uma aquisição resultante de antigo cruzamento entre hititas-hurrianos e os hebreus”.

E mais adiante: “Foi na Arábia que os antepassados dos povos semitas, os babilônios, assírios, caldeus, amoritas, arameus, fenícios, hebreus, árabes e abissínios tiveram sua origem. Aí viveram, numa época remota, como um só povo”. Quanto à presença dos elementos árabes em nossa cultura, é preciso poupar palavras, como em sua marcha o beduíno poupa água, para apertar em poucas páginas apenas um quadro reduzido dessa imensa presença, que principia com os moçárabes – cristãos arabizados da Península Ibérica que, no próprio século do Descobrimento, vieram com os colonizadores.

Esses e seus descendentes – e é bom que se diga, desde já que, para fazer descendência, o inflamado sangue árabe fervia tanto quanto o lusitano, por antiga tradição e até por gosto, na verdade, sempre ambos competindo…E nunca, alguém de fora influiu tanto na nacionalidade e no nacionalismo português, desde a invasão da mouraria com seu convívio, e dos confrontos na Índia, com gentes do Gama, de Cabral, e sucessores.

Já no Brasil, as suas culturas continuaram a unir o sangue e seu suor – tendo o sangue nos dado o termo adjetivo – morena – a da cor moura, e o suor, este verbo prestigioso: mourejar. E ainda melenizar, ou melenização, que vem a ser o bronzeamento da pele, praticada em quase todas as praias brasileiras, revelação de Gilberto Freire, para mostrar que nossos antepassados portugueses desejavam parecer tão pardos quanto os irmãos nativos das terras quentes.

As influências sociais e econômicas não caberiam nesse espaço, mas em compêndios. Das influências espirituais, basta algumas sejam relembradas para se avaliar sua presença. Nem precisamos mencionar a picota, a cegonha, que retirou água nos primeiros poços nordestinos. Nem a azenha ou o moinho d’água, ou a irrigação por canais, trazida dos Omíadas do sétimo século. O café. A cana. O algodão. A laranja. O bicho-da-seda. A pólvora. O papel. O rol é quase interminável.

Apenas um ou outro exemplo do criador mourismo de valores artísticos e intelectuais revela essa presença, a qual, mesmo diluída no tempo, é bem visível no que ficou do espírito árabe na arquitetura cotidiana – no gosto pelo azulejo, no mosaico. E desde os nossos tempos ancestrais, a janela de rótula. Os balcões de fachada. Os portões e gradis ornamentais. Os espaços adôbes.

Os vitrais coloridos. Os caprichosos chafarizes. A telha mourisca e, embaixo delas, as crianças em classe cantando a tabuada, e no pátio a roda da cirandinha. As mulheres de mantilha. O costume das pessoas anunciarem sua visita. A cozinha rica em especiarias. A profusão de doces. E eis que surge um nome: Abd-al-Rahman. Numa festa de paz, em seu palácio, compõe versos líricos para a palmeira solitária, em seu jardim.

Este artigo foi publicado na Carta Informativa nº 137 – Página 40.

domingo, 16 de maio de 2010

ÁRABES E MUÇULMANOS NO BRASIL - 6ª E ÚLTIMA PARTE

foto: Damasco/Síria (www.cometosyria.com)
O PAÍS QUE INCORPOROU A TOLERÂNCIA,  AGORA A  EXPORTA

Cyro Saadeh*




Você pode não saber, mas no Brasil há mais de 12 milhões de árabes e descendentes, compondo um universo equivalente a 6,5 % da população, um índice grande. No Brasil há mais libaneses e descendentes do que no próprio Líbano.

Os primeiros árabes a imigrarem espontaneamente para o Brasil, logo em 1850, adotavam a religião cristã. A partir de 1940 aumentou a imigração dos muçulmanos para o Brasil. 

A imigração de árabes, principalmente de sírios, aumentou muito pouco tempo antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em razão das guerras de independência, incentivada pelos britânicos, contra o Império Turco-Otomano.

Posteriormente, descobriu-se que o Plano dos Ingleses, juntamente com os franceses e os russos, era, após a derrota dos Turcos-Otomanos, dividir e recolonizar os países do Oriente Médio, em razão do petróleo. Não havia nenhuma intenção de tornar os árabes um povo independente, muito ao contrário. A trama foi denunciada mundialmente por Lenin logo após a Revolução Soviética.

Coincidência ou não, esses países: Inglaterra, França e União Soviética foram os grandes vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Estados Unidos, e passaram a ocupar algumas das 5 cadeiras no Conselho de Segurança da recém-criada ONU.

E foi apenas com o fim da Segunda Guerra Mundial que os países árabes começaram a se tornar independentes. E foi nesse mesmo período que era criado artificialmente, pela ONU, o Estado de Israel, numa das regiões mais importantes para o islamismo.

Se isso fez aumentar a tensão na região, ela também foi incentivada como pretexto pelos países imperialistas para dominarem grande parte da região ou com a força, seja com bases ou mediante invasão, ou através de grandes conglomerados petrolíferos internacionais.

Tudo isso, aliado aos governos ditatoriais da região, favorecidos pelas políticas internacionais estadunidenses, incentivou a imigração de árabes pelo mundo afora, principalmente Europa, Estados Unidos e América Latina. Hoje, há grandes colônias árabes em todos os países da América Latina e nos próprios Estados Unidos.

No Brasil, os árabes estão concentrados principalmente no comércio, no ramo do direito, engenharia, medicina e literatura. E é um povo que convive harmonicamente com os judeus e outras comunidades aqui no Brasil, integrando-se com facilidade.

Os árabes têm história: possuem a língua mais antiga do mundo, o árabe (foi o primeiro alfabeto criado pela humanidade). Possuem as histórias mais lindas de todo o planeta: As Mil e Uma Noites. E ainda possuem uma das comidas mais saborosas. Quem no Brasil não come um quibe ou uma esfiha ao menos uma vez por semana? Mas o povo árabe e as suas conquistas não páram por aí. É pouco divulgado, mas graças aos árabes é que a Europa pode sair da era da miséria e pobreza cultural, intelectual e espiritual da Idade Média, com o Renascentismo. Os árabes tinham o primor da tolerância em uma época que vigia a época negra para o Cristianismo. Havia filósofos cristãos, muçulmanos e judeus convivendo em harmonia em pleno Califado Árabe no sul da Espanha, em Córdoba. Foi um exemplo para a humanidade.

Hoje, a humanidade discrimina os árabes e os muçulmanos, como fez por muito tempo com os judeus, os negros, as mulheres... Mas, certamente será apenas uma fase a ser superada, pois os árabes não se concentram apenas em países distantes. Estão espalhados e integrados nos mais diversos Estados e em todos os cantos da Terra. Talvez eles e os seus descendentes levem consigo a semente da esperança e da tolerância, tão necessária à humanidade, ainda hoje.

Os árabes dominaram Portugal por quase 400 anos e a Espanha por quase 800 anos. Muito embora os judeus tenham influenciado mais Portugal que os árabes, a nossa língua sofreu fortemente a influência árabe. E observo que nem todos os cristãos-novos são necessariamente descendentes de judeus convertidos. Há muitos árabes também. Assim como os judeus, os árabes não eram tolerados na Espanha nem em Portugal.

E só para embaraçar a cabeça daqueles que não sabem diferenciar árabes de muçulmanos lembro que há árabes judeus. O dono do banco Safra, um dos homens mais ricos de todo o planeta, é árabe-judeu. Segue a religião judáica, tendo origem libanesa. É, e em Israel, a terra dos judeus, há muitos árabes-muçulmanos.

É, o mundo é uma grande salada. E os árabes ajudaram a dar um tempero nessa mistura, ainda bem! A humanidade agradece a miscigenação. E que com ela venha a tolerância!

Talvez essa seja a grande característica do nosso país, com tantas raças e credos: TOLERÂNCIA. Com isso, o Brasil trilha um importante lugar no planeta, o de mercador da luz, o de promotor da paz, o de provedor de harmonia e o camelô que ostenta respeito entre culturas, povos e religiões. O Brasil tenta, e que consiga efetivamente levar paz a todos os cantos do planeta. Hoje, no Irã, amanhã no Oriente Médio e desde já na América Latina.
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*Jornalista e advogado
exemplo da mistura brasileira. Sangue indígena, alemão, português, italiano e árabe

sábado, 15 de maio de 2010

ÁRABES E MUÇULMANOS NO BRASIL - 5ª PARTE


Arabes Somos Nós - A Imigração Arabe no final do Seculo XIX

VERDE, AMARELO, AZUL E MOURO

Marcantes em nossa cultura desde a colonização, os árabes se adaptaram muito bem ao Brasil. E o Brasil a eles

http://familiaache.blogspot.com
Oswaldo Truzzi

Seja por sua profunda influência em Portugal, seja pela forte imigração no último século, a cultura árabe tem presença garantida na história e na sociedade brasileiras.

Junto com os colonizadores, no século XVI, desembarcaram heranças de sua língua, música, culinária, arquitetura e decoração, técnicas agrícolas e de irrigação, farmacologia e medicina. É que os árabes dominaram por quase oito séculos a Península Ibérica. Significativamente, Granada, seu último reduto em solo europeu, foi conquistada pelos cristãos em 1492, mesmo ano em que Colombo chegava à América.

Foram os árabes que introduziram na Europa coisas tão básicas como os algarismos decimais – em substituição aos romanos, difíceis de usar para cálculos –, jogos, como o xadrez, e a própria arte caligráfica, pois encaravam a palavra escrita como o meio por excelência da revelação divina. Na culinária, difundiram o uso do café, de doces próprios e produtos de pastelaria, do azeite, em substituição à proibida gordura de porco, e de muitos outros temperos, como o açafrão, a noz-moscada, o cravo, a canela e pimentas.

Recebemos tudo isso indiretamente, via colonização, em uma ampla variedade de aspectos. Até mesmo o bom costume da limpeza pessoal, que muitos atribuem somente aos indígenas, deve um tributo aos árabes. Foi Gilberto Freyre, em seu Casa-Grande & Senzala, quem apontou o contraste da “higiene verdadeiramente felina dos maometanos com a imundície dos cristãos”.

Na música, o alaúde teve vasta descendência nas Américas, procriando verdadeiras famílias de instrumentos caribenhos, o bandolim e o cavaquinho brasileiros, a charanga do altiplano andino e o banjo dos negros norte-americanos. A gaita árabe é possível antecessora da gaita ibérica, e o adufe, precursor do pandeiro.

A aridez dos solos desérticos capacitou-os como mestres nas técnicas agrícolas e de irrigação, importando para a Europa o moinho d’água, avô do engenho colonial, e lá semeando o algodão, a laranjeira, a criação do bicho-da-seda, o cultivo do arroz e da tão “brasileira” cana-de-açúcar. As próprias técnicas construtivas, como a telha de barro do tipo capa e canal, ou ainda a taipa de pilão, tão dominante nos primeiros séculos do Brasil, são de influência nitidamente árabe.

O segundo movimento marcante foi a chegada direta de imigrantes, sobretudo sírios e libaneses, a partir do final do século XIX. É possível que a visita do imperador D. Pedro II a Beirute e a Damasco, em 1876, tenha servido como primeira aproximação cultural entre as áreas de origem da imigração árabe e o Brasil. Mas essa circunstância, por si só, não seria capaz de lançar tantos espíritos inquietos na aventura de uma odisseia tão distante. A pretensão inicial era uma migração temporária, para amenizar as dificuldades financeiras enfrentadas por suas famílias.

Viviam um tempo de restrições econômicas, por conta da entrada de produtos industrializados europeus (que minou a renda derivada da produção artesanal), de algumas pragas agrícolas e da necessidade de mais terras para a incorporação de herdeiros. Além desses motivos econômicos, outros fatores relevantes influenciaram a decisão de partir, como a competição por status entre famílias nas aldeias e os frequentes conflitos religiosos entre cristãos e muçulmanos. Preocupante também era o recrutamento militar obrigatório empreendido pelos turcos, em uma época de riscos provocados pela decadência do Império Otomano.

De qualquer modo, os migrantes não eram aventureiros isolados, mas indivíduos inseridos num contexto familiar, dispostos a acumular capital durante certo tempo e depois voltar ao seio da família e da aldeia de origem. Entretanto, o que pretendia ser provisório acabou se tornando permanente: em vez de o imigrante retornar, em muitos casos foi o restante da família que veio se juntar a ele no Brasil.

Redes de parentes, amigos e conterrâneos se articularam, fornecendo referências valiosas aos que decidiam vir. Na mente de cada emigrante formou-se uma geografia imaginária: um tio em São Paulo tornava aquela capital brasileira mais próxima de sua aldeia na Síria ou no Líbano do que a Espanha, ali do outro lado do Mediterrâneo. Interesses e favores dos muitos conhecidos propiciavam o início da vida no novo país: casa, trabalho, escola para os filhos.

Muitos dos já estabelecidos ofereciam um crédito inicial – sob a forma de mercadorias, por exemplo – aos recém-chegados. Esse intenso movimento migratório alcançou os rincões mais remotos do continente.

Onde quer que chegassem, eram chamados da mesma forma: “turcos”. Uma confusão que os ofendia duplamente – pelo equívoco geográfico e por referir-se a seus dominadores históricos. Culpa dos passaportes que usavam, até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) expedidos pelo Império Otomano.

No Brasil, a maioria era de origem libanesa ou síria. Sua principal ocupação nos países de origem havia sido a agricultura, mas por aqui abraçaram como profissão o comércio. Perseguiam a autonomia de gerir seu próprio negócio, ainda que este fosse minúsculo a ponto de caber em uma caixa de vendedor ambulante. A maior concentração ocorreu em São Paulo, mas os “turcos” se espalharam por todo o país. Exemplo curioso dessa abrangência geográfica: foi um mascate libanês quem filmou as únicas imagens conhecidas do cangaceiro Lampião, na década de 1930.

Benjamin Abrahão, que era também fotógrafo e homem de confiança do padre Cícero, infiltrou-se no bando e gravou momentos do seu cotidiano, como narra o filme “Baile perfumado” (Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1996).

Os árabes mascateavam também pelas zonas rurais, mas fixaram-se sobretudo nas cidades, inicialmente em cortiços, moradias populares com cômodos para alugar, onde se aglomeravam famílias inteiras em espaço reduzido. A vida girava em torno da família e do trabalho. Loja na frente, casa nos fundos ou no andar de cima do sobrado, família “mourejando”, trabalhando “como mouros”.

Mas o balcão das lojas não seria o ponto de chegada de suas trajetórias. De mascates a pequenos comerciantes, depois varejistas, atacadistas e industriais. Vencidas as dificuldades da primeira geração, os pioneiros trataram de buscar para seus filhos a ascensão socioeconômica via educação. Queriam vê-los como doutores – especialmente médicos e advogados –, e assim muitos o fizeram, aproveitando-se, no início, de clientelas cultivadas na própria colônia, depois estendidas a outros estratos sociais.

A partir de então, a inserção privilegiada e o amplo conhecimento social angariado desde os tempos de mascate, aliados à legitimidade que um diploma conferia, frutificaram em carreiras públicas. Em todo o continente menciona-se o grande número de descendentes de árabes na política, como os presidentes Turbay Ayala na Colômbia, Abdalá Bucaram no Equador e Carlos Menem na Argentina. De posições destacadas em áreas como a linguística e a medicina, a presença árabe chegou ao que há de mais popular no Brasil: o futebol, o jogo do bicho, as escolas de samba. O que demonstra, apesar da origem cultural relativamente distante, uma extraordinária capacidade de adaptação à nova terra.

Outra peculiaridade que ilustra essa integração vigorosa é a incorporação de iguarias à culinária local. Em São Paulo, de acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, um quarto das refeições servidas provém da culinária árabe. Algumas receitas difundidas pelos imigrantes integram hoje a dieta habitual da classe média brasileira, como o quibe, a esfiha, o tabule, a coalhada, o babaganouche, o pão sírio e a lentilha.

Restaurantes especializados em cozinha árabe (ou em adaptações inspiradas nela) proliferaram de tal forma que não há guia gastronômico sem uma seção dedicada a eles ou shopping center em cuja praça de alimentação um deles não esteja presente.
Até hoje, mais de um século após a vinda dos primeiros imigrantes, nas entrevistas colhidas entre os mais velhos, entre aqueles capazes de olhar para trás conscientes das dificuldades enfrentadas e do caminho percorrido, o balanço da trajetória e da vida não deixa de registrar depoimentos emocionados. “Na vida brasileira a gente adquire desde a infância uma tolerância que não existe lá (...) Eu estou satisfeito da minha vida, confio no Brasil, aqui é minha terra”.

Esse sentimento de gratidão e confiança, em geral embalado por uma considerável mobilidade socioeconômica, resume a bem-sucedida história dos imigrantes sírios e libaneses no Brasil, um país tributário da cultura árabe desde a alvorada da colonização.

Oswaldo Truzzi é professor da Universidade Federal de São Carlos e autor de Patrícios – Sírios e Libaneses em São Paulo (Hucitec, 1997).

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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