David contra Golias, do pequeno e frágil contra o gigante forte e poderoso é uma história bíblica que permanece no nosso imaginário e que dizem ser real.
No mundo contemporâneo temos algo assemelhado. Imaginem as Forças Armadas de 15 países reunidas e lideradas pela Arábia Saudita contra um grupo de revolucionários em uma região desértica e esse grupo sagrar-se parcialmente vitorioso, com a retirada desses países da área ocupada por aqueles.
Recentemente, os britânicos, israelenses e estadunidenses atacaram massivamente o grupo. O resultado foi um comando israelense ser exterminado em território iemenita, aviões estadunidenses serem abatidos e dois porta-aviões serem retirados das proximidades. Os Estados Unidos de Trump declararam uma surpreendente e duvidosa "vitória" e saíram correndo da região. O medo e a vergonha de chegar a perder um porta- aviões para um grupo de guerrilheiros era muito grande e real para a maior força imperial de todos os tempos.
A história acima é real e é do grupo "Ansar Allah" (partidários de Deus), conhecido no ocidente como "Houthis", nome dos líderes do grupo, alguns já assassinados.
Esse grupo é majoritariamente xiita, mas também reúne sunitas do noroeste do Iêmen.
O Iêmen é o berço do povo árabe, no extremo sudeste da península Arabica, bem ao lado do continente africano, separado por um longo canal.
O Iêmen está dividido. A parte que reúne as grandes cidades e grandes portos, com a maior parte da população, está sob o controle do "Ansar Allah". Se aproveitando da situação, os Emirados Árabes Unidos dizem ter arrendado a belíssima lha iemenita de Socotra, no Oceano Índico, repleta de exotismo, e tomado posse.
Para conseguir um cessar fogo definitivo em Gaza, esse grupo guerrilheiro está atacando navios israelenses, ou que sigam em direção a Israel, que passem pelo Canal de Bab el-Mandeb, que separa o Iêmen do continente africano.
É o pequeno contra os gigantes. É aquele árabe quase africano, de pele escura, que anda de sandálias e tem hábitos tribais, mas sem perder toda a sua riqueza cultural, contra potências ocidentais, grande grupo de países árabes pro-ocidente e israelenses.
É o pequeno grupo que não possui navios de guerra nem aviões contra as maiores forças armadas do globo, altamente treinadas e sofisticadas. Mas a sofisticação não diz muito quando o assunto é enfrentar os valentes e destemidos iemenistas.
Mas engana-se quem acha que os iemenistas, incluindo aí o grupo Ansar Allah não têm seconhecimento científico ou cultural. Há muitos médicos e engenheiros altamente capacitados entre eles, muitos deles capazes de construir e montar mísseis balísticos, alguns com tecnologia superior à de Israel e Estados Unidos, inclusive.
No futuro, devido aos fatos grandiosos envolvidos, talvez pensem que esse grupo poderia ser apenas uma lenda, fruto dos contos das mil e uma noites. Quem diria? Ansar Allah, a realidade virando lenda.