sábado, 30 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE VII

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do valioso texto escrito pelo jornalista belga Michael Collon, sobre as causas reais da ofensiva imperialista contra a Líbia.

Objetivo nº 3: Obstaculizar a libertação do mundo árabe

Quem domina hoje sobre o conjunto do mundo árabe, sua economia, seus recursos e seu petróleo? Não os povos árabes, já se sabe. Mas também não os ditadores do local. Sim, eles ocupam a cena, mas os verdadeiros amos estão por trás da cena.

São as multinacionais dos EUA e européias que decidem o que há que produzir ou não nestes países, que salários há que pagar, para quem renderão os lucros do petróleo e que dirigentes se imporão. São as multinacionais as que enriquecem seus acionistas à custa das populações árabes.

Impor tiranos ao conjunto do mundo árabe tem consequências muito graves: o petróleo, mas também os outros recursos naturais que servem somente ao lucro das multinacionais, não a diversificar a economia local ou a criar empregos. Além disso, as multinacionais marcam baixos salários para o turismo, as pequenas indústrias e os serviços subempreitados.

De repente as economias fazem-se dependentes, desequilibradas e já não respondem às necessidades dos povos. Nos anos que vêm, vai se agravar o desemprego porque 35% dos árabes tem menos de 15 anos. Os ditadores são empregados das multinacionais, são os encarregados de assegurar-lhes os lucros e quebrar a contestação. Os ditadores têm como papel impedir a justiça social.

Trezentos milhões de árabes distribuídos em vinte países, mas considerando-se justamente uma só nação, encontram-se pois ante uma eleição decisiva: aceitar a manutenção deste colonialismo ou fazerem-se independentes tomando um novo rumo? Todo mundo ao redor está em plena transformação: A China, o Brasil e outros países se emancipam politicamente, o que lhes permite progredir economicamente. O mundo árabe vai ficar atrás? Seguirá sendo uma dependência dos EUA e da Europa, uma arma que estes utilizam contra as outras nações na grande batalha econômica e política internacional? Ou então, chegará finalmente para eles a hora da libertação?

Esta ideia aterroriza os estrategas de Washington. Se perderem o controle do mundo árabe e do seu petróleo, acabou-se o domino do planeta para eles. Porque os EUA, uma potência em declínio econômico e político, é a cada vez mais contestado: pela Alemanha, pela Rússia, pela América Latina e pela China. Aliás, numerosos países do Sul aspiram a estabelecer relações Sul - Sul, mais vantajosas do que a dependência dos EUA.

A cada vez custa-lhe mais manter-se como a maior potência mundial, capaz de rapiñar a nações inteiras e de levar a guerra por todos os sítios a onde decida a levar. Repitamo-lo : se amanhã o mundo árabe une-se e liberta-se, se EUA perde a arma do petróleo, não será mais que uma potência de segunda ordem em um mundo multipolar. Mas isso será também um grande progresso para a humanidade : os relacionamentos internacionais tomarão um novo rumo e os povos do Sul poderão por fim decidir seu próprio destino e terminar com a pobreza.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE VI

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do trabalho do escritor, jornalista e analista político marxista belga Michael Collon, sobre a verdade oculta atrás da Guerra da Líbia.


Objetivo nº 2 dos EUA: Assegurar a Israel


No Médio Oriente, tudo está unido. Como nos explica Noam Chomski em uma entrevista [3]: "A partir de 1967, o governo dos EUA vem considerando Israel como um investimento estratégico. Como um distrito policial encarregado de proteger as ditaduras árabes produtoras de petróleo". Israel é o polícia do Médio Oriente.

Só que o novo problema para Washington é que os numerosos crimes cometidos por Israel (Líbano, Gaza, Flotilha humanitária...) o isolam a cada vez mais. Os povos árabes reclamam o fim deste colonialismo. De repente, é o polícia que precisa ser protegido. Israel não pode sobreviver sem um meio de ditaduras árabes que não tenham em absoluto em conta a vontade de seus povos de ser solidários com os palestinos. Por isso Washington protegia Mubarack e Ben Alí, e seguirá protegendo outros ditadores.

EUA teme "perder" a Tunísia e o Egito nos próximos anos. O que mudaria o relacionamento de forças na região. Após a guerra contra o Iraque em 2003, que era, além do mais, uma advertência e uma intimidação para os outros dirigentes árabes, Kadafi se sentiu ameaçado. E então começou a multiplicar as concessões, com frequência exageradas, às potências ocidentais e ao seu neoliberalismo. O que lhe tinha debilitado no plano interior das resistências sociais. Quando se cede perante o FMI, se faz dano à população. Mas se amanhã a Tunísia ou o Egito virassem para a esquerda, Kadafi poderia reconsiderar suas concessões. Um eixo de resistência O Cairo - Trípoli - Tunísia, fazendo frente aos EUA e decidido a fazer dobrar-se a Israel, seria um pesadelo para Washington. Fazer cair Kadafi é pois uma prevenção.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE V

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do valioso texto escrito pelo jornalista belga Michael Collon, sobre as causas reais da ofensiva imperialista contra a Líbia.

Os verdadeiros objetivos dos EUA vão bem além do petróleo

Quais os verdadeiros objetivos de EUA? Neste ponto de nossa reflexão, vários indícios permitem já descartar definitivamente a tese da guerra humanitária ou da reação impulsiva ante os acontecimentos. Se Washington e Paris têm deliberadamente recusado toda negociação, se têm estado "forjando" desde faz tempo a oposição líbia e preparado palcos detalhados de intervenção, se os portaviões estavam a postos desde fazia tempo, prontos para intervir (como o confirmou o almirante Gary Roughead, chefe do US Navy: "Nossas forças já estavam posicionadas em frente da Líbia", Washington, 23 de março), deveremos pensar que esta guerra não se decidiu no último momento como reação a súbitos acontecimentos, e que estava planificada. Porque esta guerra persegue uns objetivos que ultrapassam muito largamente a pessoa de Kadafi. Quais?

Nesta guerra contra Líbia, Washington persegue vários objetivos ao mesmo tempo: 1. Controlar o petróleo. 2. Assegurar a Israel. 3. Impedir a libertação do mundo árabe. 4. Impedir a unidade africana. 5. Instalar a OTAN como gendarme da África.
Parecem muitos objetivos? Sim. Exatamente igual que nas guerras precedentes: Iraque, Iugoslávia, Afeganistão. Uma guerra deste tipo, efetivamente, custa muito e supõe riscos importantes para a imagem dos EUA sobretudo se não conseguirem ganhar. Se Obama desencadeia uma guerra assim é porque espera obter importantes benefícios.

Objetivo nº 1: Controlar todo o petróleo

Alguns dizem que desta vez não é uma guerra pelo petróleo porque as quantidades líbias seriam marginais na produção mundial e que, de qualquer jeito, Kadafi já vendia seu petróleo aos europeus. Mas esta gente não entende em que consiste a "guerra mundial do petróleo"...

Com o agravante da crise geral do capitalismo, as grandes potências econômicas estão metidas em uma briga a cada vez mais encarniçada. Neste jogo de cadeiras as vagas são caras. Para garantir uma cadeira a suas multinacionais, cada potencia deve ser batida em todas as frentes: conquistar mercados, conquistar zonas de mão-de-obra rendível, obter grandes contratos públicos e privados, assegurar monopólios comerciais, controlar Estados que lhes concedam vantagens... E, sobretudo, assegurar o domínio das matérias-primas cobiçadas. E antes de mais nada, do petróleo.

No ano 2000, ao analisar as guerras que iam vir, em nosso livro Monopoly, escrevíamos: "Quem quiser dirigir o mundo deve controlar o petróleo. Todo o petróleo. Onde quer que esteja." Se é uma grande potência, não te basta com assegurar teu próprio abastecimento de petróleo. A cada vez quererá mais, quererá o máximo. Não só pelos enormes lucros, como porque assegurando um monopólio, estará em condições de privar dele os rivais incomodativos e impor as condições. Terá a arma absoluta. Chantagem? Sim.

Desde 1945, EUA fez tudo por se assegurar este monopólio sobre o petróleo. Um país inimigo como o Japão, por exemplo, dependia até 95% dos EUA em seu abastecimento de energia. Com o que garantir sua obediência. Mas os relacionamentos de força mudam, o mundo faz-se multipolar e EUA enfrenta a subida da China, à recuperação da Rússia, à emergência do Brasil e outros países do Sul. O monopólio faz-se a cada vez mais difícil de manter.

Que o petróleo líbio representa somente 1% ou 2% da produção mundial? De acordo, mas é o de melhor qualidade, a mais fácil extração e portanto muito rendível. E sobretudo fica bem perto da Itália, da França e da Alemanha. Importar petróleo de Médio Oriente, da África negra ou da América latina sai a um custo muito maior. Sim há, portanto, guerra pelo ouro negro líbio. E mais para um país como a França, tão comprometido em um programa nuclear a cada vez com mais riscos.

Neste contexto há que recordar duas coisas: 1. Kadafi desejava subir a participação do Estado líbio no petróleo de 30% para 51%. No dia 2 de março último, Kadafi queixava-se de que a produção petrolífera de seu país estava em seu nível mais baixo. Ameaçou com substituir as firmas ocidentais por sociedades chinesas, russas e indianas. Coincidência? Cada vez que um país africano se volta para a China, já tem problemas.
Outro indício: Alí Zeidan, o homem que disse o dos "seis mil mortos civis", vítimas dos bombardeios de Kadafi, este homem que é também porta-voz do famoso CNL, o governo de oposição, reconhecido pela França. Bem, neste ponto, Alí Zeidan declarou que "os contratos assinados serão respeitados", mas que o futuro poder "terá em conta às nações que nos ajudaram"! Trata-se pois certamente de uma guerra do petróleo. Mas não se desenvolve unicamente na Líbia...

Por que estas rivalidades EUA - França - Alemanha?

Se a guerra contra a Líbia é justa e humanitária, não se compreende por que os que a fazem brigam entre eles. Por que Sarkozy se precipitou por ser o primeiro em disparar? Por que se zangou quando a OTAN quis levar o controle das operações? Seu argumento "A OTAN é impopular nos países árabes", não se tem em pé. Como se ele, Sarkozy, fosse tão popular após ter protegido, como já fez, Israel e Ben Alí !

Por que a Alemanha e a Itália se mostraram tão renuentes ante esta guerra? Por que o ministro Frattini declarou ao princípio que fazia falta "defender a soberania e a integridade territorial de Líbia" e que "a Europa não deveria exportar a democracia a Líbia"[1]" Simples divergências sobre a eficácia humanitária? Não, trata-se aqui também de interesses econômicos. Em uma Europa enfrentada a uma crise, as rivalidades são a cada vez maiores também. Ainda faz uns meses desfilavam todos a Trípoli para abraçar Kadafi e conseguir os bons contratos líbios. Os que os obtinham, não tinham nenhum interesse em derrocá-lo. Os que não, sim tinham interesse nisso. Quem era o primeiro cliente do petróleo libio? Itália. O segundo? Alemanha. Continuemos com os investimentos e as exportações das potências européias... Quem conseguia a maioria de contratos na Líbia? Itália. Número dois? Alemanha.

Era a firma alemã BASF que chegava a ser a principal produtora de petróleo na Líbia, com um investimento de dois mil milhões de euros. Era a firma DEA, filial do gigante da água RWE, a que obteve mais de 40.000 quilômetros quadrados de jazigos de petróleo e de gás. Era a firma alemã Siemens que jogava o papel mais importante nos enormes investimentos do gigantesco projeto "Great Man Made River", o maior projeto de irrigação do mundo, uma rede de encanamentos para levar a água desde os aquíferos desde Nubia até o deserto do Saara. Mais de 1.300 poços, com frequência a mais de 500 metros de profundidade, que uma vez terminados, forneceriam diariamente 6,5 milhões de metros cúbicos de água a Trípoli, Benghazi, Sirte e outras cidades[2]. 25 mil milhões de dólares que atraíam algumas cobiças! Além disto, a Líbia, com seus petrodólares, tinha se embarcado em um ambicioso programa para renovar suas infraestrutura, construir escolas e hospitais e para industrializar o país.
Aproveitando o seu potencial econômico, a Alemanha tinha se associado com sócios privilegiados da Líbia, Arábia Saudita e os países do Golfo arábigo. Não tinha pois nenhum interesse em manchar sua imagem no mundo árabe. Quanto à Itália, há que recordar que colonizou a Líbia com uma brutalidade inaudita apoiado nas tribos do oeste contra as do este. Agora, com a mediação de Berlusconi, as sociedades italianas obtiveram muito bons contratos. Têm pois muito que perder. Ao invés, França e Inglaterra, que nunca conseguiam bons pedaços do bolo, se põem à ofensiva para conseguir sua parte neste bolo. E a guerra da Líbia é simplesmente o prolongamento da batalha econômica por outros meios. O mundo capitalista, decididamente, não é muito belo.

A rivalidade econômica traduz-se em termos militares. Em uma Europa em crise e dominada por uma Alemanha de altos rendimentos (graças sobretudo à sua política de baixos salários), França rompe suas alianças e vira-se para a Inglaterra para tentar reequilibrar a situação. Paris e Londres têm mais meios militares do que Berlim e tentam jogar esta carta para contra-arrestar sua debilidade econômica.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE IV

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do texto divulgativo de Michael Collon sobre a guerra imperialista contra a Líbia, as suas causas e as pistas para atuar no campo anti-imperialista.
 
Qual foi o papel dos serviços secretos?

Na realidade, o assunto libio não começou em fevereiro em Benghazi, mas em Paris a 21 de outubro de 2010. Segundo revelações do jornalista Franco Bechis (Liberto, 24 de março), foi nesse dia quando os serviços secretos franceses prepararam a revolta de Benghazi. Fizeram "voltar" (ou talvez já anteriormente) Nuri Mesmari, chefe do protocolo de Kadafi, praticamente o seu braço direito. O único que entrava sem chamar na residência do guia libio. Em uma viagem a Paris com toda a sua família para uma operação quirúrgica, Mesmari não se encontrou com nenhum médico, ao invés, teve encontros com vários servidores públicos dos serviços secretos franceses e com próximos colaboradores de Sarkozy, segundo o boletim digital Magreb Confidential.

A 16 de novembro, no hotel Concorde Lafayette, prepararia uma imponente delegação que devia viajar dois dias mais tarde a Benghazi. Oficialmente tratava-se de responsáveis pelo ministério de Agricultura e de dirigentes das firmas France Export Céréales, France Agrimer, Louis Dreyfus, Glencore, Cargill e Conagra. Mas segundo os serviços italianos, a delegação incluía também vários militares franceses camuflados em homens de negócios. Em Benghazi encontraram-se com Abdallah Gehani, um coronel líbio ao que Mesmari lhes tinha apresentado como disposto a desertar.

Em meados de dezembro, Kadafi, desconfiando, envia um emissário a Paris para tentar contactar com Mesmari. Mas é preso na França. Outros líbios vão de visita a Paris no dia 23 de dezembro e são eles que vão dirigir a revolta de Benghazi com as milícias do coronel Gehani. Além disso, Mesmari revelou quantidade de segredos da defesa líbia. De tudo isto resulta que a revolta no Leste não foi tão espontânea como se nos diz. Mas isto não é tudo. Não só foram os franceses?

Quem dirige atualmente as operações militares do "Conselho nacional Líbio" anti-Kadafi? Um homem justamente chegado dos EUA a 14 de março, segundo o Al-Jazzira. Apresentado como uma das duas "estrelas" da insurreição líbia pelo diário britânico de direitas Dail Mail, Khalifa Hifter é um antigo coronel do exército líbio passado pelos EUA. Foi um dos principais comandantes da Líbia até a desastrosa expedição ao Chade no final dos 80; emigrou imediatamente para os EUA e viveu os últimos vinte anos na Virgínia. Sem nenhuma fonte de rendimentos conhecida, mas a muito pouca distância dos escritórios da CIA10. O mundo é um muito pequeno.

Como pode um alto militar líbio entrar com toda a tranquilidade nos EUA em uns anos após o atentado terrorista de Lockerbie, pelo que Líbia foi condenada, e viver durante vinte anos tranquilamente ao lado da CIA? Por força teve que oferecer algo em troca. Publicado em 2001, o livro Manipulations africaines de Pierre Péan, traça as conexões de Hifter com a CIA e a criação, com o apoio da mesma, da Frente Nacional de Libertação Líbia. A única façanha da tal frente será a organização em 2007, nos EUA, de um "congresso nacional" financiado pelo National Endowment for Democracy11, tradicionalmente o mediador da CIA para manter oleadas as organizações ao serviço dos EUA...

Em março deste ano, em data não comunicada, o presidente Obama assinou uma ordem secreta que autoriza a CIA para empreender operações na Líbia para derrocar Kadafi. O Wall Street Journal, que informa disso a 31 de março, acrescenta: "Os responsáveis pela CIA reconhecem ter estado ativos na Líbia desde fazia em várias semanas, tal como outros serviços secretos ocidentais".

Tudo isto já não é muito secreto, circula por internet desde faz algum tempo; o que é estranho é que a grande mídia não diga nem palavra. No entanto conhecem-se muitos exemplos de "combatentes da liberdade" armados deste modo e financiados pela CIA. Por exemplo, nos anos 80, as milícias terroristas da contra, organizadas por Reagan para desestabilizarem a Nicarágua e derrocarem o seu governo progressista. Nada se aprendeu da História? Esta "Esquerda" européia que aplaude os bombardeios não utiliza a internet?

Terá que se estranhar de que os serviços secretos italianos "delatem" assim as façanhas dos seus colegas franceses e que estes "delatem" os seus colegas americanos? Isso só se se acredita em histórias bonitas sobre a amizade entre "aliados ocidentais" Já falaremos...

terça-feira, 26 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE III

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do texto divulgativo de Michael Collon sobre a guerra imperialista contra a Líbia, as suas causas e as pistas para atuar no campo anti-imperialista.
 
A Líbia é igual que a Tunísia ou o Egipto?

Na sua excelente entrevista publicada faz em uns dias por Investi'Action, Mohamed Hassan, colocava a verdadeira questão: "Líbia: revolta popular, guerra civil ou agressão militar?" À luz de recentes investigações é possível responder: as três coisas. Uma revolta espontânea rapidamente recuperada e transformada em guerra civil (que já estava preparada), tudo servindo de pretexto para uma agressão militar. A qual, também, estava preparada. Nada em política cai do céu. Explico-me?

Na Tunísia e no Egipto a revolta popular cresceu progressivamente em umas semanas, organizando-se pouco a pouco e unificando-se em reivindicações claras, o que permitiu derrotar os tiranos. Mas quando analisamos a sucessão ultrarrápida dos acontecimentos em Benghazi, um fica intrigado. A 15 de fevereiro houve manifestações de parentes de presos políticos da revolta de 2006. Manifestação duramente reprimida como foi sempre na Líbia e nos demais países árabes. Dois dias escassos mais tarde, outra manifestação, desta vez os manifestantes saem armados e passam diretamente a uma escalada contra o regime de Kadafi. Em dois dias, incrivelmente, uma revolta popular se converte em guerra civil. Totalmente espontânea?

Para saber isso, há que examinar o que se oculta abaixo do impreciso vocábulo "oposição libia". Em minha opinião, quatro componentes com interesses muito diferentes : 1º Uma oposição democrática. 2º Dirigentes de Kadafi "regressados" do oeste. 3º Clãs libios descontentamentos da partilha das riquezas. 4º Combatentes de tendência islamista.

Quem compõe esta "oposição libia"?

Em toda esta rede é importante sabermos de que estamos a falar. E sobretudo, que fação é a aceite pelas grandes potências...

1º Oposição democrática. É legítimo ter reivindicações ante o regime de Kadafi, tão ditatorial e corrupto como os outros regimes árabes. Um povo tem o direito de querer substituir um regime autoritário por um sistema mais democrático. No entanto, estas reivindicações estão até hoje pouco organizadas e sem programa concreto. Temos também, no estrangeiro, movimentos revolucionários líbios, igualmente dispersos, mas todos opostos à ingerência estrangeira. Por diversas razões que expomos mais adiante, não são estes elementos democráticos os que têm muito que dizer hoje abaixo a bandeira dos EUA nem da da França.

2º Dignatários "regressados". Em Bengazhi, um "governo provisório" foi instaurado e está dirigido por Mustafá Abud Jalil. Este homem era, até 21 de fevereiro, ministro da Justiça de Kadafi. Dois meses dantes, a Amnistia tinha-o posto na lista dos mais horríveis responsáveis por violações de direitos humanos do norte da África. É este indivíduo o que, segundo as autoridades búlgaras, organizava as torturas de enfermeiras búlgaras e do médico palestinos detentos durante longo tempo pelo regime. Outro "homem forte" desta oposição é o general Abdul Faah Yunis, ex ministro do Interior de Kadafi e dantes chefe da polícia política. Compreende-se que Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a segurança e a cooperação na Europa) para a luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação, estime que estas personagens "não são os 'sinceros democratas' dos discursos de Obama, mas dos piores instrumentos do regime de Kadafi, que aspiram a jogar ao coronel para tomar o seu sítio"

3º Clãs descontentamentos. Como sublinhava Mohamed Hassan, a estrutura da Líbia continua sendo tribal. Durante o período colonial, baixo o regime do rei Idriss, os clãs do Leste dominavam e aproveitavam-se das riquezas petrolíferas. Após a revolução de 1969, Kadafi apoiou-se nas tribos do oeste e o Leste viu-se desfavorecido. É lamentável; um poder democrático e justo deve velar por eliminar as discriminações entre as regiões. Pode-se perguntar se as antigas potências coloniais não incitaram as tribos rebeldes para rebentar a unidade do país. Não seria a primeira vez. Hoje, França e os EUA apostam nos clãs do Leste para tomar o controlo do país. Dividir para reinar, um velho dito clássico do colonialismo.

4° Elementos do Al-Qaeda. Cabos difundidos por Wikileaks advertem que o Leste da Líbia era, proporcionalmente, o primeiro exportador no mundo de "combatentes mártires" no Iraque. Relatórios do Pentágono descrevem um cenário "alarmante" sobre os rebeldes líbios de Bengazhi e Derna. Derna, uma cidade de escassos 80.000 habitantes, seria a fonte principal de yihaidistas no Iraque. Da mesma forma, Vincent Cannistrar, antigo chefe da CIA na Líbia, assinala entre os rebeldes muitos "extremistas islâmicos capazes de criar problemas" e que "as possibilidades [são] muito altas de que os indivíduos mais perigosos possam ter uma influência no caso de Kadafi cair".

Evidentemente tudo isto se escrevia quando Kadafi era ainda um "amigo". Mas isto mostra a ausência total de princípios no chefe dos EUA e dos seus aliados. Quando Kadafi reprimiu a revolta islamista de Bengazhi em 2006, fez isso com as armas e o apoio de Ocidente. Uma vez, estamos contra o combatentes tipo Ben Laden, outra vez, utilizamo-los. Vamos lá ver como.

Entre estas diversas "oposições" qual prevalecerá? Pode ser este também um objetivo da intervenção militar de Washington, Paris e Londres: tentar que "os bons" ganhem? Os bons do ponto de vista deles, é claro. Mais tarde, vai utilizar-se a "ameaça islâmica" como pretexto para se instalar de forma permanente. Em qualquer caso uma coisa é segura: o cenário libio é diferente dos cenários tunesino ou egípcio. Ali era "um povo unido contra um tirano". Aqui estamos em uma guerra civil, com um Kadafi que conta com o apoio de uma parte da população. E nesta guerra civil o papel que jogaram os serviços secretos americanos e franceses já não é tão secreto...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE II

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do texto divulgativo de Michael Collon sobre a guerra imperialista contra a Líbia, as suas causas e as pistas para atuar no campo anti-imperialista.


Quem se nega a negociar?


Desde o momento em que colocarem uma dúvida sobre a oportunidade desta guerra contra a Líbia, imediatamente serão culpabilizados: "então recusam-se a salvar os líbios do massacre? Assunto mal proposto. Suponhamos que todo o que se nos tem contado fosse verdade. Em primeiro lugar, pode-se parar um massacre com outro massacre? Já sabemos que os nossos exércitos ao bombardearem vão matar muitos civis inocentes. Inclusive se, como a cada guerra, os generais nos prometem que vai ser "limpa"; já estamos habituados a essa propaganda.

Em segundo local, há um meio bem mais singelo e eficaz de salvar vidas rapidamente. Todos os países da América latina propuseram enviar imediatamente uma mediação presidida por Lula. A Liga Árabe e a União africana apoiavam esta gestão e Kadafi tinha-a aceitado (propondo ele também que se enviassem observadores internacionais para verificar o cessar-fogo). Mas os insurgentes líbios e os ocidentais recusaram esta mediação. Por quê? "Porque Kadafi não é de fiar", dizem. É possível. E os insurgentes e os seus protetores ocidentais são sempre de fiar? A propósito dos EUA, convém recordar como se comportaram em todas as guerras anteriores a cada vez que um cessar-fogo era possível. Em 1991, quando Bush pai atacou o Iraque porque este invadia o Kuwait, Saddam Hussein propôs se retirar e que Israel se retirasse também dos territórios ilegalmente ocupados na Palestiniana. Mas os EUA e os países europeus recusaram seis propostas de negociação.7

Em 1999, quando Clinton bombardeou a Jugoslávia, Milosevic aceitava as condições impostas em Rambouillet, mas os EUA e a OTAN acrescentaram uma, intencionadamente inaceitável: a ocupação total da Sérvia.8

Em 2001, quando Bush filho atacou o Afeganistão, os talibã propunham a entrega de Bin Laden a um tribunal internacional se se traziam provas do seu envolvimento, mas Bush rejeitou a negociação.

Em 2003, quando Bush filho atacou o Iraque a pretexto das armas de destruição em massa, Saddam Hussein propôs o envio de inspetores, mas Bush o recusou porque ele sabia que os inspetores não iam encontrar nada. Isto está confirmado com a divulgação de um memorándum de uma reunião entre o governo britânico e os dirigentes dos serviços secretos britânicos em julho de 2002: "os dirigentes britânicos esperavam que o ultimato fosse redigido em termos inaceitáveis de modo que Saddam Hussein o recusasse diretamente. Mas não estavam seguros de que isso funcionasse. Então tinham um plano B: que os aviões que patrulhavam a "zona de exclusão aérea" lançassem muitíssimas mais bombas à espera de uma reação que desse a desculpa para uma ampla campanha de bombardeios?9 Então, antes de afirmar que "nós" dizemos sempre a verdade e que "eles" sempre mentem, asssim como que "nós" procuramos sempre uma solução pacífica e "eles" não querem se comprometer, teria que ser mais prudentes... Cedo ou tarde, a gente saberá o que se passou quando as negociações entre estruturas, e constatará uma vez mais que foi manipulada. Mas será muito tarde e os mortos já não os ressuscitaremos.

domingo, 24 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO PARTE 1

Diário Liberdade Michael Collon
parte do trabalho do escritor, jornalista e analista político marxista belga Michael Collon, sobre a verdade oculta atrás da Guerra da Líbia.


Perguntas que há que colocar em cada guerra

27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país desde 1945. E a cada vez tem-se-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que se disse da anterior. E da anterior. E da cada vez. Não é hora já de pôr negro sobre branco as perguntas que há que se colocar em cada guerra para não se deixar manipular?
Para a guerra há sempre dinheiro?

No país mais poderosos do globo, 45 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza. Nos EUA, escolas e serviços públicos estão ruindo porque o Estado "não tem dinheiro". Assim também na Europa, "não há dinheiro" para as pensões ou para a promoção do emprego.

Mas quando a cobiça dos banqueiros provoca a crise financeira, então, em só uns dias, aparecem milhares de milhões para os salvar. Isto permitiu aos banqueiros dos EUA repartirem no ano passado 140 mil milhões de dólares de lucros e bónus aos seus acionistas e especuladores.

Também para a guerra parece fácil encontrar milhares de milhões. Ora bem, são os nossos impostos que pagam estas armas e estas destruições. É razoável converter em fumaça centenas de milhares de euros em cada míssil ou esbanjar cinquenta mil euros por hora de um portaviões? Ou será porque a guerra é um bom negócio para alguns?

Ao mesmo tempo um menino morre-se de fome a cada cinco segundos e o número de pobres não cessa de aumentar no nosso planeta apesar de tantas promessas.
Qual a diferença entre um líbio, um bareinita e um palestino?
Presidentes, ministros, generais, todos juram solenemente que o seu objetivo é unicamente salvarem os líbios. Mas, ao mesmo tempo, o sultão do Barein esmaga os manifestantes desarmados graças aos dois mil soldados sauditas enviados pelos EUA! Ao mesmo tempo, no Iêmen, as tropas do ditador Saleh, aliado dos EUA, matam 52 manifestantes com suas metralhadoras. Estes fatos ninguém os põe em dúvida, mas o ministro dos EUA para a guerra, Robert Gates, acabou de declarar: "Não acho que seja o meu papel intervir nos assuntos internos de Yemen"1.
Por que estes dois pesos e duas medidas? Por que Saleh acolhe docilmente a 5ª Frota dos EUA e diz sim a todo o que Washington ordenar? Por que o regime bárbaro da Arabia Saudita é cúmplice das multinacionais petrolíferas? Será que existem "bons ditadores" e "maus ditadores"? Como EUA e França podem se pretender "humanitários"? Quando Israel matou dois mil civis nos bombardeios sobre Gaza declararam uma zona de exclusão aérea? Não. Decretaram alguma sanção? Nenhuma. Ainda pior, Solana, então responsável pelos Assuntos Exteriores da UE declarou em Jerusalém: "Israel é um membro da UE sem ser membro das suas instituições. Israel é parte ativa em todos os programas" de investigação e de tecnologia da Europa dos 27. Acrescentando ainda : "Nenhum país fora do continente tem o mesmo tipo de relacionamentos que Israel com a União Européia". Neste ponto, Solana tem razão: A Europa e os seus fabricantes de armas colaboram estreitamente com Israel na fabricação de 'drones', mísseis e outros armamentos que semeiam a morte em Gaza.

Recordemos que Israel expulsou 700 mil palestinos das suas aldeias em 1948, se nega a lhes devolver os seus direitos e continua cometendo inumeráveis crimes de guerra. Sob esta ocupação, 20% da população palestiniana atual está ou passou pelas prisões israelitas. Mulheres grávidas foram obrigadas a darem a luz atadas à cama e reenviadas imediatamente às suas celas com os seus bebês. Esses crimes são cometidos com a cumplicidade dos EUA e a UE.

A vida de um palestino ou de um barenita vale menos do que a de um líbio? Há árabes "bons" e árabes "maus"?

Para os que ainda acreditam na guerra humanitária...

Em um debate televisado que tive com Louis Michel, antigo ministro belga dos Assuntos Exteriores e Comissário Europeu para a Cooperação no Desenvolvimento, este me jurou, com a mão no peito, que esta guerra tencionava "pôr de acordo as consciências da Europa". Estava apoiado por Isabelle Durant, dirigente dos Verdes belgas e europeus. Assim é como os ecologistas "peace and love" mutaram em belicistas!

O problema é que a cada vez nos falam de guerra humanitária e que gente de esquerda como Durant se deixam pegar a cada vez. Não fariam melhor em ler o que pensam os verdadeiros dirigentes dos EUA em vez de olhar e escutar a TV? Ouçam, por exemplo, a propósito dos bombardeios contra o Iraque, o célebre Alan Greenspan, durante muito tempo diretor da Reserva federal dos EUA. Escreve nas suas memórias: "Sinto-me triste quando vejo que é politicamente incorreto reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque foi exclusivamente pelo petróleo"2. E acrescenta: "Os oficiais da Casa Branca responderam-me: "pois efetivamente, infelizmente não podemos falar de petróleo"3.

Escutem, a propósito dos bombardeios sobre a Jugoslávia, John Norris, diretor de comunicações de Strobe Talbot que por então era vice-ministro dos EUA dos Assuntos Exteriores encarregado para os Balcãs. Norris escreve nas suas memórias: "O que melhor explica a guerra da OTAN é que a Jugoslávia se resistia às grandes tendências de reformas políticas e económicas (quer dizer: negava-se a abandonar o socialismo), e esse não era o nosso compromisso para com os albaneses do Kosovo.4

Escutem, a propósito dos bombardeios contra o Afeganistão, o que dizia o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Henri Kissinger: "Há tendências, sustentadas pela China e pelo Japão, para criar uma zona de livre-câmbio na Ásia. Um bloco asiático hostil, que combine as nações mais povoadas do mundo com grandes recursos e alguns dos países industriais mais importantes, seria incompatível com o interesse nacional americano. Por estas razões, a América deve manter a sua presença na Ásia".5

O que vinha a confirmar a estratégia avançada por Zbigniew Brzezinski, que foi responsável pela política exterior com Carter e é o inspirador de Obama: "Eurasia (Europa+Ásia) é o tabuleiro sobre o qual se desenvolve o combate pela primacia global. (?) A maneira como os EUA "manejam" a Eurasia é de uma importância crucial. O maior continente da superfície do globo é também seu eixo geopolítico. A potência que o controlar, controlará de fato duas das três grandes regiões mais desenvolvidas e mais produtivas: 75% da população mundial, a maior parte das riquezas físicas, sob a forma de empresas ou de jazidas de matérias-primas, 60% do total mundial".6

Nada se aprendeu na esquerda das falsimídias humanitárias das guerras precedentes? Quando o próprio Obama o diz também não acreditam nele? Este mesmo 28 de março, Obama justificava assim a guerra da Líbia: "Conscientes dos riscos e das despesas da atividade militar, somos naturalmente reticentes a empregar a força para resolver os numerosos desafios do mundo. Mas quando os nossos interesses e valores estão em jogo, temos a responsabilidade de atuar. Vistos os custos e riscos da intervenção, temos que calcular a cada vez os nossos interesses ante a necessidade de uma ação. A América tem um grande interesse estratégico em impedir que Kadafi derrote a oposição". Não está claro? Então alguns vão e dizem: "Sim, é verdade, os EUA não reagem se não virem nisso o seu interesse. Mas ao menos, já que não pode intervir em todos os sítios, salvará àquela gente" Falso. Vamos demonstrar que são unicamente os seus interesses os que procura defender. Não os valores. Em primeiro lugar, a cada guerra dos EUA produz mais vítimas que as que anterior (um milhão no Iraque, diretas ou indiretas). A intervenção na Líbia, prepara-se para produzir mais...

sábado, 23 de abril de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO

A Líbia e os líbios encontram-se sem saída. Ou permanecem sob a ditadura de Ghadafi ou rumam para uma divisão territorial e política imposta pelos países que comandam o cenário mundial há mais de um século.
Uma Líbia unida e forte não interessa aos compradores de petróleo e gás e àqueles que ainda querem comandar uma parte do planeta terra.
Os líbios encontram-se entre a grade e o bueiro. Cabe aos BRICSs participar do processo de pacificação da Líbia, sem imposição qualquer, a não ser de um desarme geral momentâneo somente reversível após um diálogo próspero entre todas as facções líbias envolvidas que não sejam instigadas por interesses estrangeiros, como parece ocorrer com parte da resistência.
Nos próximos 15 dias, um especial sobre a Líbia, com textos do belga Michael Collon e tradução do Diário Liberdade.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

ANTÁRTIDA - o futuro da humanidade depende desse continente

reportagem especial

A humanidade, em menos de 200 anos, ruma à extinção, sua e de outras espécies que habitam o planeta terra.
A Revolução Industrial incentivou o consumo que foi agravado pelos subsequentes avanços materiais e tecnológicos, implicando numa devastação da natureza nunca dantes vista.
Nem com a colonização predatória houve tanta destruição. Hoje, o planeta sente os efeitos desse sistema desmedido de consumo. Não se consome por necessidade ou conforto, mas pelo luxo, pela ostentação, pelo absoluto possuir, totalmente desnecessário e desmedido. O engraçado é que, hoje, o comunismo já não é mais uma ameaça ao capitalismo. O que existe é uma proposta de respeito à natureza aliada a um consumo calculado.
O papel da Antártida nisso? É o único continente praticamente virgem, repleto de riquezas minerais, incluindo aí o petróleo. A sua devastação acarretará no degelo total, implicando em inundações, aquecimento desenfreado, desaparecimento de espécies marinhas e o fim de uma vida confortável para o ser humano. Não é isso o que o homem, considerado um ser inteligente, e cá entre nós, deveras inconsequente, quer.

ANTÁRTIDA, O CONTINENTE A SER CUIDADO!

A Antártida, também conhecida como Antártica no Brasil, é o continente onde se situa o polo sul, uma área coberta por enormes camadas de gelo. Quase cem por cento (98%) de sua área é coberta por geleiras, sendo o continente mais gélido e com os ventos mais fortes de todo o planeta.
É um continente sem povos nativos. Este continente inabitado, que representa 10% da área de todos os continentes, começou a receber pessoas em meados do século XIX, para a caça das baleias. No verão, hoje, a sua população alcança o número de 4 mil pessoas.
O primeiro registro de expedição ao continente data do século XVI. Américo Vespúcio anotou que avistara as terras gélidas ao sul.
A pretensão territorial de diversas nações - Reino Unido, França, Noruega, Nova Zelândia, Argentina, Austrália e Chile -  resultou no Tratado da Antártida, documento datado de 1959 e que implicou na suspensão das pretensões territoriais, permitindo tão somente a realização de pesquisas científicas.
Em 1983, o Brasil realizou a primeira viagem oficial à Antártida, através do navio oceanográfico Barão de Teffé, que levou e permitiu a instalação, em 1984, da Estação de Pesquisas Comandante Ferraz, situada na ilha do Rei George. As pesquisas ocorrem sob a supervisão da Marinha do Brasil, responsável pela administração da área.
São pouquíssimas as espécies de animais e de plantas existentes no continente do extremo sul, devido ao clima severo e o vento gélido e incessante. Porém, o continente reserva uma riqueza mineral invejável e que pode acarretar confrontos militares num futuro próximo, muito embora o Tratado firmado pelas nações preveja a desmilitarização total da área.
De certo, o futuro da humanidade passa pelo continente Antártico, uma nova América, não a ser explorada nem a ter os nativos - inexistentes - assassinados, mas um local a ser preservado, um autêntico novo Paraíso, onde o ser humano não deveria mais lutar pela exploração e depredação, mas pela preservação, do local e da espécie humana.
O futuro da humanidade depende desse continente frio e inóspito!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brasil forma quase três vezes menos engenheiros do que países da OCDE

Amanda Cieglinski
 
Brasília – As áreas preferidas de formação dos estudantes brasileiros no ensino superior são ciências sociais, negócios, direitos e serviços (37,1%) e humanidades, artes e educação (29,3%). É o que mostra levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais, Ernesto Faria, do portal Estudando Educação, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os números apontam que o Brasil forma quase três vezes menos engenheiros do que os países desenvolvidos que fazem parte do grupo.

O estudo reuniu dados sobre 36 países. Entre todos eles, o Brasil tem o menor percentual de formandos em engenharia, indústria e construção: 4,6% do total, enquanto entre os países da OCDE a média é de 12%. Na Coreia do Sul e no Japão, por exemplo, os formandos nessas áreas respondem por 23,2% e 19% do total, respectivamente. O outro país latino-americano incluído na pesquisa, o Chile, tem 13,7% de titulados nessa área do total de concluintes.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, afirma que a pasta já trabalha para mudar esse quadro. Uma “sala de situação” está mapeando - junto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e outros órgãos do governo - quais áreas do conhecimento, inclusive as engenharias, precisarão ter um aumento no número de profissionais formados para atender as demandas do país nas próximas décadas.

“Com a expansão do Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, lançado em 2007], dobramos a matrícula nos cursos de engenharia. Então, no horizonte de uns cinco anos, já teremos uma mudança porque os concluintes vão aumentar muito. Mas, independentemente disso, temos que avançar mais. Estamos levantando a demanda estado por estado e as necessidades de cada especialidade”, explica Costa.

Segundo o secretário, o diagnóstico deve ficar pronto nos próximos dois meses. Preliminarmente, ele aponta a engenharia naval como uma das áreas em que será necessário grande esforço. O plano será apresentado às instituições, mas elas têm autonomia para decidir onde preferem investir.

“Estamos fazendo uma projeção até 2050 porque precisamos ter uma visão estratégica do que o país precisa. O Estado vai agir como um tutor, respeitando a autonomia das universidades. Será um trabalho de convencimento, mostrando esses resultados. Em alguns casos, se for do interesse do governo, podemos propor editais”, afirma.

Mas aumentar o número de vagas e estimular a matrícula dos alunos em cursos específicos não será suficiente para melhorar o quadro. Outro problema que precisa ser atacado é a alta evasão das engenharias. “Dos mais de 100 mil que entram, saem 35 mil”, aponta o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro. A entidade tem um projeto para estimular a entrada dos estudantes do ensino médio nos cursos e melhorar a qualidade da formação. Ele avalia que o cenário está evoluindo. A previsão é que 50 mil se formem em 2011 e o ideal, segundo ele, seria chegar a 80 mil titulados anualmente.
“Havia muita evasão porque o curso é difícil e as oportunidades de trabalho eram pequenas, os alunos não tinham estímulo para terminar. Hoje a gente começar a ter uma outra visão porque os estudantes começam a trabalhar ainda na faculdade e já saem empregados em função do crescimento do país”, avalia.
Para reduzir o abandono, é importante ainda melhorar a qualidade do ensino médio para que os alunos consigam acompanhar o curso sem dificuldade. Pinheiro conta que algumas instituições têm gastado algum tempo, no início da graduação, para reforçar os conteúdos que os alunos deveriam ter aprendido na educação básica em áreas como matemática. Costa admite que é preciso otimizar o fluxo. “O problema precisa ser trabalhado internamente nas universidades”, diz.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PESSACH

Aos judeus de todo o mundo uma feliz Páscoa "Pessach" que neste ano vai de 19 a 26 de abril. 
Nunca é demais lembrar que o cristianismo e o islamismo tiveram origem nos ensinamentos judaicos e que todas essas religiões pregam, acima de tudo, o amor e a paz. Os judeus sofreram perseguições por milênios e foi devido ao horrendo extermínio em massa de judeus, holocausto, que em 1948 surgiu a Declaração dos Direitos do Homem (entenda-se da Humanidade).
Saiba um pouco mais sobre essa importante festa lendo um texto, em português, extraído da página wikipedia.


Pessach (do hebraico פסח, ou seja, passagem), também conhecida como Páscoa judaica, é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Shemot (Êxodo).

De acordo com a tradição, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acordo com a Torá, Deus enviou as Dez pragas do Egito sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.

Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas (como o rábano, por exemplo). À meia-noite, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo.

Como recordação desta liberação, e do castigo de Deus sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach.

É importante notar que Pessach significa a passagem, porém a passagem do anjo da morte, e não a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho ou outra passagem qualquer, apesar do nome evocar vários simbolismos.

Um segundo Pessach era celebrado em 14 de Iyar,para pessoas que na ocasião do primeiro Pessach estivessem impossibilitadas de ir ao Tabernáculo, fosse por motivos de impureza , ou por viagem .

Celebração da Pessach na época do Segundo TemploPessach caracterizava-se por ser uma das três festas de peregrinação ao Templo de Jerusalém. Um mês antes da festividade, Jerusalém tinha suas estradas reformadas e poços restabelecidos para garantir o conforto dos peregrinos. Geralmente todos aqueles que distanciavam trinta dias de jornada de Jerusalém vinham para as festividades, o que aumentava a população de cerca de 50 mil para cerca de três milhões. Estes peregrinos geralmente hospedavam-se na cidade e cidades vizinhas, acampando ou em casa de conhecidos.

Em 14 de Abib, pela manhã, o chametz (alimento fermentado) era eliminado e os sacerdotes do Templo preparavam-se para Pessach. O trabalho secular encerrava-se ao meio dia e iniciavam-se os sacríficios à quinze horas. A oferenda de Pessach constituia-se de cordeiros ou cabritos, machos, de um ano de idade, e abatidos pela família (era permitido um cordeiro por família) em qualquer lugar no pátio do Templo. O shochet efetuava o abate, e sangue era recolhido pelos cohanim em recipientes de prata e ouro, que passavam de um para outro até o cohen próximo ao altar, que derramava o sangue na base deste altar. O recipiente vazio depois retornava para novo uso. Estes recipientes não podiam possuir fundo plano par evitar a coagulação do sangue. Em seguida, o animal era pendurado e esfolado, e aberto tinha suas entranhas limpas de todo e qualquer excremento. A gordura das entranhas, o lóbulo do fígado, os dois rins com a gordura sobre estes e a cauda até a costela eram retirados e colocados em um recipiente, salgados e queimados sobre o altar.

As oferendas de Pessach eram feitas em três grupos com cada um de no mínimo trinta homens .O primeiro grupo deveria entrar e quando o pátio do Templo estivesse cheio ,os portões eram fechados .Os levitas entoavam o Halel e repetiam-no (se necessário) até que todos houvessem sacrificado seus animais .A cada vez que o Halel era entoado os cohanim tocavam três toques de shofar: Tekiá, Teruá e Tekiá.Após a oferenda queimada das partes do sacríficio , os portões eram abertos , o primeiro grupo saia ,e entrava o segundo e iniciava-se novamente o processo .E assim com o terceiro grupo .Após todos terem saído ,lavava-se o pátio da sujeira que ali acumulara .Um duto de água atravessava o pátio do Templo e havia um lugar por onde ele saía. Quando se queria lavar o chão era fechada a saída e a água transbordava inundando o recinto .Depois abria-se a saída e a água saia com todas as sujeiras acumuladas, ficando o chão completamente limpo .

Deixando o templo, cada família carregava seu animal sacrificado e o assava , fazendo em suas casas uma ceia festiva ,onde todos se vestiam de branco. Esta ceia seguia os príncipios do atual sêder de Pessach,com exceção da inclusão do cordeiro pascal. Após a ceia, muitos iam para as ruas festejar, enquanto outros iam para o Templo, que abria suas portas à meia-noite.

Com a destruição do Segundo Templo, a impossibilidade de haver um local de reunião e sacrifício tornou inviável a continuação dos sacríficios de cordeiros. Inicia-se então a transformação de Pessach em uma noite de lembranças, sem o sacrifício pascal.

Observâncias da Pessach após a destruição do Segundo TemploPessach é hoje uma festa central do Judaísmo e serve como uma conexão entre o povo judeu e sua história. Antes do ínicio da festa, os judeus removem todos os alimentos fermentados (chamados chametz) de seus lares e os queimam. Não é permitido permanecer com chametz durante a Pessach. Os objetos de chametz são escondidos, e outros, passíveis de um processo de casherização são mantidos, os utilizados para cozinhar passam pelo fogo, e os de comidas frias passam pela água. É proibido realizar qualquer trabalho depois de meio-dia de 14 de Nissan, ainda que um judeu possa permitir que um goy realize este trabalho.

A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites (somente na primeira em Israel) é realizado um jantar especial chamado de Sêder de Pessach. Desta refeição somente devem participar judeus e gentios convertidos ao judaísmo. Neste sêder a história do Êxodo do Egito é narrada, e se faz as leituras das bençãos, das histórias da Hagadá, de parábolas e canções judaicas. Durante a refeição, come-se pão ázimo e ervas amargas, e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se do "sair apressado da terra do Egito".

O Seder de PessachA cada geração cada ser humano deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: "Você deverá contar aos seus filhos, neste dia, "Deus fez estes milagres para mim, quando eu saí do Egito..."

Esta é a ordem a ser seguida no Seder de Pessach:

Kadesh (קדש - santificação) - Recitação do kidush e a ingestão do primeiro copo de vinho.
Urchatz (ורחץ - lavagem) - Lavagem de mãos.
Karpas (כרפס) - Mergulha-se karpas (batata, ou outro vegetal), em água salgada. Recita-se a benção e a karpas é comida em lembrança às lágrimas do sofrimento do povo de Israel .
Yachatz (יחץ - divisão da matzá) - A matzá é partida ao meio e embrulha-se o pedaço maior e separando-o de lado para o Afikoman .
Maguid (מגיד - conto) - Conta-se a história do êxodo do Egito e sobre a instituição de Pessach.Inclui a recitação das "Quatro perguntas" e bebe-se o segundo copo de vinho.
Rachatzá (רחצה - lavagem) - Segunda lavagem de mãos.
Motzi Matzá (מוציא מצה)- O chefe da casa ergue os três pedaços de matzá e faz as bençãos das matzot .As matzot são partidas e distribuídas.
Maror (מרור -raiz forte) - São comidas as raízes fortes relembrando a escravidão e o sofrimento dos judeus no Egito.
Korech (כורך -sanduíche) - Faz-se um sanduíche com a matzá, maror e charosset.
Shulchan Orech (שולחן עורך)- É realizada a refeição festiva.
Tzafon (צפון - escondido) - Aqui é comida a matzá que havia sido guardada.
Barech (ברך - Bircat HaMazon) - É recitada a benção após as refeições.Bebe-se o terceiro copo de vinho.
Halel (הלל -louvor) - Salmos e cânticos são recitados. Bebe-se o quarto copo de vinho.
Nirtza (נירצה - ser aceito) - Alguns cânticos são entoados e têm-se o costume de finalizar o jantar com os votos de LeShaná HaBa'á B'Yerushalaim - "Ano que vem em Jerusalém" como afirmação de confiança na redenção final do povo judeu.
Afikoman - Afikoman refere-se à matzá escondida em Yachatz ,comida ao final da refeição

Chag Matzot

Chag Matzot (festa dos pães ázimos) é o nome dado ao sete dias de comemoração após Pessach. De acordo com a Torá é proibido ingerir chametz durante este período.

Sete dias você comerá matzot, mas no primeiro dia manterá a levedura fora de sua casa; porque aquele que comer pão fermentado será cortado do povo de Israel.

O primeiro dia será uma festa, e o sétimo dia será uma festa; nenhuma forma de trabalho será feita, exceto o trabalho que gera alimentação.

Observe este dia de uma geração em geração para sempre. No décimo quarto dia do primeiro mês ao por do sol comerás pão sem levedura, até o vigésimo primeiro dia do mês à noite. (Êxodo, 12: 14-18)

E Moisés disse ao povo: Lembre-se deste dia no qual saiu do Egito, da escravidão; pois por força de sua mão, D'us te tirou daquele lugar, e nenhum pão fermentado será comido. Você está se libertando neste dia do mês de Abib. Assim, quando D'us o levar para a terra dos Canaanitas, dos Hititas, dos Amoritas, dos Hivitas, e dos Jebuseus, que Ele jurou a seus pais lhes dar, uma terra onde flui o leite e o mel, você manterá este serviço neste mês. Sete dias você comerá pão sem levedura, e no sétimo dia será uma festa de homenagem a D'us. ( Êxodo 12, 3-6)

CuriosidadesÉ costume se estudar as leis referentes a Pessach trinta dias antes da festividade.

Em Israel, é fornecida farinha e outras necessidades aos pobres para que nada lhes falte em Pessach. O dinheiro para estas necessidades é originado de um imposto à comunidade.

Os primogênitos devem jejuar na véspera do Seder para relembrar a salvação dos primogênitos das pragas do Egito.As sinagogas costumam executar um Sium Massechet (término de estudo de uma Guemara) ,onde o primogênito que presencie o Sium não precise realizar o jejum.

Os judeus caraítas defendem que a palavra Pessach seja utilizada apenas em referência ao sacríficio , e não à festividade de Chag haMatzot.

Os judeus samaritanos ,que defendem a santidade do monte Gerizim continuam realizando os sacríficios pertinentes à Pessach até os dias de hoje.

Como não é economicamente viável jogar fora vários chametz, como por exemplo bebidas alcoólicas derivadas de cerais e de alto valor, como whisky, existe uma forma tradicional de venda do chametz, a Shetar harshaá.

[editar] Pessach e PáscoaA festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas tem um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no Cristianismo a Páscoa representa a libertação de todo os que estavam separados de Deus pelo pecado, restaurados pelaa morte e ressurreição de Cristo, assimilando também diversos elementos como alegóricos de morte e renascimento representados pela transição do inverno-primavera que ocorre neste período e ainda fundamentado na previalidade alegórica do sacrifício de Isaac por Abraão, a entrega de seu filho para Deus, em holocausto e expiação.

Para os cristãos a Páscoa representa a passagem de Deus na forma da pessoa do Filho Jesus, para a salvação e libertação de todas as nações até os confins da Terra, abrindo de vez as portas para uma vida terrena em plenitude e sem medo da morte, pautada na promessa da vida eterna e da adoção filial de todos os que confiam no Senhor. Essa passagem se dá, no período da Páscoa, através de sacrifício humilde expiatório pois, para os cristãos, Deus fez-se o cordeiro passivo, sacrificado usado em expiação de todos os pecadores.

fonte: wikipedia

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A lógica e o atoleiro

MAURO SANTAYANA

A eclosão da inteligência na Grécia do século V parece ter consumido quase toda a possibilidade de raciocinar da espécie humana. Sendo assim, sempre nos valemos da experiência intelectual daquele tempo, que os árabes guardaram e devolveram à Europa. Não é difícil encontrar períodos de eclipse da lógica e da ética no curso da História. Em nossos dias, personalidades políticas, maiores ou menores, dizem coisas que só podemos atribuir à carência intelectual ou a debochado insulto à ética, quando não à convergência das duas situações. A propósito da Líbia, repete-se a velha tática dos dominadores de perverter as palavras, de torcer a semântica, para fazer do certo, errado; e do errado, certo.

O governo de Kadafi fez o que todo governo - de direita ou de esquerda, ditatorial ou democrático - ameaçado faz: reagiu com as forças de que dispunha. A reação era na medida da sublevação: no início, de natureza apenas policial. Com a escalada da rebelião armada, aparentemente justa, contra o governo unipessoal e arbitrário de Kadafi, a violência da repressão também cresceu. Os americanos, franceses e ingleses decidiram pedir ao Conselho de Segurança autorização para arrasar Kadafi. O Conselho, com a abstenção dos Bric e da Alemanha, autorizou medidas limitadas à zona de exclusão aérea. Os bombardeios, segundo denúncias respeitáveis, têm sido indiscriminados, tal como ocorreu no Iraque, durante muitos anos, e têm matado mulheres, crianças e idosos indefesos.

Intelectuais destacados, mas também simples pessoas do povo, mostram indignação contra essa agressão à lógica da linguagem. A fim de evitar que os civis sejam metralhados, bombardeiam-se as cidades; contra as metralhadoras de Kadafi, disparam-se os mísseis Tomahawk, ao custo de 600.000 dólares cada um. Ao massacre se dá o nome de “proteção”. Essa distorção do sentido dos vocábulos é apontada por observadores no mundo inteiro.

Le Monde publicou ontem um “pequeno dicionário”, para entender essa linguagem dissimuladora, produzido pelo site Acrimed. Não se fala em “guerra”, mas em “resposta”, como se a Líbia houvesse agredido algum dos “aliados” e as operações tivessem caráter defensivo, e não ofensivo; usa-se o termo francês “frapper”, para os ataques, quando frapper significa mais tocar, do que golpear (“frapper” uma bola em jogo de futebol, “frapper” à porta); outro termo usado é o de “frappes non ciblées”, para dissimular os bombardeios ao azar, ou seja, sem alvos definidos, ou seja, para disseminar o terror. Outra distorção é a de chamar “kadafistas” às tropas do governo de Trípoli, em lugar de designá-las como simplesmente tropas leais, em contraponto às tropas rebeladas. O secretário geral da OTAN, Andrés Rasmussen, disse que a resolução da ONU prevê o embargo de armas, e que o dever da Aliança é proteger os civis, não de armá-los, como querem Obama, Hillary Clinton, Sarkozy e Cameron.

O presidente dos Estados Unidos começa a enfrentar a oposição do Congresso, pelo açodamento com que determinou a ação militar contra a Líbia, sem autorização parlamentar. Mesmo que a operação houvesse sido consentida pelo Conselho de Segurança da ONU, o emprego de armas e tropas necessitava da ratificação prévia do Congresso. Obama violou a Constituição (art.8, n. 11) e, em tese, se tornou passível de um processo de impeachment.

A derrota de Sarkozy na França é um claro recado do inconformismo dos franceses. Na Inglaterra, com as manifestações de protesto, os cidadãos não admitem que haja cortes nos gastos sociais, enquanto se financiam operações de guerra. O Marrocos, que está para a França como Israel para os Estados Unidos, apóia os bombardeios. Os saarauis são os seus palestinos.

Sem a ajuda da ética, essa companheira inseparável da lógica, Obama e seus aliados começam a patinar no atoleiro.

domingo, 17 de abril de 2011

O PREJUÍZO CAUSADO PELOS PSEUDO JORNALISTAS

Há gente que se diz jornalista e não tem ética suficiente para medir as palavras que utiliza. Os pseudo jornalistas gostam de polemizar não pela controvérsia do argumento, mas pela palavra suja que denigre e que, solta ao vento, causa estragos não apenas morais, mas históricos. São pessoas irresponsáveis que trabalham numa indústria da mídia que visa apenas audiência e lucro, sem responsabilizar-se pelo o que veiculam, ao contrário do que ocorre nos órgãos jornalísticos de fato e que estão a sucumbir perante os grandes grupos industriais de mídia e de educação que dominam este país.
Um sujeito que não mora no Brasil e que dizem que sequer nasceu aqui, escreve para uma revista (Veja) de uma empresa que tem participação acionária de grupo sul-africano que apoiava o "apartheid" e é um dos apresentadores de um programeco do canal pago globonews. Esse sujeito raivoso e extremista é Caio Blinder, Não, ele não é polêmico, pois não joga luz ao debate. Ele é truculento, raivoso e extremista. A maioria dos judeus não é sionista nem fundamentalista, mas este cidadão que se utiliza do passaporte brasileiro, o é declaradamente.
Seu último ato de agressão de que tenho conhecimento foi contra a rainha Rania da Jordânia, uma palestina (vide a matéria na página R7 clicando aqui). Para quem não sabe, os sinonistas (que não são equivalentes aos judeus) odeiam os palestinos. Para eles a Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina deveriam compor o Estado Israelense e formar a Grande Israel. Absurdo? Eu também acho, mas é fato.
Que tal chamar esse sujeito preconceituoso, totalitário e fundamentalista, que se traveste de jornalista, de antissemita? Sim, árabes são semitas, assim como os caldeus, judeus e assírios.
Talvez falte a esse sujeito um pouco de amor em seu coração, o que permitiria tratar as pessoas com mais urbanidade e respeito, como todo jornalista deve agir. Dessa forma, a humanidade teria mais chance de viver em harmonia, algo que nunca ocorreu desde que o homem habita este planeta, tudo por causa desses falsos profetas, falsos líderes, falsos jornalistas, enfim, falsos humanos. A ele e à humanidade, salam, paz em árabe! Também pode ser paz em hebraico, shalom. Repito que judeus e árabes, negros e brancos, estadunidenses e cubanos são todos membros de uma única raça: humana, e que palavras, religiões, nacionalidades e outros aspectos de criação artificial não mudarão a essência de cada um de nós e do conjunto, que é de sermos semelhantes, com características próprias e com uma diversidade que apenas mereceria admiração e respeito e não esse ódio sem razão que traz consigo toda a escuridão dos fins dos tempos.
Não é com exagero que afirmo que pessoas que nem esse pretenso jornalista são um perigo à paz mundial e à própria sobrevivência da humanidade!

sábado, 16 de abril de 2011

Militares chilenos condenados por crimes na ditadura

Os militares foram condenados com 10 anos de cadeia pelo homicídio, em outubro de 1973, durante a ditadura de Augusto Pinochet, de um funcionário do FMI, dois turistas argentinos, um militante da direita chilena, um estudante universitário e outro cidadão chileno. Os condenados sequestraram as vítimas do lugar onde dormiam, levaram-nas para um centro de detenção e, em seguida, simularam uma tentativa de fuga para assassiná-las.

Página/12
Tradução: Katarina Peixoto

Os três membros da Escola de Suboficiais do Exército foram declarados responsáveis pelos homicídios de Ricardo Montecinos Slaughter, funcionário do Fundo Monetário Internacional, e do casal Carlos Adler Zulueta e Beatriz Díaz Agüero, dois turistas argentinos. As outras vítimas foram Víctor Garretón Romero, militante do direitista Partido Nacional; Jorge Salas Pararadisi, estudante universitário, e Julio Saa Pizarro, cirurgião dentista.

Segundo a sentença, as vítimas foram detidas enquanto dormiam em seus apartamentos da Torre 12 de San Borja, um prédio localizado em pleno centro de Santiago, no dia 16 de outubro de 1973, por membros da Escola de Suboficiais do Exército, e levadas para o centro de detenção da Casa da Cultura de Barrancas, em Pudahuel. No dia seguinte, foram levadas para os arredores do túnel do Prado, onde se ordenou que saíssem correndo para simular uma fuga. Foram então assassinados.

A ONU solicitou informação sobre caso, ainda em 1976, pelo fato de um funcionário do FMI estar entre as vítimas. A pena imposta pelo juiz Jorge Zepeda, em primeira instância, é de 10 anos sem atenuantes para Gerardo Urrich, Juan Ramón Fernández e René Cardemil.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

REVOLTA POPULAR, ANTIMILITARISMO E DIREITOS HUMANOS: OS DILEMAS NA LÍBIA

REVISTA SIN PERMISO

Revuelta popular, antimilitarismo y derechos humanos: los dilemas en Libia

Gerardo Pisarello · Jaime Pastor*

La guerra en Libia constituye una tragedia en muchos aspectos. La respuesta represiva de Gadafi a la revuelta popular ha generado una complicada guerra civil ahora intervenida por las potencias occidentales. La información disponible es deficiente y viene a menudo marcada por los usos propagandísticos de los diferentes bandos en disputa. El nuevo escenario, en todo caso, no parece augurar ni un descenso inminente en el número de víctimas civiles e inocentes ni una genuina democratización del país, sin injerencias externas. Y ha generado, en cambio, una indisimulable cesura entre los sectores críticos, que oscilan entre el anti-imperialismo tosco y una excesiva complacencia ante el oportunismo de la OTAN y sus aliados.

Ya desde sus inicios, la rebelión libia presentó su propia singularidad en relación con los levantamientos democráticos experimentados en Egipto, Túnez y otros países árabes. Al igual que otras dictaduras de la zona, el régimen de Gadafi aparecía como poco más que una petro-dictadura nepotista, cómodamente insertada en la globalización neoliberal, que había violado libertades elementales de la población. La presencia en la oposición de jóvenes pertenecientes a los estratos más pobres era otro rasgo común con el resto de revueltas. Poco a poco, sin embargo, se hizo evidente que la oposición no sólo estaba integrada por sectores juveniles y populares, sino también por disidentes del ejército y del gobierno oficial, que pronto engrosaron el más viscoso Consejo Nacional de Transición. Por otra parte, los críticos de Gadafi comenzaron a nutrirse de ex–aliados que lo habían armado durante años a cambio del acceso a los recursos energéticos o de que asumiera tareas "sucias" como la represión de migrantes que intentaran huir al continente.

Si los rebeldes, pese a su heterogeneidad, hubieran conseguido hacerse con Trípoli, seguramente las cosas hubieran sido más sencillas. Al no poder imponerse de manera rápida, con costes humanos mínimos, las cosas se complicaron. Acorralado por la fiereza con que sus antiguos amigos y clientes occidentales se volvían contra él, Gadafi decidió contraatacar. En ese momento, se produjeron algunas propuestas de mediación. Algunas de ellas, como la de Unión Africana, no estaban demasiado articuladas pero fueron rechazadas sin más. Gadafi, aupado por un ejército plagado de mercenarios, recuperó posiciones. Cuando anunció que arrasaría Bengasi como Franco había hecho con Madrid, una parte de la oposición libia exigió una "zona de exclusión aérea". Este llamado generó dudas y posiciones encontradas en el seno de las izquierdas.

La carencia de una fuerza internacional de interposición bajo control de la ONU –deducible del capítulo VII de su Carta y boicoteada de manera sistemática por las grandes potencias- complicó la respuesta. Con la significativa abstención de los BRIC (Brasil, Rusia, India, China) y de Alemania, el Consejo de Seguridad aprobó la creación de una zona de exclusión. Algunas izquierdas, movidas por reflejos anti-imperialistas no pocas veces maniqueos, menospreciaron la amenaza real que existía en este caso y objetaron sin más la medida. Para hacerlo, tendieron a presentar al decrépito régimen de Gadafi como el de un viejo luchador nacionalista al que se le estaban intentando saquear los recursos. Con buenas razones, muchos rechazaron este relato, y consideraron que lo prioritario era apoyar la zona de exclusión área y detener una inminente masacre en Bengasi. Esta perspectiva tuvo la virtud de poner en cuestión la suficiencia moral de algunas posiciones no intervencionistas. Pero no estaba exenta de riesgos, sobre todo tratándose de una resolución que, a diferencia de lo ocurrido en Timor Oriental en 1999, renunciaba a la auto-restricción y autorizaba "todas las medidas necesarias para imponer el cumplimiento de la prohibición de vuelos". Y lo que es peor, dejaba en manos de la OTAN y de una "coalición de voluntarios" la asunción de esta misión.

Los hechos posteriores han confirmado que, a pesar de la opinión favorable de buena parte de la población, los móviles humanitarios han ocupado un papel residual y demagógico, si no inexistente, en la estrategia de las potencias interventoras. Los mezquinos cálculos geoestratégicos y el doble rasero exhibido con casos sangrantes como Bahrein, Arabia Saudí o Gaza son suficientemente evidentes y no pueden pasarse por alto. Lo mismo que la laxitud con la que se asume la producción de "daños colaterales" a la población civil. Todo ello en un escenario en el que las tropelías perpetradas por las tropas mercenarias de Gadafi parecen haber alentado reacciones vengativas también en el campo de los rebeldes.

Llegados a este punto, la situación no da margen alguno a la pontificación. Si de lo que se trata, en todo caso, es de minimizar el número de víctimas inocentes y de apoyar la lucha del pueblo libio por sus libertades, sin injerencias como las que se pretenden imponer en la Conferencia de Londres, lo suyo sería propugnar medidas de la siguiente índole: a) exigir el cese inmediato de los bombardeos y la retirada de la OTAN; b) ejercer todo tipo de presiones políticas, económicas y diplomáticas para desarmar y aislar al régimen de Gadafi, hasta forzar su caída; c) facilitar la auto-organización y la auto-defensa de los rebeldes, incluida la armada; d) impulsar una mediación internacional independiente, con autoridad para exigir, mientras tanto, el respeto por todas las partes de las reglas del ius in bello, es decir, que los civiles no sean blanco directo de las fuerzas armadas y que se renuncie al uso de armas o métodos de guerra inaceptables para la conciencia moral de la humanidad.

Ninguna de estas vías, desde luego, está libre de problemas. De hecho, parte de los dilemas trágicos a los que hoy nos enfrentamos deben atribuirse a la pasividad mantenida por las izquierdas europeas ante la entente entre Gadafi, Ben Ali o Mubarak, y los Sarkozy, los Zapatero, los Obama o los Berlusconi de turno. De lo que se trata, en todo caso, es de trazar un horizonte capaz de dar alguna respuesta a la empantanada situación actual y de prefigurar, de cara al futuro, un régimen cosmopolita, transcultural, de los derechos humanos, al que todos los Estados, sin privilegio alguno y sin dobles raseros, deberían quedar sometidos.

Gerardo Pisarello, profesor de derecho constitucional en la Universidad de Barcelona, es miembro del Comité de Redacción de SinPermiso. Jaime Pastor, profesor de teoría política en la UNED, es miembro del Consejo Editorial de SinPermiso.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

NOSSAS ESCOLAS - Chega, não dá mais!

por Adilson Filho

Professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro



publicado originalmente no site Viomundo

“Eu pensei que fosse uma bomba, pois sempre tem essas coisas por aqui”

A fala da menina, na porta da Escola Municipal Tasso da Silveira, após a tragédia mais cruel de que se tem notícia aqui no Brasil, é sintomática e não deixa dúvidas : A escola virou definitivamente um ambiente permeado pela violência manifestada em todas as suas formas, física, simbólica, moral etc.

Há muito que se ouve, sem tem notícia e se sabe de casos de professores agredidos verbal e fisicamente , e até ameaçados por armas de fogo, alunos que se engalfinham entoando cantos de guerra de facções do tráfico, bombas, depredações, pichações etc.

O ambiente escolar além de não ser atraente pros jovens, tornou-se também muito perigoso, pra todos que ali frequentam, alunos, professorres e familiares.

Portanto, sinceramente, nesse momento tão doloroso, pouco importa saber se o “cara” como disse o governador, é um animal ou um psicopata. Pouco importa, se o “modus operandi” foi inspirado em Columbine ou se o crime foi motivado por fanatismo religioso. Não quero saber nada disso.

O que eu quero é que alguma autoridade se pronuncie de forma clara e o mais rápido possível pra falar sobre o que será feito de maneira radical pra mudar a segurança de nossas escolas daqui pra frente; pra que uma pessoa não entre dizendo que vai fazer uma palestra, sem sequer ter seu nome checado na entrada, e dispare mais de cem tiros pra cima de crianças indefesas! Pra que uma menina de 12 anos não fale em rede nacional que jogam bombas “por ali”, na maior naturalidade desse mundo!

Ou vamos optar por continuar dando ênfase aos policiais heróis que aparecerão no Jornal Nacional? Vamos continuar ouvindo o nome do assassino ser repetido um milhão de vezes, continuar assistindo passivos e morbidamente curiosos aos especialistas e psicólogos convidados dos próximos dias na televisão? Ou dando entrevista a jornalista da Globo News na laje “privilegiada” de uma moradora?

Aonde nós vamos parar? Que novo país é esse que estamos construindo em que num momento como esse não se para pra analisar, refletir e se inclinar seriamente pra mudar esse quadro nitidamente falido que é o da segurança de nossas crianças e adolescentes no ambiente escolar brasileiro.

Será que essa é a maneira que nós como sociedade, vamos escolher para acabar de vez com a educação, já tão debilitada e relegada a sabe-se lá que plano em nosso país? Vendo a vida de nossos alunos ser retirada na própria sala de aula – meu Deus! – em crimes que poderiam (sim) serem evitados .

O prefeito do Rio de Janeiro, que dias atrás se disse aliviado por não entrar pra história como aquele que fechou o “Amarelinho”, agora aparece dizendo que a Escola onde ocorreu a tragédia deve permanecer aberta, pois é essa a função social dela etc_ Fechar o Amarelinho, fechar a escola, abrir um fechar o outro ou vice-versa, sinceramente parece fazer pouca diferença nessa equação política, na qual não me aventuro sequer especular.

O fato é que as crianças que choramos hoje, nós não recuperaremos mais, mas e o amanhã? E as crianças e jovens que ficaram , os sobreviventes de todo o Brasil, que amanhã terão que ir pras suas salas de aula viver mais um dia de insegurança e de medo?

Eu termino com a mesma frase que iniciei esse desabafo, que muito me chocou, da menina que deu entrevista a um telejornal do Rio logo após a tragédia:

“Eu pensei que fosse uma bomba, pois sempre tem essas coisas por aqui”

Não podemos naturalizar isso de jeito nenhum. Devemos uma resposta digna , contundente e imediata a essa aluna da Escola Tasso da Silveira , que hoje, dia 7 de abril, simboliza o luto e a luta pra que se implante de uma vez por todas uma Educação digna e humana no Brasil.

Chega!

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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