terça-feira, 23 de julho de 2013

RODRIGO MANZANO, MUITO MAIS QUE UM JORNALISTA

Rodrigo Manzano nasceu em Tupã, no interior do estado de São Paulo, mas não era caipira. Formou-se em jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina, a UEL, fez mestrado na PUC de São Paulo e deu aulas na ESPM, na PUC de Campinas e no grupo FMU-Unifiam. Mas não era só um paulista, um jornalista, nem só apenas um professor. Era mais. Muito mais. Não era cidadão do mundo, pois o planeta era pequeno para as ideias que ele possuia e os sonhos que construia. Era um crítico de tudo e de todos. Era crítico da sociedade, da forma de pensarmos o mundo, do jornalismo, dos sistemas vigentes... Seu cérebro não adormecia. Brilhante, pensava sem parar e construia grandes teses sobre fatos, fossem eles grandes ou pequenos sob a ótica de um ou outro. Construia diuturnamente novas formas com o seu pensamento, o que cativava seus alunos, que se tornavam dependentes da sabedoria daquele jovem professor e jornalista. O jovem Rodrigo Manzano morreu no sábado, foi enterrado no domingo, mas suas ideias e o seu bom humor continuam vagando pelo horizonte. A ele essa singela homenagem do aluno que abandonou alguns signos jurídicos e viu renascer o humanismo, que também deveria estar presente nos pensamentos de todos os juristas.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

As baratas da vizinhança.

foto: internet
Pode parecer uma histórica com conotação erótica, mas não é.


É uma história real e sem qualquer sexualidade envolvida.

Trata-se das baratas das vizinhas que resolveram invadir o meu lar e me deixar em desassossego, tirando tanto o meu fôlego quanto o meu sono.

Isso ocorreu por três longos anos e me ajudou a emagrecer muito e acabar com a minha saúde, inclusive. Não dava conta delas.

Essas baratas danadas me desgastavam. Faziam acrobacias. Subiam pelas paredes, até, isso de dia, de tarde, de noite, de madrugada. Não havia hora! Elas estavam sempre lá, a exigir minha pronta ação. Haja fôlego! Que baratas danadas!

Um dia resolvi procurar descansar e larguei as baratas às moscas, ao menos era o que pensava. Que moscas, o quê. As baratas insaciáveis desapareceram com a minha cobra.

Calma! Eu disse que era uma história sem conotação erótica. Trata-se de uma cobra enorme, sim, mas de areia, que visava impedir que as baratas entrassem pela porta sem me avisar. Visava preservar a minha saúde.

Sim, cobras também servem para isso, para barrar a ferocidade das baratas.

Não entendia o motivo da cobra ter desaparecido. Sem ela eu estava totalmente desprotegido e à própria sorte com as baratas que me cercariam.

Não precisava de muito raciocínio para descobrir que foi a minha vizinha que havia desaparecido com a minha cobra nova, formosa e que tanto bem serviu em prol de acabar com as baratas. Essa vizinha queria que as suas baratas invadissem a minha casa, numa espécie de orgia do dissabor, da deselegância e do desassossego.

Se era tarada, maníaca ou louca eu não sei. Só sei que essa vizinha me atacava constantemente com as suas baratas. Umas baratas estranhas. Não eram baratas normais. Contra elas eu usava o meu tubo, um tubo que espirrava um forte jato. Sim, inseticida.

E para quem não sabe, tem baratinhas pequeninas e aquelas enormes que até voam. Ah, barata voar é sinal que elas estão no barato? É, acho que fui sem graça nessa piadinha infame.

Mas as baratas não paravam por aí. Quanto mais dava conta das baratas, mais elas apareciam. Parecia que queriam me devorar.

Quando dei por mim, acordei. Olhei para os lados e não vi as baratas. Havia exterminado esses seres? O que aconteceu?

Confesso que não senti saudades. Essas baratas não tinham uma boa aparência nem um bom cheiro. Eram asquerosas.

É. É fato que nem todas as baratas são assim. Mas não havia dado sorte.

Esperava, agora, pela invasão das aranhas das vizinhas de rua. Ah, bem mais simpáticas...

domingo, 21 de julho de 2013

ZECA BALEIRO NO YOUTUBE

Zeca Baleiro, músico da MPB, tem uma página no youtube, onde disponibiliza alguns vídeos musicais. Já viu?
Vale a pena conferir.
http://www.youtube.com/user/ZecaBaleiroTVbala

sábado, 20 de julho de 2013

IMAGEM INESQUECÍVEL DE UM LÍDER.

Você pode não gostar dele, mas não há como negar que foi um grande líder representativo do povo venezuelano. Hugo Chàvez. 
Imagens feitas às vésperas das eleições presidenciais.
A grandeza da imagem representa o tamanho de sua popularidade. A aproximação da câmera é a leitura que o povo faz das ações de seu líder já falecido. O resto, a interpretação do que é aqui apresentado, depende apenas de você e do tamanho e profundidade dos seus conhecimentos sobre a Venezuela e de seu líder máximo na modernidade.
A Venezuela tem muito do Brasil. Muita injustiça. Muita miséria. Hoje, o nosso grande vizinho está muitíssimo melhor que 15 anos antes. Há mais casas para os mais pobres, mais educação de qualidade, mais cultura, mais arte, mais esporte, mais liberdade, menos ingerência das grandes potências militares e econômicas em assuntos internos e de sua política internacional, mais democracia e mais segurança pública. É um país dos sonhos possíveis. Foi feito o que era possível, mas há muito ainda a fazer e a aprimorar. Chàvez indicou o rumo que os venezuelanos deveriam seguir, como um grande profeta. Agora caberá ao povo e aos seus atuais líderes definirem os caminhos a seguir.
Uma Venezuela independente e mais Justa é um grande exemplo a ser seguido por todos os seus vizinhos, inclusive o nosso Brasil. Chàvez foi odiado por muitos porque levou a sério a luta por Justiça Social. 
Era um homem brincalhão de atitudes sérias e leais. Foi leal aos seus ideais, ao seu povo e ao seu País. Por isso foi um líder aclamado e denominado de Comandante, Comandante Revolucionário que jamais será esquecido. Viva a Revolução pacífica que atendeu aos reclamos por fraternidade, igualdade e liberdade. Chàvez conseguiu, sem derramamento de sangue, mudar os rumos do país e colocar a Venezuela no centro das discussões geopolíticas mundiais e na história que passou a ser de conhecimento de todos os venezuelanos, ricos e pobres, homens e mulheres, velhos e crianças.
Como dizia o líder, se tratava de uma revolução pacífica, porém armada, justamente para garantir a sua continuidade (da revolução).
Tenho orgulho por ter obtido essas imagens inesquecíveis e de ter conseguido conhecer a Venezuela de Chàvez.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

EXPOSIÇÕES

Já faz 7 anos que estou no mundo virtual com os meus blogs. Na verdade este não foi o primeiro. Este é o terceiro. O primeiro foi no click, que não existe mais. O segundo foi no blogger, assim como este.
Aqui não coloco muito da minha vida pessoal, do que faço etc, mas como penso, isso sim.
Penso que os blogs são feitos para isso, para expor ideias e não pessoas.
Em um mundo big brother é difícil pensar na não exposição das pessoas.
Vemos exposições massivas nas tevês, mas não só lá.
Há exposições desnecessárias no mundo virtual. Que o diga o facebook. Ou será que você nunca percebeu isso?
E nas rodas de conversa de amigos? As pessoas querem saber de tantos detalhes dos outros, que isso chega a nos assustar.
Que mundo é esse perguntamos? Mas não sei a resposta. Talvez tenhamos deixado de ser o mundo azul, da esperança e beleza, para ser o mundo da futilidade.
E as ideias? E as utopias? Ao menos tentamos preservá-las. E viva a internet que propicia isso, a resistência ao desnecessário e fútil apego às imagens e ao egocentrismo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ICArabe promove em agosto a 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

A 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema do ICArabe apresentará cerca de 20 títulos dos Emirados Árabes, Palestina, Argélia, Líbano, Egito, Marrocos, Kuwait, Qatar, Tunísia e Iraque, além de produções latinas da Argentina e da Espanha, entre outras. Com curadoria de Soraya Smaili e Geraldo Adriano Godoy de Campos, Diretor Cultural do Instituto, a 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema está dividida em duas sessões especiais: “Sessão Mundo Árabe” – com a colaboração de parceiros como a Casa Árabe da Espanha e diversos festivais de cinema árabe. Esta seleção traz produções de grande repercussão nos festivais nos últimos dois anos, além de filmes clássicos e inéditos no Brasil. “Sessão Diálogos Árabe-Latinos”- produções brasileiras e latino-americanas com temática relacionada à imigração árabe, aos países árabes e sua relação com o Brasil e outros países latinos, possibilitando a identificação de paralelos entre a cultura árabe e a sociedade brasileira e latina, por meio do entendimento das influências trazidas pelos imigrantes árabes. Esta é uma parceria com o CineFertil e com o Latin Arab International Film Festival (LAIFF - Buenos Aires). Edgardo Bechara, produtor do LAIFF, virá ao Brasil para a Mostra. A 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema é realizada com a as parcerias estruturais do Centro Cultural Banco do Brasil, do CineSESC e da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, com apoio da Cinemateca da Embaixada da França e da BrasilPrev. Em 2013, a Mostra Mundo Árabe de Cinema reafirma-se na cena cultural de São Paulo como o evento de maior representatividade da nova produção cinematográfica árabe. “Vivemos um momento em que o Mundo Árabe e o mundo passam por transformações e há enorme interesse da sociedade brasileira em conhecer esta cultura e a recente e inovadora produção cinematográfica destes países. Além disso, o Brasil se destaca pelas relações comerciais e culturais com os países árabes e pelo grande contingente de brasileiros descendentes que vivem aqui”, destaca Soraya Smaili, curadora da Mostra. Para o curador e Diretor da Mostra, Geraldo Adriano Godoy de Campos, "a produção cinematográfica nos países árabes é um convite a conhecermos sociedades complexas e diversificadas, rompendo estereótipos e visões reducionistas. A Mostra pretende contemplar esta diversidade. Os processos de transformação no Mundo Árabe estão revelando o papel central da arte, não somente do cinema, mas do Graffiti, da música, com novas expressões estéticas de sociedades que estão buscando se redefinir". Sintonia com as mudanças no Mundo Árabe Em 2011 ocorreram diversos levantes populares nos países árabes que resgataram o sentimento de transformação e despertaram a atenção de todo o mundo. A chamada “Primavera Árabe”, que teve início no Egito, revelou um movimento de jovens de diversas nacionalidades ávidos por mudança, democracia e justiça, evidenciando a proximidade de expectativas da juventude árabe com as de outros países do Ocidente e Oriente. Este movimento certamente influenciou a programação de diversas mostras de cinema realizadas no mundo. Entre elas esteve a 6ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, promovida pelo ICArabe em 2011, que despertou grande interesse no público brasileiro. Durante o evento foi possível mostrar que o Cinema Árabe tem uma história longa e que continua em intensa atividade, lançando novas obras, diretores e movimentos. Na 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, em 2012, o ICArabe trouxe ao Brasil uma seleção de filmes que integraram a Mostra Mapeando a Subjetividade: cinema experimental árabe dos anos 60 até os dias atuais, sob curadoria de Rasha Salti e Jytte Jensen. Esta seleção foi composta filmes raros e atuais, além de produções premiadas em festivais árabes e internacionais, como o de Cannes, de Doha e de Abu Dhabi. Muitas apresentaram novos diretores cujo talento já é reconhecido pelo movimento intelectual dos países árabes. Grande parte desses filmes era desconhecida no Ocidente e comprovaram, em países como os Estados Unidos e o Brasil, o vigor do Cinema Árabe também em sua arte e o talento experimental. Com a 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, o ICArabe apresenta ao público brasileiro um panorama abrangente, neste momento em que os países árabes reafirmam seu desejo por mudanças e suas sociedades buscam reinventar-se. O espectador terá a oportunidade de conhecer produções realizadas durante o período das revoluções que vêm concentrando as atenções do mundo nos últimos anos e filmes produzidos no período em que esses movimentos estavam prestes a explodir, produções que retratam cenários que culminaram nessa ebulição social e reflexões acerca sobre o momento vivenciado, como em “À Sombra de Um Homem”, documentário da diretora Hanan Abdalla em que quatro mulheres de diferentes origens culturais e gerações, durante as mudanças no Egito em revolução, refletem sobre sua busca para determinar seus próprios destinos (assista ao trailer aqui). Outro destaque é o palestino “5 Câmeras Quebradas”, consagrado em diversos festivais do mundo, como o Sundance e o Festival de Jerusalém, e indicado ao Oscar de melhor documentário. Trata-se de um extraordinário trabalho de ativismo cinematográfico e político, um relato pessoal, em primeira mão, da resistência não-violenta na Palestina, feito por um agricultor palestino que comprou sua primeira câmera em 2005 e passou a usá-la como arma de protesto para tentar conservar suas terras contra o estabelecimento dos judeus israelenses (assista ao trailer aqui). Curadoria Soraya S. Smaili Reitora da Universidade Federal de São Paulo. Graduada pela USP, fez mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina e pós-doutorado na Thomas Jefferson University e no National Institutes of Health (NIH), EUA. Secretária Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Já atuou em várias atividades científicas e culturais junto à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Participou da fundação do Instituto da Cultura Árabe tendo sido a primeira presidente. Desde 2005 passou a organizar e realizar a curadoria das mostras de cinema do Instituto da Cultura Árabe, entre outras atividades. Realiza a Curadoria Cultural das Mostras de Cinema Árabe e das Mostras de Fotografia. Geraldo Adriano Godoy de Campos Diretor Cultural do Instituto de Cultura Árabe. Professor do curso de Relações Internacionais da ESPM e membro do Grupo de Pesquisas sobre Mobilidades na mesma instituição. Mestre em Sociologia das Relações Internacionais pela PUC-SP. Produziu e dirigiu filmes curta-metragem e vídeos institucionais. Foi Coordenador de Relações Internacionais do Orçamento Participativo de São Paulo, tendo atuado como palestrante e consultor em temas relacionados à Democracia Participativa em mais de 15 países. Organizador, coautor e editor dos livros: "No olho do furacão: repensando o futuro da esquerda" (Ed.Xamã, 2005) e "Democracia Participativa e Redistribuição: análise de experiências de Orçamento Participativo" (Ed.Xamã, 2008). Produção Executiva André Albregard Possui Graduação em Relações Internacionais, pela ESPM-SP (2007-2010), com Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a internacionalização da Música Popular Brasileira. Cursa o Filmworks (Curso Técnico em Direção de Cinema) da Academia Internacional de Cinema (AIC) e dirigiu crtas metragens independentes. Atua na produção de eventos ligados a cinema, como mostras e exibições comentadas de filmes. O cinema derrubando barreiras A ideia de apresentar filmes e produções árabes e debatê-los permeia toda a trajetória do Instituto da Cultura Árabe, que questionou, desde seu início, onde estavam as produções de cinema árabes: inexistentes ou simplesmente ausentes do público brasileiro? Percebeu-se que se tratava da segunda alternativa. Havia diversos filmes, uma intensa produção cinematográfica e o ICArabe investiu na busca dessas produções. As mostras do ICArabe são organizadas pelo Núcleo de Cinema do Instituto e vêm aproximando o público brasileiro da cultura árabe com exibição de filmes inéditos e encontros com convidados internacionais. Colabore com o Núcleo de Cinema do ICArabe Os interessados em participar ou colaborar com o Núcleo de Cinema do ICArabe podem entrar em contato com Andre Albregard (andrealbregard@uol.com.br). Curta nossa página no Facebook https://www.facebook.com/8aMostraMundoArabeDeCinema Serviço: O quê: 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema Quando: de 15 de agosto a 16 de setembro Abertura: 15 de agosto, às 19h30, no CineSesc Em São Paulo Cinesesc: 15 a 22 de agosto Rua Augusta, 2.075 - Cerqueira César - São Paulo. Tel. 11 3087-0500. www.sescsp.org.br CCBB: 21 de agosto a 1º de setembro Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo. Tel. 11 3113-3651/3652. ccbbsp@bb.com.br No Rio de Janeiro CCBB: 4 de setembro a 16 de setembro Rua Primeiro de Março, 66 - Centro Tel. 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Literatura árabe para crianças

A brasileira Tainise Soares já traduziu quatro livros infantis de autores árabes e trabalha em outros dois. Entre os títulos estão obras premiadas que aguardam editora para publicação no Brasil.

Aurea Santos

São Paulo – A estudante Tainise Soares quer trazer a literatura infantil árabe para mais perto dos brasileiros. Aluna da graduação em Letras com habilitação em língua árabe na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela já fez a tradução completa de quatro títulos do árabe para o português e está trabalhando em outros dois, em um projeto chamado Oriente Médio: A Literatura Infantil Árabe e a Arte de Contar Histórias em Línguas Orientais. Os livros ainda não foram publicados.

Sem ascendência árabe, Soares começou a estudar o idioma acompanhando alguns amigos que decidiram cursar aulas da língua. Em 2004, foi ao Egito e ficou lá por dois anos, aprendendo o árabe popular daquele país. Foi só em 2008 que ela voltou a estudar a língua clássica (usada na literatura) e não parou mais de trabalhar com o idioma. No ano seguinte, realizou um trabalho voluntário como contadora de histórias em uma escola pública e passou a se interessar por literatura para crianças.

“Comecei a pesquisar sobre literatura árabe infantil. Vi que estava acontecendo um movimento pró-leitura e pró-livros no Oriente Médio semelhante ao que ocorria no Brasil. Então, fiquei com o sonho de juntar as duas coisas. Quando entrei na graduação em 2011, já entrei com esse foco”, conta a estudante.

Depois de realizar uma oficina de contação de histórias árabes na UFRJ, Soares começou a receber contatos de escritores e editores do Oriente Médio. “A escritora (libanesa) Rania Zaghir me convidou para traduzir os livros dela e eu abracei o projeto”, conta.

Os primeiros títulos de Zaghir traduzidos por Soares foram Quem tomou o meu sorvete?, que trata da história de uma menina que busca ajuda para decidir qual é a melhor forma de tomar o seu sorvete; e Sissi Malaket inventando moda, sobre uma menina que gosta de se vestir com animais e plantas (veja ilustração abaixo), de acordo com a estação. Sissi ganhou o prêmio Assabil de literatura infantil. O Assabil é um projeto libanês fundado em 1997 para apoiar a abertura de bibliotecas públicas.

Outras obras premiadas que já estão em português graças ao trabalho de Soares são Laila responda-me! da síria Nadine Kaadan, sobre uma princesa surda-muda, que levou o prêmio de melhor livro para criança com deficiência pela Fundação Anna Lindh, do Egito, e Meu Ego e Eu: Um Fardo Pesado, da síria Gulnar Hajo. O livro conta a história de Tariq, um garoto que carrega o peso de ser brilhante, o que o deixa infeliz. A obra foi premiada este ano no Festival de Literatura de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos.
Em junho de 2012, pouco tempo depois de iniciar seu projeto de traduções, Soares foi convidada para participar de uma conferência na Universidade Libanesa, em Beirute, sobre política na literatura infantil na atualidade. “O tema da apresentação foi ‘Construindo a cidadania através da literatura infantil no Brasil’. Falei sobre Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Ana Maria Machado e Georgina Martins. Tratei sobre como estes escritores abordam o tema da cidadania no Brasil”, explica.

Atualmente, Soares trabalha na tradução dos livros Amanhã e Haltabis Haltabis & A balada de sementes de gergelim e pepinos, das já mencionadas Nadine Kaadan e Rania Zaghir.

Para levar seu trabalho às crianças brasileiras, Soares está em busca de editoras interessadas em publicar seus livros. “Duas editoras me procuraram, mas ainda está no processo (de negociação). Não parei de procurar editoras, estou nesta busca ainda”, afirma.

Enquanto isso, Soares não pensa em parar seu trabalho. “Não pretendo parar de traduzir. Recebo muitos livros do pessoal de lá”, afirma. Para Soares, traduzir os livros infantis árabes para o português não é apenas um projeto acadêmico “é um projeto de vida”. “Minha grande vontade é ver esse intercâmbio literário entre o mundo árabe e o mercado editorial brasileiro. Eu acredito muito nisso”, completa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA: NECESSIDADES DO BRASIL

Nessa época de violação ao sigilo das comunicações em todo o mundo, desencadeada por interceptações feitas pelos estadunidenses, é bom ampliarmos a discussão do tema para que percebamos o quanto o Brasil anda atrasado em algumas questões pontuais. Evidentemente, o Brasil precisa investir em contraespionagem e proteção às informações dos cidadãos brasileiros e, principalmente, aquelas ligadas ao governo. As empresas, como é óbvio, a não serem as estratégicas, deverão investir em sua proteção com recursos próprios. Numa época em que a inteligência e o amplo acesso ou poder de restrição às comunicações, além de tecnologia, é que vencerá guerras, é importante que o Brasil utilize tudo isso para combater o crime, principalmente o organizado, que ultrapassa fronteiras e causa prejuízos enormes. Para isso deverá investir pesadamente, sobretudo em tecnologia. É importante capacitar as polícias estaduais e a federal para uma avançada análise de informações, mas mais que isso, é importante investir numa troca de informações com um mesmo banco de dados, facilitando a pesquisa e democratizando as informações que não sejam sigilosas a outros entes federativos. Isso consta expressamente do plano do governo federal, mas que até agora não foi totalmente implementado. Contudo, há de se ressaltar iniciativas de sucesso tanto na troca de informações, quanto na análise de dados do orçamento do crime organizado, em especial ao PCC, havida entre a Polícia Federal e a Polícia Civil do Estado de São Paulo. Mas falta muito a percorrer. Os bancos de dados da PF e das Polícias Estaduais também devem estar ligados às informações das Secretarias de Estado da Fazenda e da própria Receita Federal. As inteligências dos órgãos, e não só, mas os seus bancos de dados, devem intercomunicar-se. Isso facilitará a compreensão da movimentação financeira, da transferência de recursos e proporcionará uma eficácia muito maior no combate direto ao financiamento do crime organizado, seja ele direcionado ao tráfico de pessoas, ao tráfico de drogas, ao tráfico de armas, à sonegação fiscal por meio de descaminho, ao contrabando, aos roubos a bancos e caixas eletrônicos, a residências etc. Hoje as quadrilhas que atuam no crime organizado são muito bem estruturadas e têm ramificações internacionais. Por isso a atuação da polícia federal no combate ao crime organizado é sempre importante, não bastando a mera ação das polícias estaduais, normalmente com menor potencial tecnológico para investigação. E combatendo o crime organizado o Brasil poupará recursos e evitará o que ocorre hoje, que criminosos internacionais utilizem o Brasil como ponte para o tráfico de drogas, que seja reduto de pessoas a serem escravizadas e que as máfias estrangeiras russa, chinesa e japonesa comandem o grande descaminho existente na importação de produtos (não pagamento de impostos, conhecido popularmente como contrabando). Quanto mais poderoso for o crime organizado, menor potencial ofensivo terá o Estado e mais fragilizada estará a democracia. É importante ressaltar que o potencial do crime organizado também se reflete em sua infiltração nos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo. Nos dois primeiros normalmente se dá pela corrupção e no legislativo com o patrocínio para a eleição de representantes (que deveriam ser do povo) que defendam os seus interesses. O Estado Brasileiro Democrático de Direito, previsto pela Constituição, exige uma atuação forte, eficaz e eficiente dos governos. E isso hodiernamente tem a ver com investimento em inteligência e tecnologia.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

BRICs são os poderosos ou serão a Índia e a China que dominarão a economia a partir de 2030?


BRICs são os poderosos ou serão a Índia e a China que dominarão a economia a partir de 2030?

A agência RT (russa) de notícias explica (em inglês).

Countries classified today as developing will dominate global savings and investment in less than a generation, according to the World Bank. India and China are forecast to provide 38% of the total investment by 2030.

In 17 years time developing countries will provide for more than 50% of the total global stock of capital, up from about 33% they do today, the World Bank said in its Global Development Horizons report. The largest portion of that stock will reside in East Asia and Latin America. In absolute terms, China is projected to become the largest saver by a landslide, accounting for $9 trillion in 2010 dollars by 2030. India ranks the second with its $1.7 trillion.

On the investment side, China is also projected to become the largest, providing 30% of total investment by 2030. Taken together, the remainder of the popular BRIC club of developing nations - Brazil, India and Russia – will account for 13% of global investment.

“Productivity catch-up, increasing integration into global markets, sound macroeconomic policies, and improved education and health are helping speed growth and create massive investment opportunities, which, in turn, are spurring a shift in global economic weight to developing countries,” the report explained.

The service sector – one of the key criteria for distinguishing between the developed and developing world – is also going to make a huge leap in developing countries. Employment in services is projected to become more than 60% of their total employment, which brings them closer to the developed world.

Results of the research signal a real reshuffle in the alignment of world economic forces, according to Maurizio Bussolo, lead Economist and author of the report.

“GDH [Global Development Horizons report] clearly highlights the increasing role developing countries will play in the global economy,” he said.

domingo, 14 de julho de 2013

ANTONIO CANDIDO: 10 LIVROS PARA CONHECER O BRASIL

BLOG DA BOITEMPO
Por Antonio Candido*
Quando nos pedem para indicar um número muito limitado de livros importantes para conhecer o Brasil, oscilamos entre dois extremos possíveis: de um lado, tentar uma lista dos melhores, os que no consenso geral se situam acima dos demais; de outro lado, indicar os que nos agradam e, por isso, dependem sobretudo do nosso arbítrio e das nossas limitações. Ficarei mais perto da segunda hipótese.
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.
Por isso, é sempre complicado propor listas reduzidas de leituras fundamentais. Na elaboração da que vou sugerir (a pedido) adotei um critério simples: já que é impossível enumerar todos os livros importantes no caso, e já que as avaliações variam muito, indicarei alguns que abordam pontos a meu ver fundamentais, segundo o meu limitado ângulo de visão. Imagino que esses pontos fundamentais correspondem à curiosidade de um jovem que pretende adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de amostra e que, portanto, muita coisa boa fica de fora.
São fundamentais tópicos como os seguintes: os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que domina o país. É claro que estes tópicos não esgotam a matéria, e basta enunciar um deles para ver surgirem ao seu lado muitos outros. Mas penso que, tomados no conjunto, servem para dar uma ideia básica.
Entre parênteses: desobedeço o limite de dez obras que me foi proposto para incluir de contrabando mais uma, porque acho indispensável uma introdução geral, que não se concentre em nenhum dos tópicos enumerados acima, mas abranja em síntese todos eles, ou quase. E como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: “A formação e o sentido do Brasil”.
Quanto à caracterização do português, parece-me adequado o clássico Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda, análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o modo de ser. Nele, temos um estudo de transfusão social e cultural, mostrando como o colonizador esteve presente em nosso destino e não esquecendo a transformação que fez do Brasil contemporâneo uma realidade não mais luso-brasileira, mas, como diz ele, “americana”.
Em relação às populações autóctones, ponho de lado qualquer clássico para indicar uma obra recente que me parece exemplar como concepção e execução: História dos índios do Brasil (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha e redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente.
Seria bom se houvesse obra semelhante sobre o negro, e espero que ela apareça quanto antes. Os estudos específicos sobre ele começaram pela etnografia e o folclore, o que é importante, mas limitado. Surgiram depois estudos de valor sobre a escravidão e seus vários aspectos, e só mais recentemente se vem destacando algo essencial: o estudo do negro como agente ativo do processo histórico, inclusive do ângulo da resistência e da rebeldia, ignorado quase sempre pela historiografia tradicional. Nesse tópico resisto à tentação de indicar o clássico O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, e deixo de lado alguns estudos contemporâneos, para ficar com a síntese penetrante e clara de Kátia de Queirós Mattoso, Ser escravo no Brasil (1982), publicado originariamente em francês. Feito para público estrangeiro, é uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião. Naturalmente valeria a pena acrescentar estudos mais especializados, como A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart ou A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes, que estuda em profundidade a exclusão social e econômica do antigo escravo depois da Abolição, o que constitui um dos maiores dramas da história brasileira e um fator permanente de desequilíbrio em nossa sociedade.
Esses três elementos formadores (português, índio, negro) aparecem inter-relacionados em obras que abordam o tópico seguinte, isto é, quais foram as características da sociedade que eles constituíram no Brasil, sob a liderança absoluta do português. A primeira que indicarei é Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre. O tempo passou (quase setenta anos), as críticas se acumularam, as pesquisas se renovaram e este livro continua vivíssimo, com os seus golpes de gênio e a sua escrita admirável – livre, sem vínculos acadêmicos, inspirada como a de um romance de alto voo. Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita. Cheio de pontos de vista originais, sugeriu entre outras coisas que o Brasil é uma espécie de prefiguração do mundo futuro, que será marcado pela fusão inevitável de raças e culturas.
Sobre o mesmo tópico (a sociedade colonial fundadora) é preciso ler também Formação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior, que focaliza a realidade de um ângulo mais econômico do que cultural. É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material.
Caracterizada a sociedade colonial, o tema imediato é a independência política, que leva a pensar em dois livros de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil (1909) e O movimento da Independência (1922), sendo que o primeiro é das maiores obras da nossa historiografia. No entanto, prefiro indicar um outro, aparentemente fora do assunto: A América Latina, Males de origem (1905), de Manuel Bonfim. Nele a independência é de fato o eixo, porque, depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio. Daí (é a maior contribuição do livro) decorre o conservadorismo, marca da política e do pensamento brasileiro, que se multiplica insidiosamente de várias formas e impede a marcha da justiça social. Manuel Bonfim não tinha a envergadura de Oliveira Lima, monarquista e conservador, mas tinha pendores socialistas que lhe permitiram desmascarar o panorama da desigualdade e da opressão no Brasil (e em toda a América Latina).
Instalada a monarquia pelos conservadores, desdobra-se o período imperial, que faz pensar no grande clássico de Joaquim Nabuco: Um estadista do Império (1897). No entanto, este livro gira demais em torno de um só personagem, o pai do autor, de maneira que prefiro indicar outro que tem inclusive a vantagem de traçar o caminho que levou à mudança de regime: Do Império à República (1972), de Sérgio Buarque de Holanda, volume que faz parte da História geral da civilização brasileira, dirigida por ele. Abrangendo a fase 1868-1889, expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II.
A seguir, abre-se ante o leitor o período republicano, que tem sido estudado sob diversos aspectos, tornando mais difícil a escolha restrita. Mas penso que três livros são importantes no caso, inclusive como ponto de partida para alargar as leituras.
Um tópico de grande relevo é o isolamento geográfico e cultural que segregava boa parte das populações sertanejas, separando-as da civilização urbana ao ponto de se poder falar em “dois Brasis”, quase alheios um ao outro. As consequências podiam ser dramáticas, traduzindo-se em exclusão econômico-social, com agravamento da miséria, podendo gerar a violência e o conflito. O estudo dessa situação lamentável foi feito a propósito do extermínio do arraial de Canudos por Euclides da Cunha n’Os sertões (1902), livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia. Misturando observação e indignação social, ele deu um exemplo duradouro de estudo que não evita as avaliações morais e abre caminho para as reivindicações políticas.
Da Proclamação da República até 1930 nas zonas adiantadas, e praticamente até hoje em algumas mais distantes, reinou a oligarquia dos proprietários rurais, assentada sobre a manipulação da política municipal de acordo com as diretrizes de um governo feito para atender aos seus interesses. A velha hipertrofia da ordem privada, de origem colonial, pesava sobre a esfera do interesse coletivo, definindo uma sociedade de privilégio e favor que tinha expressão nítida na atuação dos chefes políticos locais, os “coronéis”. Um livro que se recomenda por estudar esse estado de coisas (inclusive analisando o lado positivo da atuação dos líderes municipais, à luz do que era possível no estado do país) é Coronelismo, enxada e voto (1949), de Vitor Nunes Leal, análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha (1889-1930).
O último tópico é decisivo para nós, hoje em dia, porque se refere à modernização do Brasil, mediante a transferência de liderança da oligarquia de base rural para a burguesia de base industrial, o que corresponde à industrialização e tem como eixo a Revolução de 1930. A partir desta viu-se o operariado assumir a iniciativa política em ritmo cada vez mais intenso (embora tutelado em grande parte pelo governo) e o empresário vir a primeiro plano, mas de modo especial, porque a sua ação se misturou à mentalidade e às práticas da oligarquia. A bibliografia a respeito é vasta e engloba o problema do populismo como mecanismo de ajustamento entre arcaísmo e modernidade. Mas já que é preciso fazer uma escolha, opto pelo livro fundamental de Florestan Fernandes, A revolução burguesa no Brasil (1974). É uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política.
Chegando aqui, verifico que essas sugestões sofrem a limitação das minhas limitações. E verifico, sobretudo, a ausência grave de um tópico: o imigrante. De fato, dei atenção aos três elementos formadores (português, índio, negro), mas não mencionei esse grande elemento transformador, responsável em grande parte pela inflexão que Sérgio Buarque de Holanda denominou “americana” da nossa história contemporânea. Mas não conheço obra geral sobre o assunto, se é que existe, e não as há sobre todos os contingentes. Seria possível mencionar, quanto a dois deles, A aculturação dos alemães no Brasil (1946), de Emílio Willems; Italianos no Brasil (1959), de Franco Cenni, ou Do outro lado do Atlântico (1989), de Ângelo Trento – mas isso ultrapassaria o limite que me foi dado.

No fim de tudo, fica o remorso, não apenas por ter excluído entre os autores do passado Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo, Nestor Duarte e outros, mas também por não ter podido mencionar gente mais nova, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Melo etc. etc. etc. etc.

Antonio Candido é sociólogo, crítico literário e ensaísta.

sábado, 13 de julho de 2013

AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE EM ALGUNS MANIFESTOS

Nesta semana, uma quadrilha, sim, um grupo superior a 3 pessoas, mas inferior a uma centena, "manifestou-se" contra a democracia e pelo retorno dos militares ao poder. Reacionários? Sim. Idiotas? Não sei. Um psiquiatra precisaria avaliar cada um dos componentes deste "seleto" grupo para poder chegar a uma conclusão do nível de aberração mental de cada um. Em matéria divulgada na internet, o grupo dizia que tinha medo de que os "comunistas" que comandavam o país implantassem o sistema de coloração vermelha no país e imploravam para que os militares dessem um golpe, ao estilo do ocorrido no Egito. Esse bando de "sem noção", para não usar outro termo, tem nojo da democracia e do que ela representa e gostaria de viver à época da Corte Imperial francesa. Na verdade, o Brasil ainda tem muito de elitismo e de vastos beneficios escusos às classes mais privilegiadas. Isso poderia ser chamado, sem chance de errar, de uma neo aristocracia. E são esses mesmos neo aristocratas, já amplamente beneficiados, que clamam por um golpe fatal à democracia. Quanta incoerência. Quanta ignorância. Os Estados Unidos com toda a sua alardeada democracia, pensam militarmente em todas as suas ações políticas. Suas ações beligerantes mundo afora e as ações de espionagem evidenciam isso. Buscam eles manter os Estados Unidos na posição de liderança absoluta, muitas vezes às custas de milhões de vidas humanas e de violação a direitos humanos. Lá também busca-se a manutenção de privilégios. Para uma criança isso já seria inaceitável. Mas o que pensarão esse bando de golpistas de plantão? Os militares foram muito importantes no processo histórico brasileiro. Foi graças a eles que se implantou a República em 1889 e a Revolução modernizadora de 1930. Contudo, alguns de nossos militares cometeram erros, muitas vezes por manipulação do poder civil. Exemplo disso foi em 1897, na Guerra de Canudos, e no Golpe de 1964. Mas, sem dúvida alguma, os militares sempre foram importantes para a manutenção da nossa soberania e independência. Muitos militares, durante toda a história, também deram a vida por um Brasil mais justo. No entanto, esse grupinho de civis (não se confunda com civilidade), longe de pretender um Brasil mais justo, pretende ver-se livre daquilo que mais necessitamos: conquista sociais. Não defendo aqui o governo do PT, até porque não sou petista, mas é fato que o Brasil necessita avançar no processo de Justiça Social, seja por ser uma questão de direitos humanos, seja por se tratar de uma razão de Justiça em seu sentido amplo, seja ainda pelo princípio básico de solidariedade na convivência humana, isso sem adentrarmos nos benefícios econômicos com a inserção dessas pessoas numa sociedade de consumo, ainda que do mínimo necessário. Muitos países conseguiram diminuir as injustiças com os militares no Poder, como ocorreu aqui ao lado, na Venezuela. Mas não é para isso que os "manifestantes" de verde, azul e amarelo (cores do Brasil ou de arara sem cérebro?) foram às ruas. Querem eles o oposto, menos divisão de renda, concentração de privilégios e distância de gente diferenciada, tudo o que o bom senso não aceita e o que o Brasil não pode e não recepcionará. O que o Brasil precisa fazer é diminuir privilégios e tornar-se menos elitista, e com urgência. Não tenho medo de errar ao afirmar que se o povo tivesse consciência dos privilégios de certas classes, provavelmente pretenderia implantar no país o sistema de degola, paredão ou de outro modo horrendo de lei do Talião. Dar ibope a esse bando de egoistas que saem às ruas para a ampliação dos seus vastos privilégios significa idiotice, a mesma que provavelmente os conduz no dia a dia. A essa quadrilha, armada com a sua mais absoluta ignorância, resta a pena de ausência de solidariedade de todos nós. É o que a democracia, o Brasil, o povo brasileiro e a Justiça Social exigem.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

VOOS DIRETOS PARA CUBA, SAINDO DE SÃO PAULO

A partir de 10 de julho deste ano, São Paulo ganhará voos diretos para Havana, pela Cubana de Aviacion.
Bom para quem não quer fazer conexões demoradas, ótimo para o turismo em Cuba e muito conveniente para os empresários brasileiros interessados em investir na famosa ilha da América do Norte.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma nação offline: Coreia do Norte

REVISTA GALILEU

Como é a vida na única dinastia comunista da história, o país mais desconectado da internet — da realidade — e do mundo

Texto e fotos: Juliana Cunha

Na capital Pyongyang, cartazes e esculturas em estilo socialista destacam os feitos do regime, como a estátua ao lado, parte do complexo da Torre da Ideia Juche, que simboliza as três classes que constroem o país — camponeses, operários e intelectuais.
(...)
A Coreia tem sua versão da rede, mas restrita a funcionários do governo e estudantes destacados. Até o início do ano era proibido entrar com celulares e turistas deixavam seus aparelhos no aeroporto.
(...)
Antes de ter computadores a Coreia do Norte tem um problema maior para resolver: o abastecimento de energia elétrica. O país alega que seu programa nuclear tem como objetivo acabar com os apagões. Só na capital falta energia três vezes por semana, por muitas horas. Dá para imaginar ficar sem energia num inverno de 20 graus negativos?
(...)
A propaganda governamental está por todos os lados, em estilo realista socialista típico da ex-União Soviética, destaca os feitos da única dinastia comunista do mundo e as únicas imagens de pessoas públicas são as dos líderes mortos Kim Il-sung e Kim Jong-il, respectivamente avô e pai do atual líder, Kim Jong‑un, que tem apenas 30 anos.
(...)
Dentro de todos os locais públicos — bibliotecas, museus, vagões de trem, repartições públicas, hotéis — e também na sala das casas dos cidadãos há os mesmos dois quadrinhos com os rostos sorridentes dos ditadores falecidos.
  Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

ESPIONAGEM ESTADUNIDENSE DE CIDADÃOS BRASILEIROS

A espionagem das comunicações de brasileiros é algo inadmissível e o Planalto deve tomar providências enérgicas, mas não se pode resumir a questão apenas a ações popularescas.

O Planalto deve levantar desde quando as comunicações têm sido alvo de espionagem e mais, se não apenas as comunicações da população, mas das autoridades brasileiras, foram alvo de alguma espécie de acompanhamento ou escuta. Interceptação das comunicações das pessoas já é algo inadmissível, mas das autoridades públicas e de segredos de Estado é como se fosse uma declaração de guerra, pois viola de forma flagrante a confiança necessária entre dois Estados que se julgavam irmãos e que se encontram em tempos de paz.

Os Estados Unidos erraram feio.

É sabido que desde o primeiro mandato de Obama voltar-se-ia mais aos serviços de espionagem e inteligência do que ao confronto bélico, o que inclusive foi objeto de artigo neste blog, mas as interceptações em massa de meios eletrônicos de cidadãos estadunidenses e de cidadãos de outros países, em território estrangeiro, inclusive, é algo que a comunidade internacional não pode aceitar. Os Estados Unidos, com isso, tornam-se muito piores do que aqueles que julgam combater. E a ONU e a comunidade internacional deve por um limite a essas ações que vilipendiam os direitos civis e humanos de cidadãos de todos os continentes.

Como se sabe, sob o pretexto de combater o terrorismo, os Estados Unidos adotaram no Governo Bush II a prisão "imotivada", a tortura e o direito de interceptação de qualquer meio de comunicação sem autorização judicial prévia e específica. E o governo Bush III, digo Obama, tem seguido a cartilha autoritária e desmedida do governo republicano. A democracia nos Estados Unidos está correndo sério risco e isso já faz uma década. Será que a mídia continuará a legitimar qualquer ação desmedida do governo? Espero que não. Para qualquer estudante de direito, qualquer uma dessas ações inconstitucionais soaria como uma espécie de golpe de Estado. Sim, um golpe contra a democracia e contra a Constituição, onde o governo poderia, numa medida de exceção arbitrária, adotar ações afrontosas não só às garantias constitucionais, mas à própria Constituição. O medo justificaria a subtração de direitos sem limites?

Hoje o Brasil é uma democracia em consolidação e deverá demonstrar aos Estados Unidos a importância de se adotar o respeito às normas nacionais e internacionais e o respeito aos cidadãos brasileiros e ao governo da República Brasileira. É o que se espera do governo Dilma.

E nada impede que em retaliação o governo brasileiro conceda asilo político, refúgio, ao cidadão estadunidense que vem sendo perseguido de forma arbitrária e injusta pelo governo da maior potência econômica e bélica do planeta. E que permita a esse cidadão expor com clareza todas as ações de espionagem do governo estadunidense em território brasileiro, bem como informar com exatidão se a inteligência norte americana está instalada apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as bênçãos do então governo Fernando Henrique Cardoso, ou se encontra também em outras regiões (divulgado a boca pequena), como no meio da floresta Amazônica e na tríplice fronteira (locais estratégicos), com conhecimento e consentimento tácito dos governos Dilma e Lula.

Ousai, Brasil. A sua soberania exige coragem e retidão!

domingo, 7 de julho de 2013

Mais de 700 mercenários europeus aterrorizam a Síria


A imprensa da Síria informou nesta sexta-feira que cerca de 700 cidadãos europeus estão infiltrados no país como mercenários, pertencendo aos bandos armados opositores que pretendem derrubar o governo do presidente Bashar al-Assad.

Os relatórios estão baseados em declarações do ministro de Interior da Alemanha, Hans Peter Friedrich, quem revelou a cifra na quinta (16) durante uma coletiva de imprensa em seu país.

Os meios destacam a advertência de Friedrich às autoridades da União Europeia (UE) sobre a necessidade de estabelecer leis para evitar que tais efetivos voltem a seus respectivos países por pelo menos dois anos.

Tal proposta será apresentada no próximo mês durante uma cúpula de alto nível da UE, acrescentou.

A agência de notícias Sana informa que essa é a primeira vez que os serviços de inteligência de um dos governos ocidentais reconhece a presença de terroristas no país árabe.

Funcionários públicos em Berlim informaram que estão à procura de 40 pessoas que saíram no ano passado da Alemanha com passaportes alemães para a Síria, para se somar aos grupos islâmicos que pretendem impor um Califato regido pela xaria (lei islâmica), assinalou.

Da mesma forma, o ministro alemão de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, reiterou na quinta que seu país se recusa a enviar armas aos bandos armados e mercenários na Síria, ao advertir que são necessárias garantias para que os equipamentos militares não caiam nas mãos de terroristas.

Os governos do Reino Unido e da França demonstraram abertamente sua intenção de armar os grupos irregulares para promover o que chamam de uma mudança de regime em Damasco.

sábado, 6 de julho de 2013

MOMENTO DE HUMOR COM NOTÍCIAS ATUAIS

• Esporte ou novela? Pau vai rolar solto após a "troca de selinho"
















• Para mulheres experientes, "bem dotados" têm habilidades em diversas áreas e muita facilidade para aprender alguns assuntos. A dúvida é, como medir esse “dom”?

• Prefeitos primam pela transparência. (Estarão usando roupas brancas?)

• A pergunta que não quer calar: quem deve “assumir” no São Paulo? (Os santistas já perguntariam: será que o técnico Feliciano será contratado para resolver a crise (de identidade)? Terá ele poder de transformar o panetone em queijo curado?)

• Assim contou um corinthiano: Eguren assina com o Palmeiras no subsolo.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Praias de Argel esperam 6 milhões de banhistas

Temporada de veraneio vai de 1º junho a 30 de setembro. Capital argelina prevê criar 3,5 mil empregos no período.

Algérie Presse Service*

Argel – Cerca de 6 milhões de visitantes são esperados nas praias de Argel, capital da Argélia, durante a temporada de veraneio no país, que vai de 1º de junho a 30 de setembro, segundo o diretor de Turismo do governo de Argel, Salah Bouaâkmoum.

Ele destacou que há 67 praias abertas aos banhistas na região administrativa da capital e que mais quatro estarão disponíveis em breve, após a realização de melhorias necessárias.

“A comissão de preparação e organização da temporada de veraneio da municipalidade é composta por vários setores interessados e se encarrega de fornecer às praias a estrutura necessária, como postos policiais, estacionamentos, água potável, barracas de praia, chuveiros e vigilância”, afirmou.

Bouaâkmoum afirmou que uma “vasta operação de limpeza” ocorre atualmente em várias praias de Argel. Desde janeiro é feita a análise da qualidade da água. A mobilização de limpeza e coleta de lixo nas praias resultará na contratação temporária de 600 jovens. Ele acrescentou que 3,5 mil empregos deverão ser criados durante a temporada em diferentes atividades.

Como este ano o mês do Ramadã vai cair durante a temporada de verão, a municipalidade pretende intensificar os serviços turísticos para famílias em busca de lazer e recreação por meio do reforço do transporte e da iluminação pública e de programas culturais.

No Ramadã os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol e muitas atividades passam a ser realizadas à noite, daí a necessidade de reforço dos serviços no período noturno. Este ano o mês de jejum está previsto para ocorrer de 09 de junho e 08 de agosto.

*Tradução de Alexandre Rocha com informações da redação da ANBA

quinta-feira, 4 de julho de 2013

GOLPE DE ESTADO NO EGITO

O Egito sofre mais uma vez uma intervenção militar nos poderes do Estado. As maiores vítimas, por enquanto, são os poderes Executivo e Legislativo. Os militares golpistas, ao mesmo tempo em que depuseram o presidente Morsi, democraticamente eleito, dissolveram o Parlamento e revogaram a Constituição.
Se essas ações não constituem golpe de Estado, eu não sei mais nada.
É um claro golpe de Estado, algo que muitos órgãos de imprensa no Brasil recusaram-se a admitir, mas que o periódico espanhol El Pais mencionou expressamente em sua manchete: "Golpe de Estado en Egipto".
Para alguns comentaristas da Globo News, a ação dos militares era legítima. Como assim? Suspender os efeitos da Constituição e dissolver o Parlamento são ações legítimas ou democráticas? Aonde? Na Sibéria de Stalin ou nos devaneios do antigo Bush II?
Os pobres gostavam de Mursi, que preocupava-se mais com ações sociais. A classe média, assim como no Brasil, é que manifestaram dissabor com as ações governistas.
A ação dos militares contra a Irmandade Muçulmana, representada pelo presidente Mursi, que era um de seus líderes, fortalece o radicalismo dos salafistas, os mesmos que decaptam pessoas e lutam contra alguns presidentes árabes, dentre eles o do Iraque e o da Síria.
A inação estadunidense apenas fortalecerá os radicais salafistas, que já detinham 25% do parlamento. E isso não será nada bom para o Egito, para os países árabes, para o Oriente Médio e para o mundo como um todo. Favorecerá, de certo, o fácil discurso da intervenção bélica para evitar que radicais tomem o poder, o que talvez seja o propósito do grande império. E intervenção no Oriente Médio é algo mais que corriqueiro para os últimos governos estadunidenses.
Há algo que poucos analistas estão comentando, que é a repercussão disso na Turquia, liderada por um islâmico praticante e que não conta com muita simpatia de certa ala militar, cujos alguns membros estão na prisão por serem radicalmente contrários à posição que o governo turco adotou em relação à guerra civil na síria. Para os militares nacionalistas, a Turquia deveria se posicionar em favor do governo de Assad, e não dos opositores, integrados por muitos grupos islâmicos radicais, inclusive salafistas e da al quaeda.
Há, sim, um sério risco de um golpe de Estado (que a imprensa brasileira certamente não denominará assim) na Turquia.
Se por um lado isso favorecerá ao atual líder da Síria, que é dominada por um governo declaradamente laico (o governante é pertencente à minoria alauíta), por outro não facilitará a vida dos iranianos, aliados do governo sírio e que contava com a simpatia do governante deposto egípcio e do líder Turco.
Isso criará um nó difícil de elucidar a respeito da geopolítica na região.
O fato é que o novo presidente iraniano não encontrará uma situação muito cômoda, não, e deverá demonstrar ainda maior habilidade que o polêmico Ahmadinejad.
Veremos o que acontecerá no Egito, e não se esqueçam da Turquia, talvez o próximo alvo de uma ação orquestrada a modificar todo o jogo de poder no Oriente Médio e que está a deixar os analistas sérios de cabelos em pé.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

"O comandante deu um tiro na cabeça de cada um"

"Em depoimento, ex-militar dá detalhes de como um casal de estudantes foi assassinado no Rio de Janeiro durante a ditadura


Os estudantes Catarina e João Antônio Santos Abi-Eçab morreram em 9 de novembro de 1968. Até 2001, a versão da ditadura prevalecia: o carro do casal teria colidido com um caminhão na BR-116, próximo a Vassouras (RJ), e explodido por conta dos explosivos que eles supostamente carregavam no porta-malas. A mentira do regime foi desvendada por reportagem de Caco Barcellos, da rede Globo. A família autorizou a exumação do corpo de Catarina, e um laudo mostrou que ela havia sido morta com um tiro. Na época, o militar Valdemar Martins de Oliveira confirmou a execução dos dois, mas não disse quem as teria cometido.

Nesta quinta-feira 16, em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, Oliveira foi além. O ex-militar descreveu em detalhes a morte de Catarina e João Antônio e atribuiu o duplo assassinato a Freddie Perdigão Pereira. “O comandante da operação disse: 'esses aí não servem para mais nada'. E deu um tiro na cabeça de cada um,” descreveu o ex-militar.

O casal teria sido pego pelo Exército no bairro da Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro, e levado até uma chácara em São João de Meriti, onde ocorreu o assassinato. Eles teriam sido mortos após serem algemados e jogados no chão, com esparadrapos em suas bocas. Antes, ainda segundo Oliveira, teriam apanhado com tapas e socos. Um militar identificado como Miro teria apertado o pescoço do rapaz com um cinto. Pela versão de Oliveira, após dar um tapa em Catarina, Miro foi chamado por ela de covarde. Em seguida, a estudante apanhou até ficar desacordada. “Tiraram a roupa dessa moça, deram choques e bateram. Até que, em dado momento, ela já não respondia mais.”

Segundo Oliveira, o então soldado Guilherme Pereira do Rosário também estava presente. Rosário e Pereira participaram do ataque frustrado ao pavilhão Riocentro, mais de 10 anos depois. Na ocasião, uma bomba teria explodido e matado Rosário dentro de um carro antes de chegar ao local.

Trabalhos de espionagem

Oliveira conta que fazia trabalhos de espionagem para os militares antes da morte do casal. Ele afirma ter sido chamado para essas tarefas porque teve um bom desempenho em treinamentos anteriores, sendo o primeiro colocado da sua turma no Exército. No dia dos assassinatos, Oliveira diz ter protestado contra os outros militares. “Eu não concordava com aquilo. Então me pegaram pelo pescoço e me colocaram na parede. Diziam que eu era comunista, esquerdista, estava mudando de lado. E dali mandaram eu ir embora”.

Oliveira diz que queria voltar ao trabalho de militar normalmente, pois havia entrado no Exército para ser paraquedista. Segundo ele, no entanto, militares o buscaram na casa da sua mãe para que ele voltasse a fazer trabalhos de espionagem. Seu novo trabalho seria na zona oeste de São Paulo, onde havia vários bares. Oliveira conta ter se recusado. “Devido à minha insistência em não ir, começaram a me agredir dentro da casa da minha mãe, quebraram meus braços e agrediram a minha mãe”, conta. “No outro dia, fui embora dali porque prometeram que iam voltar e que a coisa ia complicar. E muita gente sabe o que significa a gente ir contra os ditames daquela época.”

Depois disso, Oliveira conta ter entrado na clandestinidade. Morou no Chile durante cerca de um ano e só reapareceu em 1978 no Brasil. Oliveira já havia prestado um depoimento fechado à Comissão da Verdade nacional, mas esta foi a primeira vez que contou sua história em público.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Brasil emprega 100 mil escravos bolivianos

O embaixador boliviano informou que cada operário boliviano ganha cerca de R$ 0,28 por cada peça de vestuário que confecciona.


Milhares de bolivianos estariam trabalhando em condições de escravidão em fábricas têxteis no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, denunciou o embaixador da Bolívia no Brasil em La Paz nesta sexta feira. Junto com parlamentares brasileiros, Jerjes Justiniano pediu um acordo entre os dois países para solucionar esta grave situação.

"Pode haver entre 50.000 e 100.000 bolivianos nesta situação de escravidão", disse o embaixador, durante uma reunião entre parlamentares dos dois países para analisar o problema.

Segundo o diplomata, esta informação foi obtida a partir dos registros utilizados pela delegação boliviana no Brasil, destacando que se trata de uma situação que os governos boliviano e brasileiro analisam cuidadosamente para implantar leis e políticas comuns.

"As condições destes trabalhadores são de escravidão. Até 18 horas por dia de trabalho, com condições sanitárias e de moradia que são absolutamente impróprias para pessoas do ponto de vista dos direitos humanos e trabalhistas", afirmou o deputado federal Walter Feldman (PSDB), em entrevista coletiva.

Em La Paz, Feldman explicou que o Brasil faz campanha para erradicar este tipo de escravidão no campo e nas fábricas.

O deputado informou que nos dois a três últimos anos, "tem havido uma migração diária de 700 a 800 bolivianos que entram no Brasil, tendo como destino especialmente São Paulo", onde são empregados na indústria têxtil.

O embaixador boliviano também informou que há dados de que cada operário boliviano ganha cerca de R$ 0,28 por cada peça de vestuário que confecciona e que esta peça se vende em até 100 reais.

"Vemos que tem gente que está ficando milionária às custas de umas quantas pessoas", acrescentou.

Justiniano destacou que uma breve investigação na Bolívia permitiu detectar na cidade de El Alto, vizinha a La Paz, "agências de emprego onde se recrutam os migrantes e é impressionante que a polícia boliviana não faça nada".

Cinco parlamentares brasileiros que integram uma Comissão Parlamentar de Inquérito estão na Bolívia para ampliar suas indagações sobre o tráfico de pessoas com destino a fábricas têxteis em grandes cidades do Brasil.

Os legisladores se reuniram com colegas bolivianos, organizações sociais e empresários, denunciando que podem estar em funcionamento redes de tráfico de pessoas que captam mão de obra para enviar ao Brasil.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

LIBERDADE II

Podemos navegar no oceano imenso e estar acorrentados. E também podemos estar livres e apenas olhar o oceano ao longe, bem distante. A liberdade nunca será plena, assim como a prisão. Nós é que temos que ser capazes de almejar a liberdade, sob correntes ou não. Ditaduras existem. Crueldade também. O que não podemos fazer é deixarmos amordaçarem nossa alma e a nossa capacidade de sonhar e enxergar, a maior liberdade que temos.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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