quarta-feira, 29 de julho de 2015

OS CAMINHOS DE DAMASCO

Até o final do ano publicarei aqui, dividido em 4 partes, um texto sobre a guerra da Síria e a situação das crianças, mulheres e refugiados. Não percam.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

DOS LIVROS PARA AS RUAS


Numa livraria, alguns dizem que descobrem mundos e sonhos. No meu caso, recentemente descobri historias reais, cruéis e tristes.
Foi em Montevideu. Ano de 2015, as vésperas do presidente Pepe Mujica passar o cargo para Tabares Vasques.  
Estava procurando livros usados sobre as ditaduras no Cone Sul. Foi só expor o tema que buscava que o livreiro se transformou em um mestre de história.
Exilado político,  líder estudantil na juventude, o senhor de terno, com mais de sessenta anos e cabelos tingidos de preto,   esclareceu muitas coisas sobre a politica passada e atual, inclusive do Brasil.
E olha que entendo um pouco do que aconteceu nesse nosso continente na segunda metade do século passado. 
Não sabia que o Brasil por muito pouco não invadiu o Uruguai  nos anos 70, devido ao sequestro de seu embaixador no país vizinho. E contava com o aval do Tio Sam.
Também desconhecia que muitos latino americanos sempre acreditaram haver uma forte tendência fascista no nosso País. 
O que mais me fascinou foi a visão clara, arejada e humanista que esse senhor expôs sobre o que deve representar a esquerda atual. 
Preocupação com o ser humano e as minorias é o básico para que se tenha visão esquerdista,  mas sem se esquecer dos anseios da atualidade e da ética. Como disse esse uruguaio, a esquerda não foi feita para ocupar o poder e se corromper, como todos. Cabe à esquerda propor a utopia, os ideais e lutar pela sua implementação. E se vier a ocupar, deve sair logo, para evitar também a corrupção do sentimento daquilo que defende.
Não precisava dizer mais nada.
O PT fez bobagens e o PSDB também fez as suas e esqueceu muito daquilo que defendia. Esquerda? Nos restam poucos partidos. A maioria prega muito e faz quase nada.
Uruguai. Livraria de usados. Dos sonhos para a realidade em um passo. Isso é  história que saltou da narrativa dos livros para uma aula repleta de atualidades.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

RECANTOS DA LEITURA

Recentemente fiz uma viagem ao Uruguai e também tive uma breve passagem pela Argentina, países vizinhos e irmãos, mas ao mesmo tempo bem diferentes de "nosotros".
É incrível o número de livros editados naqueles países. E, mais, o número de livrarias. Sempre que posso, vou fuçar nos sebos atrás de algum livro de tema que gosto.
Também é formidável o número de "quioscos", bancas de jornais, espalhadas naqueles países. E não têm comida. Têm revistas e livros, diferentemente daqui, que preferiu tornar as bancas uma pequena espécie de loja de conveniência.
Não é a toa que os cinemas argentino e uruguaio são superiores ao brasileiro, ao menos em relação aos roteiros. Lá se lê bastante, muito, o que facilita a criação e a roteirização de histórias, reais ou fictícias.
Também é incrível como as pessoas de lá são bem informadas politicamente.
É certo que também podem servir de massa de manobra, mas possuem uma capacidade mais aguçada de reflexão sobre a realidade que se vive. E tudo isso graças aos livros, revistas e jornais que são lidos.
Adoro viajar tanto na leitura quanto para aqueles cantos ... também de leitura.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

RESIGNAÇÃO

Aceitação, sem revolta, dos sofrimentos da existência.
Clique aqui para ver o vídeo, clique diretamente no vídeo abaixo ou vá no endereço
https://www.youtube.com/watch?v=Q6iVLRM_SpY&feature=youtu.be

quarta-feira, 1 de julho de 2015

CANUDOS, O DESPERTAR DA DIGNIDADE

Texto publicado originalmente no blog OLHARES HUMANOS. Clique aqui para acessar a página ou, se preferir, acesse o link https://olhareshumanos.wordpress.com/2015/06/25/canudos-o-despertar-da-dignidade/
 
 
Canudos era uma cidade que se situava no interior baiano, em plena caatinga, e que chegou, já no fim do Século XIX, a ser a segunda maior cidade do estado em número de habitantes. Só perdia para Salvador.
À época da guerra de Canudos, uma longa estiagem atingiu o nordeste brasileiro e muitos desempregados foram atrás do líder messiânico Antônio Conselheiro, que por volta de 1893 optou por se estabelecer no local que denominou de Belo Monte, posteriormente chamado de Canudos.
Os latifundiários locais e a Igreja não suportaram a perda de vaqueiros e de fiéis para um líder Messiânico que prometia o Paraíso com montanhas regadas a leite e mel. Viam nele um perigoso líder revolucionário. Graças a essa pressão, a polícia baiana atuou contra o Conselheiro e seus seguidores. Posteriormente, o governo central foi compelido a intervir e, após quatro batalhas, pôs fim ao arraial de Canudos.
Canudos foi queimada por militares republicanos brasileiros em 1897, sob a presidência de um civil. Depois foi reconstruída. Por fim, restou inundada em 1968, em plena ditadura, para a inauguração do Açude de Cocorobó.
A Canudos verdadeira, a de Conselheiro, está quase toda submersa. Uma parte da antiga fazenda Canudos ainda sobrevive à beira do açude, sendo conhecida como Velha Canudos. Mas, mesmo exterminada, ela ainda consegue nos revelar muitas coisas a respeito do Brasil e do seu povo, de nossa política e costumes.
Cerca de 30 mil almas foram dizimadas naquele local. Após a guerra, houve a degola dos que se recusavam a dizer viva a República, muitas crianças sobreviventes foram adotadas ilegalmente, como se fossem troféus dos vencedores, e outras ainda foram prostituídas ou conduzidas ao trabalho infantil.
Foi graças à guerra de Canudos que começamos a conhecer as hoje chamadas Comunidades, termo utilizado não para dignificar, mas para camuflar a tristeza histórica das Favelas. Para quem não sabe, foi no morro da Favela onde os militares avistaram pela primeira vez Canudos, com suas casas construídas uma próxima à outra com traçados irregulares. Ao fim da guerra, muitos dos soldados, também pobres, voltaram aos morros no Rio e perceberam a semelhança do local com a Canudos da guerra, e passaram a denominar o conjunto de casas onde moravam de Favela, termo que ficou associado aos aglomerados de casebres muito pobres, construídos sem muito espaço e em traçados irregulares, nas encostas de morros. O termo se popularizou no Brasil e hoje é conhecido mundialmente.
Ainda pouco sabemos das adoções irregulares havidas, bem como da prostituição de muitas meninas e da exploração do trabalho infantil das nossas crianças órfãs de Canudos. A forma de tratamento das crianças de Canudos simboliza bem a marca de desconsideração pela infância que o País ainda traz consigo.
E quase nada se tem conhecimento das ações que os governos das províncias e central adotaram para evitar a leva de milhares de pessoas pelas estradas, os famosos retirantes, em busca de água e comida, situação que hoje se enquadraria na categoria de deslocados internos, ou seja, refugiados.
É bom recordar que em 1897 não se discutiam os direitos humanos no Brasil e a Constituição vigente era a Republicana de 1891, que previa tão somente direitos civis na forma de declaração de direitos nos seus artigos 72 a 78.
A brutal invasão militar de um local de moradia de 30 mil pessoas, o massacre havido nos combates, a degola em massa dos conselheiristas após a vitória das forças federais, a utilização das crianças órfãs de Canudos para a prostituição, a adoção ilegal, o trabalho infantil e a desconsideração pelas pessoas que eram obrigadas a vagar por estradas em busca de água ou comida revelam o total desvalor da vida humana. Todos eram brasileiros pobres e humildes, inclusive os militares de baixa patente das forças republicanas.
Antes da guerra não havia fome, prostituição ou trabalho infantil, nem favelas, mas apenas casas humildes, em Canudos. Hoje, a cidade que leva esse nome e que sedia o Parque Estadual de Canudos e também o Memorial Antônio Conselheiro, é repleta de jovens dependentes de drogas, incluindo o álcool, enquanto outros infantes trabalham e muitas outras crianças alugam o corpo aos caminhoneiros que vêm recolher bananas plantadas à margem do açude.
A República, ao invés de levar dignidade aos recantos mais humildes de nossa terra, foi capaz de deixar as marcas da podridão e da desumanidade. Massacrou a dignidade humana, e isso não pode ser esquecido por nenhum brasileiro.
O que ocorreu em Canudos é desconhecido pela grande maioria de brasileiros e não serviu de marco em busca da dignidade humana. Mesmo após esse triste evento, o Estado praticou e ainda continua a praticar barbaridades, seja na Candelária, em Eldorado de Carajás ou em tantos outros locais do nosso Brasil. O que falta e se faz prioridade absoluta é a cultura de Direitos Humanos, a começar pelas próprias instituições republicanas.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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