As Coreias podem ser
reunificadas?
A pergunta é um tanto
aberta e a resposta óbvia é sim, podem. Mas, ainda que seja possível, a
reunificação seria viável? Você verá a resposta ao final do texto.
Vamos ao histórico. Trata-se
de dois países artificiais, oriundos de um só, a Coreia.
O primeiro reino coreano
data de 2 mil antes de Cristo, segundo uma lenda não confirmada pela história.
A unificação dos 3 reinos teria ocorrido, de fato, no ano 57 Antes de Cristo. A
Coreia foi invadida pelo Japão por diversos períodos e se tornou colônia japonesa
de 1910 a 1945. Com a rendição do Japão na segunda guerra, a Coreia foi dividida em duas áreas. Ao norte era protegida pela
União Soviética e ao Sul pelos Estados Unidos. Em 1950 a Coreia do Norte tentou
reunificar o país e deu início à guerra. Em 1953 adveio um cessar-fogo que
perdura até hoje, com a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista.
Houve várias tentativas
de reunificação. Atualmente, o presidente sul-coreano Lee Jae-myung, desde a
sua posse, manifestou interesse em manter conversas sobre a unificação dos países,
mas realça que não se trata de absorção de um país pelo outro, mas sim de coexistência,
sem pretensão de mudança de regime.
Considerando os dados sobre
os países, sejam econômicos, tecnológicos, militares e geopolíticos, a
unificação poderia ser possível se houvesse um sistema ao estilo chinês, onde Hong
Kong e Macau, por exemplo, têm sistemas econômicos um pouco diferentes do
restante do país. A reunificação das Coreias exigiria um investimento massivo
da Coreia do Sul na industrialização do Norte, mas respeitando as diferenças. De
outra forma, sem respeito às diferenças vitais, haveria uma indubitável
absorção de uma Coreia pela outra.
A Coreia do Norte é um
país altamente tecnológico na área militar, mas não tem grandes indústrias e
possui uma economia frágil. O seu líder é herdeiro de um herói de guerra. Tem
uma economia comunista peculiar, diferente daquela existente na antiga União
Soviética ou na China. Seu grande aliado é a Rússia. Já a Coreia do Sul é um
país que foi incorporado ao conceito abstrato de grande ocidente, tendo como
aliados o Japão, os Estados Unidos e os países europeus.
A reunificação das
Coreias seria algo humanitariamente e historicamente espetacular, mas há
interesses que dificultam que famílias separadas pelas grandes potências possam
se reencontrar.
Os maiores obstáculos à reunificação não são as diferenças políticas, sociais e econômicas, que são contornáveis, como visto acima, desde que respeitadas as peculiaridades. Afinal, são países com uma mesma cultura e um só povo. A reunificação poderia tornar a Coreia uma potência espetacular, unindo o que cada um dos países tem de melhor, como ocorreu com a Alemanha após a queda do muro de Berlim. Seria, assim, motivo de preocupação para o Japão, a Rússia, a China e os Estados Unidos. E está aí o maior obstáculo à reunificação, interesses estrangeiros, a geopolítica.