Demorei a envelhecer, não fisicamente, mas mentalmente.
O envelhecimento físico se demonstrou através de uma série de ocorrências desde os 40 anos, mas mentalmente ainda me sentia jovem. Jovem, mesmo!
Agora, já percebo que o relógio cronológico da vida pode parar a qualquer instante. O meu físico está, cada vez mais, em processo de retração. Mas isso é fisico.
Mentalmente, percebi o avanço do tempo e a visão que tenho do mundo já não é tão ingênua e otimista. Estou realista. Vejo o mundo sob outra ótica. Já não tenho medo dos desafios, pois sei que eles são inerentes à própria vida e não tenho medo de reagir à altura com os prepotentes e arrogantes, pois sei que não há donos do mundo, ao menos não no nosso patamar de insignificância.
O envelhecimento mental pode ser traduzido como uma espécie de cansaço, não necessariamente em relação à vida, mas em relação à sociedade e às adversidades que ela impõe.
Dizem que esse tipo de envelhecimento traz a sabedoria. Morremos com ela, levando-a em nossa consciência astral para uma nova etapa, àqueles que crêem em reencarnação. Aos que não crêem na vida reencarnatória, a sabedoria, que não é material, desapareceria conosco.
Ironicamente, pela mera leitura da grafia do termo (saber + dor + ia), e não pela etimologia da palavra, pode-se dizer que a sabedoria significa a possibilidade de saber com muita dor, o que faz sentido. Não se adquire conhecimento e sabedoria sem o sofrimento, o pesar, ainda que da idade.