(escrevi esse texto na terça, antes do ataque dessa quinta)
Embora muitos analistas digam que a Ucrânia esteja entrando em colapso, o que significa que, com a proximidade do fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, a OTAN e principalmente os Estados Unidos possam destinar mais armas e apoio logístico e de inteligência a Israel, esse é o pior momento para um confronto desse país com o Irã.
Israel está em baixa no quesito moral, e esse é um fator importante e até imprescindível para manter a união das forças armadas e o apoio da população.
Se Netanyahu atacar o Irã nos próximos dias, semanas ou meses, poderá enfrentar sérios distúrbios internos, ao estilo do que ocorre nos Estados Unidos. Não se trata bem de revolução colorida, promovida por agentes de países estrangeiros, mas de insatisfação crescente da população quanto à economia em crise e à imagem negativa de Israel perante grande parte da comunidade internacional. E não se duvide de um ataque mortífero, e até suicida, contra Netanyahu, promovido por agente militar de seu país ou de algum civil israelense.
Um país dividido não é capaz de enfrentar um inimigo externo, ainda mais como o Irã, maior e mais forte que o já não todo poderoso exército israelense.
O Irã possui mísseis capazes de atacar qualquer ponto de Israel e liquidar suas bases militares e aéreas, mas há uma arma doméstica que poucos imaginam que poderia utilizar em ataques e que podem ser importantes para liquidar a força naval israelense, os seus mini submarinos. Aniquilando as forcas aérea e naval israelenses, deixaria o exército daquele país suscetível a uma eventual invasão, fragilizando totalmente a defesa daquele país a um confronto com o ora quieto Hezzbollah libanês e até a milícias iraquianas, isso sem falar no enorme exército iraniano.
Não se esqueça dos terroristas financiados pelo ocidente que estão comandando a Síria e que, em uma situação de fragilidade de Israel, podem aproveitar a oportunidade e, com o apoio sutil da Turquia, invadir aquele país, visando aumentar a aceitação popular síria e garantir uma preponderância turca no xadrez geopolítico regional.
Por outro lado, o Irã sabe que durante a guerra sofrerá com ataques internos de células terroristas treinadas pelo ocidente e Israel, que o ocidente tentará promover mais uma revolução colorida visando o colapso político e que sua economia poderá sofrer ainda mais.
A guerra provocará danos aos dois países, não interessando ao Irã, mas menos ainda à propria sobrevivência de Israel. Quem ganha com essa guerra é a Turquia, uma grande manipuladora das forças que comandam hoje a Síria.
A guerra só servirá a Israel para, em um primeiro momento, tentar esconder os crimes praticados contra os palestinos. Porém, a guerra de Israel contra o Irã poderá provocar uma grande intifada na Cisjordânia e a retomada de ataques do Hamas e outros insurgentes a Tel Aviv.
O xadrez geopolítico de hoje já não é o mesmo de ontem e poderá sofrer mudanças drásticas com uma guerra suicida de Israel.
Embora não interesse propriamente a Israel, a guerra atende a interesses pessoais de Netanyahu e aos partidos extremistas que o apoiam, ou seja, à manutenção do poder político e à expansão territorial de Israel, sem oposição aberta de nenhum país na região.
Não vislumbro, como consequência dos ataques insanos de Israel ao Irã, uma Terceira Guerra Mundial, mas uma crise sem precedentes no Ocidente e em seu território avançado no Oriente Médio. Os acontecimentos e o tempo nos dirão.