Caso os bombardeio propagandeado como espetacular pelos Estados Unidos, envolvendo mais de 120 aeronaves, contra três das usinas nucleares iranianas seja considerado suficiente e os Estados Unidos cessem os bombardeios, muita coisa, ainda, pode acontecer.
A principal é o provável fechamento do estreito de Ormuz, já autorizado pelo Congresso nacional iraniano e que depende da análise do alto comando militar daquele país. Como 20% do petróleo mundial passa por ali, isso significará um aumento no preço dos combustíveis e uma recessão econômica mundial prolongada. Isso, porém, não interessa à China e afetaria também os Estados Unidos e os países ocidentais.
A segunda é uma incógnita sobre o efetivo desmantelamento do desenvolvimento da capacidade nuclear iraniana, já sabedora - há tempos - do alcance das bombas lançadas pelos Estados Unidos.
Terceiro é a possível continuidade da guerra contra Israel e o agravamento do conflito, agora ainda mais cirúrgico. Nessa hipótese, parece provável que China e Rússia atuem discretamente na ajuda ao Irã, enquanto Estados Unidos, Grã-Bretanha e França continuarão a apoiar militar e estrategicamente Israel.
Trump pode ter agido comedidamente, cedendo aos que queriam a intervenção e ouvindo os que não desejavam o efetivo envolvimento militar estadunidense na guerra que não lhes diria respeito. Agiu rápida e brutalmente e saiu de cena, de forma a agradar a sua base eleitoral, então dividida. É o que parece ter ocorrido. Porém, em se tratando de Donald Trump, sempre é possível haver uma surpresa desagradável a qualquer instante.
O Irã não queria a guerra. Sofrendo sanções há longa data, desejava fôlego para a sua economia combalida. Netanyahu, ao contrário, embora negue ter sofrido importantes danos, principalmente nas grandes cidades, com quartéis militares e de inteligência destruídos, mandou sua frota de caças para uma base da OTAN na ilha de Chipre, na costa mediterrânea, a fim de preservar sua força aérea para um conflito prolongado. A questão é saber se as economias israelense, já enfraquecida por dois anos de guerra, e iraniana aguentarão meses ou anos de combate, como o que ocorre na Ucrânia.
Os Estados Unidos de Trump pensam muito no aspecto econômico e não lhe interessa o envolvimento em guerras prolongadas.
Netanyahu não sai mais forte, embora pose como tal. O regime iraniano sai enfraquecido aos olhos do ocidente. A realidade restará mais clara aos poucos, quando houver menos propaganda e censura de todos os lados envolvidos. Por enquanto, a análise se faz com os elementos confiáveis disponíveis, que não são muitos.