https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/11/promotoria-relata-casos-de-tiro-a-curta-distancia-e-decapitacao-entre-mortos-de-megaoperacao-no-rio.shtml
A manchete do jornal Folha de São Paulo revelou dias atrás que o mais novo episódio da chacina no Rio esconde verdades que o governo carioca não deseja revelar.
Primeiro, tudo leva a crer que realmente foi uma grande chacina. O número de mortos, os tiros a curta distância e até a decapitação havida permitem concluir isso, além das facadas.
Mais. É possível que entre os policiais houvesse membros de quadrilhas rivais, como milicianos, o que evidenciaria ação articulada para executar os inimigos do comando vermelho. Desde o início sustentei essa possibilidade em razão da existência de circunstâncias próprias de vingança.
Se a população quer paz, é com inteligência, silêncio e muita ação que a polícia deve agir, e não com uma ação que visou chamar a atenção e revela muito do governo carioca.
A ação foi um fracasso total. Gastou dinheiro público e qual foi a eficiência da ação? Ela não prendeu nem eliminou os chefões ou os intermediários do comando vermelho. Ela não afetou o financiamento e o comércio ilegal da organização. Ela também não eliminou o controle do Comando Vermelho sobre a comunidade envolvida ou parte dela.
Por outro lado, o governo do Rio tem procurado evitar, para não usar o termo criar obstáculos, que a Justiça impeça que empresas ligadas ao crime organizado continuem a atuar.
De um lado, a pirotecnia populista. De outro, a evidência de que o executivo carioca não age de forma efetiva a combater o crime organizado. Ao contrário. Em certos momentos age para garantir o financiamento ao crime organizado. Mesmo assim, com toda a hipocrisia evidenciada, o governador do Rio foi homenageado no Congresso Nacional.
E toda essa orquestração tem sido utilizada por políticos para proteger eles ou outros políticos de investigações pela Polícia Federal, justamente o órgão policial mais especializado no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro.
É revoltante tudo isso. As ações do crime organizado e da bandidagem revoltam, assim como a ligação de alguns presidentes de partidos (segundo a polícia federal e a mídia independente) com o crime organizado. Revolta ainda mais saber que o trabalhador continua exposto às ações do crime, das milícias e de outras organizações de bandidos.
Também revolta que políticos tentem achincalhar a legislação e os termos técnicos para transformar organizações criminosas comuns, de bandidos, em organizações terroristas, onde existiria um ideal, ainda que contestável e serviria a possíveis manobras intervencionistas estadunidenses.
O ideal visado pelos políticos corruptos e pelas organizações criminosas é um só, o dinheiro. A população e o país, para eles, pouco importam. Quanto mais bagunçado e emotivo for o trato com a questão do crime organizado, melhor para eles. Solução alguma efetivamente, mas muita propaganda.
O crime organizado é inimigo do Estado Brasileiro. Para ele, quanto menos Estado, melhor. Quanto mais iniciativa privada, melhor, pois poderá extorquir a população monopolizando serviços. Para eles, também quanto mais corrupção, melhor.
Quem perde com isso é a população, que continua exposta à violência do crime organizado nas ruas e em casa e à ineficiência policial, e também o país e suas instituições republicanas. As milícias crescem no país e a mídia se cala. Mas o que mais assusta é que o crime organizado cresce rapidamente no país e nos poderes legalmente constituídos. A coordenação centralizada pela União e a ação da Polícia Federal, órgão reconhecidamente competente e eficiente nesses tipos de investigações, é de rigor. Se deixada aos cuidados de cada Estado, o crime se sedimentará não apenas nas comunidades e ruas, mas nos arranha céus de certas instituições financeiras e nos palácios de governo e prédios públicos. São interesses comuns que unem organizações criminosas, políticos corruptos e os Estados Unidos. Para esse último, quanto mais crime organizado e menos Estado houver nos outros paises, melhor, pois menos capacidade de crescimento econômico e social esse país terá.
O merecido e esperado lugar dos membros dessas organizações, dos políticos corruptos e dos vendilhões da pátria é um só, cadeia!