A imprensa tem demonstrado que o mundo já se cansou das guerras, ao menos daquelas próximas dos países ricos. Já aquelas na África, Ásia e Oriente Medio, a imprensa mal relata o número de civis mortos e os danos. Quando muito, fala dos refugiados, mas observe bem, daqueles que estão querendo ingressar nos países ricos.
Como se vê, mesmo para a grande imprensa brasileira, o que tem predominado é a preocupação com os países ricos, coisa que não somos e estamos muito distantes de sê-lo.
A mídia brasileira segue essa orientação traçada pelas agências de notícias ligadas aos países ricos, como França, Inglaterra e Estados Unidos. O faz por ser fácil e mais barato, sem que tenha que mandar um correspondente para o local. Mas também o faz por ser preguiçosa e não procurar diversificar as fontes de informação e pesquisar a respeito. O resultado é que a grande massa de brasileiros é massificada e seduzida por um ponto de vista tendencioso dos países ricos.
Mesmo sendo pobres, acabamos adotando o mesmo ponto de vista daqueles que ganham dinheiro exportando armas e manipulando grande parte da população mundial.
E mesmo diante de tal circunstância, a politica externa brasileira sempre primou pela paz e diálogo e, nos últimos anos, vinha se pautando por uma certa (pequena) independência em relação aos Estados Unidos.
Hoje, com a votação na Assembleia Geral das Nações Unidas, percebemos que diversos pequenos países estão cansados da política externa determinada pelas ações de países ricos da Europa e dos Estados Unidos e Canadá. A maior parte dessas Nações que se abstiveram em votação contra a Rússia é da África, um continente que convive com guerras, fome, pobreza e discriminação pelo chamado "ocidente", como se autodenominam os países ricos. Países da Ásia também se abstiveram e manifestaram distanciamento dos posicionamentos dos países ricos.
Mais vigorosos foram os posicionamentos de Cuba, Síria, Eritreia e Coreia do Norte, que votaram contra.
Os nossos importantes parceiros dos BRICSs, China e Índia, também se abstiveram na votação pelo Conselho não permanente de Segurança da ONU.
Diante dessas circunstâncias, ao mesmo tempo em que um bloco demonstra cansaço de tantas guerras (localizadas, evidentemente) e outro um cansaço em relação às políticas estadunidenses, o Brasil poderia avançar em prol da paz duradoura.Esse tem sido o papel do Brasil. Mas agora poderíamos fazê-lo como liderança. O que nos falta, no entanto, para ocupar esse posto são duas coisas. Uma é a visao e vontade de fazê-lo. Outra, a mais importante, é a liderança moral, que foi perdida com o papel de pária que o Brasil assumiu em relação ao meio ambiente, em especial ao que diz respeito à Amazônia.
Talvez o Brasil volte a ter respeito e admiração dos demais países. E se voltar, já deve articular com China e Índia um plano de pacificação forçada nos conflitos mundo afora e de abertura de mesas de diálogo, antes, durante e depois de cada conflito, com a participação e mediação de membros dos BRICSs.
Os BRICSs, embora não sejam um organismo militar, têm muito a influenciar na geopolítica, ainda que um de seus membros esteja sendo tratado como pária, no caso a Russia. Os demais assumem importância global indiscutível. A China, muito em breve, assumira formalmente o papel de maior economia do globo. A Índia crescerá no rol das maiores economias. A África do Sul é um dos países militar e economicamente mais importantes da África. E o Brasil poderá restaurar a sua importância perdida no mundo diplomático e se posicionar e dar outras opções pela busca efetiva da paz, sem deixar que os interesses das grandes potências sirvam para decidir a favor ou contra Nações, passando a buscar sanções econômicas razoáveis e almejando outros tipos de penalidades que não sacrifiquem as populações.
O mundo teria muito a ganhar com essa liderança brasileira, com o apoio da China, Índia e demais países menos ricos da Ásia, América Latina, África e Oceania, e até de alguns países europeus, e a paz poderia reinar de forma mais intensa e duradoura.
Vamos esperar o novo governo para vermos como nos posicionaremos em relação ao meio ambiente e nas questões internacionais. Talvez tenhamos surpresas agradáveis em busca da paz e como líderes desse processo.
Essa nova ordem mundial, ao contrário do que anda dizendo a grande mídia, não virá pela força beligerante, mas pela capacidade de articulação política pela paz. É o que a ampla maioria dos países busca e é o que o Brasil tem conhecimento e capacidade de fazer, mais do que qualquer outro.
Que nessa Nova Ordem Mundial o Brasil reine em busca do equilíbrio, Justiça e Paz, dando aos seres que habitam esse mundo a oportunidade de viver e buscar a felicidade!