A empresa Alphabet Inc., proprietário do Google e demais empresas do grupo, como o YouTube, proibiu a veiculação de empresas de mídia estatais russas, como RT, Ruptly e Sputnik, em todo o planeta, incluindo o Brasil.
Essa punição de uma empresa privada como a Alphabet a veículos de comunicação da Rússia já poderia ser questionável se ocorresse em território dos Estados Unidos e de países europeus se essas Nações tivessem aplicado e previsto esse tipo específico de sanção. Ao que parece, esse tipo de sanção não teria sido aplicado pelos governos. Mas, mesmo que tivesse sido aplicada pelos governos e não apenas pelas empresas detentoras dessas plataformas, já seria questionável porque não teria respeitado qualquer direito de defesa dessas empresas, simplesmente retirando-as do ar, trazendo prejuízo financeiro a esses conglomerados de mídia e prejuízo informativo aos seus seguidores.
Agora, é absolutamente inadmissível que esses canais sejam retirados da plataforma em todo o globo, como no Brasil, que não aplicou quaisquer sanções contra a Rússia, violando a nossa legislação, e em especial a nossa Constituição Brasileira, que assegura o direito à informação e à liberdade de informar.
Os Estados Unidos, ao deterem grandes plataformas de mídia, como Google, YouTube, Facebook, Instagram, dentre outros, monopolizam o acesso à informação global, prejudicando o que eles justamente dizem pregar, a liberdade de imprensa e de acesso à informação. Se formos ver a forma pouco democrática dessas plataformas e empresas, verifica-se o perigo que representa essas empresas estarem ligadas a um só governo e a uma só ideologia.
O que essas plataformas estão fazendo é ditar uma só "verdade", impedindo um contraponto e a própria liberdade de informação, que já foi tão cara as Estados Unidos e Europa.
Por mais que sejam repreensíveis a invasão da Ucrânia e a morte de civis, há que se permitir que a Rússia apresente as suas versões e as provas que diz ter sobre a produção de armas biológicas pelos Estados Unidos em território ucraniano e a participação de forças neonazistas no exército ucraniano, que inclusive estaria praticando tortura contra soldados russos que foram presos.
Se uma guerra em solo europeu nos comove, por lá ter sido local do início das duas grandes guerras mundiais do século passado, não se pode esquecer que não é a única guerra existente na atualidade, havendo diversas outras na África e Ásia, incluindo aí o Oriente Médio com a barbárie de mortes de dezenas de milhares de civis há longos anos na Síria e no Iêmen, com o aval expresso dos Estados Unidos e de nações integrantes da OTAN. Isso sem falar nas guerras do Iraque, promovidas pelos Estados Unidos e OTAN e que mataram mais de 600 mil iraquianos.
Os Estados Unidos não precisam mais das indústrias multinacionais para ditar moda e tendência. O que ele controla, hoje, é muito mais poderoso, que são as plataformas digitais, sites e redes sociais que "filtram" notícias e tendências e são capazes de manipular não uma população localizada, mas a população de quase todo o globo.
Ao mesmo tempo, é vedada a participação da Rússia em eventos esportivos e proíbe-se ou adia-se, em todo o mundo ocidental, incluindo aí o Brasil, a exibição de produções artísticas e culturais russas, ao mesmo tempo em que russos no geral são demonizados nas ruas da Europa e Estados Unidos.
O que se produz contra a Rússia, hoje, e a que assistimos silentemente, é também um crime contra a humanidade e que deve ser repudiado por todas as Nações sérias e independentes do globo.
Se a Rússia errou ao invadir a Ucrânia, que tal circunstância seja apurada e sejam aplicadas as sanções legalmente previstas, após a devida apuração, buscando-se, sempre e desde ontem, a imediata e necessária pacificação, a fim de preservar vidas, bem maior da humanidade.
É errado haver torcidas para um ou outro lado. Guerra alguma necessita de plateia. Necessita, sim, de pessoas que busquem a paz imediata, evitando-se a morte de pessoas e o alastramento da crise econômica que já está a demonstrar força.
Essa guerra e as sanções interessam a quem busca fragmentar a Rússia e abalar a crescente e poderosa economia chinesa, mas mais ainda a quem busca controlar a informação que circula no globo. Ou todas as Nações dão um basta imediato a essa censura e cerceamento ao direito a produzir e ter acesso à informação, ou todos ficaremos reféns, desde já, de uma informação de viés único, ainda mais tendenciosa e manipuladora em prol dos interesses geopolíticos, sociais e econômicos das potências econômicas ocidentais, em especial os Estados Unidos.
Hoje, são as potências ocidentais, com medidas autoritárias e de cerceamento à liberdade e à ocultação à apuração das informações de ações ilegais dos Estados Unidos em território ucraniano e de ações dos neonazistas em território ucraniano, um grande risco à humanidade e à sua liberdade, como o foram os nazistas há exatos 70 anos.
Mas a Rússia também não pode passar impune quando cerceia manifestações a favor da paz e censura a sua mídia que se opõe à guerra.
Não se está, aqui, a se defender a Rússia, a Ucrânia, os Estados Unidos ou a OTAN. Se está aqui a defender o direito de informação, de quem produz e de quem acessa.