A guerra do Iraque, em 1991, foi
a primeira a ser televisionada, com imagens e cobertura ao vivo.
A guerra, a partir de então,
passou a ser vista do ponto de vista dos ataques aéreos e de mísseis, longe das
crianças, mulheres, idosos e jovens atingidos.
Via-se o míssil sendo enviado,
mas não se viam as vítimas.
O ser humano, acostumado à frieza
da tevê, não compreendia as imagens fortes e pesadas que recebia e as via como
se tratasse de um jogo de vídeo game, desumanizando-a.
Duas grandes guerras mundiais não
foram suficientes a sensibilizar os governantes e as pessoas dos perigos e das
atrocidades de qualquer guerra, mesmo a mais rápida delas.
Não há apenas sangue nas guerras,
há fome, sede, perda de familiares e amigos. Há, acima de tudo, medo e terror!
Foi com a segunda guerra do
golfo, em 2003, com a cobertura da AlJazeera, que a guerra sob a ótica das
vítimas foi exposta ao vivo na tevê.
Na guerra da Ucrânia, cada parte
utiliza a mídia a seu favor, não só divulgando Fake News ou as notícias que
lhes sejam melhor, mas sob um enfoque que lhes agrade.
Enquanto a Rússia mostra a guerra
ao longe, do ponto de vista dos armamentos, como os Estados Unidos sempre
fizeram em suas guerras, o outro lado, da OTAN, Estados Unidos e potências
ocidentais, inauguram em suas coberturas o jornalismo humanista, mostrando as atrocidades
à população ucraniana. São as imagens que convêm às partes.
Os Estados Unidos, sempre frio em
suas coberturas, dessa vez tornou-se humanista. A Rússia, às vezes
condescendente com os Estados Unidos, às vezes crítica, mostra no conflito da
Ucrânia o lado profissional de suas forças, tentando apagar o humano que é alvo
dos ataques.
Nas guerras não há Santos nem heróis.
Há sangue e o pior que o ser humano pode ver ou sofrer. Há, em quaisquer delas,
vidas humanas em jogo, atordoadas e desesperadas pelos horrores provocados
pelos humanos.
Que as imagens, seja daquela
fotografia da pequena vietnamita Kim Phuc Phan Thi, correndo com grande parte do corpo queimado por bomba napalm,
seja do pequenino sírio que procurava refúgio, Aylan Kurdi, com o corpo
estirado em praia turca, seja do pai que tentava proteger seu filho dos tiros com o seu próprio
corpo na guerra da Palestina, seja dos ucranianos, quaisquer eles, possam
comover a humanidade para pedir o banimento das armas atômicas e das
organizações militares internacionais.