Ontem tratei da preguiça e da Era da Estupidez. Embora lute contra a estupidez e prime pela crítica, a começar pela autocrítica, não nego que ando cada vez com menos energia, menos produtivo, mais lento e preguiçoso.
Os Espiritualistas dizem que isso é um sintoma generalizado. Outros relatam que isso seria uma sequela de quem teve covid-19. Eu ouso dizer que isso é cansaço de ver esse mundo tão idiotizado. Cansa ver tanta comida e, ao mesmo tempo, tanta fome. Cansa ver de um lado o progresso científico e, de outro, pessoas largadas ao chão sedentas por fumar o último cachimbo de suas drogas ou presas ou abandonadas por possuírem problemas de ordem mental.
Um Estado presente poderia solucionar muitas das necessidades humanas. Não que o Estado tenha que ser provedor de absolutamente tudo, mas o Estado tem que ser o garantidor do mínimo para que o ser humano alcance o bem estar espiritual, mental e físico. O Estado tem que garantir uma paridade, um equilíbrio, sem adotar qualquer sistema econômico para si. Ele não pode se pautar por um sistema econômico. O Estado tem que se pautar pelas necessidades humanas. O Estado tem que garantir saúde e educação, bem como o direito à moradia. Mas não pode confundir moradia com sistema capitalista, de apropriação. O Estado não tem que ser garantidor de sistema econômico algum, mas cumprir o seu papel. O direito à moradia é um direito humano, mas isso não se confunde com propriedade. A moradia tem que ser garantida a todos, desde o morador de rua, a quem mora em uma favela até a quem tem posses.
Moradia é o direito de morar, não o de deter a propriedade do bem. Assim, o direito que tem que ser assegurado é o de morar. Fazendo assim, amplia-se o leque de casas para moradia.
Quando o Estado confunde moradia com propriedade passa a defender um sistema, em detrimento de suas responsabilidades, que é o de atender a todos e a todas. E, assim, acaba utilizando um direito constitucinal para o toma lá dá cá, ou seja, dá a propriedade de um bem a quem necessita de moradia, esperando o voto da família desse cidadão. E, quase que imperceptivelmente, faz incrustar nas pessoas a busca incessante da propriedade, como se fosse um direito natureal, e a defesa inconsequente de um sistema que já deveria ter ruído, por fazer mal à humanidade, se não for freado, como vemos.
Quando o Estado atua apenas com força policial para combater o tráfico, passa a perpetuar e ampliar a força do crime organizado, cada vez mais armado, privilegiando quem mais ganha com a mediocridade humana, a indústria das armas, que vende para os dois lados. Ganha-se do tráfico mostrando às pessoas o quanto maléfica é a droga, o que a dependência das drogas acarreta para o drogadito, para a família e à própria sociedade. Mas o sistema adotado pelo Estado o faz entrar no jogo do toma lá, dá cá. A indústria das armas ganha, os policiais e os políticos corruptos também e o crime organizado também.
A hiprocrisia humana, porém, não tem limites. Ao invés de solucionar os problemas, os amplia. Em plena era de vasta produção de alimentos, temos o aumento da fome. Na era do conhecimento, temos a ampliação dos que não sabem compreender um texto. Na era das grandes cidades, temos o aumento dos cortiços, das favelas e do número de jornais e cobertores que servem de colchões para os milhões que habitam as ruas das grandes cidades.
Não é possível achar que o caminho que trilhamos esteja correto.
Ver tudo isso dá uma preguiça enorme. Parece ser inevitável que os que buscam uma elevação mental e espiritual busquem o afastamento disso, rumo ao campo, seja da natureza quase impenetrável, seja ao campo místico, buscando a paz anda que em um mundo imaterial, ao campo do Espírito e das ideias.