Muitos analistas insistem em dizer que os jihadistas permanecerão tão somente na Síria. Digo o contrário por um simples e evidente motivo.
O primeiro é o de que os grupos terroristas ou salafistas são formados em grande número por estrangeiros. O próprio líder que tomou o poder é saudita e não sírio. Não tendo raízes na Síria, o que lhes importa é a sua ideologia, e não o país em si. E o seu propósito somente pode ser alcançado quando grande parte do Oriente Médio se render. A Síria para eles é apenas um território ocupado e não um país propriamente dito. Por isso esses grupos ocuparam pequenas partes da Síria e Iraque, por exemplo.
Disso se extrai a possibilidade da Síria ser redesenhada e parcialmente ocupada por israelenses (ao sudoeste), turcos (ao norte) e curdos (os nordeste), remanescendo ainda diversas forças contrárias ao grupo que hoje ocupa Damasco.
Também é possível que o exército sírio, que hoje se encontra majoritariamente na região de Latakia e no Iraque, se reintegre parcialmente sob uma liderança nacionalista e volte a ocupar uma dada área estratégica hoje povoada por cristãos, alauitas, xiitas, drusos e até curdos.
O caminho de Damasco, que a guerra na Síria tão bem representa, é cheio de representações da nossa própria humanidade e da sua história controversa nesse planeta.