O presente de grego dados aos troianos reverbera até hoje na história. Trata-se do cavalo de Tróia, um enorme e lindo artefato de madeira em forma de cavalo que maravilhou os troianos, mas que estava recheado de soldados gregos. O cavalo selou a ruína de Tróia e a glória dos gregos.
Algo semelhante parece acontecer com Israel.
A rápida vitória dos jihadistas e terroristas na Síria encantou Netanyahu, que prontamente resolveu invadir o território sírio, não para atacar terroristas, mas para ocupar solo sírio, rumo à Grande Israel sonhada pela extrema direita israelense.
Embora tais extremistas e terroristas nunca tenham atacado Israel, se tornaram vizinhos de uma potência que matou milhares de muçulmanos sunitas e destruiu dezenas ou centenas de mesquitas.
Agora, Israel tem como vizinho não mais um Estado laico considerado inimigo, mas grupos terroristas fortemente armados e treinados por potências ocidentais.
Mas isso será seguro a Israel? Se for, até quando o será?
A invasão de áreas sírias por Israel está desagradando a países árabes aliados, muitos deles financiadores ou apoiadores desses grupos.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos estão receosos e incertos quanto ao futuro da Síria e da própria região.
A Jordânia, vizinha da Síria e de Israel, pode ser o próximo alvo dos terroristas. E se o for, Israel estará cercada, a leste, por terroristas.
Somente Netanyahu, que foge das audiências da Justiça israelense, comemora a vitória dos sangrentos terroristas, ceifadores de minorias étnicas, religiosas e comportamentais.
Quando não houver mais a quem perseguir, possivelmente o alvo dos terroristas passe a ser um de seus criadores e fomentadores, Israel, conservador na economia e na política e liberal nos costumes, algo que desagrada profundamente os extremistas que conquistaram Damasco.
E, diferentemente do Hamas e do Hezbollah, os terroristas poderão continuar a ser supridos não por um país, mas por um grupo de países, com radicais vindos de todo o mundo. A guerra não só será mais sangrenta, mas vil, ao nível do que Israel fez em Gaza e no Líbano.
O Cavalo de Tróia se aproxima do caminho de Damasco, ligando Tel Aviv ao monstro repaginado e formoso da Al Qaeda.