A Síria anti-imperialista caiu e já não existe mais!
O que resta é uma Síria fragmentada entre grupos de interesse, com um vencedor aclamado pelo ocidente e repaginado, que foi membro da Al Nusra, a ramificação da Al Qaeda na Síria. Nem todos, mas muitos grupos que lutam pelo poder são extremistas e terroristas. O ISIS cortava as cabeças daqueles que julgava inimigos ou infiéis. A Al Nusra não ficava atrás no terror praticado.
A terra que por milênios abrigou diversas religiões, algumas delas desconhecidas de muitos, hoje é liderada por um fanático transformado pelo ocidente em pacificador do País.
A situação da Síria, que era uma ponte entre o Irã e o Hezbollah significa o fim do eixo da resistência?
Quase todos os analistas internacionais de prestígio dizem que sim. Que sem a Síria o Hezbollah tende a acabar.
Sim. Reconheço que essa é a tendência, isso se o Hezbollah e o Irã não criarem ou optarem por alternativas à Síria. Mas elas existem? Sim!
O transporte pode ser feito por mar ou ar, embora seja mais fácil de Israel rastrear. Mas também pode ser feito por terra, por contrabando, o que encareceria o fornecimento para o Irã e envolveria ações cuidadosas para não chamar a atenção dos israelenses.
A outra é a luta pela Jordânia, com uma extensa área limítrofe a Israel. Como disse em outro texto, a Jordânia e a Arábia Saudita são possíveis fluxos dos jihadistas que hoje dominam a Síria. E ambos os reinos possuem extremas fragilidades, seja pelo autoritarismo de suas forças de segurança, seja pelas posições dúbias dos reinantes, seja pela oposição massiva hoje existente, embora silente pelas ações de tais regimes.
Israel preocupa-se em tomar terras e dominar territórios, mas isso não lhe garantirá a existência por longo tempo. Apenas o diálogo e a conversação com países da região é que poderá trazer segurança e estabilidade à região e ao próprio Israel. Enquanto invadir e dominar, haverá uma força contrária à colonização, ocupação e à própria existência daquele país.
Enquanto Israel invade terras, é possível que, da mesma forma, venha a ser invadido. Mas não seria por exércitos de Estados, mas por grupos armados. Por isso disse e repito, Israel pode ter caído em uma grande armadilha, não do Hezbollah ou do Irã, mas do destino.