Os Estados Unidos utilizaram o termo eixo do mal para designar todos aqueles países que se opunham aos mandamentos do ocidente.
O Irã, ao contrário, cunhou o termo eixo da resistência para incluir todas as forças que se opunham às pretensões imperiais no Oriente Médio. Fazem parte do eixo o próprio Irã, o Hezbollah, os palestinos, os houties do Iêmen, berço do povo árabe,e as forças xiitas iraquiana.
Com a queda da Síria e a sua possível fragmentação, a ligação do Irã com o Hezbollah, no Líbano, tornou-se quase impossível, ao menos por terra.
Trump também já teria garantido ao primeiro ministro israelense, o poderoso Netanyahu, que atacaria as instalações nucleares iranianas.
Isso significa o fim do eixo da resistência? Não, mas sim o seu enfraquecimento temporário. O Hezbollah surgiu e se tornou uma força importante na região, mesmo com todas as adversidades e é possível que encontre outras formas de apoio e de reabastecimento de forças e armas. A capacidade de adaptação do Hezbollah é surpreendente.
Mas o que mais preocupa é a situação do Irã, sempre alvejado pelos Estados Unidos e Israel, seja por meio de bombas e de ataques diretos, seja pela tentativa de atentados e revoluções coloridas (golpes fomentados e financiados). Agora, Trump já disse abertamente a Netanuahu pretender alvejar as usinas nucleares iranianas.
Diante de tamanha ameaça ao Irã, parece não restar outra alternativa a não ser produzir armas de defesa e a dezenas de artefatos nucleares para a sua proteção, algo que a liderança religiosa do país era, ao menos até agora, contrária.
Os países ocidentais são conhecidos por suas ações impositivas e pouca vontade em dialogar. Eles avançam, atacam e destroem. Sempre foi assim. Trump não é diferente nesse quesito.
Alguns especialistas dizem que o enfraquecimento do Irã é possível, mas que ações diretas já estariam sendo planejadas contra o Iraque, um aliado iraniano.
As fronteiras iranianas são e deverão continuar a ser uma preocupação maior para as forças armadas persas.
Por outro lado, mesmo com o ocidente achando que já dominou a situação, não se pode descartar que ações de desestabilização de um país até então submisso a Israel já pode estar em curso, Jordânia, que faz fronteira com todo o leste israelense.
Desta forma, se a Jordânia cair, ao mesmo tempo que a Síria, o jogo poderia se voltar a favor do Irã, contra Israel.
Mas por quais motivos o reino da Jordânia poderia vir a cair? Por vários. Descontentamento da base militar com o apoio da Jordânia a Israel. O grande número de palestinos refugiados na Jordânia descontentes com o apoio a Israel e o radicalismo dos terroristas que dominam a Síria, e que antes estavam apenas na fronteira Síria-Jordânia, que agora se espraiara pela Jordânia e região com mais facilidade.
Penso que a pretensão do ocidente era permitir que os radicais chegassem à Arabia Saudita, cada vez mais próxima da Rússia e da China, mas antes dela a Jordânia poderia cair, complicando os planos de Israel.
E o maior erro de Israel seria invadir a Jordânia, como fez na Síria. Nessa situação, o grande exército iraniano poderia confrontar abertamente as forças israelenses, tornando a queda do império israelense uma realidade possível em pouquíssimo tempo.
Um povo que recebeu apoio do então presidente sírio Assad para combater os terroristas foi o curdo, que domina o leste sírio. Eles poderiam ser um fiel na balança nesse jogo do ocidente contra o oriente? Não se esqueça de que foi o corajoso e justo curdo Saladino que conquistou Jerusalém para os muçulmanos.
Embora os curdos se dividam em pró-ocidente (do Iraque) e pró-oriente (da Turquia), são eles, com certeza, os fiéis da balança na antiga Síria.
Por enquanto não há certeza de nada, mas meras possibilidades, planos nos quais os analistas desenham perspectivas possíveis.