A Síria laica caiu e ocupou o seu lugar um aglomerado de organizações que se dizem islâmicas, mas que na verdade são terroristas financiados por potências ocidentais. Há muitos estrangeiros que lutaram contra o governo sírio e que continuam por lá.
O que acontecerá com a Síria não se é possível a afirmar. Ela poderá se tornar uma segunda Líbia, eternamente em guerra entre facções, ou um Afeganistão, com um regime islâmico radical que conseguiu unificar o país e expulsar as tropas invasoras. Ou um país que agrupará de forma civilizada no governo todas as diversas etnias e religiões sírias.
Mas, nesse instante de turbulência, Israel se aproveita para invadir o território sírio e expandir-se.
Não se sabe se isso será benéfico para Israel, como pensa Netanyahu, ou não. Organizações terroristas, ainda que financiadas pelo ocidente, não deixam de ser radicais e terroristas, e não é possivel assegurar que não se voltem contra o seu criador, como fez o Talibã contra os Estados Unidos. Essa organização havia sido treinada, armada e financiada pela CIA na época da União Soviética. Há pouco tempo, no entanto, após invadir o Afeganistão, os Estados Unidos tiveram que fugir, largando tanques, veículos e armas para os próprios talibans, hoje declaradamente anti imperialistas.
Netanyahu pratica genocídio em Gaza, arrasa as cidades e a população do Líbano, ataca incansavelmente a Síria e invade as terras de Gaza, Líbano e Síria, respectivamente, mas até quando? A expansão israelense pode significar, ao contrário do que pensa o autoritário e sanguinário Netanyahu, um perigoso sinal e revés para Israel, pois está mais próxima do perigo e de combatentes inconsequentes, vindos de todo o mundo, com grande financiamento internacional e que atendem aos interesses de diversas potências regionais.
Quando muitos pensam mandar, ninguém manda, na verdade. E esse é o maior perigo dessas organizações terroristas que tomaram a Capital Síria. Mas, ao contrário do que dá a entender as agências ocidentais, ainda há confrontos em algumas poucas regiões do país. Os turcos lutam contra os curdos no norte da Síria.
Com o que aconteceu com a Síria, ao menos até agora, o cuidadoso Irã pode se distanciar fisicamente do Hezbollah e ter dificuldades de manter os seus proxys (o que também não é possível afirmar), mas esse isolamento talvez impulsione o país persa como potência econômica, tecnológica e militar não apenas regionalmente, mas de toda a Ásia, tudo o que Israel não pretendia que ocorresse.
A Rússia, que assim como a Turquia, teve interesses locais aparentemente preservados (bases militares na Síria), pode ter propiciado um xeque mate a um inimigo regional, que ainda vê como se fosse parceiro, por conta do grande número de russos que habitam Israel.
O caminho de Damasco traz à humanidade lições sobre a própria humanidade.