Há uma arma em potencial que pode (e muito possivelmente deve) estar sendo utilizada há décadas pelas potências imperialistas contra o Brasil e outros países latino americanos, com destaque a México e Colômbia, que é o narcotráfico.
O narcotráfico é uma verdadeira arma de destruição em massa, que destroi a base da sociedade, que é a família, e os indivíduos em si, e principalmente o alicerce do Estado, este através da corrupção estatal sempre inerente, em maior ou menor grau, a esse tipo de criminalidade.
Isso corroi qualquer potencialidade do Estado para o crescimento econômico e geopolítico efetivos, deixando os países à merce das grandes potências. "Como assim?", você deve estar se perguntando. A resposta é: através da necessidade de vultosas e sempre maiores compras de produtos militares e de inteligência para as suas polícias, quase sempre insuficientes às "necessidades" dos países.
Os países imperialistas e colonialistas ganham muito com o narcotráfico em países periféricos. Ganham com a dissolução da sociedade e do próprio Estado, o que indica que tais países não se constituirão em riscos às potências, e também com as vendas massivas de produtos ligados à segurança, sejam materiais militares ou de inteligência.
Por isso países como Irã e Cuba atuam diuturnamente, há décadas, no combate preventivo às organizações criminosas, em especial a qualquer tentativa de tráfico de entorpecentes dentro de seus países.
A CIA estadunidense esteve envolvida com o narcotráfico não apenas uma vez, mas várias, principalmente para a obtenção de informações e de dinheiro sujo para as suas ações ilegais. Em troca, seriam facilitados o serviço sujo, com apagamento de dados que permitissem a identificação do grupo criminoso.
Há provas de ligação da CIA no tráfico facilitado pelos nacionalistas, que lutavam contra os comunistas na revolução chinesa. O mesmo teria ocorrido na guerra do Vietnã e no caso chamado de Irã-Contras, já que o dinheiro sujo das drogas não era rastreado pelo Congresso dos Estados Unidos. E há quem diga que a invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão foi para tirar o Talibã do poder não pelo fundamentalismo do grupo ou de sua alegada ligação com a AlQaeda, mas sim para fomentar o plantio de ópio, exterminado pelo grupo afegão.
Como o Brasil deve fazer, então? Atuar também e principalmente com a inteligência da Polícia Federal e a ABIN para apurar os mandantes do tráfico e eventuais financiamentos e facilitações por agentes internos e externos, mas não só. A repressão deve ocorrer, mas não ser a ação prioritária, pois essa só é capaz de alcançar a base e não o topo da pirâmide, não sendo capaz de eliminar o lucrativo negócio. A prioridade, segundo penso, deve ser a realização de uma campanha massiva e permanente de orientação a respeito dos enormes malefícios do uso de entorpecentes e envolvimento das famílias e da sociedade civil na ajuda preventiva ao uso e na recuperação e tratamento. Quanto menos usuários houver, menos drogas serão vendidas, aniquilando-se assim as organizações de tráfico e o sucesso das ações de governos estrangeiros.