Sempre representamos uma pequena ameaça, em razão de nossas riquezas, nosso potencial, tamanho e proximidade territorial.
Fomos chamados, inúmeras vezes, de Japão e China das Americas, apelido estadunidense representativo da potencialidade econômica brasileira.
A maior tranquilidade aos estadunidenses é a de que grande parte de nossas elites, em todos os campos (política, militar, econômica, midiática, artística, pensante, do funcionalismo e do judiciário) é ligada umbilicalmente aos interesses dos Estados Unidos. Residente, ou não, em Miami, aprecia o que há de pior e de propaganda do Tio Sam.
Não somos os únicos a sofrer tal grau de influência. Isso ocorre em todos os continentes, inclusive no Irã e na Rússia, mas no Brasil a proporção é absurdamente alta.
Em razão disso, pautas de interesse nacional, da população em geral e as ditas nacionalistas não são tratadas seriamente pela midia e pelos políticos. Incluem-se aí as relacionadas à educação e segurança pública, onde há muitas frases de efeito soltas ao vento, muitos recursos direcionados ao exterior e pouca ação estrutural efetiva.
Ao lado desse descaso interno brasileiro, os Estados Unidos não precisam de suas potentes Forças Armadas para desestabilizar o Brasil. Basta que se utilizem de recursos simples, mas efetivos, como os exemplificativamente citados abaixo.
Agências de notícias ocidentais manipulam a informação posteriormente retransmitida impensadamente pela mídia brasileira.
Músicas e filmes dos EUA criam um ambiente mágico e fantasioso do "modus vivendi" estadunidense que fascina mentes e corações menos críticos.
Ações de inteligência e espionagem manipulam ações de políticos, da mídia e até de órgãos ligados à Justiça no Brasil.
Redes Sociais estadunidenses, como Facebook, Instagram, X e Youtube dominam o cenário da internet e filtram, declaradamente ou não, informações de interesse do governo dos Estados Unidos, muitas vezes direcionando e fomentando ações de populações, como as havidas nas chamadas primaveras árabes e na Lava-Jato.
Essas mesmas mídias estadunidenses criam personalidades e os ditos influenciadores que hoje dominam não apenas o tempo de lazer e o imaginário, mas o próprio cenário político brasileiro, recheando o parlamento de pessoas com discursos vagos, mas de efeito rápido, e sem o compromisso com questões de interesse nacional e os necessários conhecimentos da coisa e da máquina públicas.
Ações dos Departamentos de Estado e de Justiça dos EUA, sempre visando proteger os interesses comerciais dos Estados Unidos e de suas indústrias, interferem na contratação de aquisições e de serviços estratégicos, como de satélites de monitoramento, venda de indústria nacional de armamentos e aquisições de caças Gripen pela Força Aérea Brasileira, revelando a fragilidade da defesa dos interesses nacionais e da própria soberania brasileira.
Com isso, o Brasil segue sem leme, sem rumo e sem capacidade efetiva de crescimento e de defesa de seus interesses. Enquanto isso, milhões de brasileiros se viciam em drogas, milhões largam os bancos escolares iniciais, dezenas de milhões vivem em áreas degradadas ou sem condições dignas, cerca de uma centena de milhar reside nas ruas, o preço dos alimentos é crescente, empresas públicas estratégicas, tecnológicas e da área militar são entregues ao capital privado internacional, sedimentando o Brasil na periferia econômica mundial. Ainda que o Brasil venda grandes quantidades de minérios, de petróleo e de grãos, isso visa atender mais aos interesses estrangeiros que ao de seu enriquecimento e de sua população.
Fomos colônia de Portugal e nos transformamos em colônia servil do capital internacional e dos interesses das grandes potências, em especial dos interesses econômicos e estratégicos dos Estados Unidos.
Ou o Brasil passa a se defender dessas ações externas com efeitos internos ou seremos todos nós brasileiros eternos escravos dos interesses das grandes potências em um país sem soberania, sem dignidade e sem futuro, e que entrega suas riquezas voluntariamente, sem guerras e às custas da miséria crescente de nosso povo.