Partidos de direita querem que as organizações criminosas sejam equiparadas ao terrorismo.
São iguais? Não. Explico.
Tal medida, na verdade, e a médio e curto prazo, pode sair pela culatra da direita. Também explico mais abaixo.
Organizações criminosas praticam crimes hediondos e nefastos, subjugam a comunidade e muitas vezes um país, mas não se equiparam ao terrorismo.
O terrorismo é praticado através de atos bárbaros, mas com fins ideológicos, o que inexistente nas organizações voltadas ao crime "comum". Essas últimas são preocupadas em obter muito dinheiro e lucro, através do tráfico de drogas, de armas e de mulheres; da falsificação, do descaminho (produtos que não pagam imposto), do monopólio de serviços em determinada região, da extorsão de comerciantes e moradores, da corrupção e de comércios com sócios laranjas para "esquentar" dinheiro ilegal, além de aplicação privilegiada de altas quantias no mercado financeiro, com a complacência de instituições. As organizações criminosas almejam, com o tempo, o poder, para, aumentando os laços sociais e políticos, aumentar sua influência, seu poder e, por consequência, o campo de atuação e o acúmulo de capital.
As organizações criminosas, assim como o neoliberalismo, visam enfraquecer o Estado e criar uma massa de "prestadores de serviços" e outra de consumidores, enfraquecendo o Estado e seus poderes fiscalizador, julgador e repressor.
Porém, geopoliticamente, o terrorismo é usado como arma para o império, leia-se os Estados Unidos, intervir secreta ou militarmente nos países, manipulando a política interna de países periféricos.
O risco é alto para o Brasil se essas organizações, como PCC e CV, forem tratadas como terroristas. Intervenção externa é um risco sério à nossa soberania, mas não só.
Porém, o que a extrema direita esquece é da ligação que empresários e políticos brasileiros mantêm com o crime organizado, como investigado pela Polícia Federal e apurado pela mídia. O governador do Rio é acusado de privilegiar empresa do PCC, enquanto líderes de grandes partidos de direita mantém fortes vínculos com o PCC e empresas laranjas dessa organização; e a família Bolsonaro, segundo a mídia, possui fortes vínculos com líderes de milícias cariocas. Não se pode duvidar que até membros de Igrejas estejam ligados ao crime organizado.
O risco a curto e médio prazo é que, se for comprovada a ligação com organizações criminosas, terroristas, os Estados Unidos possam pedir a extradição desses políticos e empresários para serem processados, julgados e cumprir penas nos Estados Unidos, incluindo-se ai as penas de prisão em Guantánamo e penas de prisão perpétua e de pena de morte.
O risco ao Brasil é grande, mas aos empresários e políticos que mantêm laços com o crime organizado pode ser fatal. Por isso não duvido que em pouco tempo os políticos ligados à extrema direita desistam da proposta de tentar equivaler o crime organizado ao de terrorismo. O couro deles está para arder.