Por falar muito, às vezes Ciro se equivoca, como no debate que realizou com um talentoso humorista. O episódio foi lamentável sob todos os aspectos, mas Ciro continua no páreo e é competitivo.
Ciro continua sendo o candidato que tem maior potencial, sim potencial, de tirar votos de Lula e Bolsonaro. Isso, no entanto, nao significa que tiraria votos, hoje, dos líderes nas pesquisas de intenção de voto para Presidente da República.
A realidade é que há eleitores que não gostam de Bolsonaro, mas votam nele contra o PT, e há eleitores que não são fãs de Lula, mas votam nele pela democracia. Nessas circunstâncias, se Ciro vier a alcançar os dois dígitos e se aproximar dos 15%, poderá, a partir de então, representar uma forte candidatura, rompendo o antagonismo entre os líderes, e atrair uma parcela significativa desse importante eleitorado descontente com Bolsonaro e PT, além dos órfãos de Dória e Moro. Se isso acontecer, Ciro disputará o segundo turno, provavelmente com Lula, tirando Bolsonaro do páreo.
Tal possibilidade, ao contrário do que diz o PT, é bom para o país, pois permitirá o fortalecimento da democracia e porá fim ao antagonismo Lula x Bolsonaro e porá fim a qualquer pretensão golpista de Bolsonaro e seu reduzido, mas fiel, grupo de apoiadores no congresso e nas Forças Armadas, se este vier a ser derrotado nas urnas já no primeiro turno.
Além do aspecto de fortalecimento da democracia, a chegada de Ciro no segundo turno propiciaria um conforto a quem não desejava ver Bolsonaro ou Lula na presidência, pondo fim a essa gangorra que tanto tem feito mal ao Brasil.
A eventual candidatura de Simone Tebet como representante da terceira via, ainda que conte com o apoio explícito do PSDB e una o MDB, dificilmente superará as intenções de voto de Ciro, e consolidará, de vez, o segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o que é péssimo para o país e bom apenas para Bolsonaro e também para Lula.
Mas como Ciro poderia, agora, chegar aos 15% para, em seguida, atrair o grande eleitorado órfão? A única via seria se aproximar de Simone Tebet e formar uma chapa com a senadora do MDB, conversando com o PSDB de Tasso Jereissati e João Dória, e os partidos de Centro e Centro direita e Centro Esquerda que não apoiam Bolsonaro ou Lula. O diálogo e a conciliação nacional seriam de rigor. Seria interessante a todos os partidos envolvidos, que poderiam ficar longe do poder se Lula ou Bolsonaro ganhassem, e seria um fato revelador da verdadeira preocupação com o Brasil e o seu povo.
Se isso realmente vier a ocorrer, Ciro poderia chegar a um patamar de aproximadamente 15%, com a chance de subir rapidamente para um patamar próximo dos 30%, enquanto Bolsonaro cairia para 20% e Lula ficaria com cerca de 30%.
Para isso, e fazer composições, sem afastar aliados, Ciro precisará parar de se expor como tem feito e ser comedido em suas palavras. Difícil? Sim. Impossível? Não. O que Ciro tem que atrai o eleitorado são projeto para o País, além de inteligência, franqueza e experiência administrativa.
Só o tempo e a preocupação dos políticos com o Brasil é que dirá se isso poderá acontecer ou não. A democracia e as necessárias estabilidades econômica e social agradeceriam.
Vai, Brasil!