Não há dúvida alguma de que a
Ucrânia é a grande perdedora do prolongamento da guerra. A economia ucraniana
vira pó conforme o tempo passa, e não é só isso. O mais grave são as questões
social e humana, com o empobrecimento da população e a imigração forçada. O
custo para as pessoas é extremamente alto e cruel.
A União Europeia, com o risco de
falta de gás russo, sofre muito, em especial a Alemanha, a maior potência
econômica do bloco. Os efeitos a médio prazo são diminuição da produção, com
risco de fechamento de algumas empresas, e consequente desemprego. E não é só
na economia que a União Europeia pena. Com milhões de ucranianos se refugiando
no bloco, não se sabe até quando as economias hoje importantes, sob forte crise
à vista, suportarão acolher essa população.
A Rússia também perde muito por
um lado, mas ganha por outro. Não se sabe até quando a economia russa suportará
manter tropas de combate na Ucrânia, enquanto faz o mesmo na Síria, ainda mais sob
os fortes efeitos dos inéditos boicotes impostos pelos Estados Unidos e União
Europeia. Por outro lado, porém, a Rússia, como potência invasora, ganha poder
de negociação a médio prazo.
Os Estados Unidos, porém, ganham
bastante, mas também perdem. Como assim? Explico. Os Estados Unidos, ganham com
o enfraquecimento econômico e o desgaste militar do seu maior rival bélico, a
Rússia. Para os líderes militares isso é um fator importante na hegemonia
geopolítica. Além do que, aumenta o seu poder de influência sobre a maioria dos
países europeus e aumenta o prestígio de sua liderança no bloco militar OTAN. Porém,
as sanções aplicadas à Rússia têm o condão de gerar uma grave crise econômica que
os atinge indiretamente, com a escassez de produtos e o aumento da inflação
interna, ocasionando perda do poder de compra de sua população.
Quem mais ganha, de certo, é a
OTAN, que ganha importância e sobrevida, se tornando vital para os países
Europeus, que ficam mais próximos dos Estados Unidos.
Com isso, se revela que, em um
momento em que a China está próxima de se tornar a maior potência econômica do
mundo, a guerra na Ucrânia aumenta a influência geopolítica e militar dos
Estados Unidos, ao mesmo tempo em que diminui o poder econômico e militar de um
importante parceiro chinês, a Rússia.