quinta-feira, 5 de maio de 2022

A EXTREMA DIREITA MUNDIAL, A QUEM SERVE?



Não é de hoje que o mundo vive os seus extremos.

Desde os primórdios a humanidade vive momentos mais difíceis que o que denominamos de normal. 

Foram muitos os instantes de radicalismo ao longo de nossa história. Os mais conhecidos foram os da Inquisição, durante a Idade Média, o próprio período da Idade Média na Europa não islâmica, os séculos XIX e XX com a seita radical Klu Klux Klã nos Estados Unidos, o nazismo na Alemanha de Hitler e tantos outros que muitas vezes são desconhecidos de todos nós.

A verdade é que a humanidade nunca quis por fim, de fato, ao radicalismo. E erram os que acham que o ser humano é naturalmente comedido e de bom senso. Vemos o resultado disso nos desmandos de muitos países na atualidade!

O mundo nunca quis por fim ao nazismo ou aos campos de concentração, que também existiam nos Estados Unidos e no Brasil e que hoje se destinam a muitos dos milhões de refugiados que buscam socorro na Europa e Ásia.

Os Estados Unidos sempre tiveram o seu lado radical, desde a sua independência, e nunca conseguiram esconder isso, por mais que quisessem propagandear que simbolizavam a democracia para o mundo.

Logo depois do fim da segunda guerra, o governo dos Estados Unidos, ao lado da União Soviética, cooptou milhares de cientistas nazistas, protegendo-os da Justiça, para aprimorar o seu aparato de guerra, que levou ao desenvolvimento da busca espacial e de sua indústria militar.

Com o Macartismo anticomunista, os Estados Unidos radicalizavam logo após o fim da segunda guerra mundial, enquanto o Brasil voltaria a vivenciar um tenebroso período de exceção, a nossa conhecida ditadura de 1964 a 1985, onde os sórdidos conhecimentos nazistas e franceses eram aplicados às vítimas da perversão estatal brasileira.

Superada a ditadura civil-militar, o Brasil promulga sua Constituição de 1988 e volta a respirar ares democráticos. Contudo, em 2014, após vazamento de comunicações da Petrobrás e da Presidência da República, muitos alertam sobre o perigo de golpe, com o aval de órgãos dos Estados Unidos.

Não tardou e surgiu com força e injustiça desmedidas, passando por cima de regras legais, e com o apoio de ampla parte da imprensa brasileira, a operação Lava Jato, que condenou empresários e políticos, e levou à falência nossas maiores empreiteiras. Não que esses empresários e políticos fossem Santos, mas a forma com que foi realizada, ao estilo inquisição e sob os holofotes da imprensa, conduziu o Brasil a uma histeria coletiva que culminou com as eleições de 2018, levando radicais de extrema direita ao Congresso Nacional, a governos estaduais e até mesmo à Presidência da República, colocando, desde o início, a nossa frágil democracia em risco.

Seduzidos pelos holofotes, pelas campanhas nas mídias sociais e até, crê-se, pela possibilidade de recompensa através do toma lá dá cá, ou seja, do seja fiel que te recompensarei com mais poder no futuro, muitos chefes de instituições tomaram partido e deixaram de agir conforme o seu papel Constitucional. O risco à democracia aumentava e aumenta dia a a dia.

O risco de golpe à democracia ainda persiste e há um temor de que ele atinja o seu cume em agosto e setembro deste ano, às vésperas das eleições, quando começaria a campanha de rádio e tevê e os debates dos candidatos, tendo o 7 de setembro como uma data de intensas manifestações radicais a serem promovidas pela extrema direita golpista.

O Brasil esteve, está e estará em risco esse ano.

Mas a quem essa extrema direita mundial serve? Terá ela um só discurso? Ela é contra os Estados Unidos, a Rússia ou China?

Há um elo entre a extrema direita mundial, e Trump deixou isso bem claro ao se aproximar umbilicalmente dos extremistas Netanyahu, de Israel, e Bolsonaro, do Brasil. Lembrem que as manifestações da extrema direita brasileira, à época, era recheada de bandeiras de Israel e dos Estados Unidos.

No entanto, a extrema direita tem prioridades próprias em cada país. A do Brasil visa militarizar o país, romper a regra do controle estatal sobre algumas atividades, permitindo que operações ilegais voltem a ocorrer no país, como o garimpo ilegal e a criação de gado e plantação de soja em áreas de preservação ambiental, inclusive e principalmente na Amazônia, com o discurso (mais imaginário que real) de que potências internacionais visam ocupar a nossa Amazônia. As ações defendidas pela extrema direita nacional são as que foram consideradas ilegais por décadas e que sofreram o combate fiscalizador do governo. Por isso o ataque desmedido à Justiça e a busca da desregulamentação generalizada como um todo têm sido a regra. Menos nacionalista e menos conservadora, de fato, e mais aliada a setores que foram considerados ilegais por décadas, são os principais apoiadores de Bolsonaro. Imorais na essência, não se sentem constrangidos de mentirem descaradamente, dizendo-se nacionalistas e conservadores, quando são o oposto disso.

As extremas direitas dos Estados Unidos e a francesa, representada pela candidata derrotada, Marie Le Pen, são nacionalistas radicais, xenófobas e protetoras do mercado interno.

A extrema direita mundial representa para a Rússia um ataque ao discurso elitista e beligerante do partido Democrata, trazendo a ela um pouco mais de fôlego para voltar-se às questões econômicas. Principalmente com os democratas, a Rússia preocupa-se com questões geopolíticas e foca sua energia em ações de defesa e de política exterior. Vemos o exemplo disso na Guerra da Ucrânia, relativamente fomentada pelos Estados Unidos e OTAN. Por essa razão a Rússia conversa facilmente com a extrema direita espalhada pelo mundo afora. No entanto, ainda mantém laços com o que chama de esquerda antiimperialista, espalhada pelo globo.

Ao contrário da Rússia, a China, por ser grande exportadora e uma enorme potência econômica, é alvo preferencial da extrema direita mundial, mas também não deixa de ser alvo dos Democratas nos Estados Unidos, por ser a maior concorrente deste último.

A extrema direita mundial serve aos interesses daqueles que querem manter privilégios e que buscam barrar avanços da legislação de cada país. A igualdade é o alvo preferencial da extrema direita mundial e se for necessário se volta contra o Congresso e o Judiciário. O mundo ideal deles é aquele que se volta para poucos, os poucos de sempre.

A China, comandada por um partido Comunista e de economia capitalista, age na mão inversa, diminuindo a desigualdade interna, aumentando o nível de escolarização, e inserindo no mercado as etnias mais diversas, buscando apoios dos pequenos países da África, Ásia e América do Sul e investindo massivamente em obras de infraestrutura, inclusive urbana, dessas Nações mais pobres.

Se o primeiro alvo da extrema direita mundial é a igualdade, a Nação mais odiada por eles é a comedida (no sentido bélico) China.

A extrema direita tem em comum os muitíssimos ricos e os grandes investidores, variando de país a país o tipo de apoio popular, normalmente associado a conservadores e nacionalistas (o que não é o caso do Brasil, por exemplo).

Sabe-se a quem interessa a extrema direita, mas se é voltada a tão poucos, por quê tem tido tanto apoio popular? O discurso da extrema direita é o mais simplório possível e é capaz de provocar as reações mais primitivas do ser humano, a começar pelo ódio ao que se denomina "o outro", seja ao estrangeiro, ao que detém valores diferentes, ao que é sexualmente diverso, ao que detém aparência diferente do padrão... A radicalização por ela provocada é que gera uma espécie de histeria coletiva, o ódio ao diferente e consequente apoio de massa considerável do eleitorado.

A extrema direita é tacanha em seu conteúdo e comunicação, mas tem obtido grandes êxitos no mundo afora, simplesmente porque o centro e a esquerda democrática estão perdidos na comunicação com o eleitor.

Os jornalistas, tão odiados pela extrema direita, têm um papel importante neste momento, de criar um discurso simples, direto e objetivo, capaz de conduzir pela emoção mais elevada, ou seja, o amor, a população ao centro e às esquerdas democráticas mundiais.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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