A política no Brasil e a que é feita atualmente nos Estados Unidos é uma piada. Somos eternamente manipulados.
Por aqui, o filho do rei de
Portugal declarou a independência do Brasil e reinou como se um brasileiro
fervoroso fosse. Também por aqui, militares então integrantes da Monarquia, deram
um golpe militar e criou-se a República sem muita ajuda de civis. Quando o
Brasil estava com a economia em movimento e era o país que mais crescia em todo
o mundo, a direita e a extrema direita articulavam diuturnamente um golpe
contra um presidente que não era de esquerda, mas de centro (Getúlio
Vargas). O seu herdeiro político, João
Goulart, com as mesmas ideias progressistas e nacionalistas, sofreu um golpe
pelos militares mais retrógados à época e vimos que depois de uma década já tínhamos
crescimento econômico pífio, irrisório, para não dizer ridículo, e a China, que
investiu massivamente na educação, industrialização e tecnologia, passou a
crescer em nosso lugar e hoje está prestes a assumir a liderança econômica do
planeta.
Depois, todos já sabem a
história. E hoje temos um paraquedista no governo federal. Não, ele não caiu de
paraquedas, embora pareça. Ele era um paraquedista, mas foi expulso por ser
acusado de praticar atentado terrorista contra o Exército Nacional, uma de
nossas instituições mais sagradas. Oportunista, defendeu bandeiras contra a
corrupção, de liberalismo econômico e de revitalização da economia. O que temos
hoje? Será que essa é uma pergunta que necessita ser feita? Acho que não, mas
vamos à resposta. Um sujeito despreocupado com as vidas perdidas na pandemia,
um sujeito negacionista, que nega a ciência, um sujeito que utiliza o Estado
para proteger os seus filhos de investigações por corrupção, uma ligação muito
mal explicada com membros da milícia do Rio de Janeiro, um sujeito que não está
nem aí para a economia e que deixou o país na maior crise de sua história, com
um desemprego recorde, uma hiperdesvalorização do real e o retorno de um dos
piores males da economia: a inflação. O seu discurso no dia a dia é voltado
para a extrema direita e a agressividade a seus oponentes ou aliados que não
concordam com tudo o que ele faz.
Como ele subiu ao poder? Pela
propaganda feita por programas televisivos, pelo ataque desmedido da imprensa
aos Poderes da República e o apoio da extrema direita estadunidense,
representada pelo empresário, oportunista e auto declarado estrategista Steve
Bannon, que era muito próximo a Donald Trump até brigar com o seu genro. Por aqui,
o resultado disso foi uma ojeriza ao PT e uma rechaça aos partidos mais
tradicionais, representado pelo governador Alckmin, até então sem qualquer
acusação de corrupção. O povo queria alguém anti poder, e Bolsonaro surfou na
onda e aproveitou o espaço para se eleger, mesmo não tendo experiência
administrativa ou programa algum para o país, como estamos vendo hoje. O povo
não queria algo melhor, mas queria algo contra tudo o que existia.
Mas não é só aqui que os
oportunistas surfam na onda. Outro que gosta de aproveitar as chances é o
empresário bem sucedido e político quase falido Donald Trump, com uma massa de
eleitores que não admiram o que ele faz, mas o que pensam que ele faz. Muitos
são extremistas, supremacistas brancos e adeptos da teoria Qannon, coisas dos
Estados Unidos, e que logo chegará ao Brasil.
Ele percebeu que os extremistas
não tinham representatividade política significativa e abraçou esse eleitorado
que adora teorias da conspiração e que vê inimigos por todo o lado, mas não
conseguem raciocinar. Não são convencidos, pois isso exige raciocínio. São
induzidos. Algo semelhante também ocorre no Brasil e a oposição não consegue
enxergar a similitude do que já ocorre com os Estados Unidos.
Oportunista que é, Trump quis se
aproveitar da massa de manobra que tem e tentou pressionar deputados e
senadores para tentar melar a posse de Biden. Ocorre que a depredação e agressividade
presenciadas não o ajudaram, muito pelo contrário. Muitos falam que Trump
queria dar um golpe. Não creio que fosse um golpe pela força, mas pela pressão,
mas algo saiu errado e os manifestantes foram agressivos. Não que Trump seja um
forte admirador da democracia, mas um oportunista que a utiliza para levar
vantagem em tudo o que pode. Ele quis se tornar um político próximo de um
eleitorado armado que faria tudo o que lhe convém e que não tem coragem diretamente
de fazer, algo muito próximo de nosso presidente, ou alguém duvida?
O fato é que nunca estivemos tão
parecidos com os Estados Unidos. Somos manipulados o tempo todo, a começar
pelos políticos que estão na liderança, ao contrário do que prega a teoria
Qannon, que tanto faz sucesso entre a extrema direita dos EUA, que fala que
quem exerce o poder são aqueles que já foram destituídos do poder. Ah? Como assim?
Mas esse é o eleitorado manipulável e que aceita qualquer frase de efeito tanto
por aqui como por lá.
As nossas instituições devem
estar alertas, como estiveram as dos Estados Unidos após a invasão do
Capitólio. Por aqui, as instituições deveriam agir desde ontem, a começar por
investigar e responsabilizar todos os que abusaram de seu poder e que
praticaram reiterados crimes, crimes de responsabilidade e atos contra a
pátria, numa crescente contra as leis, contra a Constituição da República e
contra o Estado Democrático de Direito.
Que as instituições cumpram o seu
papel constitucional é o que o Brasil precisa já, para que não passe outras
décadas com o crescimento de massa de pobres, desempregados e sem crescimento
econômico! O Brasil e os brasileiros precisam de respeito, já!