Já faz tempo que alguns estudiosos do mundo árabe divulgaram a intenção do governo Bush de ver o mundo árabe ainda mais subdividido. À época foi divulgado um mapa, que teria vazado do Pentágono. Era um verdadeiro desenho de uma colcha de retalhos. Quanto mais recortado, maior divisão interna e dificuldade de união dos maiores países produtores do ambicionado petróleo.
Coincidência ou não, o Iraque é um bom exemplo da concretização dessa nova versão da subdivisão do oriente-médio segundo os interesses anglo-franco-russos do início do século e denunciada mundialmente por Lenin, logo após a revolução bolchevique na imensa União Soviética.
Há o norte do Iraque, de maioria curda, que tem plena independência do sul, de maioria xiita e que sofre forte influência iraniana.
Mais recentemente, o Sudão, também com o apoio expresso dos Estados Unidos e da ONU, foi dividicio em Sudão, muçulmano, e Sudão do Sul, de maioria cristã.
Hoje, os Estados Unidos ocupam o lugar da Rússia czarista no plano divisório dos países produtores de petróleo, onde se inclui o não-árabe Afeganistão.
Agora, após várias semanas de intervenção, resta clara a intenção já antecipada por alguns intelectuais de esquerda de que o plano da OTAN era partilhar a Líbia. Não é a toa que a OTAN vem bombardeando os opositores a Kadafi e também as forças leais a este ditador. O plano parece ser permitir que cada ala comande uma parte do país. Não foi isso o que a questionada ONU permitiu, mas é o que tem sido feito e aceito tacitamente.
Particularmente, entendo que outros países correm um sério risco de ingressar nesse diabólico plano divisório. Já separada do Líbano por força de ações colonialistas anglo-francesas, a Síria passaria a ser novamente repartida. O Iemen também corre o sério risco de dividir-se, como ocorria à época da guerra-fria, em dois Iemens. Nem a Arábia Saudita, serviente aos interesses anglo-estadunidenses está a salvo. Se houver um levante significativo, este país será partilhado, como já constava do mapa que correu o mundo após vazar do Pentágono.
As ações imperialistas não param. Infelizmente, países ricos e armados argumentam praticar ações humanitárias e de defesa dos direitos humanos para realizar atos bárbaros, com efeitos indeléveis nas vítimas desse ato grotesco e egoístico.
Um dia os direitos humanos serão levados a sério, sem serem utilizados como pretexto para práticas horrendas, como já ocorreu nos Bálcãs e em tantos outros países pelo mundo afora.
Enquanto isso, vamos assistindo a divisão planejada dos países árabes não alinhados. Observemos com atenção o que ocorre na Líbia e o que virá a ocorrer em outros países nos próximos meses e anos.