sábado, 31 de outubro de 2009

TALENTO NA SÉTIMA ARTE

Que o diretor Walter Salles é um dos melhores diretores do mundo na atualidade, ninguém duvida. Sempre abordando temas muito delicados, sejam sociais ou ligados aos direitos humanos, desde jovem, o cinquentão Walter Salles mostrou que não é apenas um filho de banqueiro, mas um artista consagrado que sabe se expressar e que possibilita que as questões sociais estejam nas telonas do país e no mundo afora.
Eu não sabia e creio que você também não. Em 2008, além de Linha de Passe, ele dirigiu o filme "Stories on Human Rights" e agora está dirigindo o filme "On the Road", ainda em produção. Veja abaixo um pouco das produções desse grande brasileiro (divulgado na página http://www.imdb.com/name/nm0758574/)

Director:

On the Road (2009) (in production)
Stories on Human Rights (2008)
Linha de Passe (2008)
Chacun son cinéma ou Ce petit coup au coeur quand la lumière s'éteint et que le film commence (2007) (segment "A 8 944 km de Cannes") ... aka Chacun son cinéma (France: short title) ... aka To Each His Own Cinema (International: English title)
Paris, je t'aime (2006) (segment "Loin du 16ème") ... aka Paris, I Love You (Hong Kong: English title) (International: English title)
Dark Water (2005)
Diarios de motocicleta (2004) ... aka The Motorcycle Diaries (UK) (USA) ... aka Carnets de voyage (France) ... aka Die Reise des jungen Che (Germany) ... aka Voyage à motocyclette (France: festival title)
Castanha e Caju Contra o Encouraçado Titanic (2002)
Armas e Paz (2002) ... aka Guns and Peace (International: English title)
Abril Despedaçado (2001) ... aka Avril brisé (France) ... aka Behind the Sun (International: English title) ... aka Shredded April (literal English title)
Somos Todos Filhos da Terra (1998)
O Primeiro Dia (1998) ... aka Le premier jour (France) ... aka Meia Noite (Brazil: alternative title) ... aka Midnight (Canada: English title) ... aka Minuit (France: TV title)
Central do Brasil (1998) ... aka Central Station (UK) (USA) ... aka Central do Brasil (France)
Terra Estrangeira (1996) ... aka Foreign Land
"Un siècle d'écrivains" (1 episode, 1995) - Jorge Amado (1995) TV episode
Socorro Nobre (1995) ... aka Life Somewhere Else (Hong Kong: English title)
A Grande Arte (1991) (as Walter Salles Jr.) ... aka Exposure (Canada: English title) (USA: TV title) ... aka High Art ... aka Knife Fighter ... aka The Knife (Europe)
Chico - O País da Delicadeza Perdida (1989) (TV)
Marisa Monte (1988) (TV)
Krajcberg - O Poeta dos Vestígios (1987)
"Japão - Uma Viagem no Tempo" (4 episodes, 1986) - Kurosawa - Pintor de Imagens (1986) TV episode - O Outro Lado do Mundo (1986) TV episode - Os Novos Criadores (1986) TV episode - Os Samurais da Economia (1986) TV episode
Producer:
In Production
2000s
1980s
Celestina (2009) (pre-production) (producer)
A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Agua (2009) (filming) (producer)
The Eye of the Storm (2009) (producer) ... aka No Meu Lugar (Brazil)
Linha de Passe (2008) (producer)
Leonera (2008) (co-producer) ... aka Lion's Den (International: English title)
Café de los maestros (2008) (executive producer) ... aka Café dos Maestros (Brazil)
Nacido y criado (2006) (co-producer) ... aka Born and Bred (International: English title) (UK)
O Céu de Suely (2006) (producer) ... aka Le ciel de Suely (France) ... aka Love for Sale (USA) ... aka Suely in the Sky (International: English title)
Cidade Baixa (2005) (producer) ... aka Lower City (International: English title) (UK)
Hermanas (2005) (producer) ... aka Sisters (USA: literal English title)
Madame Satã (2002) (producer)
Cidade de Deus (2002) (executive producer) ... aka City of God (International: English title) (UK) ... aka God's Town (International: English title) ... aka La cité de Dieu (France)
Krajcberg - O Poeta dos Vestígios (1987) (producer)
Writer:
2000s
1990s
Paris, je t'aime (2006) (segment "Loin du 16ème") ... aka Paris, I Love You (Hong Kong: English title) (International: English title)
Abril Despedaçado (2001) (writer) ... aka Avril brisé (France) ... aka Behind the Sun (International: English title) ... aka Shredded April (literal English title)
O Primeiro Dia (1998) (writer) ... aka Le premier jour (France) ... aka Meia Noite (Brazil: alternative title) ... aka Midnight (Canada: English title) ... aka Minuit (France: TV title)
Central do Brasil (1998) (story) ... aka Central Station (UK) (USA) ... aka Central do Brasil (France)
Terra Estrangeira (1996) (writer) ... aka Foreign Land
Socorro Nobre (1995) (writer) ... aka Life Somewhere Else (Hong Kong: English title)
Editor:
Somos Todos Filhos da Terra (1998)
Terra Estrangeira (1996) ... aka Foreign Land
Socorro Nobre (1995) ... aka Life Somewhere Else (Hong Kong: English title)
Miscellaneous Crew:
Notícias de uma Guerra Particular (1999) (contributor) ... aka News from a Personal War (USA) ... aka News from a Private War ... aka Noticias de una guerra personal (Spain)
Sound Department:
Socorro Nobre (1995) (sound) ... aka Life Somewhere Else (Hong Kong: English title)
Thanks:
Leonera (2008) (thanks) ... aka Lion's Den (International: English title)
Eu Tu Eles (2000) (thanks) ... aka Me You Them (USA) ... aka Me, You, Them (UK)
Self:
Critico (2008)
Diethnes Festival Kinimatografou Thessalonikis - 11+1 kinimatografistes (2007) (TV) .... Himself
Wanderlust (2006) (TV) .... Himself
Analyzing 'Dark Water' (2005) (V) .... Himself
Beneath the Surface: The Making of 'Dark Water' (2005) (V) .... Himself
Dark Water: Extraordinary Ensemble (2005) (V) .... Himself
Sound of Terror: The Soundscapes of 'Dark Water' (2005) (V) .... Himself
2nd Annual Directors Guild of Great Britain DGGB Awards (2005) (V) .... Himself - Winner Foreign Language Film 'Diarios de Motocicleta - The Motocycle Diaries'
The 20th IFP Independent Spirit Awards (2005) (TV) .... Himself
The Making of 'The Motorcycle Diaries' (2004) (TV) .... Himself
Onde a Terra Acaba (2001) .... Himself ... aka At the Edge of the Earth

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

AS DORES, AS EXPERIÊNCIAS E O CRESCIMENTO

Há dores que não são intensas, mas que permanecem conosco por muito tempo. São as que machucam a alma mais que o físico. São as que nos entristecem e demarcam fases, trazendo-nos as mais pesadas experiências.
Crescemos não exatamente com as dores, mas com as reações que temos a elas, que são as nossas experiências de vida.
Mais experientes, deparamo-nos mais fortes para as agruras e os machucados que a vida nos reserva. Com isso, crescemos, vivemos melhor e passamos a sorrir mesmo defronte a contratempos. Talvez com isso tenhamos compreendido melhor o que é viver.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MELHOR DO QUE MENTIR FUGINDO É FUGIR CALANDO-SE

Questiono-me com insistência sobre a capacidade que algumas pessoas têm de mentir com naturalidade.
Para elas, uma mentira não possui gravidade, não muda os destinos e não poderia machucar.
Para elas, a mentira não teria significância, pois não alteraria a realidade.
Será?
Há um provérbio chinês que diz que é possível enganar todos por muito tempo e muitos por todo o tempo, mas nunca todos por todo o tempo.
Gandhi reflete sobre a mentira e diz que é ela que traz muitos males à humanidade, como as guerras, inclusive. Cada mentira geraria brigas e guerras, afastando a harmonia e a paz.
Penso que as mentiras nada mais são do que fugas. Mente-se para fugir de um constrangimento, de um suposto julgamento moral desfavorável ou até mesmo da realidade que machuca. Mente-se para fugir. Mente-se porque o mentiroso é fraco. Mente-se porque falta conhecer o que realmente se vive. Mente-se porque... Mas será que sempre haverá um ou outro motivo para mentir? Mas não há quem minta quase que naturalmente, sem motivo algum? Será que mentir pode viciar? Ah, são tantas as perguntas, mas parece que a resposta é muito fácil. Ainda que a mentira vicie, o ato não deixará de caracterizar uma fuga, uma fuga da compreensão e uma fuga da reflexão do que se vive.
Talvez melhor do que mentir, fugindo de algo, seja fugir, calando-se. Nesse caso, a fuga silenciosa será mais digna e autêntica.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ESSA HISTÓRIA DE NÚMEROS... ENUMERA-SE QUASE TUDO. MAS, NUMEROLOGIA FUNCIONA?

9 4 5 1 3
8 6 7 0 2
Vivemos sob o mando dos números. Enumera-se quase tudo. Temos os números de RG e CPF, sem os quais não somos conhecidos. Enquanto estudantes, temos o número de chamada da sala de aula, e sempre tem professor que só chama o 1, o 2, mas nunca o Cyro, o João... Quando amadurecemos, temos os números, sempre pequenos, dos salários. Somos loucos para ter o número da casa e também do telefone daquela paixão. Mas o máximo do número é o estudo dos mesmos através da chamada NUMEROLOGIA.
Vou ser sincero, embora creia no sobrenatural e, num certo sentido, no misticismo, sempre tive dificuldades de crer na numerologia. Bem, na verdade eu as tinha até receber de uma pessoa querida o endereço de um site em que os nossos nomes são transformados em números e estes, por sua vez, em nossa personalidade.
Abaixo está o resultado da pesquisa que fiz, e tem muita coisa que bate com o meu ser... Isto é, no mínimo, incrível!
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Seu número da Expressão é o 9: Personalidade altruísta, rica e sensível.

Você parece ter uma grande sensibilidade. É a chave da sua expressão. A partir daí, tudo é possível: dedicação, altruísmo, tolerância, capacidade de se relacionar, possibilidades artísticas, criatividade, cultura, inspiração, idealismo e senso de justiça. Você é uma pessoa que pode ser descrita como calma, otimista, mas reservada. Seu mundo interior é rico e muitas vezes cheio de paixão. Você fica à vontade quando se trata de ideais ou grandes espaços. Você possui uma boa visão geral das pessoas e das coisas. Algumas pessoas com vibração 9 poderão desenvolver esta faculdade para prever o futuro. Na verdade, é muito difícil descrevê-lo porque a vibração 9 possui as maiores oportunidades e componentes. Deste modo, você ter o ímpeto de instruir, de buscar conhecimento intelectual e espiritual e será visto como um indivíduo culto com mente aberta e idéias interessantes, talvez até de vanguarda. Outros aspectos do 9 podem ser generosidade, compaixão, presteza e tolerância. Esta bondade se diferencia levemente da que marca as pessoas com Número da Expressão 2 ou 6, devido ao seu toque mais universal e menos individual. É possível expressar estas qualidades com as pessoas próximas ou em maior escala, tal como um humanista sempre se dedicando a uma causa nobre. Neste ponto, você encontra outro aspecto do 9, que está ligado a ambição, o desejo de elevação e receptividade ao mundo e às idéias. Isto, ligado a seus desejos idealistas e sua facilidade verbal, podem lhe dar um brilho pessoal inegável (o 9 está freqüentemente ligado às celebridades). Este ascendente e todos os outros talentos lhe permitem visualizar seu caminho com serenidade. Geralmente, você consegue conciliar mais ou menos estas tendências, mesmo que as pessoas achem que você se liga mais a uma ou a outra. Mas, em todo caso, você se caracteriza por sua sensibilidade (refinamento, humanismo). Ela proporcionar-lhe-á uma mente aberta e prazer em ajudar e alegrar, como se você já tivesse passado do estágio em que precisa acumular posses ou satisfazer seu ego. Sua sensibilidade é a origem do seu talento nas artes, música ou dança, cultura, cozinha, na arte de receber ou qualquer outra atividade que requeira finesse e criatividade. Muitos artistas talentosos possuem a vibração número 9.

Para ser eficiente no trabalho, você precisa de motivação. Você tem a necessidade de fazer tudo com entusiasmo, a ponto de criar um mito por onde você passa, para que sua curiosidade possa ser satisfeita. Você precisa de uma porção de sonho e fantasia, com possibilidades de abertura além dos limites pré-estabelecidas. A liberdade é importante. Você não gosta de restrições, coisas fechadas e limitadas. Seu maior atributo é a capacidade de captar o contexto geral, de assimilar rapidamente as coisas onde as outras pessoas se perdem em detalhes. Sua visão é sintética e humana ao mesmo tempo, o que lhe permite mostrar algumas disfunções de modo claro e ser um bom conselheiro. Seus defeitos no trabalho são: uma certa falta de senso prático, pouca eficiência quando você não acredita no que faz e nem sempre um senso aguçado de negócios. Entretanto, seu sucesso pode vir cedo. Ligado a outras vibrações, o 9 pode torná-lo um líder. Sua lealdade às pessoas e o respeito pelos compromissos vão de encontro a suas qualidades. Em troca, você pode ser influenciado pelos que sabem como instigá-lo. Se a finalidade for contrária a suas aspirações e seu orgulho, não se deixe levar. Use sua sensibilidade para captar melhor suas exigências.

Os excessos do 9 vêm da sua natureza emotiva e generosa. Em primeiro lugar, uma certa credulidade, mas também uma tendência à dispersão, desordem e ações contraditórias. Não faça muitas coisas ao mesmo tempo. É melhor manter o contato com a realidade. Tente permanecer no plano concreto e consistente. É possível que você sofra de nervosismo, angústia ou dúvidas existenciais, se o seu mundo interior for muito sensível. Mais do que tudo, você deve se proteger psicologicamente de qualquer forma da agressão externa. Senão, corre o risco de encontrar um descaminho de amargura e desânimo (de acordo com o seu Número da Intimidade). Sua missão é, entretanto, fundamental: você deve se tornar um exemplo para as pessoas! Seja positivo. Lembre-se que a vibração número 9 incita ao crescimento pessoal, uma abertura às outras pessoas, mas não para se fundir a um grupo! Você precisa manter sua autonomia e ser altruísta ao mesmo tempo, sem o quê você rapidamente perde sua eficiência.

No amor, se a paixão, o ideal ou o perfeccionismo que brilham em você forem excessivos, sua vida sentimental será difícil sem sombra de dúvida. Portanto, talvez você tenha dificuldade em encontrar uma pessoa que está à altura das suas expectativas ou pode se desapontar se esta pessoa mostrar ser menos ideal do que você esperava. O mesmo vale se ela não compartilhar sua visão de vida. O problema talvez esteja no fato de que você se apaixona por um ideal ao invés de uma pessoa. É por isso que é melhor que você seja objetivo na sua busca pela pessoal ideal. Além disso, você precisa receber provas de amor. Isto lhe dá confiança e gera muito mais afeição. Suas qualidades de devoção e lealdade são também muito apreciadas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ETAPAS DE NOSSA PERMANÊNCIA

Vim de um líquido turvo e virei pó. Chorei logo que vim ao mundo e calei-me na despedida. Quase me ceguei ao ver a luz e fecho os olhos ao não saber se a enxergarei novamente. No meio do caminho tive a vida que todos conhecem, repleta de acertos e desacertos, esquecendo absurdamente quem eu era. Talvez no silêncio do que hoje significa o depois, eu possa encontrar-me. Talvez até possa ver melhor e sorrir com os erros cometidos. Talvez consiga ver as cenas principais e refletir de forma ponderada sem tanta emoção. Talvez passe a usar a razão da forma adequada, sem frieza. Talvez as etapas de nossa permanência signifiquem aprendizado. Para quem acredita em retorno, talvez eu volte ao mundo sorrindo logo ao abrir os olhos e tudo mudaria...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

POR TRÁS DAS OLIVEIRAS SÍRIAS

foto: www.ocasha.com

Você sabia que a Síria, com quase 300 mil toneladas produzidas ao ano, é a quarta maior fabricante de azeites de todo o mundo, ficando atrás apenas da Espanha, Itália e Grécia?

O grande mercado consumidor dos produtos das oliveiras sírias é a Europa, tão próxima e tão farta de grandes produtores de azeite (Itália, Espanha, Portugal e Grécia).


Embora o Brasil tenha aumentado o comércio com os países árabes, incluindo a Síria, continua a importar uma quantidade ínfima ou insignificante desse produto de tanta qualidade.


O Brasil importa grande quantidade de azeite de Portugal e da Espanha. A vizinha Argentina tem vendido pouco azeite ao nosso país.


Nunca experimentou um azeite sírio? Tente comprar uma vasilha na rua 25 de março, pois vale a pena. Misture zahtar com um azeite sírio de qualidade e passe um bom pão árabe, de preferência quentinho. Taí a dica para engordar feliz!

domingo, 25 de outubro de 2009

DEVANEIOS DO UNIVERSO

Nos devaneios da experiência do universo, podemos ser tudo aquilo que desejamos. Podemos criar e realizar ou simplesmente observar.

sábado, 24 de outubro de 2009

VIDA, RELATIVIDADE E SENTIMENTOS

Tem certos momentos em que o passado nos vêm à tona e lembramo-nos de eventos distantes, de fatos marcantes e, principalmente, de como éramos e agíamos. Não concebemos muitas mudanças para pior, mas às vezes elas ocorrem, assim como acontecem mudanças para melhor.
Se é certo que o tempo não volta, não é menos certo dizer que podemos ter mudado, porém não é impossível voltar a ser parecido com o que éramos. É uma busca difícil, de reflexões, de muita dor e também de muito aprendizado. E se, ao contrário, pensamos em como éramos piores, essas lembranças também amargam o sabor do dia que degustamos com tanta atenção.
A experiência de vida é única. Comparamo-nos muitas vezes com o que éramos, e não importa a conclusão, pois é sempre dolorido saber que éramos menos maduros ou que hoje estamos pior que antes.
O que importa é viver, refletir e saber que na vida quase nada é absoluto! A experiência é sempre mutável, a maturidade também e nós somos um corpo, uma mente e uma alma em busca da sintonia sempre difícil. Só não podemos desistir. A vida é a busca incessante da mudança e da adaptação ao momento, àquilo que chamamos tempo, e que não é igual a antes, a hoje e tampouco será igual a amanhã. É, se o tempo sempre distoa conforme a complexidade e a maturidade do nosso olhar, não seremos nós que seremos absolutos. Nem a vida e a morte o são, embora muitos julguem a morte como um fim. E ainda que o fosse, a morte não seria absoluta, pois a energia emanada do corpo falecido mistura-se a outros corpos vivos. De certa forma, parte de nós teria sobrevivido. E até o nosso corpo físico é reaproveitado pela natureza, por insetos, animais saneadores ou pela terra. É, Einstein estava certo com a sua renomada teoria física da relatividade! Absolutos, creio, só podem ser os sentimentos cegados pela emoção doentia ou pela luminosidade do amor generoso. Sentimentos diametralmente opostos, mas, até prova em contrário, absolutos no tempo em que ocorreram.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

OBAMA: PASSOS À ESQUERDA

foto: PÁGINA 12
Não confiava muito que um presidente dos Estados Unidos conseguisse não ser mais tão conservador. Com o W. Bush na presidência daquele país, todos (no que me incluo) imaginavam que o destino da maior potência militar e econômica do planeta seria o radicalismo cristão conservador. De repente surge Obama, que ganha a disputa interna do partido Democrata e vence a eleição presidencial com folga, um presidente que defende o diálogo com o Irã, que adverte Israel sobre a sua política expansionista, que investe no sistema público de saúde, que chama Lula de "o cara", que não defende a intervenção bélica na América Latina e que tem opiniões claras e um discurso coerente e sedutor.

Realmente os Estados Unidos mudaram, e muito.

Alguns especialistas dizem que Obama é de centro-esquerda, mas eu ouso dizer mais, que dentro do partido Democrata ele é mais à esquerda, mais à esquerda que o centro, o que para o mundo é muito bom. É um presidente com visão social, que se preocupa com o ser humano e que tem a missão de colocar os Estados Unidos numa posição não tão defensiva quanto era na época do nada saudoso W. Bush.

Mas quais serão os próximos passos de Obama? Mais à esquerda ou ao centro?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O que precisa mudar no Brasil para termos uma vida melhor?


O que precisa mudar no Brasil para termos uma vida melhor? Esta pergunta foi feita pelo escritório brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) pela internet e em sete audiências públicas para escolher o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil, que deve sair no início de 2010. Quinhentos mil brasileiros de todas as idades, faixa social, sexo e escolaridade deram sua resposta, por internet ou nas audiências. Além disso, graças às parcerias com a TIM e a Natura, mais de dois milhões de brasileiros foram mobilizados por SMS e um milhão de mulheres, pela rede de revendedoras. Foi uma metodologia inédita no mundo, mais uma reflexão do que uma pergunta, revelando as grandes áreas de preocupação dos brasileiros. O resultado surpreendeu os pesquisadores do PNUD. E a nós, também: a “receita” dos brasileiros para uma vida melhor, de acordo com a pesquisa, passa por “valores” como respeito, responsabilidade e justiça. Honestidade, paz, consciência e ausência de preconceito também foram largamente citadas. Flávio Comim, diretor do PNUD Brasil, aponta a forma como a pesquisa foi conduzida como fundamental para se chegar a este resultado. Uma pergunta aberta - o que precisa mudar no Brasil para termos uma vida melhor ? - permitiu às pessoas expressar suas opiniões mais profundas. Por isso, o tema dos valores aflorou. Explicando: as respostas diretas dadas pelas pessoas mencionavam educação, saúde, segurança e emprego como as grandes vertentes para uma vida melhor. Só que, por meio de uma avaliação transversal destas respostas, a equipe de pesquisadores percebeu que a “fala oculta” trazia preocupações com os valores que organizam a sociedade. Por exemplo, quando havia menção à melhoria na educação, os participantes preocupavam-se com a falta de formação em valores nas escolas, muito mais do que com a falta de qualidade do ensino formal. No quesito violência, a ênfase recaía sobre as agressões contra as pessoas em detrimento daquelas contra a propriedade (como roubo), com forte inquietação a respeito da violência doméstica. De um modo geral, as pessoas acham que a sociedade lida com os conflitos mais prosaicos de forma violenta. Interessante desta pesquisa é verificar que as reivindicações objetivas apresentaram conexão com o déficit de valores. E que este déficit, para os entrevistados, começa em casa! Outro recorte que aparece é a atenção cada vez maior dada às atitudes dos atores sociais, como empresas e políticos. No caso do setor produtivo, quanto maior o comprometimento real das empresas com “valores” como direitos fundamentais da pessoa (combate ao trabalho escravo, respeito aos direitos trabalhistas, bom ambiente profissional) menor tende a ser a rejeição por parte da sociedade. Quanto aos políticos, bem, precisaremos verificar o resultado das urnas em 2010. As respostas levaram o PNUD ao desenvolvimento de um novo conceito de valor: nem só ético, nem só moral, nem só financeiro. Valor vinculado ao dia-a-dia das pessoas. E este será o tema do relatório que a entidade publicará no início de 2010. Se a sociedade brasileira expôs como preocupação maior os valores como justiça, respeito e responsabilidade, é possível que o país realmente se transforme em menos tempo do que se imagina. Mais uma vez, fica evidente que as empresas engajadas no movimento da responsabilidade social têm um papel importante a desempenhar nesta transformação: precisam aprofundar cada vez mais a transparência e os valores em sua própria gestão, disseminá-los para a cadeia produtiva e, com isso, dar exemplo para outros atores sociais. Sem justiça, não existe democracia nem Estado de Direito. E, sem Estado de Direito, os negócios também não funcionam adequadamente, pois voltaremos ao território do vale-tudo. Que os empresários saibam entender o profundo recado enviado pelos brasileiros, por meio desta pesquisa do PNUD, e adotem práticas cada vez mais transparentes, baseadas em crescimento econômico, justiça social e equilíbrio ambiental.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

AS OLIMPÍADAS E A GEOPOLÍTICA ENVOLVIDA

Saiu uma interessante matéria no Jornal Argentino Página 12 sobre a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. É uma matéria interessante, ainda se for observado que foi publicada por um jornal argentino e que retrata o Brasil de uma forma como o mundo hoje nos vê: uma potência crescente e que ocupa um lugar na geopolítica mundial. Veja abaixo o texto ou clique aqui para ir à página original.
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Las olimpíadas y la geopolítica


Por Immanuel Wallerstein *

Se supone que las olimpíadas modernas tienen que ver con dos cosas: promover la paz por todo el mundo, mediante una competencia no violenta que esté por encima de la política, y exaltar los logros atléticos. Sin duda, casi todos los atletas entran en las competencias olímpicas teniendo en mente lo segundo. Pero promover la paz parece ser casi la última cosa en la mente de los gobiernos cuyo respaldo de sus estructuras atléticas ha sido siempre crucial para el éxito de sus participantes nacionales.

Esto por supuesto fue cierto desde el mero comienzo. El afamado promotor original de las modernas olimpíadas, el barón de Coubertin, nació en 1863. Se dice que se le crió meditando sobre el trauma nacional sufrido por casi todos los franceses como resultado de la derrota que les infligieron los alemanes en 1871. Parece ser entonces que Coubertin decidió que la derrota era resultado de que en la educación francesa faltaba enfatizar la importancia de las habilidades atléticas, a diferencia de Gran Bretaña y Alemania, y fue entonces que se propuso rectificar esto.

Al paso de los años, los gastos nacionales en los preparativos olímpicos se han incrementado de manera constante. Ganar la elección de la sede de los Juegos Olímpicos como ganar los juegos mismos se volvió un objetivo más importante para los gobiernos. La geopolítica nunca ha estado ausente de los juegos.

A lo largo de la Guerra Fría, la competencia entre los bloques se contabilizaba según el número de medallas de oro ganadas. Al boicot de Estados Unidos y de otros países occidentales a las olimpíadas de Moscú en 1980 le siguió el boicot soviético de los Juegos Olímpicos de Los Angeles en 1984. La lista de países que podía competir la determinaban argumentos de guerra fría, acerca de la legitimidad de los Estados y sus fronteras.

Así que no sorprende que la reciente votación del Comité Olímpico Internacional (COI) en Copenhague que decidió la sede de los Juegos de 2016 fuera interpretada por la prensa mundial a través de lentes geopolíticos. De hecho, la prensa mundial ha estado brindando atención creciente a estas decisiones del COI, debido a que ahora los jefes de gobierno se volvieron negociadores directos de la candidatura de una sede olímpica. Así que, dada la presencia de los líderes de Brasil, España y Japón en la reunión de Copenhague, fue claro que Barack Obama tenía que aparecerse también para hacer su moción en favor de la sede de Chicago.

Los corredores que aceptan apuestas de los resultados de tales competencias le daban las probabilidades a Chicago, sobre todo por el anuncio de Obama de que asistiría en persona. En la primera ronda de votaciones secretas, los resultados se partieron entre los cuatro candidatos. Pero para gran sorpresa de la prensa estadounidense, de los líderes del atletismo y de los políticos, Chicago no salió en primer lugar, sino en cuarto, y fue eliminado en la primera ronda.

Para la tercera ronda, Río de Janeiro emergió victorioso con dos tercios de los votos, lo que es un margen inusualmente amplio. No es difícil discernir por qué ocurrió así. Aunque Río es una sede atractiva en sí misma, los miembros del COI votaron menos por Río de Janeiro que por Brasil. Los tres otros candidatos fueron todos del norte –Estados Unidos, España y Japón–. Brasil representaba al sur.

El argumento público principal del presidente Lula es que Sudamérica es el único continente que nunca ha sido anfitrión de los Juegos Olímpicos. Eso es cierto, pero pienso que Fidel Castro estaba más en lo cierto cuando de modo exultante describió la votación como un triunfo del Tercer Mundo.

Y no sólo fue cualquier país del tercer mundo el que ganó la votación. Fue Brasil, uno de los gigantes del sur que se levantan. Lula mismo dijo después de la votación: Brasil pasó de ser un país de segunda a uno de primera clase, y ahora comenzamos a recibir el respeto que merecemos.

El respeto que merecemos –y que no han recibido en el pasado–, ésa fue la exultante alegría de Brasil, y fue compartida por el resto del tercer mundo.

¿Fue éste un rechazo a Obama? Por supuesto lo fue –no hacia él en lo personal, sino hacia Estados Unidos–. Por más popular que sea Obama por todo el mundo, y es popular, continúa siendo el presidente de Estados Unidos. La votación fue claramente un desprecio geopolítico. No es que Obama pudiera haberlo hecho mejor. Y si él no se hubiera presentado, el público estadounidense lo habría culpado de la derrota por su ausencia.

Perder una votación relativa a una sede olímpica no es tan malo como ver que las bases estadounidenses en Afganistán son ocupadas por los talibán, pero es parte de la misma figura.

Ahora que Obama ganó el Premio Nobel de la Paz, ¿cambiará eso las cosas en cuanto a la diplomacia estadounidense? Momentáneamente, tal vez. Pero la situación subyacente permanece igual. De hecho, hará que la posición del presidente estadounidense sea en algunas formas más difícil, porque ahora será medido con criterios más altos.

*De La Jornada de México. Especial para Página/12.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

UM FILME IMPERDÍVEL: BEM-VINDO

Essa é uma das películas mais lindas que vi neste ano. Trabalha a questão do preconceito, do racismo, da intolerância e também do amor e da fraternidade. Não perca! 5 estrelas!
Se não for possível vê-la no cinema, pegue-a em vídeo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ARTE NO METRÔ

Há um projeto muito interessante no metrô de S. Paulo que leva cinema, música, literatura e artes visuais à população. Não é nada grandioso, mas serve para tornar aquele espaço público ainda mais do público, efetivamente. Normalmente às sextas têm apresentação de curtas-metragens e aos domingos tem filmes (longas). Se não tiver nada melhor, se estiver curioso e se gostar de descobrir coisas novas, vá lá. Confira a programação antes.

domingo, 18 de outubro de 2009

DIA DE AGRADECER

Desculpe. Anunciei que não haveria postagem para, na verdade, testar a sua fidelidade a este blog.

Como você já deve saber, para os jornalistas e aqueles pretensos repassadores de informação a fidelidade é algo essencial. E é algo pelo qual eu prezo muito, tanto que assumi o compromisso de postar mensagens diariamente, o que até o presente momento tenho conseguido cumprir.

Esse blog não é apenas um local para relaxar e colocar as maiores loucuras da minha mente, não. Este blog é um espaço que tenho para me comunicar com pessoas conhecidas e desconhecidas que  por algum motivo passam por aqui anonimamente, seja em busca de algo, não importando o quê, por curiosidade ou por prazer. E espero, sinceramente, que esse alguém desconhecido tenha, digamos, tesão ao visitar esta página.

É isso. Hoje é o dia que escolhi para agradecer a sua visita, a sua paciência com o pouco tempo que tenho para melhorar a qualidade dos textos que produzo ou que transcrevo de algumas páginas de interesse. Para ser sincero, nunca consigo ter tempo para revisar os textos, e sempre descubro, dias após a publicação, alguns erros que acho lamentáveis, a maioria por digitação e correção automática de um programa de textos que não é lá tão inteligente.

Hoje é um dia que dedico a ti, amigo anônimo, secreto e que compartilha textos e talvez idéias e ideais. A você, o meu abraço repleto de carinho e de agradecimento. Um abraço de irmão. A você, um eterno seja bem-vindo. Aqui, a casa virtual e o espaço universal da internet são inteiramente nossos.

Venha comigo tentar desbravar, pelas palavras, o que acontece na parte que julgamos conhecida do universo.

A você, o meu muito obrigado com muito carinho e muita satisfação! E como diz a propaganda que criei nesta página para um periódico espanhol, não se perca; não perca a razão e o sentido das coisas!

sábado, 17 de outubro de 2009

INFORMAÇÃO PARA POUCOS

Um dia eu tive a sorte de ver um morador de rua abrir um jornal velho e lê-lo com um interesse que fugia do comum. Para nós que lemos as notícias mais quentes julgando-as desinteressantes, aquele retrato serve como uma luva de pelica a atingir toda a nossa hipocrisia. A sede de informação não tem classe social. A informação é um direito de todos, principalmente se advierem de mídias que dependem de concessão pública, como as tevês por assinatura... Infelizmente, a inconstitucionalidade petrificou-se como conduta normal e ninguém se importa com os excluídos do direito a informação de qualidade. As tevês por assinatura são somente para as classes A e B e alguns da C que ousam privar-se de outros lazeres para poderem pagar os altos preços das assinaturas.
EM TEMPO: AMANHÃ, DIA 18 DE OUTUBRO, POR PROBLEMAS TÉCNICOS DESTE BLOG, EXCEPCIONALMENTE NÃO HAVERÁ POSTAGEM

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

EUA deportaram 90 mil crianças mexicanas em 2008

EFE - México
Las autoridades estadounidenses deportaron a 90.000 menores mexicanos indocumentados en 2008, algunos de ellos sin acompañantes y a altas horas de la noche, según un informe de la Comisión Nacional de los Derechos Humanos (CNDH, defensoría del pueblo), confirmaron ayer fuentes de esa institución.

En el informe Políticas letales, muros mortales, de la CNDH, se indica que algunos de los niños repatriados son alojados en los albergues del sistema estatal de Desarrollo Integral de la Familia (DIF) o en asociaciones religiosas y civiles.
La defensoría mexicana señala en ese texto que "casi siempre" las deportaciones de menores "se apegan a los acuerdos bilaterales" entre México y EE UU.
Sin embargo, advierte que "existen quejas de que las autoridades de Estados Unidos violan los acuerdos al no entregar a los niños con las autoridades consulares en los puertos de entrada establecidos o que los dejan a media noche sin nadie que los reciba".

Muchos de los menores que las autoridades estadounidenses dejan en las ciudades fronterizas mexicanas no tienen lazos familiares, "pues los menores cruzan frecuentemente con gente que ni siquiera conocen", indicó el organismo. Como resultado de esto, "hay más niños en la calle" en las ciudades de frontera.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

EMIRADOS ÁRABES anunciam a construção de planta nuclear

Emiratos Árabes Unidos (EAU) ha anunciado la construcción de la primera central nuclear del mundo árabe para 2017. El proyecto, que llevaba varios años en discusión, se concretó el pasado domingo cuando el presidente de esa federación, el jeque Jalifa Bin Zayed al Nahayán, firmó la ley marco para su programa atómico, según la prensa local. De momento, el tercer productor mundial de petróleo ha asignado 40.000 millones de dólares al desarrollo de "un sector nuclear pacífico".

"Los planes están en marcha para que el primer reactor esté operativo en 2017", anunció Hamad al Kaabi, el representante emiratí ante la OIEA, citado por el diario Khaleej Times. EAU estima que su demanda interna de electricidad va a aumentar de los 15.000 megavatios de 2008 a 40.000 en 2020, debido al crecimiento económico y de población. Cubrir esa diferencia con hidrocarburos le obligaría a reducir las exportaciones de éstos que proporcionan el 80% de los ingresos del Estado.

Sin duda inspirados por Irán, los seis miembros del Consejo de Cooperación del Golfo (Arabia Saudí, EAU, Kuwait, Qatar, Bahrein y Omán) llevan algún tiempo mostrando interés en la energía nuclear para hacer frente a la creciente demanda de electricidad y poder así disponer de más gas y petróleo para la exportación. Abu Dhabi planea construir tres o cuatro reactores en la primera etapa, que se iniciarán una por una con intervalos de 18 meses, en función de las necesidades eléctricas.

No enriquecerá uranio

Pero a diferencia de su vecino de la otra orilla del golfo Pérsico, EAU se ha comprometido a comprar el combustible nuclear necesario para sus reactores, de forma que no tenga que enriquecer uranio. Según la agencia de noticias emiratí WAM, la ley firmada por el jeque Jalifa prohíbe el enriquecimiento de uranio y el reprocesamiento del combustible utilizado.

Ese compromiso le granjeó el pasado mayo una promesa de cooperación del presidente estadounidense, Barack Obama. El Congreso tiene hasta el 17 de octubre para enmendar o rechazar ese acuerdo. Si como es probable no lo hace, el pacto, que Washington quiere promover como modelo para Irán, permitirá a EE UU transferir tecnología nuclear civil a EAU durante los próximos 30 años.

De momento, la construcción de la primera central ya ha suscitado el interés varios consorcios internacionales. Aunque Al Kaabi evitó hablar de fechas, varios medios estiman que el contrato podría otorgarse a mediados de este mes.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Indígenas brasileiros organizam-se para eleger parlamentares

É até vergonhoso, mas quem deu essa notícia em primeira mão foi o jornal espanhol EL PAÍS, que sempre se destacou pela qualidade do jornalismo produzido.


Los 700.000 indígenas brasileños, de los cuales 150.000 tienen derecho a voto, quieren conseguir una presencia consistente en el nuevo Parlamento que saldrá de las urnas el año que viene. Por primera vez, estos indígenas, que pertenecen a 220 etnias y hablan 180 lenguas, se están organizando para tener peso político.

La meta es conseguir elegir por lo menos cinco diputados, que formarían el primer grupo indígena en el Congreso. Tienen ya algunos nombres elegidos para candidatos: Almir Suruí, que se presentará en el Estado de Rondonia; Sandro Tuxa, en el de Bahía; Álvaro Tucano, de una etnia de las márgenes del alto Río Negro, en la Amazonia, y Júlio Macuxí. Este último se destacó en la lucha para conseguir la famosa y polémica reserva de Raposa do Sol, cuya concesión, tras haber sido firmada por el presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, fue recurrida por los arroceros en el Supremo, que acabó emitiendo sentencia a favor de los indígenas. Según Macuxí, en 2010 los indígenas quieren contar con el mayor número de diputados de su historia.

Los indígenas brasileños, quizá los más politizados de América Latina y que ya están presentes en muchas instituciones del Estado y en varias universidades, son muy pragmáticos y están buscando presentarse con los partidos que les ofrezcan mayores posibilidades de ser elegidos, aunque sólo en partidos considerados por ellos progresistas, como el Partido Verde (PV), el Partido de los Trabajadores (PT) y el Partido Democrático del Trabajo (PDT).

Los jefes de las 220 etnias son los organizadores de las candidaturas indígenas, y tienen la esperanza de poder contar en las decisiones parlamentarias. Ya no les basta la protección que suele ofrecerles el FUNAI (Fundación Nacional Indígena) y ni siquiera la Iglesia católica, que en Brasil ha estado siempre de su parte.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"As veias da América Latina continuam abertas"


"O que eu descrevia continua sendo certo. O sistema internacional de poder faz com que a riqueza siga sendo alimentada pela pobreza alheia. Sim, as veias da América Latina ainda seguem abertas", diz Eduardo Galeano em reportagem publicada no jornal espahol El País. O escritor uruguaio recebeu semana passada, em Madri, a Medalha de Ouro do Círculo de Belas Artes. Na reportagem, ele conta que seu mestre, Juan Carlos Onetti disse-lhe algo que não esqueceu: "As únicas palavras dignas de existir são aquelas melhores que o silêncio".

Javier Rodríguez Marcos (El País) - IHU Online

Com cabeça de senador romano e consciência de tribuno da plebe, Eduardo Galeano sempre tem presente uma frase de José Martí: "Todas as glórias do mundo cabem em um grão de milho". Ele diz isso porque, na semana passada, deram-lhe, em Madri, a Medalha de Ouro do Círculo de Belas Artes. "É uma alegria, claro. Não pratico falsa humildade, mas também não me esqueço de Martí e digo a mim mesmo: ei, tranquilo, devagar pelas pedras". No dia seguinte, além disso, recebeu um prêmio da ONG Save the Children.

A reportagem é de Javier Rodríguez Marcos, publicada no jornal espanhol El País, 06-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto, para o IHU (Instituto Humanitas Unisinos).

Aos 69 anos, o escritor uruguaio é uma pedra no sapato dos vencedores da história, uma espécie de best-seller furtivo da esquerda. No ano passado, durante o tour espanhol de apresentação de seu último livro, "Espelhos. Uma história quase universal" (L&PM Editores, 2008), ele lotou cada salão de atos em que pisou, chegando inclusive a transbordar o Auditório de Galícia, em Santiago de Compostela, com capacidade para mil pessoas. No próximo dia 14, ele encerrará esta nova visita à Espanha com uma leitura de sua obra no Auditório Marcelino Camacho de Comisiones Obreras, em Madri.

Galeano conseguiu levantar paixões com livros sem gênero preciso, mas escritos com um estilo fragmentário e seco que ele opõe à "tradição retórico do peito estufado. Aprendi a desfrutar dizendo mais com menos", diz, em seu hotel madrileno de sempre, a um passo da Puerta del Sol. Ali, ele conta que seu mestre, Juan Carlos Onetti, "que não dava conselhos", disse-lhe algo que não esqueceu: "Como ele era bastante mentiroso, para dar prestígio a suas palavras, ele costumava dizer que eram provérbios chineses. Um dia me soltou: 'As únicas palavras dignas de existir são aquelas melhores do que o silêncio".

O autor de "Dias e noites de amor e de guerra" (L&PM Editores, 2001), briga há anos contra o silêncio. Agora, luta também contra o medo. Mais do que as eleições presidenciais que ocorrem no Uruguai no dia 25 de outubro, interessam-lhe os dois plebiscitos que ocorrerão nesse dia. Um pretende derrogar a lei que impede o castigo contra os militares da ditadura: "O Estado não pode renunciar a fazer justiça porque a impunidade estimula o delito". Há 20 anos, foi realizado um referendo com o mesmo objetivo. E com um resultado ruim. "Lançaram toneladas de bombas de medo", conta o escritor. "Dizia-se que, se a lei fosse anulada, a violência voltaria, e as pessoas votaram assustadas".

Aquele primeiro plebiscito dos anos 80 foi promovido por uma comissão, na qual, junto com Galeano, estava Mario Benedetti. Desde a morte deste, em maio passado, seu amigo faz parte da fundação que herdou o legado do poeta para promover a literatura jovem: "Era um insólito caso de escritor generoso. O nosso grupo é uma agremiação egoísta que ocupa a jaula dos pavões reais. A cada um dói o êxito do outro. Ao Mario não". Com relação às reclamações do irmão de Benedetti, incomodado com o testamento, Galeano é diplomático: "Isso está superado. Ninguém se salva das confusões de herança".

O dinheiro misturado com as confusões leva inevitavelmente ao futebol, um assunto ao qual o escritor dedicou centenas de páginas, dentre elas as que formam um clássico da literatura desportiva: "Futebol ao sol e à sombra" (L&PM Editores, 2004). É obsceno pagar milhões de euros por um jogador? "O futebol profissional é a indústria de entretenimento mais importante do mundo. Além do mais, é um esporte que parece religião: a religião de todos os ateus. O que é preciso ter claro é que o Machado dizia: agora, qualquer ignorante confunde valor e preço".

Por outro lado, no anedotário diplomático internacional ficou gravado o fato de que Hugo Chávez presenteasse Obama com o livro mais popular (30 edições em inglês) do autor montevideano, "As veias abertas da América Latina" (Ed. Paz e Terra, 2007, na 46ª edição em português), um ensaio de 1971 que seu próprio autor descreve como "uma contra-história econômica e política com fins de divulgação de dados desconhecidos". E acrescenta: "O que eu descrevia continua sendo certo. O sistema internacional de poder faz com que a riqueza siga sendo alimentada pela pobreza alheia. Sim, as veias da América Latina ainda seguem abertas".

Galeano não acredita que presidente dos Estados Unidos tenha lido o livro. "Duvido. Foi só um gesto. Além disso, a edição era em espanhol". A eleição de Obama pareceu-lhe uma vitória contra o racismo, mas lhe decepcionou que ele aumentou o orçamento da Defesa: "Os políticos mais bem intencionados acabam presos a uma maquinaria que os devora". E o que lhe parece sua política para com a América Latina? "Ele tem boas intenções, mas há problema de treinamento. Os norte-americanos estão há um século e meio fabricando ditaduras, e, na hora de se entender com países democráticos, eles têm dificuldades. O desconcerto diante do que ocorreu em Honduras é uma amostra".

O segundo plebiscito que espera o escritor ao voltar para casa quer outorgar o voto aos uruguaios que não vivem ali, "uma quinta parte da população!". Ele mesmo teve que se exilar e sabe o que é sobreviver sem direitos: "Não tinha documentos, porque a ditadura os negava. Quando eu vivia em Barcelona, tinha que ir à polícia todos os meses. Faziam-me repetir os formulários e mudar cem vezes de guichê. No final, no campo da profissão, eu colocava: 'escritor'. E entre parênteses: 'de formulários'". Ninguém se deu conta.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS

Hoje é dia 12 de outubro. Muitas pessoas acham que o feriado existe por conta do dia das crianças, o que não é verdade. O dia 12 de outubro é o dia da nossa Padroeira, Aparecida, motivo único do feriado. De qualquer forma, esse dia, mesmo não tendo por causa as crianças, pede a nossa reflexão quanto ao que fazemos com os brasileirinhos e brasileirinhas.
Vocês têm idéia de quantos infantes estão abrigados? Sabem quantos foram vítimas de abusos sexuais? Quantos trabalham, mesmo sendo crianças? Quantos não têm o que comer? Quantos não têm água encanada? Quantos moram em locais que não podem ser considerados dignos? Com certeza, se somarmos, teremos um número muito superior à metade da população dessa faixa etária. São muitos brasileiros em condições indignas. Portanto, não há muito o que comemorarmos, mas a fazermos.
O Brasil está começando a mudar, mas precisa de muito mais. Não adianta mudar lá fora. Precisamos mudar os problemas internos e sérios de injustiça social. Reflita e pense em como ajudar. Esse dia propicia isso.

domingo, 11 de outubro de 2009

A imprensa diária está morrendo?

CARTA MAIOR
O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita cotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de subscritores, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores... Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa.

Ignácio Ramonet

O desastre é enorme. Dezenas de diários estão em queda. Nos Estados Unidos já fecharam pelo menos cento e vinte. E o tsunami golpeia agora a Europa. Nem sequer se salvam os outrora considerados "jornais de referência": El País em Espanha, Le Monde em França, The Times e The Independent no Reino Unido, Corriere della Sera e La Repubblica em Itália, etc.
Todos eles acumulam fortes perdas económicas, baixa da difusão e queda da publicidade.

O prestigiado New York Times teve que solicitar a ajuda do milionário mexicano Carlos Slim; a empresa editora de The Chicago Tribune e de Los Angeles Times, assim como a Hearst Corporation, dona do San Francisco Chronicle, caíram na bancarrota; News Corp, o poderoso grupo multimédia de Rupert Murdoch que publica o Wall Street Journal, apresentou perdas anuais de 2.500 milhões de euros...

Para cortar despesas, muitas publicações estão reduzindo o número de páginas; o Washington Post fechou o seu prestigiado suplemento literário Bookworld; o Christian Science Monitor decidiu suprimir a sua edição em papel e existir só na Internet; o Financial Times propõe semanas de três dias aos seus redatores e reduziu drasticamente o número de trabalhadores. As demissões são em massa. Desde janeiro de 2008 foram suprimidos 21.000 empregos nos jornais norte-americanos. Em Espanha, "entre Junho de 2008 e Abril de 2009, 2.221 jornalistas perderam o seu posto de trabalho".
A imprensa diária escrita encontra-se à beira do precipício e procura desesperadamente fórmulas para sobreviver. Alguns analistas consideram obsoleto esse modo de informação. Michael Wolf, da Newser, prevê que 80% dos diários norte-americanos desaparecerão. Mais pessimista, Rupert Murdoch prevê que, na próxima década, todos os diários deixarão de existir...

O que é que agrava tão letalmente a velha decadência da imprensa escrita quotidiana? Um fator conjuntural: a crise econômica global que provoca a redução da publicidade e a restrição do crédito. E que, no momento mais inoportuno, se veio somar aos males estruturais do setor: a mercantilização da informação, o apego à publicidade, a perda de credibilidade, a queda de subscritores, a competência da imprensa gratuita, o envelhecimento dos leitores...

Na América Latina acrescenta-se a isto as necessárias reformas democráticas empreendidas por alguns governos (Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela) contra os "latifúndios midiáticos" de grupos privados em situação de monopólio. Esses grupos desencadearam, contra esses governos e os seus presidentes, uma campanha de calúnias difundidas pelos rancorosos meios de comunicação dominantes e pelos seus cúmplices habituais (na Espanha: o diário El País, que passou a atacar o primeiro ministro José Luis Rodriguez Zapatero).

A imprensa diária continua a praticar um modelo econômico e industrial que não funciona. O recurso à construção de grandes grupos multimídia internacionais, como aconteceu nos anos 1980 e 1990, já não não serve perante a proliferação dos novos meios de difusão da informação e do lazer, pela Internet ou pelos telemóveis.

Paradoxalmente, nunca os diários tiveram tanta audiência como atualmente. Com a Internet, o número de leitores cresceu de forma exponencial (6). Mas a articulação com a Rede continua a falhar. Porque estabelece uma injustiça ao obrigar o leitor do quiosque, o que compra o diário, a subsidiar o leitor da tela que lê gratuitamente a edição digital (mais extensa e agradável). E porque a publicidade da versão web não compensa, ao ser muito mais barata que na versão de papel (7). Perdas e ganhos não se equilibram.
Caminhando às cegas, os jornais procuram desesperadamente fórmulas para enfrentar a hiper-mudança e sobreviver. Seguindo o exemplo do iTunes, alguns pedem micro-pagamentos aos seus leitores para deixá-los aceder em exclusivo às informações online (8). Rupert Murdoch decidiu que, a partir de Janeiro de 2010, exigirá pagamento por qualquer consulta do Wall Street Journal mediante qualquer tecnologia, sejam os telefones Blackberry ou iPhone, Twitter ou o leitor electrónico Kindle. O motor de busca Google está pensando numa receita que lhe permita cobrar por toda a leitura de qualquer diário digital e reverter uma parte à empresa editora.
Bastarão essas medidas para salvar o doente terminal? Poucos acreditam nisso (leia-se o artigo de Serge Halimi "O combate do Le Monde Diplomatique"). Porque a tudo o que se disse acima soma-se o mais preocupante: a perda da credibilidade. A obsessão atual dos diários pelo imediatismo leva-os a multiplicar os erros. O demagógico apelo ao "leitor jornalista" para que coloque na web do seu jornal o seu blog, as suas fotos ou os seus vídeos, aumenta o risco de difundir erros. E adotar a defesa da estratégia da empresa como linha editorial (coisa que hoje fazem os diários dominantes) conduz à imposição de uma leitura subjectiva, arbitrária e partidária da informação.
Frente aos novos "pecados capitais" do jornalismo, os cidadãos sentem-se vulneráveis nos seus direitos. Sabem que dispor de informação fiável e de qualidade é mais importante que nunca. Para eles e para a democracia. E interrogam-se: Onde procurar a verdade? Os nossos leitores assíduos conhecem (uma parte de) a resposta: na imprensa realmente independente e crítica; e obviamente, nas páginas do Le Monde Diplomatique.
Artigo publicado em rebelion.org, traduzido para o português por Carlos Santos, do site Esquerda.Net.

sábado, 10 de outubro de 2009

O véu, a identidade e o discurso

foto:GLOBO.COM

por Isabelle Somma
para o ICArabe

Chador, hijab, niqab, burca, jilbab . São vários os modelos de vestimentas que encobrem as formas do corpo feminino, os cabelos e até mesmo o rosto das muçulmanas. E também são inúmeras as restrições que as usuárias têm enfrentado. Na França, usar algo do gênero em escolas públicas e até na rua vem sendo alvo da sanha governamental. Na Turquia, o mesmo princípio, o da laicidade do estado, foi mencionado para proibir o uso de véus nas universidades. Nos Estados Unidos, muçulmanas devotas têm problemas até para entrar em bancos. Talvez seja hora de entendermos um pouco mais as motivações das usuárias.

A época e o local de origem do costume de cobrir os cabelos e o corpo são incertos. Cobrir o rosto com um véu era comum na Baixa Idade Média entre as bizantinas orientais (FREI BETTO, 2000; p. 221), mas também era uma prática comum na Península Arábica pré-islâmica (AHMED, 1992; p. 5). Sabe-se com certeza, contudo, que o costume se popularizou entre os muçulmanos muitas décadas depois da morte do profeta Muhammad (?-632), durante o califado abássida, em meados do século VIII (KAMEL, 2007; p. 152).

A própria regulamentação da vestimenta entre os muçulmanos é controversa. O Alcorão, livro sagrado que é reconhecido por todas as correntes islâmicas , não é preciso sobre o assunto. Nele, não há nenhuma indicação em relação à prática feminina de cobrir a cabeça, apenas a recomendação de que os fiéis se vistam com modéstia. “Specific attire for women is not stipulated anywhere in the Quran, which also emphasizes modesty for men...” (ESPOSITO, 2002, p. 95). O uso de vestimentas especiais entre as muçulmanas baseia-se, de acordo com Frei Betto e Esposito, no versículo 31 da sura 24 do Alcorão (sem data, p. 186):

E dizer às crentes que baixem o olhar e preservem o pudor e não exibam de seus adornos além do que aparece necessariamente. E que abaixem seu véu sobre os seios e não exibam seus adornos senão aos seus maridos ou pais ou sogros ou filhos ou enteados ou irmãos ou sobrinhos ou damas de companhia ou servas ou criados de apelo sexual ou às crianças que nada sabem da nudez da mulher.

A tradição islâmica afirma que tudo, exceto mãos e pés – além de muitos incluírem rosto – deve ser coberto. A interpretação parece uma contradição, pois se o corpo inteiro precisa ser coberto, não haveria sentido a especificação no livro sagrado sobre cobrir os seios separadamente. Outro verso do Alcorão que aborda o tema designa que as mulheres devem usar um manto para não serem reconhecidas e incomodadas. Ambos são as únicas indicações de vestimenta para mulheres no Alcorão (KEDDIE, 2007; p. 206).

Provavelmente, a prescrição tradicional está ligada ao preceito da segregação sócio-religiosa, fundada sobre a diferença de gênero. Ela se relaciona com uma distinção entre o domínio público e a esfera privada, que tem origem nos mecanismos sociais de organização dos papéis de ambos os sexos criados e consolidados na sociedade patriarcal pré-islâmica e que “resistiram com o passar do tempo, até os nossos dias, quando as conflitividades entre as diversas identidades de gênero explodiram e ganharam visibilidade na sociedade” (PACE, 2005; pp. 151-2).

A socióloga marroquina Fátima Mernissi tem uma tese bastante controversa a respeito do uso religioso da segregação dos sexos. Ela afirma que, ao contrário da cultura ocidental, que se baseia na crença de que as mulheres são inferiores biologicamente, no Islã é o contrário. Na verdade, o sistema de crença é baseado na suposição de que as mulheres são seres poderosos e perigosos e por isso existem instrumentos para sua contenção. “All sexual institutions (poligamy, repudiation, sexual segregation, etc.) can be perceived as a strategy for containing their power” (MERNISSI, 1987; p. 19). Portanto, o ato de cobrir a cabeça das mulheres seria uma forma de proteger os homens, e não o contrário.

Nos últimos anos, essas marcas de segregação e recato islâmico têm sido vistas cada vez mais freqüentemente em reportagens jornalísticas que tratam dos países islâmicos e daqueles onde há grandes comunidades de fiéis da religião. Esse aumento da cobertura sobre o assunto se deve, provavelmente, a duas razões primordiais. A primeira é um interesse despertado pelos atentados de 11 de setembro de 2001 em relação ao mundo islâmico, com grande ênfase na situação das muçulmanas em geral. E, em segundo, pela disseminação da vestimenta islâmica entre as muçulmanas de todo o planeta, principalmente nos centros urbanos do mundo.

Clifford Geertz (2001) já apontava, em uma conferência realizada em 1996, que a adesão a essas vestimentas se tornava uma tendência crescente que faria parte de uma “reconfiguração religiosa da política do poder”. Esse movimento, pós-queda do Muro de Berlim, teria trazido à tona formas mais particulares e particularistas de auto-representação coletiva (GEERTZ, 2001; p. 157). O antropólogo norte-americano cita especificamente o caso de jovens javanesas, urbanizadas e instruídas, que optaram por adotar uma vestimenta tradicional comum no Oriente Médio (e nem tanto no Sudeste Asiático onde vivem), o jilbab, antes associada a mulheres mais velhas e devotas. Baseado nas pesquisas de Suzanne Brenner com vinte mulheres entrevistadas na Indonésia, Geertz explica que este não é um movimento simples e único (op. cit.; p.164):

O movimento das identidades religiosas e das questões religiosas em direção do centro da vida social, política e até econômica talvez esteja disseminado e crescendo, tanto em escala quanto em importância. Mas não é um fenômeno unitário, a ser uniformemente descrito. Existem tantas variedades de “experiência religiosa”, ou, se quisermos, expressões da experiência religiosa, quantas sempre existiram. Ou talvez mais.

A própria pesquisadora aponta que esse movimento demonstra a ocorrência de transformações sociais e religiosas mais profundas. Segundo Brenner, para algumas muçulmanas javanesas, a adoção do uso do jilbab é tanto uma reconstrução do “self” como também a reconstrução da sociedade através da autodisciplina coletiva e individual. A própria opção por usar a vestimenta se traveste de uma característica moderna. A experiência da adoção de roupas que marcam a opção ortodoxa daquela que a adotou estaria, portanto, produzindo um senso de identidade, poder e sentido às javanesas entrevistadas (BRENNER, 1996; p. 690).

As três palavras são citadas por Geertz e apontadas como elementos-chave para o entendimento das novas tonalidades da devoção em nossa época. O autor cita uma série de fatos em que política e religião se confundem para concluir que ignorar essa relação seria “passar por cima de uma multiplicidade de coisas que vêm acontecendo nos corações e mentes dos devotos de hoje” (GEERTZ, 2001; p. 152).

O exemplo de Geertz é apontado pelo historiador libanês Albert Hourani como um movimento que teve início no final dos anos 70, início dos 80, no mundo árabe. Mesmo nas ruas, locais de trabalho, e, especialmente, em universidades e escolas, um crescente número de mulheres passou a cobrir os cabelos, e algumas, o rosto, segregando-se social e profissionalmente dos homens. “Pelo que poderia parecer um paradoxo, isso era mais um sinal de afirmação de sua identidade que do poder do homem.” Grande parte daquelas que optou pelo véu não vinha de famílias que praticavam a segregação de sexos, mas adotaram o costume como um ato de escolha deliberada, “resultante de uma certa visão do que deveria ser uma sociedade islâmica, e em certa medida influenciada pela revolução iraniana” (HOURANI, 1994; p. 439).

A retomada do uso do véu como marca de um movimento devocional crescente também é apontado por Lila Abu-Lughod, que realizou trabalho de campo no Egito. De acordo com a pesquisadora da Universidade de Columbia, o aumento do uso atual do véu nos centros urbanos tem sido observado em várias partes do mundo islâmico. Esta tendência estaria associada a um movimento religioso/político, que ela chama de “islamismo” . O uso do véu se basearia em ideais de modéstia, mas estão explicitamente ligados ao comprometimento com outros ideais religiosos e à identidade muçulmana. Seguindo essa mesma tendência, os homens que querem demonstrar sua adesão ao movimento também adotam uma vestimenta diferenciada: usam roupas brancas e um gorro na cabeça, além de barbas longas (ABU-LUGHOD, 1999; pp. xix-xx).

Na Europa, a mesma tendência tem se verificado e vem suscitando polêmica desde o final da década de 80, quando meninas que usavam o hijab (véu que cobre os cabelos) passaram a ser barradas nas escolas públicas da França, sob alegação de que elas feriam a laicidade do sistema educacional.

Caitlin Killian (2003) pesquisou a opinião de muçulmanas originárias do Norte da África e que vivem na França sobre a proibição da peça pelo governo do país. A pesquisadora aponta que características como idade e grau de educação influenciam seus discursos sobre o uso do véu como um contestado símbolo de cultura, religião e gênero. Entre as que aprovam o uso, muitas usaram em seu favor argumentos como respeito a direitos e a liberdade individual daquelas que optam por aderir ao véu. Portanto, elas veriam a opção do uso do véu como coerente com um discurso progressista.

Françoise Gaspard e Farhad Khosrokhavar (1995) entrevistaram meninas que foram proibidas de entrar nas escolas francesas de véu. Segundo as autoras, a maioria das adolescentes e pré-adolescentes usava o véu por pressão familiar. Por outro lado, as mais velhas, entre 18 e 22 anos, tendiam a adotar o véu por convicção religiosa ou como um símbolo de diferença e orgulho de sua identidade étnica. Esse dado vai de encontro com a pesquisa realizada pelo jornal Le Monde em 1989 e que corrobora a idéia de que uma geração de jovens que saíram da adolescência tende a ser mais flexível com a idéia do véu. As entrevistadas mais velhas tendiam a condenar mais o uso do véu do que as mais jovens: 67% contra 44%, respectivamente (KILLIAN, 2003; p. 572-3). Os dados parecem indicar que a opção pelo uso do véu é mais comum entre as pós-adolescentes.

É interessante notar que as meninas entrevistadas por Gaspard e Khosrokhavar, que insistiram em usar o véu nas escolas francesas mesmo sendo proibidas por lei, rejeitam o que elas enxergam como uma tentativa de desvalorização da cultura de seus pais e uma ênfase na assimilação. Por outro lado, aceitam integrar-se por meio da escolarização e da entrada no mercado de trabalho e desejam ser reconhecidas como francesas e muçulmanas (GASPARD e KHOSROKHAVAR, 1995).

Enquanto, por um lado, tal atitude parece reforçar uma visão tradicional do lugar das mulheres na sociedade (HOURANI, 1994; p. 439), o paradoxo (de mulheres educadas e integrantes do mercado de trabalho) pode ser um “feminismo ao reverso” com conotações políticas e morais. Ou melhor, o entrelaçamento das referências seculares e sagradas representadas pela adoção do uso do véu podem ser vistos como uma reação ao feminismo secular ocidental e como parte de uma busca por uma forma islâmica de protesto contra o poder masculino (WATSON, 1994; p.152).

O fato é que no Brasil temos uma situação que ainda não se mostra clara devido à falta de pesquisas a esse respeito. Fatores como o número menor de imigrantes e descendentes, a distância dos países de origem, e a tradição de recebimento de correntes migratórias fazem com que o caso brasileiro seja bastante específico. No país, até o número de muçulmanos é incerto . Sabe-se apenas que grande parte deles é formada por imigrantes do Líbano e da Síria e seus descendentes . Além da colônia árabe-muçulmana, o país possui um contingente de convertidos. Segundo o sheik Jihad Hassan Hammadeh, um dos líderes da comunidade no Brasil, a maioria deles é do sexo feminino: de cada dez conversões, sete são de mulheres (SOMMA, 2007: p. 69).

Há indícios de que no Brasil, a adesão ao uso do véu se relaciona mais com uma construção identitária do que com um apelo político, como ocorre no Egito e na França. Em dissertação de mestrado que trata do uso do véu em Juiz de Fora (MG), Fawzia Cunha demonstra que a maior parte das muçulmanas que aderiu ao véu, entrevistadas em sua pesquisa, tem o segundo grau completo e trabalha fora de casa. A autora conclui que o véu em Juiz de Fora não vem sendo utilizado como instrumento de luta política, apesar de muitas delas terem optado pelo uso após os atentados de 11 de setembro de 2001. Mas, como uma afirmação de identidade religiosa e pessoal (CUNHA, 2006; p. 125).

É interessante notar que entre as entrevistadas de Cunha e também de Ferreira (2001), autora de dissertação sobre imagens de muçulmanas, há muitas que optaram pelo véu apesar de suas mães nunca terem usado. Será que após 11 de setembro, e a decorrente atenção dispensada pela imprensa em relação aos seus desdobramentos, não teriam contribuído para que houvesse algum outro tipo de engajamento, como o de cunho político ?

O próprio uso do véu concede algum status dentro do grupo. Segundo Ferreira, após cobrir o cabelo, uma de suas entrevistadas, Magda Latif passou a ocupar um outro estatuto dentro de seu grupo: “respeitada por todos, pela inteligência e capacidade de articular e passar adiante os ensinamentos do islamismo”. A autora afirma ainda que Magda se tornou um expoente do grupo, pois passou a dar entrevistas para revistas e programas de TV (FERREIRA, 2001; pp. 59-60). Contudo, a notoriedade explica mais a manutenção do véu do que a opção por seu uso. O véu não ajudaria sua portadora a legitimar seu proselitismo e, por que não, seu papel de porta-voz da comunidade?

Provavelmente as entrevistas de Magda a veículos de imprensa aumentaram após 11 de setembro de 2001. A vestimenta islâmica feminina provoca fascínio, como prova a grande quantidade de reportagens sobre o assunto. A imagem de muçulmanas cobertas, seja qual for o tipo de vestimenta, serve para ilustrar reportagens de diferentes assuntos relacionados ao mundo islâmico, de guerras a turismo, mesmo antes dos atentados de 2001.

Mas Lila Abu-Lughod enfatiza que a mobilização da mídia e de grupos feministas nos Estados Unidos e na Europa se dá mais facilmente quando são homens muçulmanos oprimindo mulheres muçulmanas: “women of cover for whom they can feel sorry and in relation to whom they can feel smugly superior” . A mesma atenção não é dada às mulheres palestinas, por exemplo, que sofrem privações diárias (ABU-LUGHOD, 2002; p. 787), em conseqüência de uma ocupação de não-muçulmanos. A questão da opressão das mulheres muçulmanas por homens muçulmanos, a violência praticada pelos “outros”, é o que parece atrair a atenção da imprensa.

Outra importante questão é que a ausência de voz das mulheres muçulmanas para falar sobre elas mesmas nos meios de comunicação. Em pesquisa realizada em minha dissertação de mestrado, constatei que muito da condição das muçulmanas afegãs foi evocado, principalmente o uso da burca . Reportagens que passeavam em campos de refugiados com mulheres cobertas foram escritas, com as devidas descrições e fotografias das vestimentas. Mas suas vozes nunca eram apresentadas (CASTRO, 2007; p. 77). Esse fato parece confirmar a idéia apontada por Ayotte e Husain (2005, p. 115) de que sempre há um “ventríloquo” (texto narrativo do jornalista) falando por cima das afegãs ou por elas. A opressão por meio do silenciamento das muçulmanas se mostrou uma prática jornalística comum nos jornais pesquisados (Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) em relação às afegãs.

Mas isso parece ocorrer também em outros veículos e em relação às mulheres árabes. A pesquisadora Linda Steet (2000) analisou todas as reportagens sobre o mundo árabe, essencialmente muçulmano, em edições da revista National Geographic entre 1888, data que foi publicada pela primeira vez, e 1988, quando completou 100 anos. Entre as principais conclusões que chegou, está a de que “a mulher oprimida” foi tema recorrente em um século de reportagens da revista. A vestimenta islâmica destacou-se nessa cobertura por supostamente demonstrar uma submissão feminina.

Ao mesmo tempo em que a imprensa constrói o retrato de que as mulheres muçulmanas são indefesas – seguindo o discurso hegemônico –, a corrente contrária, conhecida como “islã fundamentalista”, mas que prefiro chamar de ativista, também utiliza o discurso da opressão para impor seu ponto de vista. “Still, Muslim women are feeling like pawns in a political game: jihadists portray them as ignorant lambs who need to be protected from outside forces, while the United States considers them helpless victims of a backward society to be saved through military intervention” (ALI, 2005) . A manipulação da imagem das muçulmanas de véu não estaria escondendo suas principais motivações, conflitos e, principalmente, suas vozes sobre sua própria condição?

Talvez este discurso faça parte do que Omar Ribeiro Thomaz (2001) chama de “ansiedades” de nossos Estados nacionais. Esse discurso, legitimado pela imprensa, muitas vezes deixa de lado as verdadeiras necessidades e anseios das populações enfocadas. Quem melhor pode falar sobre o uso da vestimenta religiosa: um Estado ou as próprias usuárias?

Bibliografia:

ABU-LUGHOD, Lila. Veiled Sentiments: Honour and Poetry in a Bedouin Society. Berkeley: University of California Press, 1999.
__. Do Muslim Women Really Need Saving? Anthropological Reflections on Cultural Relativism and Its Others. In: American Anthropologist, 104, n. 3, 2002, pp. 783–790.
AHMED, Leila. Women and Gender in Islam. New Haven: Yale University Press, 1992.
ALCORÃO Tradução de Mansur Challita. Rio de Janeiro: Associação Cultural Internacional Gibran, (sem data).
ALI, Lorraine. Reform: Not Ignorant, Not Helpless. In: Newsweek, Dec, 12, U.S. Edition, 2005, pp. 33. http://www.msnbc.msn.com/id/51394
AYOTTE, Kevin e HUSAIN, Mary E. Securing Afghan Women: Neocolonialism, Epistemic Violence, and the Rhetoric of the Veil. In: National Women’s Study Association Journal, Indiana University Press, vol. 17, no 3, Fall, 2005, pp. 112-33.
BRENNER, Suzanne. Reconstructing Self and Society: Javanese Muslim Women and "The Veil". In: American Ethnologist, Vol. 23, No. 4 (Nov., 1996), pp. 673-697.
CASTRO, Isabelle C. Somma de. Orientalismo na Imprensa Brasileira. A representação de árabes e muçulmanos nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo antes e depois de 11 de setembro de 2001. Dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2007.
CUNHA, Fawzia Oliveira Barros. Véu sobre a rua Halfeld: um estudo sobre as mulheres muçulmanas da mesquita de Juiz de Fora e o uso do véu. Dissertação de mestrado defendida no programa de pós-graduação de Ciências da Religião do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2006.
ESPOSITO, John L. What everyone needs to know about Islam. New York, Oxford University Press, 2002.
FERREIRA, Francirosy. Imagem oculta: reflexões sobre a relação entre os muçulmanos e a imagem fotográfica. Dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2001.
FREI BETTO. O Corão e as mulheres. In: SADER, E. e FREI BETTO Contraversões: Civilização e barbárie na virada do século. São Paulo: Boitempo Editorial, 2000, pp. 220 a 223.
GASPARD, Françoise e KHOSROKHAVAR, Farhad. Le foulard et la république. Paris: Editions de la Découverte, 1995.
GEERTZ, Clifford. O beliscão do destino In: GERRTZ, Clifford. Nova Luz sobre a Antropologia, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2001.
HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras.
KEDDIE, Nikki. Women in the Middle East: Past and Present. Princeton: Princeton University Press, 2007.
KILLIAN, Caitlin. The Other Side of the Veil: North African Women in France Respond to the Headscarf Affair. In: Gender and Society, Vol. 17, No. 4. (Aug., 2003), pp. 567-590.
MERNISSI, Fatima. Beyond the Veil. Male-Female Dynamics in Modern Muslim Society (Revised Edition). Indianapolis: Indiana University Press, 1987.
PACE, Enzo Sociologia do Islã: fenômenos religiosos e lógicas sociais. São Paulo: Editora Vozes, 2005.
RASHID, Ahmed. Jihad A ascensão do islamismo militante na Ásia Central. São Paulo, Cosac & Naify, 2003.
SOMMA, Isabelle. No tempo das caravelas. In: Galileu História. A Face Oculta do Islã, São Paulo: Editora Globo, 2007, pp. 66-69.
STEET, Linda. Veils and daggers: a century of National Geographic’s Representation of the Arab World. Philadelphia: Temple University Press, 2000.
THOMAZ, Omar Ribeiro. Sobre a Burka e outras ansiedades ocidentais. In: Panorama da Conjuntura Internacional, São Paulo, v. 12, 2001.
WANIEZ, Philippe; BRUSTLEIN, Violette. Os muçulmanos no Brasil: elementos para uma geografia social. In: Alceu, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, 2001, pp. 155-180.
WATSON, Helen. Women and the Veil: Personal responses to global process. In: AHMED, Akbar and DONNAN, Hastings (ed.) Islam, globalization and postmodernity. London: Routledge, 1994, pp. 141-159.
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Isabelle Somma , é jornalista e doutoranda em História Social na Universidade de São Paulo

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

QUEM É O ASSESSOR DE SEGURANÇA NACIONAL DOS ESTADOS UNIDOS?





Por Rui Veiga

O que pretende Barack Obama ao escolher o general James Jones, conhecido na intimidade das casernas como o general “Jim Jones” - em referência a um norte americano fanático religioso, homônimo do general, que ordenou o assassinato de 909 fiéis em 1978 na Guiana - para ser seu estrategista na delicada área de segurança nacional dos Estados Unidos?

A biografia do general não é muito animadora – para se dizer o mínimo – em relação à defesa da soberania nacional dos países. Sequer é animadora para a mídia convencional e aos adeptos do politicamente correto, que, durante a campanha eleitoral, viram em Obama uma espécie de mentor de uma nova “revolução americana”. Tanto é assim que a recente (em agosto último) presença deste general Jim Jones na América Latina deixou setores progressistas e mesmo os democratas americanos preocupados, quanto ao ideário da política de defesa, que o novo titular da assessoria de segurança nacional está desenhando para a Casa Branca.

Mais que isso, demonstrando o espírito imperialista que permeia integralmente a sociedade de seu país, mesmo depois da crise, que abalou boa parte de seu modelo de vida e que principiou o fim do sonho americano, o estabilishment dos Estados Unidos mais uma vez inicia um novo governo cercado pelas velhas fórmulas. Retorna ao passado: com propostas, discursos e comentários intervencionistas em relação a outros países, prossegue com a instalação de bases militares na Colômbia, intensifica a guerra no Afeganistão, discurso contra os eternos inimigos dos Estados Unidos e adota uma política agressiva do conceito de defesa da segurança nacional.

Mas, afinal, o que há de semelhanças entre o general James Jones com seu homônimo e falso profeta Jim Jones que provocou aquela grande tragédia religiosa em 1978?

A primeira delas é que ambos serviram no corpo de mariners dos Estados Unidos. Tropa de ataque usualmente utilizada para “defender os interesses americanos em escala mundial”. Para bom entendedor, tropas para intervenções em outros países. Mais interessante que, James e Jim serviram entre o mariners à mesma época: final dos anos 60 e início dos 70, em plena Guerra do Vietnã, um dos momentos culminantes do militarismo americano no século 20.

A segunda similaridade é a grande agressividade verbal, que o general utiliza (e o profeta falsário utilizava em suas pregações) contra seus inimigos e na capacidade de comandar e dirigir com severidade seus comandados, no caso do general. E, por sua vez, manipular e explorar seus seguidores, no caso do homônimo Jim Jones. Ambos sem quaisquer tipo de problemas de manter uma fala mansa, mas contundente contra seus inimigos e aqueles que se rebelavam contra sua autoridade. Em ambos os casos, os comunistas. Mas também aqueles por ele considerados inimigos do país, no caso do general. E os inimigos de sua pretensa religião, por parte do pseudo-profeta Jim Jones.

O general James Jones é também tido na esfera política americana como representante da linha dura no Pentágono e o estabilishment de defesa o tem como um de seus principais interlocutores. Inclusive, é visto como muito próximo daqueles setores denominados falcões, militares que consideram estratégicas as ações ditas anti- terroristas em escala mundial e que, por conta destas, se beneficiam do comércio de armas e tecnologias militares. Afinal, ninguém é de ferro! Esta postura de falcão é outra das razões que justificam o fato do general levar consigo e em sua biografia o apelido de Jim Jones.

Esta carreira militar entre os mariners por 40 anos o tornou um defensor de intervenções externas. Nunca é demais lembrar que, há muitas ações intervencionistas através da força de mariners dos Estados Unidos pelo mundo afora. Enumeram-se entre outras nos últimos 40 anos: as presenças no Vietnã, Barbados, Panamá, Guerra do Golfo e no próprio Iraque. Além de estarem acantonadas nas centenas de bases americanas espalhadas pelos cinco continentes.

James Jones – ou se se preferir Jim Jones - é a face oculta do governo Obama, uma espécie de alter-ego. Enquanto o Presidente discursa “em defesa de pobres” e abraça crianças nas ruas americanas, já ao assumir o cargo, dinamiza o processo de estabelecimento de bases militares na Colômbia, ameaçando o equilíbrio político e tentando militarizar a América do Sul seguindo as orientações do seu Jim Jones

Uma passada de olhos nas gestões internacionais atuais do general James Jones revela que este dá continuidade aos conceitos de defesa nacional e da luta anti-terrorista do republicano Bush, que se tornou uma ameaça permanente à paz mundial. O general, antes mesmo de assumir, fez questão de discursar na associação dos veteranos de guerra americanos, antro da direita americana, onde como não poderia deixar de ser, atacou os inimigos externos do Estados Unidos pela ordem: as organizações “terroristas islâmicas”, o Irã, o governo de Cuba, Hugo Chávez e a Coréia do Norte. Aproveitando o ensejo, defendeu a invasão do Iraque e a intervenção no Afeganistão.

Os admiradores de Obama podem refletir sobre a nova política externa norte americana a partir das palavras e intervenções verbais do general Jim Jones. Um dos exemplos dessa “nova” concepção foi dado recentemente no Brasil, quando declarou que: “Hugo Chávez preocupa muito o governo americano”. E, simultaneamente, defendeu a presença militar dos Estados Unidos na terra de Uribe, a Colômbia.

Mais incisivo e acusador sobre o assunto foi à imprensa estrangeira no final de agosto em entrevista coletiva, na qual afirmou:

“Há evidências do transporte de armas da Venezuela para as Farc. E Chávez, não ajuda o esforço de paz e de segurança da região”, afirmou Jim Jones em reunião com jornalistas em Washington. Simultaneamente, este Jim Jones afirma que a presença de soldados americanos na Colômbia não afetará a segurança nacional colombiana, nem de seus vizinhos, do Brasil inclusive.

Ao falar em soberania nacional, o Jim Jones atual opta por discutir vendas de armas e tecnologia militar. Para ele, estas serão parcerias estratégicas e que, os Estados Unidos procurarão o Brasil para parceiro nos principais acordos militares na América Latina.

Para reforçar seu ponto de vista, trouxe em sua comitiva dois subsecretários de estado, ambos provenientes do Pentágono. A função dos dois é vender armas e tratar de assuntos relativos à transferência de tecnologia militar.

Em síntese, Obama, com seu Jim Jones, em política externa quer se comportar igual ao outro Jim Jones, o ”profeta”. Seu representante para segurança nacional ameaça governos eleitos constitucionalmente, reelege o “terrorismo internacional islâmico” como seu inimigo principal e esquece o discurso sobre a retirada do Iraque. Igualmente ao outro Jim Jones, que instalou no final dos anos 70 uma colônia, que explorava o trabalho escravo e fanatizava seus seguidores, dominando-os pela força, Obama se coloca dentro do viés da militarização e das intervenções para garantir a hegemonia americana. É mais uma prova real de que qualquer político representante dos Estados Unidos nos moldes atuais capitalista, não importando sua origem social, ao se sentar na cadeira mais alta do Salão Oval na Casa Branca desempenhará por definição o script traçado pelo imperialismo.

* Rui Veiga é jornalista

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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