Transcrevo abaixo um importante texto encaminhado por uma pessoa querida que luta por uma causa nobre. Muitos não sabem, mas a deficiência em ácido fólico pode ocasionar problemas irreparáveis à vida do feto. Veja abaixo o texto publicado com a autorização da autora.
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CIDADANIA
por LUCIANA FRANKLIN*
A mensagem para mulheres grávidas é clara. Um pequeno investimento em nutrição agora paga a boa saúde de seu bebê no futuro.
Por esta razão, a administração alimentícia e farmacêutica propôs em outubro de 2.004, que todos os produtos advindos de farinha e grãos fossem fortificados com ÁCIDO FÓLICO, uma das vitaminas B. apenas 0,4 mg deste nutriente (vitamina), todo dia, pode diminuir riscos neurológicos que afetam o cérebro e a espinha dorsal do corpo.
O FOLATO está em muitos alimentos saudáveis (folato e fólico são termos, ÁCIDO FÓLICO é uma forma sintética de folato, o qual é naturalmente achado em alguns alimentos).
Um prato de sopa de lentilha ou um café da manhã com cereais, uma salada de espinafre ou um grande copo de suco de laranja pode colocar uma mulher no caminho dos 0,4 mg diários e necessários de ácido fólico.
A parte crítica é que defeitos do tubo neural podem ocorrer no embrião antes que a mulher possa perceber que está grávida. Sendo que metade das gravidezes não são planejadas. A F.D.A. (Food and Drug Administration), trabalha para que as mulheres tenham consigo, em seu organismo, a medida correta do ácido fólico, desde a infância, ou seja, que todas as pessoas (mulheres principalmente), sejam ricas ou pobres tenham livre acesso a tal vitamina, em sua alimentação diária, garantindo com isso a boa e perfeita saúde de seus bebês, ao menos em se tratando de problemas gerados pela falta do mesmo.
Sem isso, a maioria das mulheres entre 19 e 50 anos tomam somente 0,2 mg de ácido fólico todos os dias, sendo esta uma estimativa feita pelo DEPARTAMENTO DE SAÚDE.
Estima-se que se uma mulher precisa de pelo menos 3 meses de uma alimentação complementada com a citada vitamina, para ter a certeza de que ocorrendo uma gravidez, ela terá seus riscos baixados para 90% de uma ma formação em seu bebê; assim sendo aumentando-se o consumo de ácido fólico nas mulheres em idade fértil para 0,4 mg por dia, diminuiria significamente a incidência de defeitos no tubo neural e outros problemas ocasionados pela falta de tal vitamina.
Além destes benefícios alimentícios, a decisão de aumentar a quantidade de ácido fólico nos alimentos ainda é difícil, pois ainda é muito difícil medir o que as pessoas estão comendo, ou ainda o que elas podem comer, vez que a população “pobre” não acesso nenhum em tais alimentos, vez que a prioridade da renda, não são utilizadas na alimentação saudável, em nutrientes, em cereais no café da manhã, etc.
A maioria dos estudos feitos sobre ácido fólico, tem sido feitos com pílulas; não em pratos de comidas, justamente pelo fator acima citado e também porque para os cientistas fica muito difícil medir os resultados de qualquer estudo alimentício, face a constante mudança na alimentação das pessoas.
Não basta a fortificação dos alimentos para a população, é extremamente necessário a conscientização da população sobre o que é ácido fólico, qual o benefício de tal vitamina no organismo e principalmente a quantidade necessária para que seja suficiente em cada organismo.
Somente a fortificação dos alimentos com tal suplemento vitamínico, ou seja, o ácido fólico, não é o bastante, haja vista que dependendo da alimentação diárias das mulheres, estas vão continuar em déficit do mesmo em seus organismos, sendo assim a mulher terá que conseguir o restante com suplementos vitamínicos, todavia as mulheres não tem ciência do que é o ácido fólico e sequer qual o benefício trazido pelo mesmo.
Estudos mostram que de cada 10 mulheres questionados sobre “O QUE É ÁCIDO FÓLICO”, 09 não sabem do que se trata, muitas delas ate respondendo que se trata de uma “droga nova na sociedade”; ou seja, não têm consciência nenhuma sobre o assunto, fato este o qual gera muita preocupação, vez que não basta o adicionamento do ácido fólico em produtos de grãos (cereais), farinha, pães, macarrão, etc.
Mais uma vez, voltando ao problema da questão social, o déficit de ácido fólico, não é problema em mulheres que consomem alimentos ricos em folato, tais como folhas verdes e vegetais, frutas cítricas, feijão e um bom café da manhã com cerais, todavia, fica a questão: QUAL A PORCENTAGEM DA POPULAÇÃO QUE TEM O BENEFÍCIO DE TAL ALIMENTAÇÃO DIÁRIA?
Para que se conseguisse que as mulheres adquirissem a quantidade suficiente de tal vitamina, ou seja, 400 a 500 microgramas de folato em seus organismos, haveria a necessidade diária de 3 a 5 porções de vegetais, 2 a 4 de frutas e 6 a 11 de porções de grãos e aí fica a questão: QUAL A PORCENTAGEM DA POPULAÇÃO COM CONDIÇÕES DE TER DIARIAMENTE UMA ALIMENTAÇÃO COMO A ACIMA CITADA?
Um grande número de cientistas acreditam que até 1 grama de ácido fólico por dia é seguro, mesmo se fosse seguido o Guia Internacional de Saúde, incluindo consumo de pão fortificado e tomando multivitaminas com outras 400 microgramas de ácido fólico, as pessoas estariam ainda dentro dos limites seguros.
O maior problema é para os mais velhos. Uma a cada 05 pessoas entre 65 e 95 anos, não têm vitamina B12 suficiente, grande causador das anemias diagnosticadas.
O ácido fólico extra pode amenizar esse sintoma, o qual pode causar uma deficiência permanente nos nervos, ao menos que seja tratado.
Até os dias de hoje, a proposta tem tido suporte e criticas por profissionais da saúde e cientistas. Profissionais da saúde e nutrição têm tomado posturas opostas neste tema.
Por exemplo, um grupo de trabalho de cientistas do Centro de Controle de doenças e prevenções na Cidade de Atlanta, nos Estados Unidos da América, gostaria inclusive que a quantidade proposta e aceita na lei, fosse maior. Este comitê acredita, que a proposta feita seria insuficiente para prevenir o grande número de defeitos no tubo neural.
“Eu vi o trauma de defeitos no tubo neural. É uma situação muito difícil para a família”, afirmou Joseph Mulinare, um pediatra e infectologista do CDC. Como membro do grupo de trabalho do CDC em ácido fólico, Mulinare e seus colegas gostariam de ver o pedido do FDA (Food and Drug Administration) majorados no mínimo em 02 (duas) vezes mais do que a proposta.
O outro lado, outros cientistas tem um certo cuidado em fortificarem os alimentos, conforme afirmou James Mills, M.D. (chefe da epidemia pediátrica no Instituto Nacional de Saúde Infantil de Desenvolvimento Humano “Eu estou um pouco nervoso sobre usar grandes quantidades de ácido fólico, nós não sabemos exatamente o que irá acontecer se adicionarmos ácido fólico na dieta de 250 milhões de pessoas. Isto pode dificultar a identificação de efeitos adversos”.
Alguns nutricionistas se opõem na fortificação do ácido fólico nos alimentos como princípio, argumentando que mulheres podem conseguir ácido fólico que precisam em uma dieta balanceada, todavia o FDA, com toda intensidade lutou pela fortificação de ácido fólico nos alimentos, com uma única diretriz, qual seja a redução nos defeitos provocados pela falta do mesmo, nos nascimentos em geral, sem que para isso houvesse prejuízo de ninguém.
“FDA tem sido criticado por ser conservador, mas na incerteza é a melhor precaução”, disse Janne Rader, PHD, bioquímico do escritório do FDA de rotulação de alimentos. “ Se você errar, você tem que errar do lado da precaução”.
O principal e mais complexo dos defeitos dos nascituros em razão da deficiência maternal de ácido fólico, é o causador da luta dos profissionais da saúde pela redução do número de defeitos no tubo neurológico.
Má formação do tubo neurológico é uma deficiência de nascença que causa a incapacidade total ou parcial ou até mesmo a morte. Eles são os mais comuns defeitos de incapacidade de deficientes de nascimento, afetando entre 1 ou 2 nascimentos a cada 1000 nascidos vivos.
Existem 02 principais tipos de deficiência do tubo neural: anencefalia e espinha bífida.
Um bebê com anencefalia não desenvolve cérebro e morrem logo após o nascimento.
Espinha bífida é uma deficiência da coluna espinhal. Se as vértebras (ossos da coluna espinhal) envolventes da coluna não se encaixarem propriamente durante os 28 dias depois da fecundação, o líquida da espinha se acumula, trazendo com isso o desenvolvimento da hidrocefalia.
Enquanto essas crianças morrem, com tratamento propício, por volta de 85 a 90% vivem até a idade adulta, de acordo com a Associação de Espinha Bífida. Dependendo da severidade das condições, eles podem variar os níveis da incapacidade, variando da paralisia até a incontinência urinária e fecal.
Existem duas principais formas dessas condições. A forma mediana, espinha bífida oculta (escondida) é apenas um pequeno espaço na espinha, com um pequeno pedaço de pele cobrindo esse espaço. Geralmente não há sintomas.
Algumas mulheres têm espinha bífida oculta e nem sabem disso, de acordo com o Centro Nacional de Informações de Crianças e Adolescentes Defeituosos.
A forma mais séria e preocupante é a espinha bífida aberta, a qual produz um quase intocável “saco” nas costas da criança. Este pequeno “saco”, chamado de meningocele, produz pequeninos músculos ou simplesmente não produz músculos ou até mesmo a incontinência.
Em 90% de todos os casos de espinha bífida, a porção da coluna não desenvolvida é envolta a um “saco” protuberante nas costas do bebê. Qualquer parte da coluna não desenvolvida, causa a paralisia e incontinência e é a chamada mielomeningocele, ou espinha bífida.
A localização do “saco” determina qual o grau da seriedade da futura incapacidade da criança. Em geral, quanto mais alto estiver na coluna espinhal, maior será a paralisia.
Os médicos devem diagnosticar o espaço na espinha o mais breve, para com isso a mãe faça um pré-natal diferenciado, vez que logo após o nascimento o bebê terá que passar por uma cirurgia de correção, caso contrário, acontecerá o óbito.
Por volta de 85% das crianças com espinha bífida desenvolvem a hidrocefalia, que se trata de um acumulo de líquido em volta do cérebro e o tratamento para tal problema é a cirurgia de implantação de um tubo, o qual fará a drenagem do líquido para o abdomem.
Algumas crianças com espinha bífida desenvolvem também a deformação nos pés e joelhos, causados pela interrupção do circuito do nervo espinhal. Muitos paciente precisam de muletas, andadores e outros auxiliadores para ajudar a andar. Por volta de 30% das crianças tem retardo mental, principalmente nos casos onde há a hidrocefalia crônica instalada, requerendo tratamento médico para o resto da vida.
Foi em 1.950, foi a primeira hipótese dos cientistas que dieta tinha alguma ligação com deficiência do tubo neurológico. Os incidentes destas condições são altos em uma população de classe econômica baixa, na qual as mulheres, presume-se tenha uma dieta pobre.
Em 1.960 pesquisas foram feitas no sentido de comprovar que a falta de ácido fólico pode causar deficiências no tubo neural até em animais. Este nutriente tem uma importante função na divisão da célula e crescimento.
Em 1.991, pesquisas feitas pela British Researchers descobriram que mulheres que já tem uma criança com deficiência no tubo neural pode reduzir em 72% a chance de ter outra criança afetada se a mãe tomar altas doses de ácido fólico.
Outros estudos mostram que mulheres sem histórico de terem crianças com deficiência no tubo neural podem reduzir o risco em 60 a 75% se fizerem uma dieta entre 0,4 e 0,8 mg de ácido fólico por dia. Quanto mais ácido fólico a mulher tomar, menos a chance de ter um bebê com deficiência no tubo neural.
Outro estudo também sugere que o folato de alimentos também reduz riscos.
Historicamente, fortificantes com nutrientes tem produzido bons resultados.
COMO CONSUMIDOR, O QUE SE QUER É ALGO QUE POSSA SER SEGURO E EFETIVO.
A FORTIFICAÇÃO DO FORNECIMENTO DOS ALIMENTOS NACIONAIS NÃO É ALGO QUE ALGUÉM ACENA, FAZ UMA MÁGICA E ACONTECE. É UM ASSUNTO MUITO IMPORTANTE E O QUAL NECESSITA DE AMPLA DIVULGAÇÃO; E NÃO SÓ QUE FIQUE COMO UMA LEI APROVADA E IMPRESSA EM PAPEL.
* advogada, ex-campeã brasileira de esgrima e vítima da deficiência de ácido fólico