Nos dias atuais, passados quase cinquenta anos da moda dos hippies, há muita gente que ainda idolatra a maconha.
Segundo recentes estudos, a maconha é extremamente benéfica aos ansiosos, para quem possui dores crônicas, glaucoma e dizem retardar os efeitos do mal de Alzheimer.
Há países que liberaram o seu uso, outros que permitiram o uso para fins medicinais e aqueles que fecham os olhos para um mercado que abocanha grande parte da nossa juventude.
O fato é que tudo o que se relaciona a maconha, hoje, gera controvérsias e público. A marcha da maconha, onde os manifestantes pedem a liberação do seu uso, sempre causa polêmica. Há os que são a favor, os que são contra, os que não usam, os que usam declaradamente e os que usam sem ninguém saber!
A maconha, antigamente, era uma atitude de protesto contra as guerras e também contra a sociedade ainda hipócrita até os dias de hoje.
Hoje o grito de protesto não tem como se dar com a maconha. Ela virou negócio. Negócio para os traficantes, negócio para quem a produz como medicamento, negócio para quem usa para seduzir.
Usar maconha pode até estar na moda, mas não tem o ar revolucionário e de protesto.
Hoje, não há nada mais revolucionário que o ovo. Sim. O ovo você não fuma e não cheira, nem injeta. Se cheirar muito perde até o apetite, pois o odor não é dos melhores.
Na questão da saúde, antigamente dizia-se que o ovo elevava o colesterol. Hoje, ao contrário dizem que faz bem a todos. Só há uma exceção, creio. Aos maus políticos. Para esses, o ovo, ainda é um agitador, uma aberração, um instrumento de terrorismo.
Para mim o ovo faz bem demais à saúde, seja física ou mental ou até da democracia.
O ovo você pode usar para fazer doces. Os portugueses são especialistas em doces com claras. Você também pode fazer ovo frito, ovo cozido, omelete, tomá-lo com vinho do porto logo de manhã. Você pode comemorar o aniversário de amigos com uma bela e tradicional ovada! E ainda pode usá-lo como sinal de protesto!
Sim. Hoje em dia os brasileiros estão retomando o hábito de protestar com ovos.
E em um país onde o povo não é ouvido em reformas estruturais, como a que mexe com os direitos trabalhistas e previdenciários, enquanto os mega empresários têm as suas dívidas perdoadas, onde o povo sequer é consultado na privatização de espaços públicos, o ovo surge como um herói! Herói sem capa, mas com casca.
Ele não anda por si só e precisa ser conduzido com carinho até chegar ao seu destino, aquele político que merece a mais pura marca do protesto.
O ovo causa o claro protesto, com a clara, e também que o político gema de aflição, com a gema.
O ovo contém o manifesto, o protesto, para gemer e clarear.
Dizem que se mede a popularidade de um político pelo número de ovos que levou em sua vida. Quanto menos ovos, mais popular. Quanto mais ovos, maior a insatisfação.
Recentemente, um militar fanfarrão, que brinca com a farda, e um prefeito desaparecido da cidade para a qual foi eleito receberam ovos. Não foi uma enxurrada, mas serviu para o alerta de que o povo não está desatento, ao contrário.
O ovo marca os políticos para sempre, não necessariamente pela sujeira e pelo cheiro, nem pelo susto, mas pela marca indelével de protesto.
O ovo põe os políticos no eixo, ou ao menos tenta.
O ovo, tão frágil, que quebra com uma facilidade, tem uma força e capacidade incríveis de mudar, ou ao menos marcar, a política.O mercado negro da maconha, o tráfico, é extremamente rentável, seduz jovens e tem tudo a ver com o modo capitalista de enriquecimento. O ovo, não. É careta. Tem um formato estranho. Não cheira bem. Mas na hora do protesto, ele é o que há. Não há político que não gema com ele nem protesto que não fique às claras. O ovo é até em sua consistência protesto puro!
O ovo, tão popular, só não pode ficar inacessível aos eleitores, aos cidadãos, àqueles que ainda lutam pela democracia.
Enquanto o voto é a arma do povo em uma democracia, o ovo, com o seu amarelo da gema, é o sinal de alerta. O verde e o vermelho virão com as urnas, mas o amarelo, com o ovo, já terá sido dado.
Viva o ovo!