quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS ÁRABES, POVO TOLERANTE, E OS PROBLEMAS QUE VIVEM

foto: Arabian Nights
É muito fácil ser árabe. O difícil é compreendê-lo em um mundo em que os fatos são distorcidos.

Os árabes, assim como os judeus, são semitas. Segundo o antigo testamento, os dois povos são primos. Os árabes são originários da península arábica. A partir do Século VII depois de Cristo, expandiram-se para vários países não-árabes, alcançando o norte da Àfrica a península Ibérica, ilhas no Mediterrâneo e sul da Ásia. Sua língua, seus costumes, suas danças, sua música e até o hábito de lavar-se frequentemente foram assimilados por vários países.

Quando os árabes invadiram a Península Ibérica, respeitaram a língua e os costumes locais e construíam vilas judáicas próximas dos califas, para dar proteção ao povo irmão, em um claro sinal de prestígio.
Os árabes levaram os conhecimentos da medicina, da engenharia, da astronomia, da arquitetura, da agricultura e da filosofia aos europeus. Os grandes filósofos da idade média eram árabes. Os maiores estudiosos da filosofia grega também eram os árabes, que traduziram todos os filósofos para o latim.
Os judeus, quando foram perseguidos pelos Reinados de Portugal e Espanha, refugiaram-se nos países árabes do norte da África.
Os árabes, representados pelos argelinos, ao lutarem pelos franceses, foram fundamentais para o início da derrocada dos nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Muita gente não sabe, mas a Síria, o Líbano, a Jordânia, o Egito, a Argélia, o Sudão, a Tunísia, a Líbia, o Marrocos e os demais países do norte da África não são propiamente árabes. Eles falam o árabe, com características locais e adotam os costumes arábicos, mas optaram livremente por considerarem-se árabes em razão de um passado de tolerância que os uniu. Essa é a maior prova de amor dos povos que outrora foram conquistados pelo conquistador respeitoso e justo.
Se hoje julga-se o árabe um povo agressivo, intolerante, radical é em razão de pura distorção da realidade. Em todos os povos há os radicais, seja no aspecto político, seja no religioso, e com os árabes não é diferente. A diferença é que o povo árabe vem sofrendo implacáveis injustiças há décadas, o que tem fomentado lutas exacerbadas que a mídia divulga à exaustão.
Desde a Primeira Guerra Mundial, quando os países árabes ainda estavam em sua grande parte sob o domínio turco-otomano, foram enganados. Os ingleses prometiam a liberdade se lutassem contra os turcos. Lutaram e passaram a ficar sob o jugo inglês e francês. Lênin, após a revolução de outubro de 1917, denunciou o plano traçado por Rússia, Inglaterra e França de divisão do Oriente Médio em protetorados das três então potências mundiais. Mas apenas a Inglaterra e a França executaram o plano e dominaram a região, rica em petróleo.
Apenas após o fim da Segunda-Guerra Mundial a maioria dos países árabes conseguiu, com luta, a sua independência dos europeu, e alguns só  foram conseguir a libertação nos anos 60. Logo após a independência da Síria, Iraque e do Egito, criou-se o Estado de Israel em parte do território da Palestina. Isso aumentou a já pulsante tensão na região.
Muitos governos árabes ainda atuam com mão de ferro, por ação direta dos Estados Unidos e países europeus, tentando preservar seus interesses econômicos e geopolíticos. O reinado na Jordânia, o da Árabia Saudita e o ditador no Egito foram "legitimados" pelas grandes potências e seguem à risca as suas recomendações. Quem sofre com isso é o povo da região, oprimido entre déspotas e uma visão religiosa severa e falta de amplo acesso à cultura e à educação.
Mas o sentimento de injustiça não termina aí.
As seguidas guerras na região, com o apoio direto dos Estados Unidos, sempre motivadas por expansão territorial, posse de áreas com gás e petróleo,  fomentam uma sensação de povo explorado aos árabes.
São várias questões que, juntas, fomentam o radicalismo de parte da população, e a Palestina sensibiliza ainda mais os árabes, seja pela situação desumana a que foram submetidos os árabes de lá, seja ainda a posse indevida de terra por colonos israelenses, seja pela questão de Jerusalém, sempre objeto de briga entre europeus e muçulmanos, agora envolvendo os sionistas israelenses.
É óbvio que os radicais, seja de que lado for, nunca ajudarão na solução pacífica das questões, sejam elas menos ou mais polêmicas. A democratização dos países árabes, ao seu modo (e não do ocidente), a divisão territorial justa entre os palestinos e os israelenses, e o respeito às riquezas minerais de cada país são questões que devem ser resolvidas ao mesmo tempo. Mas será que isso interessa às grandes potências? Por isso é importante que países como Brasil, Argentina, México, África do Sul, Índia e Turquia sejam vozes ativas no plano internacional, pondo fim ao sistema imperialista que tantas mortes e destruição cultural tem causado nesses últimos séculos. Somente assim haverá um equilíbrio suficiente a trazer soluções.
É fácil ser árabe, ser tolerante. O difícil é ser tolerante quando exploram as suas riquezas, tomam as suas terras, o retratam como vilão na mídia e matam os seus irmãos, esmagando tudo o que é significativo para o povo árabe. Mas, acredite, a esmagadora maioria do povo árabe ainda acredita na solução pacífica para essas questões. E mesmo com toda a desinformação existente, cada vez mais pessoas procuram conhecer a realidade do mundo e da cultura árabes.
O desconhecimento do que é ser árabe tem fomentado a discriminação a esse povo.
O que todos deveriam querer? Salam! Paz! E a solução dos problemas. E a enorme maioria quer, seja de árabes, seja de ocidentais. O Brasil é importante para isso. O país de todas as raças e credos tem um papel a exercer na história da humanidade.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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