sábado, 31 de maio de 2008

SENTIMENTO DE LIBERDADE

por Cyro Saadeh
(extraído do blog cyrosaadeh.blogspot.com)
Você se julga livre?Você compreende o que faz? E o que o outro faz? Você sabe os verdadeiros motivos de ser igual ou diferente a todos? Já parou para pensar? E o que lhe dá prazer? Sabe o motivo disso? Todos também têm tal prazer ou você é diferente? Parou para pensar no motivo?
É, são várias as perguntas, mas só nos tornamos verdadeiramente livres quando somos capazes de afirmar que tomamos decisões espontaneamente, sem ser fruto de massificação. Liberdade é algo tão importante e tão cerceado, que não temos noção de quanto falta, ainda, para a humanidade poder ser declarada livre. Livre de imagens, conceitos e histórias falsas, livre de massificação e do mascaramento. Falta muito para sermos livres, mas se questionamos, já teremos dado um grande passo para lutar pela liberdade. Ao menos, teremos o sentimento de liberdade.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

ORGANIZAÇÕES TERRORISTAS?

INTERNACIONAL

por Cyro Saadeh*

Os Estados Unidos, através de sua agência de inteligência, CIA, divulgam que a Al Qaeda está próxima da derrota no Iraque.

Coincidência ou não, estamos próximos das eleições nos Estados Unidos e está em jogo a permanência dos Republicanos no Poder. Não será surreal imaginar que possa ser divulgada a morte de Osama Bin Laden.

Estamos em um mundo muito estranho, em que as demonstrações de manipulação do público se tornam cada dia mais cristalinas.

Primeiramente, há que se discutir se essa organização a que denominam "Al Qaeda", que teria sido criada com o dinheiro sujo da CIA, realmente existe. Depois, há que se questionar o papel de Osama Bin Laden na organização. Mas não é só isso. A quem interessa a existência de uma organização terrorista internacional que justifique a invasão de países ricos em petróleo e gás, situados muito próximos de países que despontam como próximas potências (Rússia, China e Índia)?

A Venezuela era potencial alvo, graças à riqueza mineral e ao posicionamento ideológico de seu presidente, considerado como radical por alguns países politicamente mais conservadores. Mas, hoje, o Brasil, que se demonstra rico em hidrocarbonetos e com potencial para ser uma das maiores economias dentro de 15 ou 20 anos, que se cuide.

Não é de hoje que sustento que organizações sociais ou partidárias podem ser taxadas de terroristas por governos extremistas, como é e foi o de George W. Bush, para justificar todo tipo de ação, como invasão, exigência de base militar estadunidense e outras coisas. E isso com um só propósito, sustentar a economia daquele país através de riqueza de outros.
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* jornalista

ANISTIA

por Cyro Saadeh*
Anistia é espécie de, digamos, perdão. Seria algo para ser esquecido. Uma lei feita numa ditadura, para esquecer-se os crimes lá praticados, pode ser considerada legítima para determinar que apagássemos fatos da nossa memória?
Na Argentina, no Chile e no Peru, os agentes do Estado, militares ou civis, que praticaram excessos vêm sendo punidos, mas, e no Brasil? Tudo bem, houve excessos por um ou outro guerrilheiro, que prefiro chamar de resistente, e que, em tese, poderia implicar em responsabilização. Mas o problema é permitir que os agentes do Estado pratiquem excessos contra a sua própria população, por mera questão ideológica, travestida de "Segurança Nacional".
O grave do terror é criar pânico e fazer calar. Não canso de dizer que há um presidente em um país importante no hemisfério norte que, embora travestido de democrático, utilizou-se das armas da ditadura para manter-se no poder. Aliás, foi esse mesmo país que incentivou e apoiou o golpe militar de 1964 e instruiu métodos "revolucionários" de tortura aos algozes da liberdade no
Brasil, e agora quer recriar a frota naval para a América do Sul.
Algumas ações pessoais indenizatórias, promovidas pelas vítimas de torturas ou seus herdeiros, tramitam na Justiça Federal brasileira; há processos administrativos federal e estaduais de reparação de danos, com valores pré-fixados; e, muito recentemente, o Ministério Público Federal pediu a liberação de todos os documentos considerados secretos, inclusive e principalmente na época da ditadura militar, e ainda propôs Ação Civil Pública contra militares pela prática de tortura.
Parece que o Brasil anda no caminho certo, embora muitos jornalistas respeitados e talvez mal informados critiquem a indenização aos presos políticos. Pode ter havido um ou outro excesso, mas a grande maioria dos casos amparou-se no critério da razoabilidade e no princípio estatuído no artigo 1º, logo na abertura da nossa Constituição, do respeito à dignidade da pessoa humana. Nunca é demais lembrar que a tortura não tem reparação suficiente. O mais grave para o torturado e a sociedade é ver o algoz em liberdade. E isso o Estado brasileiro ainda não reparou. Ainda.
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* jornalista

quinta-feira, 29 de maio de 2008

EXÉRCITO É OBRIGADO A REINCORPORAR UM TRANSEXUAL


Não foi manchete na mídia nacional, mas o respeitado diário espanhol El Pais, em sua edição digital desse 29 de maio, comunica que a sargento Fabiane Portela, de 26 anos, poderá voltar ao Exército brasileiro mesmo depois de sua mudança de sexo, por força de uma decisão da juíza federal Renata Cid, em Juiz de Fora, Minas Gerais. No entanto, foi determinado uma pré-avaliação, para avaliar eventual incompatibilidade com o serviço militar.

Segundo informações do diário carioca Extra, o Exército decidiu afastá-la com base no Código Internacional de Doenças, que considera o transexualismo como un trastorno mental.

Este não foi o primeiro caso. Há duas semanas, um capitão de corveta da Marinha, com 21 anos de carreira e 36 de idade, encontra-se afastado por motivos de saúde desde que assumiu a sua transexualidade ao anunciar o seu desejo de fazer a cirurgia de mudança de sexo.

PETROBRÁS - SEMPRE UMA SURPRESA

Por Cyro Saadeh*
A Petrobrás foi criada pouco antes de Getúlio praticar o tão famoso suicídio no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, em agosto de 1954. A criação dela foi uma obra de muitos brasileiros que deram o próprio sangue, como o Vargas e o Monteiro Lobato, através da campanha "o petróleo é nosso".
O Brasil seguia àquela época os passos de outros países que queriam uma empresa própria. Mossadegh, do Irã, foi o maior exemplo. Ele era um nacionalista laico que foi tirado do governo por ações dos serviços secretos britânico e estadunidense, para dar lugar ao Xá, um monarca corrupto e totalitário que seria derrubado pela Revolução Islâmica de 1979.
Hoje, não só o Irã vive uma crise, mas todos os países que são grandes produtores de petróleo, geralmente localizados no Oriente Médio. Será que hoje, com tanta informação, alguém tem alguma dúvida do motivo de tantas intervenções beligerantes naquela região?
É, bastou a Petrobrás anunciar a descoberta de grandes campos petrolíferos no mar para os Estados Unidos anunciarem que criarão uma frota naval para a América do Sul. Coincidência? E o nosso submarino nuclear, sai ou não sai?
Mas, voltemos à questão interna da nossa Petrobrás. Hoje, essa empresa que não é estatal, mas de economia mista, é a maior empresa brasileira e a terceira das Américas. Ela tem dinheiro público e também de muitos brasileiros e até estrangeiros.
Há pouco tempo, tentaram privatizá-la, mas não conseguiram. É a empresa que mais investe em cultura no Brasil. Basta ir ao cinema para ter a prova disso. Mas não investe apenas na sétima arte. O teatro, a dança, artevisuais, literatura e a música são beneficiados com investimentos maciços da nossa multinacional, além do esporte, evidentemente. Ela também investe em projetos de preservação ambiental, da flora e da fauna. O projeto TAMAR, de proteção à desova das tartarugas marinhas, que está presente em inúmeros cantos do País, é o maior exemplo.
A Petrobrás é, sem dúvida alguma, comprovadamente a maior multinacional brasileira. Está presente em muitos países da América do Sul e possui um número elevadíssimo de postos na Argentina. É uma empresa que está fazendo parcerias com diversas petrolíferas latino-americanas, e está ganhando espaço e notoriedade cada vez maiores, além de aumentar o lucro. Ela também está presente em países da África e do Oriente Médio. Os seus interesses vão muito além dos mares brasileiros.
Ela fomentou os biocombustíveis, primeiramante com o álcool e tornou-se referência mundial.
Recentemente, a bolsa de valores brasileira vem crescendo devido basicamente à Petrobrás. E é ela, também, quem está fomentando o crescimento econômico generalizado no país.
Se tiver curiosidade de saber um pouco mais sobre ela, acesse a página http://www.petrobras.com.br/
O mais legal, na minha opinião, é que ela propicia aos internautas bons curta-metragens gratuitamente na internet. Se nunca acessou, vá à página http://www.portacurtas.com.br/ e curta filmes com alguns dos melhores diretores brasileiros.
E se você tinha alguma dúvida do tamanho da nossa Petrobrás, saiba que ela tem uma verdadeira "agência de notícias". Vá à página http://www.agenciapetrobrasdenoticias.com.br/ e confira.
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* jornalista, para o JORNAL DA POMPÉIA

quarta-feira, 28 de maio de 2008

VIAJANDO PELO MUNDO - FIM DO MUNDO - USHUAIA


por Cyro Saadeh, jornalista e escritor
Recentemente, eu tive a oportunidade de conhecer um dos pedaços mais lindos do planeta terra, Ushuaia. Bem, ao menos é o que dizem, e que é lindo, isso é.Ushuaia se situa no extremo sul do continente sul-americano, na Argentina, bem próximo da Antártida, o continente gelado.Se for para lá, opte por um vôo pela LADE ou pela Austral. Essa é uma empresa do grupo Aerolíneas Argentinas, com preços um pouco salgados. Já a LADE é uma empresa de fomento do governo argentino que utiliza aviões da “Fuerza Aerea” e, por isso, faz vôos a preços muito mais em conta. Só não repare nos aviões, mais antigos, mas tão bem manutenidos quantos os boeings ou fokkers da Austral. Vale a pena curtir essa aventura. Faz parte do roteiro de rumo à “Terra do fim do Mundo”.Em Ushuaia você encontrará hotéis e hostels (albergues com padrão internacional) bem legais para ficar e a um preço acessível. A alimentação não é tão barata, mas é de excelente qualidade. O povo é muito simpático e sempre tenta falar algo em português, nem que seja um “obrigado” com sotaque castelhano. Agora, o atrativo é a natureza. Lá você poderá ver castores, orcas, baleias e, com certeza, avistará leões e elefantes marinhos, pinguins e muitos cachorros de rua. Sim, cachorros de rua tem aos montes tanto nessa região da Argentina quanto no sul do Chile. É algo que toca os corações, pois o frio é intenso e a fome deles parece seguir esse mesmo tamanho.Não deixe de conhecer as pinguineiras, os glaciais e o Parque Argentino.Lá é um lugar imperdível e excelente para conhecer pessoas ou ir com a pessoa amada. As argentinas não são lá tão fáceis, mas se derem um sorriso é o bastante para saber que as barreiras já foram transpostas e que o resto fica por conta da sua capacidade ou vontade de encantá-las. Elas são românticas, não se esqueça disso.E não se esqueça de aprender algo em espanhol. O portunhol não é muito agradável para se falar com os estrangeiros que estão lá aos milhares…

VIAJANDO PELO MUNDO - PERU

por Cyro Saadeh, jornalista

O Peru é um dos países mais lindos das Américas. As culturas inca e anteriores mostram a magia, a inteligência e a cultura riquíssima dos povos que lá habitavam bem antes dos espanhóis. Pena que quase tudo foi destruído e muitos povos tenham sido dizimados. No entanto, eles fazem questão de preservar suas tradições, sua culinária saborosíssima e as construções inca e pré-incaicas, que são deslumbrantes. O povo é muito acolhedor e a alimentação lá, além de ser muito boa, é baratíssima. Com menos de 2 reais é possível fazer uma refeição completa com chá, incluindo entrada, prato principal, uma sobremesa simples e até um chá. Tudo isso pelo preço de um pão com manteiga na chapa. Pode? Além de ser um país barato, é um país acolhedor, em que o turista, em especial os brasileiros, são muito bem recebidos. Lá é possível conhecer muitas pessoas do Peru e estrangeiros que abundam quase todas as cidades que tenham alguma construção inca. A comunicação, por telefone e internet, é facilitada por uma ampla rede de apoio e com preços muito mais em conta que no Brasil. Está esperando o que para visitar esse país vizinho e tão magnífico? Dê uma olhadinha no vídeo no youtube.

CRÔNICAS - NÃO FALO A LÍNGUA DO IMPERIALISMO VIGENTE. NÃO FALO E AINDA PERTURBO


por Cyro Saadeh
Tudo aconteceu numa viagem que fiz para a Argentina com um amigo. Tentando economizar, optávamos sempre por “hostels” que, para quem não sabe, equivalem aos albergues, com quartos e banheiros coletivos. Lá dormem homens e mulheres, todos misturados (não necessariamente na mesma cama, veja bem. Aliás, esses tipos de hospedagens têm regras implícitas muito sérias, como a de não ficar nu e nem transar no quarto).
Ao chegarmos em Ushuaia começou a surpresa. O lugar era lindo, mas muito gelado. Foi só descer do ônibus com as malas pesadas para percebermos que não daria certo procurar um lugar para ficar, carregados de malas, e, ao mesmo tempo, protegermo-nos do vento gélido. Optamos por dividir atribuições. Enquanto eu procurava passeios e hotéis, o meu amigo ficava com as “pequeninas e discretas” mochilas, parado em um lugar. Bem, o ruim é que o figura permaneceu estático. Quando retornei, ele parecia uma estátua de tão duro. Mas vamos à minha procura, que faz parte da história.
Lá fui eu procurar os lugares. O início não podia ter sido melhor.
Antes de sair em busca de um canto, optei por procurar passeios para o dia seguinte, já que havia uma loja bem ao nosso lado. Para a minha felicidade, quem me atendeu foi uma loira baixa, de olhos verdes, que, com uma voz rouca, ficava mais que perfeita. É, mas apenas ficar olhando e admirando não iria levar a nada, quando então, “minutos após”, resolvi perguntar sobre os passeios e ela disse naquele castelhano fantástico que só fazia passeios para a “pinguineira”. Para quem não sabe, esse é o local onde ficam os pingüins.
Eu não agüentava mais ver pingüins, aqueles seres nanicos e barrigudos andando torto de um lado para o outro. Não havia passeio mais chato para mim. Aí resolvi mudar a pergunta, para descobrir se ela conhecia um lugar barato para ficar. Sim, ela conhecia: “você pode ficar em casa”. Sim, ela falou exatamente isso. Eu também não acreditei e já olhei para ela e em seguida olhei para cima (querendo agradecer por aquela recepção para lá de maravilhosa e inesperada). Mas o meu ar de bobo foi interrompido com um telefonema que ela fez para o pai, perguntando se havia lugar. O carrasco, sim, não pensou no bem estar desse brasileiro que estava sentindo falta do calor humano, respondeu que não tinha lugar. Ela olhou para mim, com os olhos baixos e disse: “desculpe, mas não tem mais vaga lá em casa”. Ah, se você a conhecesse, também aceitaria dormir até no chão do banheiro, mas como falaria isso?
O jeito foi andar de um lugar para o outro, em busca de um alojamento. Mas estava difícil encontrar. Subi inúmeros quarteirões e desci outros tantos e todos os “hostels” estavam cheios. Depois me falaram que “verão” em Ushuaia é assim, mesmo! Bem, o lugar pode ser cheio, mas não sei aonde tinha verão por lá…
Nas andanças, vi um hostel bem legal e transado, mas só tinha vaga para o dia seguinte. O duro é que havia simpatizado com o lugar. Lá dentro era bem quente, tinha internet, espaço comunitário bem grande, onde podíamos jogar uma conversa fora, lavanderia e coisas do tipo.
Bem, o duro foi sair de lá sabendo que não ficaria naquele canto quentinho e ainda teria que enfrentar a rua gelada!
Resultado, tive que andar rápido, o máximo que pude, até encontrar o “recanto” dos mochileiros. Sim, pelo nome já deu para ver como era o lugar. Mas bota ruim nisso. Mas era o único que tinha vaga. Tinha? Num primeiro instante o dono falou que tinha e cinco minutos depois falou que não tinha mais. Acho que a minha cara de desolação serviu para ele ter a idéia de me colocar em um quarto e o meu amigoem outro. Até aí tudo bem. Não iria sentir saudades dele, mesmo. Aliás, viajar com amigo tem esse lado negativo. Tem horas que a gente olha do lado e fica pensando porque foi escolher viajar com um cara com tanta mulher por aí!Mas, voltando à história, após avisá-lo e irmos até lá, eu e ele optamos por tirar par ou ímpar para ver quem ia ficar aonde. Sortudo que sou, cai em um quarto com um argentino e dois casais de alemães. Bem, isso não foi o pior.
Já o meu amigo ficou sozinho com três chinesas. Tudo bem que não eram muito bonitas, mas você já se imaginou em um quarto com três mulheres? Bem, diz ele que nada rolou, mas a minha mente fértil já viu coisas. Três? O cara era realmente um sortudo.
Mas o “hostel” era péssimo. Ao tomar banho antes de dormir, vi que eu tinha literalmente que me encaixar no box para conseguir me lavar. Nunca vi um lugar assim. Realmente o proprietário quis economizar espaço e água, convidando tacitamente as pessoas para não terem muita higiene naquele gelo. Eu só relaxei porque imaginei que no dia seguinte eu podia ficar lá com as chinesas…
Voltando à realidade, entrei no quarto e havia um casal de alemães deitados. Eles me cumprimentaram e eu fui tentar dormir, sim, na parte de cima do beliche. Subi, deitei e pensei que ia conseguir dormir, quando senti um forte vento frio bem na minha orelha. Olhei para o lado e tinha uma janela entreaberta, pela qual o vento entrava diretamente à minha orelha.Pôxa, como alguma alma poderia pensar em deixar entrar no quarto aquele vento congelante? É, mas pensaram e até colocaram uma toalha na mesma janela, para secar e evitar que esse pobre brasileiro a fechasse. O jeito foi tentar dormir, coisa que não consegui e, ainda, como prêmio, peguei uma forte gripe. Enquanto isso, o meu amigo estava interagindo com as três chinesas, imaginava. Mundo injusto. Ele com uma globalização humana e eu sofrendo os efeitos da globalização de choque, de força.
No dia seguinte, o convenci a mudar de “hostel”. Ele aceitou. Disse que as chinesas eram insuportavelmente chatas e que ficaram cantando a noite inteira. É, pensei, não perdi tanta coisa. Acordar com música chinesa não deve lá ser muito agradável, pensei.
Já alojados no novo e “luxuoso” hostel, saímos apenas para pedir informações e jantar. Quando lá estava eu dormindo naquele canto quentinho, um sujeito me cutuca e fala coisas que não compreendi. Na dúvida, fiquei deitado e só fiquei assistindo o sujeito resmungar. Imaginei que eu tivesse roncado e o incomodado. Imaginei que seria isso. O duro foi ser acordado outra vez pelo sujeito. Sim, duas. Acho que sou calmo demais. Dessa última vez ele veio gritando em inglês algo que não entendi. Me senti o próprio país colonizado sendo humilhado pelo país imperial. Aquele britânico, que sequer agradecia em castelhano, iria se ver comigo. Daria uma de Che Guevara dos mochileiros, propiciando a libertação dos oprimidos roncadores.
Descobri que o Sr. arrogância era britânico numa conversa que teve com o recepcionista do “hostel” no dia seguinte. O sujeito não falava nada em espanhol ou castelhano. Era um imperialista, realmente. O mínimo que a boa educação pede é que ao menos o cumprimento e a despedida falemos na língua do país em que nos encontramos. Mas o imperialista, pensando que ainda estava no século XIX, era por demais pedante.
Contei a história para o meu amigo e ele ficou inconformado. Primeiro, disse que não ouviu o meu ronco uma única vez. Depois, disse que se estivesse no meu lugar já teria dado um soco no sujeito, pois que história é essa de acordar um desconhecido no meio da noite?
O meu amigo tinha razão. Eu também achei o sujeito folgado, além de visualizá-lo como um imperialista arrogante.
Como tínhamos que aproveitar o dia, eu e o meu amigo fomos passear, conhecemos lugares legais e, enquanto ele ficou na internet, eu fui dormir cedo, já que estava muito gripado.Quando entrei no quarto, um senhor de uns 60 anos, americano, estava pelado, se vestindo. O cumprimentei e o estranho nem respondeu.
Bem, o que eu queria era dormir. Não iria falar para o sujeito não ficar nu porque uma mulher (namorada do imperialista) poderia chegar a qualquer instante. Nem saberia falar direito isso em inglês e ainda poderia passar por pedante. Optei pelo silêncio.
Bem, não deu cinco minutos que havia deitado quando fui acordado pelo Sr. arrogânciaem pessoa. Pulei da cama e, utilizando o meu bom portunhol, perguntei: “És loco? És loco?”. Assustado, o sujeito respondeu em inglês e continuei com o meu espanhol. “Llamar la policia. Ele respondeu, em inglês, que não havia entendido, e eu finalizei a relação diplomática dizendo “policia”. Ele olhou para mim e foi deitar, visivelmente com medo.
Inconformado, fiquei o resto da noite sem dormir e, passada uma meia hora, percebi que tanto o americano ao lado quanto o meu amigo também roncavam, e como! Não sei se sentiram-se mais à vontade para roncar ou o que foi, mas até eu fiquei incomodado. Bem, mas foi um senhor troco dos oprimidos ao petulante imperialista. Agora, o ronco estava definitivamente liberado. A cultura imperialista não mais abafaria o ronco dos marginalizados. A revolução, de certo, não pararia mais aí. Ouvir-se-ia o ronco em outros quartos, em outros “hostels” e, quem sabe, no mundo inteiro!
O ronco superou a arrogância. O hábito milenar havia sido preservado sem ter sido necessário tirar uma gota de sangue, sequer.
Fiquei feliz porque em nenhum instante falei a língua dos imperialistas e ainda os incomodei com a minha forte e sonora manifestação, que a partir daquele dia nunca mais seria abafada, a não ser por uma negociação bilateral com uma namorada.

SESC POMPÉIA

por Cyro Saadeh, jornalista
Se há um lugar realmente bacana e que chama a atenção na Vila Pompéia, ele se chama SESC Pompéia.
Lá é possível aprimorar conhecimentos técnicos; curtir cultura e artes; praticar atividades físicas; aprender estilos diferenciados de danças; e, de quebra, tomar um bom chopp acompanhado de um bom lanche.
O único problema é conseguir parar o carro em um local tão repleto de veículos e de "flanelinhas" pelas ruas. E atenção com o veículo, pois o índice de furtos na região é bem alto.
Uma dica. Depois de curtir o SESC Pompéia, dê uma passada ou na sala de cinema ou no teatro localizados no micro-shopping ao lado. São salas simples, mas que reservam um pouco da cultura esquecida nos grandiosos salões de lazer.

REVOLUÇÃO ENERGÉTICA

Revolução energética? Será que o capitalismo ainda não aprendeu que não adianta mudar as matrizes, mas a forma de consumo? Será que não é visível que o planeta está se deteriorando? Será que não percebemos a fome, a miséria, as guerras, as doenças, as hipocrisias, as mortandades de bichos, as devastações, as catástrofes e a mudança do clima? O que falta para aqueles que lucram bilhões se renderem à humildade do reconhecimento de que o sistema está errado? Enquanto isso, permaneceremos silentes, amordaçados, vendo o fim de tudo o que foi criado?

REVOLUÇÃO ENERGÉTICA

Revolução energética? Será que o capitalismo ainda não aprendeu que não adianta mudar as matrizes, mas a forma de consumo? Será que não é visível que o planeta está se deteriorando? Será que não percebemos a fome, a miséria, as guerras, as doenças, as hipocrisias, as mortandades de bichos, as devastações, as catástrofes e a mudança do clima? O que falta para aqueles que lucram bilhões se renderem à humildade do reconhecimento de que o sistema está errado? Enquanto isso, permaneceremos silentes, amordaçados, vendo o fim de tudo o que foi criado?

VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA DOMÍNIO PÚBLICO?

por Cyro Saadeh*
Você sabia que é possível ter acesso ao uso de bens culturais sem ter que pagar por isso? É o que se chama de domínio público. E várias são as suas hipóteses. Pode ocorrer quando o autor disponibiliza o uso de suas obras gratuitamente (“software” livre é um bom exemplo); quando o criador ou inventor morre e não deixa herdeiros; ou quando se trata de autor desconhecido.
Mas o que são “bens culturais”? São os que dizem respeito à expressão intelectual ou cultural, como os livros, as monografias, os roteiros, meros textos, letras de música, obras audiovisuais, músicas, fotografias, desenhos, histórias em quadrinhos e por aí vai. Mas não é por que caiu em domínio público que você poderá dizer que as peças de Shakespeare são suas. Há aí os chamados direitos morais, que implicam na obrigação de quem cita ou utiliza textos, fotos ou filmes, por exemplo, mencionar a sua autoria. Assim, se tratar-se de um texto, deve-se dizer quem o escreveu e o nome da obra original.De regra, os direitos autorais duram por setenta anos contados a partir do ano seguinte ao do falecimento do autor. Entendeu? Se eu morrer este ano, a partir do ano que vem conta-se o prazo de 70 anos para o texto se tornar de domínio público. Mas isto no Brasil. Em outros países vigem outras regras.
Eu imagino que você pode estar a se perguntar se o direito não nasce apenas após o registro em órgão público. Não. Não há necessidade disso. Isso seria uma maneira de provar mais facilmente a autoria, mas pode-se comprová-la de outras formas.
Embora na internet você possa compartilhar muitas músicas e vídeos, de forma legal ou ilegal saiba que nem tudo o que está acessível lá é de domínio público. Você pode até ler, assistir e ouvir, de graça, mas há direitos autorais e intelectuais aí.
E foi no meio virtual que o governo federal resolveu disponibilizar o uso de vários bens culturais. Na página http://www.dominiopublico.gov.br/ é possível baixar diversas músicas, fotografias, filmes e até hinos.
No próprio site do governo, o atual Ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que o portal “constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal”.É isso aí, saiba que vale a pena fazer uma visitinha na página domínio público e conhecer um pouco mais da cultura nacional e mundial.

FAMIGLIA POMPÉIA


Vou me dar o direito de escrever sobre algo que descobri depois de estruturar este Jornal. Pode ser o óbvio para muitos, mas não era para mim até recentemente. Sim, trabalhar com pessoas, ainda mais em um jornal, é a melhor coisa que existe. São a paixão e a vontade comuns que unem os aparentemente diferentes e que dão o gostoso sabor e o refrescante ânimo à atividade jornalística.
O JP começou com três colaboradores e, hoje, tem 12 colunistas/colaboradores. São pessoas tão diferentes que chega a ser engraçado pensar que todas participam da construção deste Jornal. É uma verdadeira equipe, tendo cada um dos membros suas qualidades e habilidades próprias. Enquanto alguns têm energia de sobra, outros são inseguros. Ah, mas todos, sem exceção, têm uma vontade enorme de passar a melhor informação possível e é isso o que me faz acreditar que esse jornal ainda irá conseguir alcançar os seus objetivos iniciais, não por mérito exclusivo de um ou de outro, mas pela força coletiva que nos une no propósito de levar informação e não deformação, ao contrário de alguns periódicos que circulam em grande quantidade pelas grandes cidades.
Se é trabalhoso tocar o jornal, de fato é, mas é principalmente divertido e gratificante. E imagino que todos os que aqui suam as mangas, o cérebro, as mãos e os dedos também achem.

VIDA

Clique aqui e assista ao vídeo-texto VIDA
Nele, uma discussão sobre a vida não vivida. Enquanto o ser humano busca sonhos e felicidades aparentes, esquece-se de sua capacidade de enxergar o caminho, as pessoas, as coisas e os fatos com a necessária leveza.
Produzi este vídeo-texto há 2 anos, mas sinto que foi um dos mais belos que já fiz até hoje.
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por Cyro Saadeh, vídeo-escritor

segunda-feira, 19 de maio de 2008

OS NOSSOS IDOSOS E A LUTA PELA INCLUSÃO

O idoso, muitas vezes, é preterido no transporte coletivo, não por omissão do Estado, mas por desrespeito da própria população, que, por puro egoísmo, opta por ignorar a preferência daqueles que já não têm a mesma força que os mais jovens.
Enfrentar filas, ter que pedir para sentar-se, aguardar olhares de raiva e enfrentar obstáculos nas calçadas são apenas algumas das inúmeras situações constrangedoras que enfrentam os nossos tios, pais e avós.
Eles têm direito ao exercício da cidadania, assim como qualquer um de nós. Por isso, há Conselhos Municipais dos Idosos em diversos municípios, Conselho Estadual do Idoso, Delegacias Especiais de Proteção, Órgão especializado do Ministério Público para atendimento e até setor específico da Secretaria da Saúde para dar um atendimento digno a esses brasileiros mais experientes. E, como qualquer um de nós, eles têm que fazer valer o seu direito a uma velhice sadia.
Mas não é só de brigas por direitos e por cidadania que vivem os idosos. Há casas de dança específicas para idosos, academias especializadas, aulas para a terceira idade em universidades públicas e até em parques públicos. No cinema e no teatro eles têm o direito de pagar meia entrada. E tem que fazer valer esse direito de acesso à cultura. E ainda estão isentos de pagamento da condução no transporte coletivo público municipal.
Os nossos "velhinhos" são um bom exemplo de como muitas vezes apenas o direito não assegura o exercício da cidadania. É necessário buscar ajuda e botar a boca no trombone. E o JORNAL DA POMPÉIA está aqui para isso também. Denuncie qualquer abuso, omissão ou desrespeito com os meninos e meninas da terceira idade.
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Cyro Saadeh é jornalista e colunista do Jornal da Pompéia

quarta-feira, 14 de maio de 2008

CINEMA DE QUALIDADE E DE GRAÇA

Se cinema de graça já é difícil, imagine se houver qualidade, então. Uma coisa rara. Então, aproveite a mostra "Imagens do Oriente" que ocorrerá no Centro Cultural São Paulo, do dia 27 de maio ao dia 1º de junho, reunindo 42 filmes de países como Palestina, Jordânia, Líbano, Síria, Paquistão e Irã.
Organizado pela Prefeitura do Município de São Paulo, pelo Centro Cultural São Paulo e pelo Icarabe - Instituto da Cultura Árabe, a Mostra "Imagens do Oriente" traz documentários, curtas, curtíssimas e longas de países árabes e não-árabes, onde é possível enxergar uma realidade que não nos é mostrada pela mídia.
Veja na pagina do Centro Cultural São Paulo a programação completa.
E para quem não sabe, o Centro Cultural fica na rua Vergueiro, 1000, ao lado da 23 de maio, no Paraíso, próximo da estação Vergueiro do metrô.
Boas sessões.
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Cyro Saadeh é jornalista e colunista do Jornal da Pompéia

segunda-feira, 12 de maio de 2008

QUANDO O OPERÁRIO APRENDE ARTE

Você já ouviu falar em Mestres da Obra? Sim, tem relação com os canteiros de obra que vemos aos montes no nosso bairro, mas apenas isso. Não é um funcionário, um empreiteiro ou coisa parecida. É um programa de implantação de "atividades socioculturais em canteiros de obras", visando "a qualificação de seus operários". Difícil de compreender? É arte para os operários que trabalham na construção civil, objetivando a melhora do relacionamento no ambiente de trabalho e também na produção. Os inúmeros resíduos que são encontrados nos canteiros, tornam-se obras de peças de arte e design, uma forma de reciclagem para lá do usual, pois colabora com a preservação do meio-ambiente e também e principalmente com a valorização do ser humano.
Segundo os organizadores, esse tipo de trabalho contribui "para o desenvolvimento humano dos operários da construção civil nas questões relacionadas a auto-estima e a qualidade de vida".
Apenas pouquíssimas construtoras aderiram a esse projeto social e é por isso vemos apenas entulhos e ouvimos barulhos nos canteiros de obras espalhados pela Vila Pompéia. Mas, mesmo assim, esse projeto ousado já recebeu alguns prêmios, como o do Planeta Casa, na categoria ação social, em 2007.
Quer saber mais do projeto? Entre em contato por e-mail contato@mestresdaobra.com.br, por telefone: 4436 2256, ou pessoalmente lá na rua Albuquerque Lins 30 cj 33 - Centro - Santo André/SP. A página do projeto? http://www.mestresdaobra.com.br/obra/index.htm
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Cyro Saadeh é jornalista e colunista do Jornal da Pompéia

quarta-feira, 7 de maio de 2008

TEM FEIRA CULTURAL NO DIA 18 DE MAIO


por Cyro Saadeh*


Será a 21ª edição do evento que acontece todo ano e que desta vez irá dar ênfase aos 50 anos da Bossa Nova.


Com 500 expositores e 120 espaços para alimentação, os produtores esperam receber mais de 150 mil pessoas, número alcançado pela última edição do evento.


A feira não ocorre no bairro todo, mas em algumas ruas, cada uma um verdadeiro bolsão para shows diferenciados, como se percebe pelo quadro acima.


Essa feira de artes é promovida pelo Centro Cultural Pompéia e mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3875-2996, pelo e-mail: atendimento@centroculturalpompeia.org.br ou pela página http://www.centroculturalpompeia.org.br/.


A organização do evento cometeu uma falha considerável ao não divulgar o horário de início. A feira é legal, a intenção dos organizadores é boa, mas ainda falta uma divulgação adequada à proposta. _________________________________________________


* jornalista e colaborador do Jornal da Pompéia

terça-feira, 6 de maio de 2008

VERDADE SOBRE O BLOG

Vou confessar uma coisa importante. Esse blog foi criado em menos de 2 dias, mas com uma vontade imensa de que desse certo. E mesmo sem entender de html, fiz um layout legal e não apenas isso, consegui colocar informações importantes e de utilidade.
Mas de nada adianta ter um blog jornalístico se o blogueiro não souber o que está faltando. Talvez uma informação que não pensemos ser importante, possa ser útil, no fundo, a muita gente.
Pesquise aqui. Há dicas sobre hospitais públicos, farmácias, táxis... O que mais está faltando?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A CONTROVERSA PASSEATA PELA MACONHA

por Cyro Saadeh*

As pequenas proibições muitas vezes passam despercebidas, mas são as mais contundentes à nossa liberdade, não só de locomoção, mas também e principalmente para a nossa manifestação do pensamento. O ser humano se caracteriza por utilizar a linguagem como forma de comunicação o que o levou a tornar-se civilizado. E, hoje, milhares de anos após não a criação da linguagem, mas da escrita, um refinamento da comunicação, parece ser contraditório que não se possa questionar certos costumes ou algumas proibições. Tratamos algumas questões como verdadeiros dogmas, inquestionáveis e intocáveis. Um verdadeiro contra-senso ao nosso atual estágio civilizatório. Só para voltar um pouco no tempo, no início do século passado era permitido o uso de substâncias alucinógenas no país. Os povos do Peru e da Bolívia tinham e ainda cultivam o hábito de mascar folha de coca e de tomar o seu chá como formas de superar a fome, o frio e o mal estar causado pela altitude. A papoula serve de condimento na culinária asiática, mas também pode ser utilizada para produzir o ópio. São tantas as questões. Não podemos ser hipócritas quando abordamos um tema tão complexo como o dos entorpecentes. Antes de mais nada, quero deixar claro que sou dos poucos que não utilizaram qualquer tipo de substância entorpecente. Fiz uso das lícitas, álcool e cigarro, por curto espaço de tempo. Realmente não me agradavam. Não sou melhor e nem pior que ninguém por conta disso. Simplesmente não curto as substâncias tóxicas permitidas e as proibidas. Simplesmente isso, e sou feliz assim. Hoje, grande parte dos crimes de roubo e de homicídio é praticada por quem estava sob os efeitos de alguma substância entorpecente. O tráfico ilícito, por sua vez, agremia crianças e adolescentes, corrompe servidores públicos e, sem dúvida alguma, põe em risco a ordem democrática, aniquilando o que é mais importante para nós, que é a cidadania. O tráfico inverte essa ordem e trata as pessoas de forma assistencialista e mafiosa e corrompe a figura do Estado. Mas traficantes não moram apenas em favelas. Moram em subúrbios, nos centros das cidades e em grandes mansões. Existe também a figura dos financiadores do tráfico, que ganham muito dinheiro emprestando capital aos traficantes. Ou seja, há vários tipos de traficantes em todas as esferas sociais. O Estado, por sua vez, pode agir prioritária e quase que exclusivamente de forma combativa, onde se destacam países como os Estados Unidos e o Brasil, ou priorizando a saúde pública, sem esquecer a repressão, forma esta adotada pela maior parte das nações européias. Há alguns autores que dizem que as ações externas dos serviços secretos do Estados Unidos são financiadas, em parte, pelo dinheiro obtido no combate ao tráfico, o que seria uma forma de fugir do controle severo do Congresso. Há também quem diga que o tráfico de entorpecentes entrelaça-se com o tráfico de mulheres e o tráfico de armas. Uma coisa parece ser bem clara. Enquanto houver quem use, haverá quem venda drogas. Enquanto o porte e o tráfico forem proibidos, os usuários se sujeitarão a comprar as drogas de forma menos acintosa de traficantes-repassadores ou, então, diretamente de quem compra em grande quantidade. É incrível como os jovens se acostumaram a usar maconha. É quase impossível não sentir o seu cheiro nas praças e em ambientes estudantis, onde o uso parece ser muito comum. Os filmes estadunidenses sempre retratam jovens e quarentões utilizando um cigarro de “cannabis sativa”, como se fosse algo comum. E é comum. A realidade está sob os nosso olhos. Só não enxerga quem se apegou a dogmas. Assim, não podemos ser hipócritas. Ainda não conseguimos resolver o problema da droga e dos seus malefícios. Então, porque não ouvir aqueles que têm algo a dizer a respeito? Como ponderou a juíza do Dipo que decidiu em primeira instância a questão da manifestação pela maconha em S. Paulo, vige no ordenamento jurídico brasileiro o direito Constitucional da livre manifestação do pensamento. Se o manifesto for para discutir, e não para portar e utilizar, aparentemente não haverá ilicitude alguma. Os dogmas não servem para esclarecer, mas apenas para manter o “status quo”. A quem interessa essa realidade que vemos na televisão, nos cinemas e nas ruas? A nós parece que não. Aos traficantes que ganham muito dinheiro, aos agentes públicos corruptos, aos financiadores do tráfico e a demagogos de plantão, parece que sim.
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* é jornalista e colunista do JP

sexta-feira, 2 de maio de 2008

DISSEMINAR CIDADANIA


O Jornal da Pompéia entra oficialmente no ar nesse dia 1º de maio, dia internacional do Trabalho, na verdade do Trabalhador, e num feriado que promete ser chuvoso.
Os místicos dizem que quando chove o evento é para limpar as almas e deixar a pureza fluir. Bem, a intenção é exatamente essa, a de fazer desse pequeno espaço um local onde a publicação jornalística não precise ceder a qualquer interesse que não o de bem informar, com ética, verdade e respeito à cidadania.
Venha conosco nesse projeto pequeno, mas não por isso menos importante. Torne-se um colaborador e disseminador de cidadania, seja através do JP ou de outro meio.
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* Cyro Saadeh é jornalista e colaborador do Jornal da Pompéia

DOCUMENTÁRIO SOBRE O BAIRRO

por Cyro Saadeh*

Muito em breve poderemos assistir a algum documentário sobre o bairro paulistano da Vila Pompéia e conhecer um pouco mais a fundo a história do bairro.
Em fevereiro encerraram-se as inscrições para a 2ª edição do Projeto História dos Bairros de São Paulo. Trata-se de uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo que selecionará propostas de "produção de documentários educativos de 26 minutos, inspirados na história e na geografia de um bairro da cidade de São Paulo", como diz o edital. Os documentários poderão receber ajuda de até cem mil reais, um bom dinheiro para compensar o tempo de pesquisa e o trabalho árduo da equipe responsável pela produção.
A Vila Pompéia é um dos bairros escolhidos pela prefeitura para ser objeto de documentário.
Vamos torcer para que o documentário do nosso bairro seja um dos melhores. Também nos resta saber aonde poderemos assistir. Vamos aguardar.

HISTÓRIA DO BAIRRO

por Cyro Saadeh*

A história do bairro da Vila Pompéia entrelaça-se com a de dois bairros vizinhos, Lapa e Barra Funda, ambos sedes de duas grandes estações ferroviárias.
Enquanto a Lapa abrigava indústrias, a Barra Funda servia de abrigo de grandes depósitos e armazéns. A colonização italiana predominava em todos esses bairros e a Vila Pompéia servia de local para a residência desses imigrantes. Havia pequeninas casas simples em algumas vilas.
Já em 1970, o bairro abrigou grandes números de bandas de rock, chamadas de "bandas de garagens". Era um bairro alternativo que pouco depois se tornaria sede do enorme SESC Pompéia, de famosas casas de Shows e de shoppings, como o Pompéia Nobre e o Bourbon Pompéia, além de inúmeros bares famosos, como o Pé Pra Fora e o Dona Felicidade, que o tornaram uma extensão do boêmio bairro da Vila Madalena.
A Vila Pompéia vive uma explosão demográfica e de preços, face aos inúmeros empreendimentos no local. O trânsito sempre caótico nas duas pontas da avenida Pompéia, parece não ter solução, mas ainda é um lugar bom e calmo para se morar.
Sabe de mais coisas sobre o bairro? Escreva pra gente.
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* jornalista e colaborador do Jornal da Pompéia.

CURIOSIDADES SOBRE O BAIRRO - I E II

por Cyro Saadeh*
Há muitas coisas que os próprios moradores do bairro desconhecem.
Você sabia que a Vila Pompéia foi o primeiro bairro a inaugurar em 2007 o projeto calçada verde e também a lançar a cartilha cidadã?
O projeto implantado visa melhorar a qualidade de vida e também do ambiente. A cartilha apresenta recomendações para o que se denomina convivência cidadã, o que se inicia com a reunião com os próprios vizinhos. Também são apresentadas soluções para a manutenção da limpeza, organização e beleza, através do armazenamento e coleta corretas do lixo; reforma de calçadas para torná-las acessíveis a todos, sem buracos e degraus; o uso racional da água, evitando-se a utilização para lavar calçadas e carros.
É um projeto que parece simples, mas que traz a consciência da cidadania. E o nosso bairro foi o pioneiro.
Você sabe algo a mais sobre o bairro? Escreva para nós.
DEU NA WIKIPÉDIA
"Vila Pompéia, também conhecido simplesmente por Pompéia, é um bairro da cidade de São Paulo, pertencente ao distrito de Perdizes. É conhecido por ser o berço da escola de samba Águia de Ouro e abrigar o Bourbon Shopping Pompéia.Por volta de 1910 surgia um novo loteamento dividindo as chácaras em um bairro. O empreendedor Rodolpho Miranda, dono da Companhia Urbana e Predial, resolveu homenagear sua esposa Aretusa Pompéia, batizando o novo bairro como o nome de Vila Pompéia. Imigrantes atraídos pelas centenas de indústrias que apareciam na região adquiriam lotes para fixar residência. Italianos, portugueses, espanhóis e húngaros trabalhavam como operários nas fabricas. A região teve grande crescimento com a chegada dos padres Camilianos".
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Postado por CYRO SAADEH às 00:01 0 comentários Terça-feira, 6 de Maio de 2008

SAUDADES DO AR DE INTERIOR DO BAIRRO

por Cyro Saadeh*
Andando pelas ruas da Pompéia, noto que ainda há muitas casas pequenas, a grande maioria de gente com mais idade, que dão um toque de interior a esse bairro e contrastam com os novos prédios, verdadeiros arranha-céus, chiques e com sacadas enormes.
O bairro modificou-se muito de 10 anos para cá. A farta oferta de linhas de ônibus, a proximidade com os terminais do metrô da Barra Funda e da Vila Madalena e o fácil acesso às marginais do Tietê e do Pinheiros, deram ao bairro um revigoramento e também um esgotamento. Tornou-se uma espécie de extensão e mistura dos bairros das Perdizes e da Vila Madalena, com muitos prédios em construção e uma expansão de bares descolados.
Hoje, a Pompéia abriga supermercados, shoppings centers, um grande hospital, várias clínicas médicas, panificadoras de qualidade, diversas escolas, faculdade, casas de shows, uma grande unidade do Sesc, pequenas praças e uma variedade de Igrejas das mais diversas fés.
O que era chamado de Vila Pompéia, hoje poderia ser chamado de Cidade, pois não depende mais dos serviços ofertados pelos outros bairros. A população reduzida aumentou de forma exponencial.
Hoje, ainda temos um pouco daquele ar gostoso do interior, mas está findando-se. Estamos na fase que os corretores imobiliários denominam de crescimento e de valorização. Será, mesmo? Quem mora na Pompéia há mais de 5 anos com certeza buscava um bairro com o sossego das pequenas e médias cidades. Para essas pessoas, essa tranquilidade é o que valorizava o bairro e fazia crescê-lo não no número de pessoas e de carros, mas na qualidade de vida.
Ainda é possível encontrar um ar de tranquilidade, mas precisamos lutar por isso. A Vila está se tornando um verdadeiro pombal com um número sem fim de janelas de prédios e mais prédios, verdadeiros arranha-céus que arranham sonhos e nos deixam mais próximos do inferno do trânsito e da intranquilidade da maior parte da São Paulo.
Não. Não arranhemos o céu. Nem deixemos que o façam.
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* jornalista e colaborador do Jornal da Pompéia

A DIFÍCIL TAREFA DE CAMINHAR PELAS RUAS DA POMPÉIA TEM SOLUÇÃO?

por Cyro Saadeh*
Os calçamentos na cidade de São Paulo são um problema para quem tem que transitar a pé. Se as pessoas que enxergam e andam normalmente já sofrem, imaginem as que têm problemas visuais e de locomoção?
A Vila Pompéia é conhecida pelos seus morros, os “sobes e desces” sem fim, com calçadas bastante irregulares. Só quem anda a pé é que sabe o cansaço e o mau humor que dá ver tanto desrespeito com a cidadania. Toda a atenção é pouca. Muitas vezes, nos aclives e declives, há distanciamento de meio metro de altura entre uma calçada e outra, o que se torna um perigo quase fatal para os transeuntes desatentos ou com necessidades especiais.
A responsabilidade pelo cuidado das calçadas e de acessibilidade aos cidadãos é do proprietário e, hoje, uma multa por irregularidades e má conservação pode chegar a mil reais, um valor consideravelmente alto, se comparado com outros tipos de autuações.
Após décadas sem cuidados, as calçadas de toda a avenida Paulista estão sendo refeitas num padrão adotado pela Prefeitura, que é quem está custeando as obras. Já na rua Oscar Freire, menos importante que o centro novo da Capital, houve uma divisão dos custos. A maior parte ficou sob a responsabilidade da prefeitura, R$ 4,5 milhões. Outros R$ 3 milhões foram arcados por uma operadora de cartão de crédito e o R$ 1 milhão restante ficou sob o encargo dos lojistas.
Ora, em um bairro tão repleto de morros, nada mais justo que um convênio ou um acordo dos proprietários dos terrenos das principais ruas com a prefeitura, para que as calçadas sejam refeitas e as despesas rateadas, adequando-se o passeio à acessibilidade necessária de pessoas idosas e as com deficiência visual e de locomoção.
Taí a proposta. Quando poderemos ver uma Pompéia mais humana e cidadã?
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* jornalista e colaborador do JP

A FALTA DE INFORMAÇÃO E O TOTALITARISMO

por Cyro Saadeh*

Vivemos numa sociedade ocidental incoerente, hipócrita e perigosa. E isso não ocorre só no Brasil. É um fenômeno crescente no mundo.
Nos Estados Unidos, a mídia tem recriminado uma atriz adolescente de 15 anos por ter posado com sensualidade para uma famosa revista de moda. O julgamento não é de legalidade, mas de moralidade. E, no entanto, essa mesma sociedade estadunidense e ocidental valoriza as jovens que aos 13, 14 ou 15 anos se tornam modelos de passarela, vestindo lingeries ou maiôs curtíssimos. Ou seja, além de um julgamento moral, há muita hipocrisia e, o que é pior, a utilização da opinião pública para excessos que podem beirar, sim, um apego ao totalitarismo.
Há uma década, um então presidente estadunidense corria o risco de sofrer processo de impeachment por ter mantido relações sexuais com uma estagiária da Casa Branca. O julgamento não era legal, mas moral e o sincero Clinton se livrou por muito pouco de um vexame por um julgamento que ia muito além da aprovação de seu mandato ou não.
Além disso, a mídia tem fomentado julgamentos fáceis e irresponsáveis, como o de apontar como “verdadeiros causadores” da morte da pequena Isabella o seu genitor e a namorada deste, sem provas; o de responsabilização de uma ministra pela produção de um dossiê sobre o uso de cartões corporativos no governo FHC, também sem provas; e o de apontar a aproximação do candidato Obama com um pastor radical, sem a mínima comprovação, e por aí vai.
Vivemos uma época de uma mídia pobre, com a falta de incentivo ao bom jornalismo, onde tem reinado tão somente o interesse de marketing de grandes grupos de comunicação e a reprodução da matéria produzida por uma ou outra agência noticiosa internacional.
Os meios de comunicação, hoje, reproduzem muitas notícias que beiram a fofocas irresponsáveis, não investiga o que é apontado por uma suposta fonte e é superficial na apreciação dos fatos, o que representa a miséria do jornalismo e do sonho de levar a informação e não deformação.
Esses julgamentos prévios e essa sede de vingança que a mídia cria nas pessoas é algo preocupante. É algo que se contrapõe a um estado democrático de direito. É uma pólvora que se instala nos corações das pessoas e que atenta contra os valores fundamentais da nossa pátria, como o dos Direitos Humanos, a solidariedade e a informação como algo sério e fundamental à sociedade.
O contínuo desrespeito a valores fundamentais e a radicalização de posicionamentos é algo extremamente perigoso à democracia, às minorias e aos Direitos Humanos. Sim, é algo que o Ministério da Justiça e o Poder Judiciário, e não apenas o Ministério das Comunicações, devem observar muito de perto. Não podemos viver mais épocas de totalitarismo e de falta de acesso à boa informação.
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* jornalista e colaborador do JP

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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