segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

VOCÊ SABIA?

Por falta de inspiração lá vou eu com o conhecido e ultrapassadíssimo "você sabia"? Mas não vou perguntar, não. Vou tentar diferenciar um pouco...

Dizem que a civilização surgiu próximo ao rio Eufrates, na Mesopotâmia, hoje Iraque.
Dizem que a língua mais antiga do mundo é o árabe.
Dizem que a cidade mais antiga do mundo continuamente habitada é Damasco, a capital da Síria.

domingo, 30 de janeiro de 2011

CHAMADA DO VÍDEO COCOROBÓ

Este foi o primeiro vídeo que postei no YOUTUBE. É a chamada do documentário COCOROBÓ, fruto de uma paixão e que tem um minuto de duração. Até hoje pouco mais de duas mil e quinhentas pessoas o acessaram. É muito pouco para um vídeo que está há 3 anos no ar. Mas vale a pena ver: http://www.youtube.com/watch?v=H0rAUDoQc5s

sábado, 29 de janeiro de 2011

DOSSIÊ LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL

Vem aí uma futura nova revista bimestral repleta de informações. É a DOSSIÊ LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL. Os seus quatro primeiros exemplares integrarão a edição mensal normal., mas após esse prazo, a revista ganhará autonomia e virá em edições bimensais.

Matérias que você poderá ler nessa primeira edição, que veio junto com a edição do Diplô de janeiro/2011, wikileaks, a biblioteca do google e as redes sociais na internet. Imperdível!

Quem escreve sobre o wikileaks é Felix Stalder, professor da Universidade de Artes de Zurique e pesquisador do Instituto de teconologias de Viena. Há o seguinte trecho no texto que explica sobre a situação da mídia, hoje: "A desregulamentação dos meios de comunicação, assim como a concentração dos grupos que dominam jornais e outros meios de comunicação, contribuíram para o declínio do espaço público enquanto arena democrática. As pressões econômicas e políticas conduziram as redações a privilegiar as informações superficiais (soft news), centradas nos modos de vida ou dando bastante espaço ao comentário, em detrimento das investigações sobre os negócios públicos."

Outro texto bastante crítico e que merece ser lido com atenção é o que trata da biblioteca universal, de Voltaire ao google, escrito por Robert Darnton, historiador, professor da Universidade Pforzheimer e diretor da Biblioteca de Harvard.

Já o artigo da Mídia de Massas Individual é de autorial de Manuel Castells, professor de comunicação e diretor do Prejecte Internet Catalunya na Universidade Oberta da Catalunha, Barcelona, Espanha. Um trecho que evidencia a profundidade do texto: "Torturar um corpo é bem menos eficiente do que moldar uma mente. É por isso que a comunicação é uma potência. O pensamento coletivo (que não é a soma dos pensamentos individuais em interação, mas sim um pensamento que absorve e difunde tudo no conjunto da sociedade) elabora-se dentro do campo da comunicação."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

TRANSFORMAÇÕES: DE ÁGUA PARA VINHO PARA...

Um pouco de como me defino:

Era água, virei um vinho de uvas não tão selecionadas e, agora, cada vez mais caminho rumo ao vinagre.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A POSSIBILIDADE DE UM GOLPE MILITAR NOS ESTADOS UNIDOS


Os Estados Unidos sempre foram um país extremamente militarizado. Foram os seus soldados que permitiram a ocupação de áreas então indígenas por colonos. Foi através da guerra de secessão que os Estados Unidos encontram pontos em comum entre os pensamentos mais conservadores e os mais liberais. Os Estados Unidos ganharam muito dinheiro com a venda de armas para países europeus durante a 1ª Grande Guerra Mundial e o começo da 2ª. Os Estados Unidos ocuparam militarmente inúmeros países e provocaram guerras em todos os continentes, com exceção à Oceania e à Antártida. Hoje, ocupam o Afeganistão e o Iraque, coincidentemente grandes produtores de petróleo e gás, muito próximos de 3 integrantes dos BRIC, Rússia, Índia e China.
Os Estados Unidos são o maior produtor de armamentos do mundo e o país que possui o mais avançado programa espacial do mundo.
Este é o cenário de fundo.
O fato é que os militares estadunidenses estão mais à direita do que nunca. Hoje, há cinco vezes mais militares conservadores do que liberais e os integrantes das forças armadas estão mais do que nunca envolvidos em política. O recente caso de insubordinação do General Stanely McChrystal evidencia a falta de respeito da alta cúpula militar pelos líderes da Nação estadunidense.
Para um país que passa por uma séria crise econômica e precisa repensar nos seus investimentos (Hoje, os Estados Unidos respondem sozinhos por cerca de 50% do gasto militar do planeta), a insubordinação e a politização dos militares deve ser vista com preocupação.
Se os Estados Unidos desejarem manter-se economicamente fortes, devem remanejar investimentos, de forma a fortalecer setores produtivos. Manter ou ampliar o gasto com guerras, em razão da crise econômica que vivencia neste momento, não é aconselhável.
As reduções da provocação de guerras e do percentual de investimento em armamentos pode dar a impressão aos militares mais à direita de que os Estados Unidos estariam se tornando pacifistas, indo contra os interesses que julgam ser os da Nação que defendem, o de "eternos guerreiros defensores da democracia".
Os Estados Unidos nunca estiveram tão próximos de um golpe militar. Isso, evidentemente, não ocorrerá hoje ou daqui um ou dois anos, mas dentre os próximos 10 ou 20 anos, quando os Estados Unidos já terão reduzido drasticamente os seus investimentos nas forças armadas, tentando se manter entre as maiores economias do planeta.
O possível golpe pode contar com os apoios da grande e forte indústria armamentista estadunidense, a direita do partido Republicano e de enorme parcela da mídia, comandada por setores conservadores, dentre eles a Rede Fox. A vítima não será apenas um governo mais liberal que eventualmente ocupe o poder daquele país, mas o seu próprio povo, submetido a uma lavagem cerebral maior do que aquela qa que é submetido hoje pela cultura de massas.
É minha opinião pessoal, mas um golpe militar estadunidense não implicaria numa ditadura dos militares, mas na colocação de civis reacionários no poder e no cerceamento temporário de liberdades civis, cassações políticas e censura à imprensa. Um Estados Unidos do futuro podem parecer-se, e muito, com o Irã que tanto criticam, hoje.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL

desenho: BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL                                 Um mundo a ser explorado


Mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos, com explicações em sete idiomas. A Biblioteca Digital Mundial (BDM) pode ser, há quase um ano, acessada de qualquer computador, em qualquer lugar do mundo e dá fácil acesso a joias e relíquias culturais de bibliotecas de todo o planeta. O projeto foi impulsionado pela UNESCO e outras 32 instituições e lançado em abril de 2009. O endereço do site é www.wdl.org, o acesso é gratuito e os usuários não precisam se registrar.

A BDM, está dividida em nove zonas geográficas e culturais. Para os amantes e estudiosos da cultura árabe vale conferir as preciosidades na seção “África Setentrional e Oriente Médio”, com 177 itens referentes ao Iraque, Egito, Arábia Saudita, Israel, Iêmen, Omã, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Kwait e Catar. Os materiais são provenientes de diversas bibliotecas do mundo, entre elas a Biblioteca do Congresso, Biblioteca de Alexandria, Biblioteca Nacional e Arquivos do Egito, Biblioteca e Arquivos Nacionais do Iraque, Fundação Catar - Biblioteca Central - Coleção Patrimonial, Biblioteca Nacional de Israel, Biblioteca Nacional da Rússia, Biblioteca Universitária de Bratislava, Associação Tetouan-Asmir e Biblioteca da Universidade de Yale.

Entre os documentos mais antigos da BDM, há alguns códices precolombianos e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei da Espanha, em 1562. Os tesouros incluem o Hyakumanto darani, um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato dos aztecas, que contém a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo; trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos utilizados como oráculos: esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

Fácil de navegar:

Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve explicação do seu conteúdo e seu significado. Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas português. A biblioteca começou com 1.200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.

Além de o internauta poder orientar a sua busca por zonas geográficas também pode fazê-lo por épocas, tipo de documento e instituição. Além do português, os outros seis idiomas disponíveis são: árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol. Com um simples clique, podem-se passar as páginas de um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

A imagem desta matéria foi retirada de um documento da BDM, a revista iraquiana Layla, Edição 5, de 15 de fevereiro de 1924. Este foi o primeiro periódico para mulheres a ser publicado no Iraque. Lançada em 1923, a revista abordava assuntos novos e úteis relacionados a ciência, artes, literatura, sociologia, em particular a educação de filhos, e das meninas, saúde da família, e outros assuntos relativos a economia doméstica. O estabelecimento de um governo nacional no Iraque foi seguida pela emergência de várias revistas e jornais que abordaram assuntos ligados à mulher.

Layla marcou o início da imprensa feminina no Iraque, e a revista é tida como um dos fatores da emergência do movimento das mulheres árabes. Publicada sob o lema, "A Caminho do Revival da Mulher Iraquiana," a revista disseminou notícias sobre cultura, educação, e assuntos de família, bem como liderou uma campanha pela libertação da mulher. Entre as suas colunas destacaram-se: "O Cadinho de Direito," "Notícias sobre Impostos," "O Cantinho da Dona de Casa," "Notícias Estranhas," "Anéis de Magia," e outros.

A revista se mostrava preocupada com pesquisas médicas, literatura, e poesia, e trouxe obras de poetas Iraquianos famosos como al-Rasafi e al-Zahawi. Um dos artigos mais importantes que foi publicado na revista foi um editorial, impresso na edição de número 6 de 15 de Maio de 1924, dirigida à assembléia constituinte Iraquiana, reivindicando que fossem concedidos direitos às mulheres. Layla publicou apenas 20 edições. Sua última, de 15 de Agosto de 1925, incluia um artigo triste que explicava aos seus leitores as dificuldades financeiras da revista. Logo depois, a proprietária Paulina Hassou saiu do Iraque e a revista encerrou suas atividades.

Mais informações sobre a revista:
Editora: Hassoun, Paulina
Publicação Informação: Impresso na Modern Printing Company, de propriedade de Hassoun Murad e Companhia, Bagdá, Iraque.
Instituição: Biblioteca e Arquivos Nacionais do Iraque

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DIA DA CIDADE DE SÃO PAULO

São Paulo (pronuncia - se [sɐ̃w̃ ˈpawlu] é um município brasileiro, capital do estado de São Paulo e principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América Latina. Maior cidade do Brasil, das Américas e de todo o hemisfério Sul, São Paulo é a cidade brasileira mais influente no cenário global, sendo considerada a 14ª cidade mais globalizada do planeta,[5] recebendo a classificação de cidade global alfa, por parte do Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC).

A cidade é mundialmente conhecida e exerce significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Conta com importantes monumentos, parques e museus, como o Memorial da América Latina, o Museu da Língua Portuguesa, o MASP, o Parque Ibirapuera, o Jardim Botânico de São Paulo e a avenida Paulista, e eventos de grande repercussão, como a Bienal Internacional de Arte, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, São Paulo Fashion Week e a São Paulo Indy 300.

A cidade possui o 10º maior PIB do mundo, representando, isoladamente, 12,26% de todo o PIB brasileiroe 36% de toda a produção de bens e serviços do estado de São Paulo, sendo sede de 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil, além de ter sido responsável por 28% de toda a produção científica nacional em 2005.

São Paulo é a sexta maior cidade do planeta e sua região metropolitana, com 19 223 897 habitantes, é a sexta maior aglomeração urbana do mundo. Regiões muito próximas a São Paulo são também regiões metropolitanas do estado, como Campinas e Baixada Santista; outras cidades próximas compreendem aglomerações urbanas em processo de conurbação, como São José dos Campos, Sorocaba e Jundiaí. A população total dessas áreas somada à da capital – o chamado Complexo Metropolitano Expandido – ultrapassa 29 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da população do estado inteiro. As regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo já formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 65 municípios que juntos abrigam 12% da população brasileira.

O lema da cidade, presente em seu brasão oficial, é constituído pela frase em latim "Non ducor, duco", cujo significado em português é "Não sou conduzido, conduzo".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cineasta brasileiro vai filmar no Líbano

Para finalizar as filmagens do longa-metragem 'A Última Estação', Márcio Curi parte para Beirute em abril. O filme, que mostra a trajetória do imigrante libanês Tarik, deve ser concluído em julho.

ANBA- Agência de Notícias Brasil-Árabe
Marina Sarruf

Márcio Curi durante as gravações

São Paulo – Tarik ainda era um menino quando foi obrigado a deixar o Líbano, na década de 50, e migrar com a família para o Brasil, onde ganhou um novo lar. Essa é uma história comum de ser ouvida pelos filhos e netos de imigrantes libaneses que vivem no Brasil, mas desta vez ela ganhou vida nas mãos do diretor de cinema Márcio Curi, que vai ao país árabe em abril terminar as filmagens do longa-metragem A Última Estação.

O filme, que vem sendo filmado desde julho do ano passado, é uma narrativa fictícia, que conta a trajetória de Tarik, que meio século depois de sua chegada no Brasil resolve ir atrás dos amigos libaneses com quem fez amizade no navio. Como cada um foi para um lugar diferente no país, o filme traz imagens de Paulínia, em São Paulo; Anápolis, em Goiás; Ilhéus, na Bahia; Belém, no Pará; e em Brasília, capital federal.

De acordo com Curi, foram realizadas entrevistas com 15 famílias de origem libanesa nas cidades filmadas. “A partir dessas histórias, da saga de cada uma, o roteirista Di Moretti construiu o roteiro”, afirmou o diretor, que é neto de libaneses por parte de pai.

“Os personagens não têm um correspondente real, mas o filme reúne fragmentos de histórias verdadeiras”, acrescentou Curi. Segundo ele, as filmagens no Brasil já foram concluídas, mas agora faltam algumas cenas no Líbano, onde será filmado o início da história. Além de Beirute, Curi quer gravar numa aldeia pequena fora da cidade, para tentar retornar à década de 50.

Mesmo sendo neto de libaneses, essa vai ser a primeira viagem do diretor ao Líbano. Curi também não fala árabe, apesar do filme ter cerca de 30% dos diálogos em árabe. “Durante as filmagens aprendi algumas palavras”, disse ele, que aprendeu com o ator libanês Mounir Maasri, que faz o papel de Tarik, personagem principal.

Segundo Curi, a ideia do roteiro de Di Moretti foi inspirada na trajetória do sogro do roteirista, um imigrante libanês que vive no Brasil. “É a primeira vez que eu me envolvo com as minhas origens, meus antepassados, num filme”, disse o diretor, que já trabalhou na produção de oito filmes e está no mercado há mais de 40 anos.

A Última Estação deve ser concluído em julho tem co-produção da Asacine e Cinevideo. O filme deverá ter em torno de 90 minutos e vai abordar ainda questões religiosas, como a convivência entre cristãos e muçulmanos no Brasil. Segundo Curi, o público pode esperar por uma história emocionante, cheia de sentimentos.

Curi pretende fazer um pré-lançamento em clubes e entidades de origem libanesa. Ele pretende ainda levar o filme para os países árabes.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O novo rosto do neofacismo

GIANNI CARTA

Marine Le Pen ganha força política e ameaça ir mais longe que o pai.

Foto: Miguel Medina/ AFP
Ela quer tirar a França da União Europeia, é favorável à reintrodução da pena de morte, a uma moratória contra a imigração e à supressão do direito do solo para a obtenção de cidadania. Num discurso em Lyon, em mea-dos de dezembro, comparou os muçulmanos a pregar nas ruas (por conta de mesquitas cheias) ao período da ocupação da França pela Alemanha nazista. Seu nome? Marine Le Pen, 42 anos, a provável nova líder da Frente Nacional.

Ambição não lhe falta. Seu objetivo é repetir nas presidenciais de 2012 o feito do pai, Jean-Marie Le Pen, que disputou o segundo turno contra Jacques Chirac no pleito geral de 2002. De acordo com recentes sondagens, 27% dos franceses simpatizam com Marine Le Pen, ou Marine, como é conhecida. Seu pai nunca chegou a esse nível de aprovação.

A onda marinista é real: atualmente, apenas 25% do povo votaria em Nicolas Sarkozy, líder de uma direita dividida. E ameaçada por franco-atiradores de semelhantes inclinações ideológicas – e com intenções de se apresentar em chapas diferentes nas presidenciais. Por ora, qualquer um dos candidatos para as primárias do Partido Socialista (formação também desnorteada) venceria Sarko.

O rival de Marine na sucessão de Le Pen, de 82 anos e há quatro décadas na liderança da agremiação, responde por Bruno Gollnisch, de 60 anos. Mas, no domingo 16, num congresso em Tours, a maioria dos 30 mil aderentes da legenda votará na midiática Marine. A prova: numa enquete, 91% dos integrantes da FN escolheram Marine como candidata do partido nas eleições de 2012.

A clamorosa aprovação de Marine, atualmente vice-presidente da FN, é sem dúvida beneficiada pelo apoio do pai. Em entrevista para a France Culture, na terça-feira 4, Jean-Marie Le Pen desejou um “bom resultado” para Gollnisch, seu ex-braço direito. Mas Le Pen espera a vitória de Marine. E sublinhou: “Não apoio minha filha por razões familiares, mas porque Marine tem as qualidades necessárias e suficientes para assumir essas funções bastante difíceis”.

Com ou sem o aval do pai, Marine conseguiu sair de sua enorme sombra. Deputada europeia desde 2004, ela é conselheira municipal de Hénin-Beaumont e regional de Nord-Pas-de-Calais, ao norte da França. Segundo pesquisa recente, 35% dos franceses acreditam que Marine introduzirá um rosto mais humano à FN. Em entrevistas, ela repete seu objetivo de “desdiabolizar” a legenda herdada do pai. Assim como o ex-neofascista Gianfranco Fini, na Itália, ela deverá, ou assim esperam seus seguidores, romper com os neonazistas da FN. E, como Fini, quem sabe um dia fará alianças com partidos moderados de direita.

Em sua autobiografia, À Contre Flots, a mais jovem das três filhas de Le Pen conta como seus professores de esquerda a detestavam na escola. Ela nutria o desejo de ser fotógrafa, ou estilista de moda. Virou advogada, mas o nome Le Pen só prejudicou. Dois eventos foram marcantes. Aos 8 anos, uma bomba atingiu sua casa e quase a matou. Aos 16, sua mãe, Pierrette, fugiu com o biógrafo do pai. Le Pen anunciou que a mulher deveria virar doméstica. Pierrette rebateu posando apenas com um avental, na revista Playboy.

Marine encarna a mulher moderna. Divorciada duas vezes, cuida da filha, Jehanne, de 12 anos, e dos gêmeos Louis- e Mathilde, de 11 anos. Numa visita à sede da Frente Nacional para entrevistar um analista político em 2008, Marine adentrou a sala. Ofereceu, sorriso nos lábios, um firme aperto de mão. Ela é loira, alta, tem as costas largas do pai. Usava, como sempre, jeans com botas, não os costumeiros tailleurs de outras políticas. Interessou-se pela política no Brasil. Indaguei se ela gostaria um dia de liderar a FN. “Quem sabe?”

Marine tem, parece, suas diferenças com o pai. Certa vez, ficou de mau humor com ele meses a fio. Motivo: o pai declarou que as câmaras de gás na Segunda Guerra Mundial foram um “detalhe” da história. Além de não se considerar antissemita, Marine é a favor do aborto. Defende os direitos da mulher e dos homossexuais. Esse posicionamento a favor da “democracia sexual”, alega o soció-logo Eric Fassin, é uma retórica – bastante usada também por Sarkozy – para atacar a poligamia, o véu, o niqab etc.

Num ensaio no diário Libération, Fassin não concorda com o sociólogo Paul Schnabel, que explica o seguinte: Geert Wilders (o líder da extrema-direita holandesa) não é de extrema-direita porque não padece de homofobia nem de antissemitismo. Isso, a despeito de sua “virulenta islamofobia alimentar seu discurso contra imigrantes”. Da mesma forma, Marine se julga lepenista patriota, mas não política de extrema-direita. Ademais, Marine tem posições tidas como de extrema-esquerda: ela é contra a globalização porque, entre outros, cria desemprego na França, e é favorável a impostos sobre a especulação e dividendos.

Contudo, a FN é uma formação extremista em relação a temas como imigração. “A imigração hoje ameaça os princípios laicos da República”, argumenta Bruno Bilde, conselheiro de Marine. Por essas e outras, Marine pretende abolir a dupla nacionalidade e o direito de solo. “A nacionalidade francesa se herda ou é merecida”, martela Marine. Segurança é outro ponto em que não haverá arrefecimento. Ela julga importante oferecer maiores poderes à polícia. As sanções contra delinquentes deveriam ser mais duras, sustenta. E a pena de morte se inscreve nesse quadro linha-dura.

Na verdade, as lutas contra a imigração e pela segurança não são mais domínios da extrema-direita. Em 2007, Sar-kozy ganhou as eleições em grande parte porque emprestou esses temas da FN. E se inspirou até no teatral populismo lepenista. Em 2005, o futuro presidente não chamou jovens em revolta nos subúrbios de “escória”? E na sua Presidência criou até um Ministério da Identidade Social (depois inserido em outro ministério porque o povo não o aprovou). Houve, ainda, as expulsões dos roma no verão para desviar a atenção dos franceses de um caso a envolver um ministro que teria recebido somas ilegais para financiar o partido de Sarko na campanha presidencial. O presidente, claro, queria também melhorar seu nível de popularidade. Em miúdos, o sarkozismo e o lepenismo têm suas semelhanças.

Assim como o pai – e Sarko – Marine tem rompantes teatrais com o intuito de polemizar. O objetivo, claro, é atrair votos dos extremistas e aqueles a concordar, em silêncio, com a luta contra a imigração para a França. Segundo vários observadores, a diferença entre Le Pen, Sarko e Marine é esta: ela encarna um neofascismo camuflado e, por isso, de grande perigo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MAPA DOS PAÍSES PERIGOSOS AOS JORNALISTAS

O mapa divulgado pela ONG REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS sobre os países onde os jornalistas são costumeiramente assassinados .
Veja o site em língua espanhola: http://es.rsf.org/

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CLONES DO WIKILEAKS

GLOBAL VOICES
Escrito por Mong Palatino
Traduzido por Cinthia Sento Se

Há clones do Wikileaks [en] no Sudeste Asiático: Thaileaks [en] da Tailândia, Indoleaks [id] da Indonésia e Pinoyleaks [en] das Filipinas. Esses websites foram implementados/revividos este mês para apoiar o trabalho começado pelo Wikileaks e expor documentos secretos dos governos em seus respectivos países.
Thaileaks ‘ressuscitou’ o Wikileaks na Tailândia depois deste último ter sido bloqueado pelo governo.
Por razões desconhecidas, o governo tailandês bloqueou o acesso ao site Wikileaks. Isso significa que internautas tailandeses não têm permissão para tomar parte no movimento pela liberdade que acontece na rede atualmente. Isso não é aceitável em nenhuma parte do mundo. Por essa razão, nós colocamos todo conteúdo do Wikileaks relacionado à Tailândia disponível para download direto.
Por favor, note: - Não se trata de desrespeito ao Estado tailandês ou à família real. Trata-se de reafirmar a liberdade de informação.
Com a publicação de aproximadamente 3000 documentos gerados na Embaixada dos Estados Unidos em Bangkok, que em sua maioria foram enviados entre 2005 e fevereiro de 2010, é apenas uma questão de tempo até que o MICT bloqueie o acesso aos documentos do Wikileaks publicados.
Nós realmente não acreditamos em censura e pensamos que todas as pessoas na Tailândia deveriam ter acesso à qualquer informação disponível na internet, o que também inclui o Wikileaks. Esta é a razão de existir deste blog.
Indoleaks foi lançado no dia 10 de dezembro, durante a comemoração do Dia dos Direitos Humanos. Seu lema “Sebab informasi adalah hak asasi” pode ser traduzido como “Porque a informação é um direito humano.”
Após dois dias na rede, o Indoleaks informou que mais de 100 mil documentos já haviam sido copiados [en] por visitantes do website. Foram um milhão de acessos em uma semana.
Até o momento, foram publicados documentos do governo sobre o assassinado do ativista Munir, o vulcão de lama de Sidoarjo e a transcrição de uma conversa entre lideranças políticas da Indonésia e dos Estados Unidos sobre a política daquele país em relação ao Timor Leste, antes da invasão em dezembro de 1975.
Uppercaise [en] escreve sobre o caráter confidencial do Indoleaks:
A iniciativa convoca a população da Indonésia a apresentar documentos sem a opinião do emissor para a publicação anônima. Promete-se não publicar detalhes bancários, reportagens na mídia e outros detalhes pessoais.
Ele também escreveu sobre os defeitos do website:
Infelizmente, Indoleaks é levemente amador, pois publica documentos em sites abertos como o Google Docs e usa endereços do Gmail como contatos dos responsáveis, o que faz crescer a preocupação sobre a segurança dos documentos publicados e a proteção garantida aos contatos anônimos.
Neste momento, o site não parece usar comunicação criptografada nem oferece aos seus visitantes conselhos sobre anonimato na Internet ou meios para proteger suas identidades enquanto estiverem navegando nele ou enviando documentos.
PinoyLeaks é uma organização sem fins lucrativos, dedicada a expor a corrupção do governo das Filipinas, em níveis nacional e local, ao canalizar as evidências para a blogosfera. Nós dispomos de um sistema seguro para que os denunciantes possam enviar informações anonimamente.
PinoyLeaks é semelhante ao Wikileaks, exceto pelo fato de que sua missão está focada na exposição da corrupção apenas, seu escopo limita-se às Filipinas e o trabalho acontece junto a blogueiros e não com a mídia tradicional. A divulgação de notícias sobre as denúncias dependerá dos blogueiros.
Nós gostaríamos de enfatizar que, ainda que aproveitemos o momento do Wikileaks, nós não temos vínculos, oficiais ou extra-oficiais, com o Wikileaks.
Por favor, ajude o Pinoyleaks a cumprir seu papel na transformação das Filipinas de um país do Terceiro Mundo, corrupto e empobrecido, em um Estado-Nação moderno.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Brevíssima história de 40 anos de políticas neoliberais

Marshall Auerback
SinPermiso

Muitos especialistas dizem que a ideologia neoliberal iniciou nos anos 80 com Reagan, Thatcher e a Escola de Chicago. Mas o que tornou possível esse giro na economia política? Que elementos, que novas forças podem explicar essa mudança ideológica e as desigualdades que a seguiram? Como os poderes que tomam decisões políticas foram sendo postos gradualmente nas mãos de um corpo de tecnocratas neoliberais que pontificavam sobre as limitações dos governos? Responder a essas questões passa por reconhecer que este processo durou décadas. O artigo é de Marshall Auerback.

Um assíduo leitor de New Deal 2.0 faz uma aguda questão:

“Há uma questão que nunca consigo responder. Muitos especialistas dizem que a ideologia neoliberal iniciou nos anos 80 com Reagan, Thatcher e a Escola de Chicago. Mas sigo sem entender o que tornou possível esse giro na economia política. Que elementos, que novas forças nos anos 80 podem explicar essa mudança ideológica e as desigualdades que a seguiram?"

Todos esses temas são muito dignos de exploração e eu, quero dizer desde logo, não posso fazer justiça a eles com uma resposta de duas linhas. É melhor recomendar o soberbo livro de Yves Smith, Econned. O livro proporciona uma excelente explicação histórica do modo como algumas teorias infundadas, mas amplamente aceitas, levaram à execução de políticas que geraram o atual estado de coisas. Também ilumina a capacidade dessas filosofias para ressuscitar mesmo quando se acumulam provas conclusivas contra elas. Documenta não só a crescente degradação dos economistas profissionais neoclássicos (e sua concomitante tendência a reduzir a soma da experiência humana a uma série de equações matemáticas), mas também a maneira pela qual fundações muito bem financiadas subvencionaram universidades e think tanks que, por sua vez, legitimaram e validaram essas filosofias charlatanescas.

A ideia de que governos democraticamente eleitos devem servir-se de políticas fiscais discricionárias para contraestabilizar as flutuações do ciclo do gasto público chegou a ser visto como algo muito próximo ao socialismo. Os poderes que tomam decisões políticas foram postos gradualmente nas mãos de um corpo de tecnocratas neoliberais que pontificavam sobre as limitações dos governos e reforçavam as posições fiscalmente pró-cíclicas, ou seja: reforçavam a contração discricionária quando os estabilizadores automáticos levavam a grandes déficits orçamentários como resultado da frágil demanda não-pública.

Essa mudança em nossas políticas públicas foi acompanhada por um processo de tomada de controle dos juristas em uma longa marcha através do poder Judiciário. Foi um esforço patrocinado pelas grandes empresas, centrado exclusivamente no tema da desregulação, e culminou com um esforço titânico para revogar as reformas do New Deal, limitar o poder dos sindicatos e do próprio governo (salvo em matéria de Defesa, cabe assinalar, que organizou seu próprio e formidável exército de lobistas).

Responder a questão colocada por nosso leitor passa por reconhecer que este foi um processo que durou décadas e que veio acompanhado de enormes somas de dinheiro e de vasto exército de forças empresariais, jurídicas e políticas, empenhado em frustrar qualquer alternativa progressista. O processo inteiro ocorreu em um período de aproximadamente 40 anos. Flexibilização da regulação e da supervisão; uma crescente desigualdade que levou às famílias a se endividar para manter o nível de gasto; cobiça e exuberância irracional e liquidez global excessiva: todos esses são sintomas do mesmo problema.

Mas como tudo começou? A análise que o grande economista Hyman Minsky realizou no final de sua vida é particularmente potente, porque permite ver essas mudanças a partir de uma vasta perspectiva histórica. Minsky chamou a situação de saída da II Guerra Mundial de “capitalismo paternalista”. Ela se caracterizava por um “enorme Tesouro público” (cujo custo equivalia a 5% do PIB) dotado de um orçamento que oscilava contraciclicamente a fim de estabilizar a renda, o emprego e os fluxos de lucros; um Banco Central ao estilo de um “enorme banco” que mantinha baixas as taxas de juros e intervinha como emprestador último de recursos; uma ampla variedade de garantias estatais (seguro de depósitos, respaldo público implícito ao grosso das hipotecas); programas de bem estar social (Seguridade Social, ajuda às famílias com filhos dependentes, ajuda médica); estreita supervisão e regulação das instituições financeiras; e um leque de programas públicos para promover a melhoria da renda e a igualdade de riqueza (tributação progressiva, leis de salário mínimo, proteção para o trabalho sindicalmente organizado, maior acesso à educação e à habitação para pessoas de baixa renda).

Além disso, o Estado jogava um papel importante em matéria de financiamento e refinanciamento (por exemplo, a corporação pública para financiar a reforma de imóveis e a corporação pública para o crédito destinado à compra de imóveis) e na criação de um mercado hipotecário moderno para a compra de imóveis (baseado em um empréstimo de tipo fixo amortizável em 30 anos), sustentado por empresas patrocinadas pelo Estado. Minsky reconheceu papel desempenhado pela Grande Depressão e pela II Guerra Mundial na criação de bases para a estabilidade financeira. Nas palavras de Randy Wray:

“A Depressão pulverizou e expulsou o grosso dos ativos e passivos financeiros: isso permitiu às empresas e às famílias saírem com pouca dívida privada. O ciclópico gasto público durante a II Guerra Mundial criou poupança e lucro no setor privado, enchendo os livros de contabilidade com dívida saneada do Tesouro (60% do PIB, imediatamente depois da II Guerra). A criação de uma classe média, assim como o baby boom, mantiveram alta a demanda de consumo e alimentaram um rápido crescimento do gasto público dos estados federados e dos municípios em infraestrutura e em serviços públicos demandados pelos consumidores metropolitanos.

A elevada demanda dos entes públicos e dos consumidores trouxe por sua vez consigo a possibilidade de se cobrir o grosso das necessidades das empresas para financiar o gasto interno, incluindo os investimentos. Assim, durante as primeiras décadas que se seguiram à Segunda Guerra, o capital financeiro desempenhou um papel muito menor. A lembrança da Grande Depressão gerou relutância em relação ao endividamento. Os sindicatos pressionavam e, frequentemente, obtinham mais e mais compensações, o que permitiu o crescimento dos níveis de vida, financiados em sua maior parte somente com a renda dos trabalhadores”.

Na década de 1970 tudo isso começou a mudar, como é bem explicado em Econned. O gasto público começou a crescer mais lentamente que o PIB; os salários ajustados à inflação se estancaram a medida que os sindicatos perdiam poder; a desigualdade começou a crescer e as taxas de pobreza deixaram de cair; as taxas de desemprego dispararam; e o crescimento econômico começou a desacelerar.

Nos anos 70 assistimos também aos primeiros esforços sustentados para fugir das restrições impostas pelo New Deal, a medida que as finanças respondiam para aproveitar as oportunidades. Com o desastroso experimento monetarista de Volcker (1979-82), muitos dos velhos vestígios do sistema bancário estabelecido pelo New Deal foram arrasados.

O rito de inovações se acelerou a medida que foram se adotando muitas práticas financeiras novas para proteger as instituições do risco da taxa de juros. A despeito de todas as apologias feitas sobre os anos de Volcker a frente da Federal Reserve, o certo é que suas políticas de juros altos assentaram as bases do atual sistema financeiro baseado no mercado, incluídas a titulação hipotecária, a inovação financeira na forma de derivativos para cobrir o risco das taxas de juros, assim como muitos dos veículos financeiros “extra contábeis” que proliferaram nas duas últimas décadas. Legislou-se para criar um tratamento fiscal muito mais favorável aos juros, o que, por sua vez, estimulou as compras alavancadas para substituir ativos por dívida (como a tomada de controle empresarial financiada com dívida que seria servida pelos futuros fluxos de receita da empresa assim controlada).
Os excedentes orçamentários dos anos Clinton – outro exemplo de ascendência de uma filosofia neoliberal que fugiu da política tributária e determinou a primazia da política monetária – restringiram a demanda agregada, encolheram as receitas e criaram uma maior dependência da dívida privada como meio de sustentar o crescimento e as receitas. Esse foi claramente facilitado por inovações que ampliaram o acesso ao crédito e mudaram os critérios das empresas e dos lares para definir o nível de endividamento prudente. O consumo conduzia o timão e a economia voltou finalmente aos rendimentos dos anos 60. Regressou o crescimento robusto, agora alimentado pelo déficit do gasto privado, não pelo crescimento do gasto público e da receita privada. Tudo isso levou ao que Minsky chamou de capitalismo dos gestores do dinheiro.

Esse é o contexto histórico básico que veio se desenvolvendo nos últimos 40 anos. E essa é, provavelmente, uma resposta que vai mais além do que nosso amável leitor queria, mas sua questão não é daquelas que possa ser respondida laconicamente.

(*) Marshall Auerback é analista econômico, pesquisador do Roosevelt Institute, colaborador da New Economic Perspectives e da NewDeal 2.0.

Tradução para SinPermiso: Casiopea Altisench
Tradução para Carta Maior: Katarina Peixoto

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sagrados elos imobiliários

Viviane Vaz, de Jerusalém

Comerciantes árabes da rua Al-Silsila tentam resistir ao assédio de empresários judeus

Imagine uma corrente. Você vê as extremidades, mas não vê o elo entre as duas pontas. Você precisa juntar os pontos extremos para entender o todo”, diz, com ar de mistério, Ahmad, jovem comerciante da rua Al-Silsila, em Jerusalém. O árabe palestino explica sua metáfora e diz que, para entender a cidade sagrada para as três grandes religiões monoteístas do mundo é necessário ver todos os elos da corrente e juntá-los. Chamada de rua de Davi pelos judeus, Al-Silsila significa “corrente” em árabe. A estreita via é uma das principais passagens entre dois mundos: o caminho do bairro judeu ao árabe, ou vice-versa. Repleta de lojas de comidas típicas e de artesanatos palestinos, não poucos feitos na China, leva da Porta de Jaf-fa Grande Mesquita do Domo da Rocha e traça o limite com o bairro judeu, onde se encontra o Muro das Lamentações.
No meio da “rua da Corrente”, dois policiais – um israelense de origem árabe e outro judeu – perguntam aos que se encaminham à mesquita se são muçulmanos. É sábado e os turistas não têm permissão para entrar. Para os judeus, é onde Abraão ofereceu seu filho Isaac em sacrifício a Deus e o rei Salomão construiu o primeiro templo. Já os muçulmanos acreditam ter sido o local de onde o profeta Maomé viajou aos céus (Al-Miraaj). “Eu, particularmente, não vejo problema que os turistas passem, mas os policiais o fazem para evitar confusão. Pode entrar algum judeu com uma Torá e irritar os muçulmanos”, explica Ahmad. “Os judeus fazem isso para prejudicar o comércio aqui na rua e forçar-nos a vender nossas lojas”, opina Omar Jobah.
Jobah apareceu no início de dezembro em um canal de televisão palestino denunciando o movimento de empresários judeus que tentam comprar lojas de árabes em Jerusalém. Aos 58 anos, casado e pai de sete filhos, tira por mês cerca de 3,5 mil shekels (cerca de 2 mil reais, salário mínimo em Israel). Por ano paga 5 mil shekels em impostos pela propriedade do estabelecimento comercial ao governo israelense, 12% sobre as vendas e mais 5% em taxas extras. “Toda hora eles aparecem aqui querendo comprar. Os judeus já me ofereceram 750 mil dólares, mas não vendo nem por 1 milhão. Minha família está aqui há 200 anos.”
O comerciante tenta convencer os demais a não vender suas lojas a judeus. “Ele é como nosso líder aqui na rua. Eu não venderia minha loja (que está em frente a uma madrassa, escola da religião islâmica), nem por 5 milhões de dólares. Se começarmos a vender tudo aos judeus, a rua vai perder seu caráter”, explica Hamed, dono da última loja árabe no caminho à mesquita.
O judeu Itzik Gurevich, da Organização de Construtores de Israel, explica: “Há grupos que tratam de adquirir, de comprar propriedade dos árabes palestinos, sob a ideologia religiosa de direita de Israel”. Na cidade sagrada, muitos empresários organizam-se na Elad, associação de colonos judeus ativa nos bairros árabes de Jerusalém Oriental. “Eles pensam que toda a parte de Jerusalém onde estão os palestinos também pertence a eles.” Segundo Gurevich, a compra de propriedades é uma transação legal – não há qualquer legislação que impeça transações imobiliárias entre judeus e árabes, palestinos e israelenses. “Mas quando esses grupos adquirem a propriedade e se instalam, começam a formar centros de provocação. Isso aumenta a tensão nesta zona da cidade.”
Ao mesmo tempo, os palestinos não se sentem livres para vender suas lojas a judeus. “Há uma espécie de castigo para os árabes que vendem os imóveis. Na longa rua de Al-Silsila, com um total de 123 lojas, há apenas dois proprietários judeus que conseguiram comprar o estabelecimento de árabes. “Os dois (árabes) ficaram muito malvistos pela comunidade por terem vendido suas lojas”, afirma Jobah. “Há posições radicais por ambas as partes. A base da aquisição das propriedades é provocativa, não é econômica. Não é algo ingênuo”, analisa Gurevich.
Na outra ponta da corrente, dezenas de rabinos estimulam os cidadãos a não vender nem alugar casas para não judeus. No início de dezembro, uma carta aberta de 41 rabinos alegou que a tensão entre árabes e judeus aumentou com o impasse do processo de paz e reclamaram da entrada de imigrantes ilegais africanos. “A terra de Israel é destinada ao povo de Israel”, disse à rádio do Exército de Israel, Yosel Shainin, rabino-chefe da cidade portuária de Ashdod e um dos signatários do texto. A Associação de Direitos Civis de Israel (Acri) e parlamentares de oposição exigiram que o premier israe-lense, Benjamin Netanyahu, condenasse a carta e punisse os rabinos. “Isso obriga, de uma vez por todas, o indiciamento deles por incitação racial”, disse o parlamentar árabe israelense Ahmed Tibi. De forma surpreendente, Netanyahu considerou a carta antidemocrática e afirmou que contradizia os livros sagrados, recordando a história de discriminação sofrida pelo povo judeu. “Israel rejeita completamente estes comentários (dos rabinos).”
Na cidade de Hebron, na Cisjordânia, em território palestino, o lobby para compra e venda de lojas de palestinos por israelenses judeus se repete. Aos 77 anos, Mohamed é um dos poucos que mantêm sua loja de ferragens aberta na rua Ashuhadek. Muitos negociantes venderam os imóveis ou simplesmente fecharam as portas. “A rua está praticamente fechada e quase ninguém passa por aqui. A Autoridade Palestina me dá mil shekels por mês. Venho trabalhar para me divertir.”
Uma mureta com cerca de 60 centímetros de altura e um check point com dois soldados israelenses separam o comerciante palestino Munear Abid, 58 anos, de seus clientes árabes no final da Ashuhadek. Ele é um dos donos das quatro últimas lojas árabes que ficaram do “lado judeu” de Hebron. Munear lembra que, quando era pequeno, árabes e judeus circulavam pela cidade livremente. Mas em 1994, durante o processo de paz de Oslo, o colono judeu Baruch Goldstein disparou contra muçulmanos que rezavam na Mesquita de Ibrahim – ou na Cava de Machpela, onde se diz que estão enterrados os restos de Abraão –, e matou 29 pessoas. Em fevereiro de 1997, um acordo para a redistribuição das forças de defesa israelenses dividiu a cidade em duas áreas: H1, controlada pela Autoridade Palestina, e H2, sob controle militar israelense. Depois da segunda Intifada, em 2000, e o aumento da violência entre os dois lados, as FDI tomaram o controle de toda a cidade e vários check points foram criados a partir de 2003 na área H1.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PERIODISMO HUMANO

Para quem procura um jornal voltado aos Direitos Humanos, a dica é: http://periodismohumano.com/
É em língua espanhola, mas vale a pena o esforço em traduzir certas palavras.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Projeto público pretende levar cinema à população de baixa renda

Para governo federal, o meio para expandir o cinema no País é incentivar sua exploração pelo setor privado; o projeto deve entrar em funcionamento em quatro anos, com a meta de construir 600 salas em cidades da periferia do Brasil

Por Lúcia Rodrigues

O diretor presidente da Ancine, Manoel Rangel, afirma que o governo federal quer tirar do papel o programa Cinema Perto de Você, que visa construir 600 salas de cinema em cidades da periferia do país, com objetivo e ampliar as salas de projeção para a exibição da produção nacional. A saída, segundo ele, é o Estado financiar o investimento privado no setor. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista para a Caros Amigos, realizada durante o 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual, que ocorreu na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Caros Amigos – Manoel qual o papel da Ancine no incentivo ao cinema nacional?

Manoel Rangel - A Ancine tem tripla função. Regula o mercado de cinema e de audiovisual, fomenta e fiscaliza o funcionamento desse mercado. A junção dessas três atribuições da agência tem por foco o desenvolvimento do mercado de cinema e audiovisual brasileiro e tem por foco a estruturação de um forte mercado, com uma forte presença da produção brasileira e das empresas brasileiras no interior desse mercado. Nós administramos o Fundo Setorial do Audiovisual, administramos as leis de incentivo fiscal ao setor audiovisual, a lei 8.685, a medida provisória 2.228, e, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual, dos mecanismos de incentivo fiscal e das ações de fomento direto da agência (editais internacionais e os prêmios por desempenho), nós procuramos criar as condições para este desenvolvimento do mercado. Procuramos valorizar as distribuidoras brasileiras, procuramos valorizar aquelas empresas exibidoras que mais exibem filmes brasileiros e apoiamos o conjunto da produção cinematográfica e audiovisual brasileira.

Caros Amigos - De que maneira?

Não há nenhum filme que seja feito sem receber recursos, seja das leis de incentivo fiscal, seja do Fundo Setorial do Audiovisual, seja do Programa Ancine de Qualidade, seja do prêmio adicional de renda. A gente recebe os projetos, nossa área técnica faz a avaliação e autoriza os projetos a captarem recursos, quando é o caso das leis de incentivo fiscal ou quando é o caso do Fundo Setorial, recebe projetos em chamadas anuais que são submetidos à avaliação de pareceristas externos, são submetidos à avaliação de técnicos da Agência e técnicos do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia), num crivo de um conjunto de critérios que permite a avaliação dos projetos e a comparação entre os projetos, a partir disso, são tomadas as decisões de investimento nestes projetos.

Caros Amigos - Quanto a Ancine tem de recursos para esse tipo de investimento?

Temos o Fundo Setorial do Audiovisual, estamos investindo em 2010, R$ 81,5 milhões, em quatro convocatórias. E anunciamos recentemente o resultado da linha C e D.

Caros Amigos - O que é linha C e D ?

É uma linha de apoio à produção cinematográfica via distribuidoras, ou seja, aquisição de direitos de distribuição com investimento em produção, onde as distribuidoras brasileiras podem apresentar projetos de filmes para receber investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual. E a linha D é uma linha de apoio à comercialização de filmes brasileiros, onde também as distribuidoras apresentam projetos, filmes prontos para receberem apoio do fundo no lançamento. A pecualiaridade do Fundo Setorial do Audiovisual é que não é um investimento a fundo perdido, ou seja, o fundo coloca o recurso, mas o fundo tem expectativa de receber de volta esse recurso através da exploração desses filmes no mercado de salas, no mercado de televisão, televisão paga, DVD e no mercado internacional. Então, são R$ 81,5 milhões através do Fundo Setorial este ano, cerca de R$ 13 milhões de investimentos do prêmio adicional de renda, do Programa Ancine de Qualidade e de editais de co-produção internacional que a gente faz. E nas leis de incentivo fiscal, em torno de R$ 50 milhões, R$ 60 milhões do artigo 3º A, e artigo 39, artigo 3º, e mais uma captação da ordem de R$ 90 milhões, de R$ 100 milhões nos artigos 1º e 1º A da Lei de Captação de Recurso do Audiovisual.

Caros Amigos- Explica para os leitores da Caros Amigos o que são esses artigos.

Esse é o emaranhado de mecanismos de financiamento do audiovisual. Nós temos, basicamente, três tipos de mecanismos que a Lei de Incentivo concebeu.

Um primeiro é o mecanismo muito similar ao da Lei Rouanet, pelo qual um produtor apresenta um projeto, esse projeto é avaliado por nós, é autorizado a captar recursos, e esse produtor apresenta esse projeto a empresas, de qualquer ramo, onde as empresas que investirem têm direito a abater do imposto de renda aquilo que investirem nos filmes. Essa é a Lei do Audiovisual, artigo 1º e artigo 1º A. É similar à Lei Rouanet. Um segundo grupo (tipo de mecanismo concedido pela Lei do Audiovisual) são os mecanismos de incentivo fiscal, que são coordenados, manejados por empresas do setor. Então, as companhias distribuidoras de cinema e DVD têm o artigo 3º da Lei do Audiovisual, pelo qual elas têm o direito de reter 70% do imposto de renda devido pago sobre a remessa ao exterior dos resultados da exploração dos filmes no Brasil. Então, há um imposto de renda de 15% sobre as remessas, 70%¨desse imposto de renda é depositado numa conta especial gerenciada pela distribuidora, mas supervisionada pela Ancine e esses recursos são obrigatoriamente investidos em produção de obras audiovisuais. Neste grupo está o artigo 3º, que é das distribuidoras. O artigo 39, que são das programadoras estrangeiras, a lógica é a mesma, 70% do imposto de renda numa conta de captação especial. E o artigo 3º A, que beneficia as televisões abertas, as programadoras nacionais e estrangeiras, também com 70% de recolhimento para uma conta especial. Esse mecanismo, o importante dele é que é gerenciado por empresas do setor audiovisual. Portanto, aquele que tem a disponibilidade para portar num projeto, conhece o mercado e, portanto, se relaciona com esses produtores... Conhece o mercado e conhece a atividade, ou seja, sabe da importância de ter filmes diversos, sabe da importância de ter filmes falando com vários públicos, filmes e obras de vários gêneros. Portanto, é um mecanismo mais profissional. E tem um terceiro (tipo de mecanismo concedido pela Lei de Audiovisual) que é o Funcines, que são fundos de investimento privado, que são autorizados por nós a se constituírem. Por nós e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e pelo qual, uma empresa qualquer pode investir sua disponibilidade fiscal neste fundo. Este fundo se conforma e passa a investir em salas de cinema, filmes, obras para televisão e tudo mais. Esses são os três grupos de mecanismo de incentivo fiscal. Ao lado disso, você tem o fundo de investimento setorial do audiovisual, que é um fundo público, alimentado por recursos do setor, gerenciado pela Agência Nacional do Cinema, e um recurso que a gente considera para investimentos estruturantes na atividade. São políticas de fortalecimento das distribuidoras, distribuidoras brasileiras independentes associadas ao filme brasileiro. A gente tem políticas de apoio à associação entre televisões e produtores independentes, projetos que já venham com contratos com uma televisão, com uma pré-compra de uma televisão, podem receber investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual para serem realizados, projetos de séries, minisséries, coisas assim. E o fundo, portanto, permite uma atuação mais ampla. Ainda nessa linha do fundo setorial, nós lançamos em junho, o programa Cinema Perto de Você, que mobiliza investimentos da ordem de R$ 300 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, para expandir o parque de salas cinemas do Brasil. É um projeto com uma meta de 600 salas de cinema em quatro anos e recursos que serão concedidos na forma de empréstimos e investimentos, juro zero, na sua condição mais favorável, e na condição um pouco mais apertada são os juros de 4%, que se somam aos recursos do Bndes, mais R$ 200 milhões do Bndes, para viabilizar projetos da chegada de salas de cinema nas periferias das grandes cidades, nas cidades médias do interior, nas cidades com mais de 100 mil, que não tem nenhuma sala de cinema, procurando oferecer a sala de cinema nas áreas onde há grande concentração de classe C.

Caros Amigos - Quem vai construir essas salas de cinema na periferia?

Os empresários, os exibidores. O Estado vai disponibilizar crédito, vai disponibilizar investimento e o empresário, o empreendedor, qualquer empreendedor, não precisa ser um empreendedor tradicional do setor, pode apresentar projetos desde que esteja dentro das áreas-foco do programa.

Caros Amigos - Quais são essas áreas-foco?
Nós temos como área-foco... Nós fizemos um grande mapeamento das 39 cidades com mais de 500 mil habitantes no país. Pegamos essas cidades, são mais do que 39 com mais de 500 mil habitantes, são 42, 43, mas dessas, 39 têm salas de cinema. Nessas 39, nós fizemos um zoneamento dessas cidades levando em conta fatores como renda familiar, escolaridade e distância dos complexos cinematográficos pré-existentes. E nesses zoneamentos identificamos três áreas de investimento, que são três áreas de investimento para modular o patamar de juros e o patamar de dinheiro de investimento, ao lado do dinheiro de financiamento que a gente coloque nesses projetos. Além dessas 39 cidades, nós temos como foco do programa as 82 cidades com mais de 100 mil habitantes que não têm nenhuma sala de cinema. Esse também é um grupo-foco, prioridade do programa.

Caros Amigos - Essas cidades estão espalhadas por todo o Brasil ou estão concentradas na região sudeste?

Por todo o Brasil, todo o Brasil. E ainda há como terceiro grupo-foco do programa cidades com mais de 100 mil habitantes e menos de 500 mil habitantes que têm salas de cinema, mas que têm uma baixa presença nas salas de cinema. Depois disso, a gente tem uma escala de juros e de condições de investimento que modula outros fatores. Um desses outros fatores, por exemplo, para nós é prioritária a abertura de salas de cinema nas regiões norte e nordeste do Brasil. Por que? Porque o Brasil tem uma média de uma sala para mil habitantes, mas quando você vai para o norte do país, essa média sobe para uma sala para cada 200 mil habitantes. E quando você vai para o Nordeste, a média é de uma sala para cada 150 mil habitantes. Portanto, a gente fez também um zoneamento dessa natureza. O programa procura levar a sala de cinema para onde não tem, procura levar a sala de cinema mais perto dessa classe C emergente, que é o motor da economia brasileira. Nossas razões são razões, claro, de ordem de cidadania, da importância simbólica, da importância da cultura, mas tem um vetor de orientação econômica que é dizer aos empresários do setor audiovisual que eles precisam acompanhar o movimento de crescimento da economia brasileira e que só cresce hoje no Brasil quem aposta na emergência da classe C, que passa a consumir, a demandar.

sábado, 15 de janeiro de 2011

BRASIL, RIO E SÃO PAULO EM LÁGRIMAS

Vivemos em um período difícil, de tristeza geral e de sentimento de que deixamos de fazer algo que era necessário, enquanto comemorávamos tanto a nova entrada de ano, quanto o crescimento econômico brasileiro.

Na verdade, como brasileiros, vivemos de ilusão e sofremos com a realidade.

O Brasil não vive um crescimento econômico tão estrondoso como apregoam. É certo que a nossa economia avança, mas crescemos muito menos que a Índia e a China, potências nucleares e que investem pesado em tecnologia e pesquisas científicas. Já o Brasil, anda atrasado nas lições de casa. Tem uma educação pública nos ensinos básico e médio de causar vergonha e ainda investe muito pouco em pesquisas científicas. Temos uma força armada equipada com equipamentos praticamente obsoletos e insuficientes. Não detemos a tecnologia nuclear para artefatos bélicos, o que permitiria um poder de defesa, de dissuasão,  numa eventual ameaça de agressão. A China, a Índia, os Estados Unidos, a França, a Inglaterra e a Rússia, economias importantíssimas possuem artefatos e submarinos nucleares (enquanto não houver a eliminação das armas nucleares em todo o planeta - que eu espero que ocorra em breve, continuará a ser injusto que o acesso a essas armas seja reduzido a meia dúcia de escolhidos), além de mísseis balísticos e satélites espiões pelo mundo afora. Eles podem proteger suas riquezas minerais, seus interesses e, o que é mais importante, a sua população. O Brasil? Ah, vivemos de sonho. Não investimos em tecnologia nem em ensino, mas achamos que cresceremos com o capital estrangeiro especulativo.

Mas o pior é saber que não investimos na segurança das pessoas. Nesses últimos dias estamos vivenciando uma catástrofe sem precedentes. Mais de 700 brasileiros já foram vitimados por conta dessas enchentes e deslizamentos do mês de janeiro. Só na região serrana de Teresópolis já foram 600 mortos até agora! Uma história de terceiro mundo, como éramos até poucos meses atrás.

Em várias cidades, as pessoas não têm telefonia nem água, nem o que comer.

E pensar que era possível evitar tantas mortes. Tivemos acesso às imagens dos satélites estadunidenses que nos avisavam de uma formação perigosa de nuvens carregadas. Era sinal de chuva forte. A catástrofe se avizinhava. Porém, para evitar isso, precisávamos de um serviço eficiente de Defesa Civil, com as prefeituras atuando com eficácia, os Estados centralizando os meios de comunicação e a União financiando grande parte desse investimento. As prefeituras deveriam atuar principalmente com formações de grupos de cidadãos, devidamente orientados e treinados, responsáveis por informar as pessoas do risco que corriam. Enquanto isso, o Estado forneceria helicópteros, jipes, caminhões, bombeiros e equipes de sua Defesa Civil para ajudar na evacuação preventiva. A União se incumbiria de se preparar e já encaminhar grupos de sua Defesa Civil para colaborar com os Estados que estavam em alerta.

Esse tipo de investimento é significativo, mas depende mais de coordenação do que dinheiro propriamente dito. Grupos de pessoas para trabalhar na Defesa Civil já existem. Na maior parte, são oriundos dos Corpos de Bombeiros, mas nada impede que o Estado utilize parte dos seus funcionários públicos das áreas da saúde e segurança para integrar e ajudar.

O Brasil errou, e feio! A presidenta Dilma Roussef tem agora a chance de deixar uma grande marca, a da organização e qualificação de pessoas para tratar de prevenção às catástrofes. E, como sabemos, de organização e de formação de equipes, ela entende. Esperamos que ela tenha sorte, assim como todos os governadores que acabaram de assumir ou reassumir seus cargos. Mas não basta sorte. É necessário interesse e ação.

O Brasil precisa superar essa falha inadmissível de não prevenir acidentes e não ter organização para enfrentar catástrofes previsíveis ou não. Está na hora de o Brasil escrever a sua história com orgulho. Com orgulho de defender o seu povo e de se preocupar com as pessoas e não só em politicagem e grandes obras como aprendemos com os coronéis e demagogos de plantão.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Divisão do Sudão pode gerar problemas internos e externos, alertam especialistas africanos

OPERA MUNDI
Eduardo Castro/EBC
Maputo

Apontado pela comunidade internacional como um “marco para a consolidação da paz” no Sudão, a consulta popular que deve dividir o maior país da África inquieta estudiosos africanos consultados pela Agência Brasil.

Do dia 09 até 15 de janeiro, os sudaneses do Sul votam na consulta popular prevista no acordo de paz que pôs fim à guerra civil, que durou mais de 20 anos no país. Quatro milhões dos 40 milhões de sudaneses irão dizer se querem ou não que a parte Sul torne-se uma nação independente. Os resultados serão homologados em fevereiro.

Para o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, um dos observadores internacionais, “o referendo é um passo crítico no sentido da implementação do acordo de paz”. Segundo ele, citado pelo Carter Center, a expectativa é de que “o processo ajude o povo do Sudão a trabalhar em um futuro pacífico, independentemente do resultado [da votação]”.
O centro presidido por Carter enviou mais de 100 observadores para acompanhar a consulta popular sudanesa. O ex-secretário-geral da ONU, o ganês Kofi Annan, também estará presente. “É importante que todos os líderes políticos honrem os compromissos para manter a paz no Sudão, como o previsto no acordo de paz”, afirmou.

Mas, entre os analistas africanos, a certeza não é tão grande. “Isto não é bom na história política de África”, afirma Aly Jamal, doutor em Relações Internacionais e especializado em conflitos africanos. “Isso pode ser um mal exemplo para alguns países onde as circunstâncias não são iguais, mas podem ser procuradas para justificar o uso do mesmo caminho”, disse. “Já temos o caso do Congo, a República Centro Africana... se um rastilho semelhante ocorre por aquelas bandas, vamos fazer referendo para autodeterminação?”, pergunta Aly Jamal.

Citado pelo jornal moçambicano O País, o investigador do Instituto de Ciências Políticas em Paris, o sudanês Roland Marchal, chama o processo no Sudão de “Berlim 2”, lembrando que foi na Conferência de Berlim, em 1885, que as potências europeias dividiram a África entre si, demarcando fronteiras sem levar em conta, em muitos casos, aspectos culturais, sociais e étnicos das comunidades atingidas.

Para a professora Iraê Baptista Lundin, do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique e que participou do grupo que negociou a paz para guerra civil do país (entre 1992 e 1994) trata-se da quebra de outro tratado, mais recente. “Em 1963, quando foi criada a Organização dos Estados Africanos, foi definido que as fronteiras iriam permanecer, para não criar mais problemas. Já quebramos esse tratado quando separou-se Eritreia da Etiópia (em 1993). Se acontecer a separação do Sudão será a segunda vez.”

Entretanto, lembra a professora, a Eritreia já havia existido como estado separado, o que não ocorre com o Sudão do Sul. Em 1962, logo depois da independência da Itália, a Eritreia foi anexada à Etiópia. Após uma guerra de mais de 30 anos, votou a favor da sua separação em 1993.

“O ideal teria sido discutir mais autonomia, instituir o federalismo”, defende Iraê Lundin. “Nigéria e África do Sul têm, hoje, estados federados. A história mostra que é possível encontrar outras saídas. Tenho receio de que [a possível divisão] vá exacerbar um conflito que, neste momento, está latente – e é um dos mais antigos de África.”

O professor Aly Jamal concorda. “A comunidade internacional ficou satisfeita com a simples ideia de 'vamos fazer a paz. Vamos determinar o que que eles querem'... Mas não foi atrás daquilo que, objetivamente, tem a sido causa de todos os problemas”, afirma. “Se, pelo menos, o referendo ocorresse com uma delimitação bastante clara sobre o traçado de fronteira, traria mais tranquilidade. Mas isso ficou para depois”.

Os especialistas dizem, porém, que o temor não é de um conflito imediato. “O Sul não tem interesse em entrar numa guerra logo depois de formar-se como estado autônomo”, diz Aly Jamal. “Nem o Norte, certamente, quererá se envolver nisso”. O tempo até que a tesão renasça não depende só dos sudaneses. “Quem tem interesse no petróleo e nas outras riquezas que estão ali vai tem um importante papel na moderação”, diz Aly Jamal. “Com um país ou dois, elas vão continuar existindo”.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Língua amazigue (berbere)

do site TLAXCALA
por Omar Mouffok عمر موفق

Traduzido por Alexandre Leite

A Tlaxcala abre-se à A língua amazigue (berbere), chamada de tamazight pela maior parte dos seus falantes, é a língua original das populações amazigues do Norte de África. Falada em várias regiões, desde o oásis de Siwa (no oeste do Egipto) até ao Oceano Atlântico, em Marrocos e na Mauritânia, passando pela Líbia, pelo sul da Tunísia, e pelas regiões montanhosas ou desérticas da Argélia, do Níger e do Mali, com cada região a apresentar um dialecto particular. Esta língua é a língua materna de vários milhões de pessoas (de 20 a 30). Ela é igualmente a língua ancestral de praticamente todos os habitantes do Norte de África, incluindo os das ilhas Canárias, mas com o processo de arabização que se acelerou no último milénio e com a colonização espanhola das ilhas Canárias, esta língua perdeu muito do seu território histórico.
A língua amazigue deriva da grande família de línguas ditas afro-asiáticas, das quais fazem também parte as línguas semíticas (árabe, hebreu, arameu, línguas etíopes, etc.), o antigo egípcio e copta, a haussa e o somali. É uma das raras línguas africanas que possui um alfabeto próprio, o alfabeto tifinague. Utilizado desde o século VI d.C., como atestam algumas gravuras em pedras em centenas de locais na Líbia, bem como em Marrocos, existindo também na Tunísia e na Argélia, este alfabeto ainda é utilizado pelos tuaregues do Sara e é igualmente ensinado sob uma forma modernizada e regulada nas escolas marroquinas. Os amazigues consideram-no actualmente como um símbolo da sua língua e da antiguidade da sua cultura.
O amazigue é a língua mais antiga falada no Norte de África, mas depois da conquista muçulmana, a partir do século VII d.C., e sobretudo com a vinda das tribos árabes nómadas de Banu Hilal e Banu Sulaym, a partir do século XI d.C., um grande número de amazigues abandonou a sua língua e adoptou o árabe. Com o passar dos séculos, ela perdeu a maioria do seu território, e actualmente, embora a língua amazigue seja falada em vários locais, convém referir que são de facto ilhas onde ela sobrevive e onde está mais ou menos ameaçada.
Os dialectos da língua amazigue são portanto quase tão numerosos como os locais onde ainda é falada. Não obstante as distâncias geográficas, por vezes grandes, que separam os dialectos entre si, o isolamento de certos dialectos e a falta de comunicação em língua amazigue entre os falantes dos diferentes dialectos (a língua corrente é quase sempre o árabe), é mais ou menos fácil para os amazigófonos entenderem-se entre eles com a sua língua.
Foi a partir dos anos 1940 que os amazigófonos começaram a ter uma real consciência da necessidade de uma revitalização da sua língua, da sua cultura e da sua identidade. Os primeiros nacionalistas argelinos, tais como Idir Ait Amrane, na Argélia, compuseram e escreveram em amazigue, variados hinos e canções patrióticas a favor da independência da Argélia. Nos anos 1960, Mouloud Mammeri redige e publica a «Tajerrumt», a primeira gramática amazigue (cabila), inteiramente escrita na língua amazigue. Ele acompanha o seu trabalho com um pequeno glossário de neologismos amazigues. Nos anos 1970, Mammeri, acompanhado de alguns dos seus alunos, fazem uma compilação do léxico amazigue moderno, incluindo algumas centenas de neologismos, necessários para o desenvolvimento e modernização da língua. Ao mesmo tempo, as populações amazigues de várias regiões, sobretudo em Cabília (Argélia), começaram a reivindicar o direito da língua amazigue a obter um reconhecimento oficial.
Os acontecimentos de Abril de 1980 em Cabília (a «Primavera berbere»), quando a polícia argelina atacou os estudantes, depois da interdição de uma conferência sobre a poesia antiga cabila, foram o despoletar de uma ampla luta pelo reconhecimento da língua amazigue. A partir desta altura aconteceram inúmeras manifestações, quer na Argélia quer em Marrocos, reivindicando a reabilitação da língua e da cultura amazigue. Em 1994-1995, quase todas as escolas da Cabília boicotaram o ano escolar e as crianças cabilas não foram à escola durante um ano, para exigirem ao Estado argelino a introdução da língua amazigue na escola argelina, de modo a que ela fosse ensinada tal como o árabe ou o francês.
O Estado argelino acabou por aceitar a introdução da língua nas escolas, e criou um Alto Comissariado para o Amazigue, instituição estatal que trata da cultura amazigue. Na mesma altura, em Marrocos, o movimento militante pela reivindicação da língua amazigue cresceu e reforçou-se. Em 2001, o Estado marroquino criou o IRCAM (Instituto Real da Cultura Amazigue), e depois de um período atribulado em Cabília, bem como em certas regiões das Aurés, a língua amazigue foi finalmente reconhecida como uma língua nacional na Argélia, em 2002.
No entanto, apesar deste reconhecimento oficial na Argélia, e de um quase reconhecimento em Marrocos, o ensino da língua amazigue nestes dois países continua a ser insuficiente: o número de escolas nas quais é ensinada continua a ser pequeno, e a qualidade do ensino é muitas vezes medíocre, quer em Marrocos quer na Argélia. A utilização da língua amazigue nas rádios e nas televisões nacionais desses dois países é residual. Em 2009, foram lançadas cadeias de televisão nacionais amazigófonas em Marrocos e também na Argélia, mas a grelha de programas ainda é pobre em comparação com a das cadeias de televisão arabófonas e francófonas desses mesmos países (ausência de desenhos animados ou de emissões para crianças em língua amazigue, etc.), e são ainda diminutas as suas horas de emissão. Na Tunísia e na Líbia, a língua amazigue é quase um assunto tabu. Ela não desfruta nem de um estatuto oficial nem de um menor reconhecimento e não é utilizada por nenhum meio de comunicação nacional destes dois países. No Mali e no Níger, apesar do reconhecimento oficial do tuaregue (amazigue) como língua nacional, há várias décadas, em conjunto com outras línguas africanas, a língua amazigue (tuaregue) permanece marginalizada, e o seu ensino é quase inexistente.
A língua amazigue, que continua a ser principalmente oral, não tem muitas publicações escritas, e a maioria dos amazigófonos, mesmo os intelectuais, não escreve nem lê na sua língua, mas utilizam antes o árabe ou o francês para lerem ou comunicarem por escrito.
Consequentemente, apesar do importante número de amazigófonos em certos países (por exemplo mais de 30% em Marrocos e mais de 20% na Argélia), a língua amazigue continua a ser uma língua minoritária e vulnerável. Mesmo que a maior parte das pessoas, incluindo os intelectuais e os linguistas amazigues, não se apercebam, a língua amazigue não tardará muito a fazer parte das línguas ameaçadas, se as coisas continuarem como estão. Sem um ensino escolar adequado e generalizado, a língua amazigue arrisca a não ser aprendida pelas crianças norte-africanas, em particular os filhos de pais amazigófonos, o que irá acelerar o seu desaparecimento.
O relativo isolamento cultural que até agora lhe permitiu a sobrevivência e que fomentou os seus diferentes dialectos até aos nossos dias, está a chegar ao fim. As auto-estradas passam por todo o lado e as cidades situadas perto dos maciços montanhosos ou dos desertos vão crescendo, desenvolvem-se, e atraem populações rurais e estrangeiros à região (e que, muitas vezes, não falam a língua autóctone). Também é sabido que no Norte de África a «língua da cidade» nunca foi o amazigue, mas sim o árabe.
Para além disso, nos dois últimos séculos, a língua amazigue desapareceu de várias regiões da Argélia, onde ela já era uma língua muito vulnerável (regiões onde já só restam algumas poucas aldeias amazigófonas no meio de outras aldeias arabizadas). Nos dias de hoje, o processo continua, e arrisca fragilizar mesmo os dialectos mais importantes (cabila e chaoui na Argélia, rifenho, amazigue do centro de Marrocos, tachelit em Marrocos, e tuaregue no Sara). É por isso que os amazigófonos devem tomar consciência da ameaça que pesa sobre a sua língua.
Actualmente, numa altura em que há numerosas línguas que estão ameaçadas de extinção, e que, segundo a UNESCO, em cada duas semanas há uma língua que desaparece no mundo, os amazigófonos devem tomar consciência de que cada um deles deve fazer um esforço para preservar e promover a sua língua, falando-a, certamente, mas também usando-a para escrever e ler.
A língua amazigue na Tlaxcala: porquê e como
A Tlaxcala, rede militante internacional de voluntários, que defendem a diversidade linguística no mundo, criou uma secção em língua amazigue no seu novo sítio da internet (http://www.tlaxcala-int.org), lançado a 14 de Julho de 2010. O seu primeiro sítio (http://www.tlaxcala.es) tinha sido lançado em 21 de Fevereiro de 2006 (em 1999, o dia 21 de Fevereiro foi declarado Dia Internacional da Língua Materna pela UNESCO. Também no dia 21 de Fevereiro, mas em 1952, cinco estudantes de Daca perderam a vida defendendo que o bengali fosse considerado como língua oficial naquilo na nessa altura era o Paquistão oriental, e que se tornou o Bangladeche depois da guerra de libertação). O sítio publicou entretanto mais de 10 000 artigos escritos por mais de 1000 autores, traduzidos em mais de 13 línguas do mundo inteiro. Os animadores deste sítio, que trabalham numa rede cooperativa, querem estender as actividades da Tlaxcala ao maior número de línguas possível, para contribuir para a salvaguarda das línguas ameaçadas e para a preservação da diversidade linguística no mundo.
O novo sítio da Tlaxcala apresenta-se sobre uma forma de utilização mais eficaz e prática. Podemos encontrar na secção amazigue traduções de artigos de informação e de análise desde a Palestina a Israel, Afeganistão ao Paquistão, passando pelos EUA e Honduras ou pelas Filipinas e por outros temas quentes da actualidade.
Nós, amazigófonos, temos uma língua que necessita de ser falada, mas igualmente escrita. Escrever na nossa língua não significa apenas escrever provérbios, ou pequenos contos e poesia, se bem que se deva prestar homenagem a todos esses géneros literários que conseguiram preservar toda a sua riqueza ao longo dos séculos. Escrever na nossa língua, hoje em dia, deveria igualmente significar redigir artigos de análise e de pesquisa, escrever e traduzir obras de variados temas e, em particular, assuntos actuais. Trata-se de conquistar, com a nossa língua, novos territórios de conhecimentos que farão do amazigue uma língua moderna de comunicação que possa responder às necessidades contemporâneas dos seus falantes, tal como acontece em todas as línguas modernas. Uma coisa é indispensável: não devemos confinar a nossa língua numa «concha» onde ela seja unicamente usada para a expressão oral ou pela literatura popular e tradicional, mas usá-la sim também para exprimir ideias e reflexões modernas, sobre os mais diversos assuntos. A iniciativa de abrir uma secção amazigue no sítio da Tlaxcala dá-nos uma oportunidade de preservar a promover a nossa língua.
É por isso que lançamos um apelo a todos que queiram e que tenham o sonho de promover a língua amazigue, que contribuam com textos e com a sua difusão, traduzindo artigos já publicados na Tlaxcala, e que difundam esta mensagem para conseguir o maior número possível de contribuições para a secção amazigue do sítio.
Como diz um dos nossos provérbios: Afus deg ufus, taâkemt ad tifsus – Dando as mãos, a o peso fica mais leve.
Par concluir, um dado importante: reina na Tlaxcala um acordo total sobre a concepção das línguas como instrumento de comunicação universal e de abertura, e não como ferramenta de recolhimento sobre si mesmo ou como um gueto. As línguas são muitas vezes muros, e nós pretendemos fazer pontes. Aplicar este conceito progressista à língua amazigue, implica que teremos de realizar um trabalho quer de recolha quer de inovação lexicográfica para estabelecer uma língua escrita panamazigue, isto é, compreensível pela grande maioria dos amazigófonos do mundo. Este trabalho necessitará da cooperação de todas as pessoas competentes, às quais lançamos um apelo à sua participação nesta aventura necessária.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

AJUSTE FISCAL DO GOVERNO DILMA

Deu em Portugal, no site resistir.info, sobre o Brasil, mencionando reportagem do jornal Correio Braziliense.

Este ajuste, denunciado diversas vezes pela Auditoria Cidadã, significará um corte de cerca de R$ 30 mil milhões [€11,17 mil milhões] no orçamento de 2011 e o congelamento dos salários dos servidores públicos, que não terão reajuste neste ano. Ou seja: conforme também alertado por esta seção, o governo já aplica, de fato, o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 549/2009, ao limitar o crescimento da folha de pagamento à inflação mais 2,5% ao ano, o que impede os reajustes e provoca a perda do valor real dos salários dos servidores.
Hoje à tarde, em entrevista coletiva à imprensa, o ministro da Fazenda negou que o montante do corte já tenha sido definido, porém, afirmou que "haverá uma posição forte do governo na redução de gastos", conforme mostra o Valor Online. Tais cortes, segundo ele, "colaborarão para a redução dos juros pelo Banco Central", ou seja: o governo insiste na idéia de que, para possibilitar a queda das maiores taxas de juros do mundo, antes seria necessário sinalizar ao "mercado" um comprometimento maior ainda com o pagamento da dívida. Segundo o jornal Correio Braziliense, "a área econômica avalia que o ajuste fiscal a ser anunciado precisa ser duro, convincente e eficaz".
Somente depois disso é que o Banco Central poderia reduzir as taxas de juros. Porém, o país aplica a política de ajuste fiscal há mais de uma década e os juros continuam a ser os maiores do mundo.
Durante a entrevista, o ministro afirmou que o governo vetará qualquer aumento dado pelo Congresso ao salário mínimo de R$ 540 [€201], constante da Medida Provisória nº 516, encaminhada pelo governo ao Legislativo no dia 30 de dezembro de 2010. A justificativa é sempre a de que a Previdência não tem recursos, ignorando que esta área social está inserida na Seguridade Social que é amplamente superavitária, mas cujos recursos são destinados para o pagamento da dívida por meio da DRU (Desvinculação das Receitas da União).
O jornal Correio Braziliense também mostra a posse do novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na qual ele avisou que aumentará os juros. Ou seja: confirmando também os alertas deste boletim já no ano passado – ainda durante o anúncio da atual equipe econômica – o "Regime de Metas de Inflação" continuará a ser seguido, mantendo-se, portanto, as altíssimas taxas de juros que poderão até aumentar ainda mais na próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Este Regime utiliza a taxa de juros como único instrumento de combate à inflação, mesmo que esta seja causada pelas tarifas públicas – controladas pelo próprio governo – ou alimentos.
Sobre a inflação de alimentos, cabe ressaltar que é inadmissível que um país como o Brasil, que produz alimentos para o mundo inteiro – inclusive para alimentar o gado dos países do Norte – não disponha de uma política de produção e estoques capaz de evitar altas de preços da comida.
Assim, o regime de metas de inflação continua determinando os juros mais altos do mundo, satisfazendo os rentistas, desestimulando o investimento produtivo, e assim, reduzindo a oferta futura de produtos, o que é novamente utilizado como justificativa para nova alta de juros, como em um círculo vicioso.
Não por acaso, rentistas estiveram presentes na posse e também se reuniram com Tombini e o ex-presidente Henrique Meirelles, e assim se manifestaram, conforme o jornal:
"Antes da transição de cargo, ocorrida na tarde de ontem, Tombini e Meirelles se reuniram com ex-dirigentes do BC e presidentes dos principais bancos do país. Todos saíram satisfeitos do encontro com o novo comandante da política monetária. "A escolha de Tombini denota a importância do sistema de metas e a conciliação do combate à inflação com as metas de crescimento", disse Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Roberto Setúbal, presidente do Itaú Unibanco também teceu elogios. "O país está bem servido com a escolha da presidente", avaliou.
Para Fábio Barbosa, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do Conselho de Administração do Santander, Tombini está indo no caminho certo, representa a continuidade do trabalho de Meirelles e a "consagração do sistema de metas de inflação".
Durante seu discurso de posse, Tombini ainda defendeu a redução da "meta de inflação" de 4,5% para 3% ao ano, ou seja: a política de juros altos terá de ser ainda mais aprofundada, para que a inflação fique em um patamar ainda menor.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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