quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CINEMA: VEM AÍ A MOSTRA


33ª edição da Mostra Internacional de Cinema de S. Paulo está se aproximando. Vai do dia 23 de outubro a 5 de novembro.

São muitos filmes de muitas culturas e países diferentes. Imperdível.

A página na internet está quase pronta. Dê uma olhada: http://www.mostra.org/

terça-feira, 29 de setembro de 2009

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O 2º CURSO SOBRE O PANORAMA DA CULTURA ÁRABE


Ana Maria Barbour
para o ICARABE

Entre os dias 15 de outubro e 26 de novembro o Instituto da Cultura Árabe realiza o curso Panorama da Cultura Árabe II. As inscrições vão do dia 22 de setembro a 13 de outubro e as vagas são limitadas.


Ao todo serão sete aulas que ocorrerão às quintas-feiras, das 19h30 às 22h, no Espaço Câmara Árabe (Câmara de Comércio Árabe-Brasileira - Av. Paulista, 326 - 11º andar, São Paulo). Cada uma delas terá um tema específico e será ministrada por um professor diferente. Entre os assuntos tratados estão: O árabe e sua identidade própria, com José Arbex Jr. (PUC-SP); Véu: com que roupa "ela vai"?, com Muna Zeyn ( Rádio USP); Literatura: em busca do prazer perdido, com Michel Sleiman (USP); Entre o céu e a terra: formas, cores e espiritualidade, com Sylvia Leite (USP); A ciência dos árabes em novo lugar, com Soraya Smaili (Unifesp); A saga dos sírios e libaneses no Brasil, com Osvaldo Truzzi (UFSCar), e Arquitetura árabe: traçar, destraçar, retraçar, com Andrea Piccini (USP).

Heloisa Abreu Dib Julien, coordenadora pedagógica do programa, explica que este programa será complementar ao do primeiro curso Panorama da Cultura Árabe, realizado pelo ICArabe em 2006. “ Entretanto, o conteúdo é diferente”, ressalta. A expectativa é que cerca de 80 pessoas se inscrevam nesta edição.

Segundo ela, na primeira aula os alunos terão contato com o conceito de nação, de que forma ele foi transposto do ocidente para o oriente e como isto atingiu o povo árabe. “Este é o primeiro passo para que possamos entender o que é ser árabe”, diz. Na segunda será a vez compreender o significado do véu na vestimenta da mulher árabe, sua obrigatoriedade e inserção na moda local. Na terceira aula, o tema central será a forma como sexo é tratado na literatura árabe e, na quarta, a doutrina mística sufista ganha novamente destaque. “No curso anterior a Sylvia Leite fez uma exposição sobre o sufismo. Agora ela falará sobre a ligação entre as formas geométricas, as cores e a espiritualidade”, conta Heloisa.

Na quinta semana Soraya Smaili trará informações sobre as influências do trabalho dos árabes no desenvolvimento da ciência. A questão da imigração sírio-libanesa para o Brasil ganha espaço na sexta aula e, na última semana, o curso será fechado com a aula sobre a transferência para o ocidente de elementos arquitetônicos árabes através do Mediterrâneo.

Heloisa lembra que todos os professores envolvidos são sócios do Instituto ou colaboradores desde a sua fundação.

domingo, 27 de setembro de 2009

DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO

O coração, embora matéria, pode ser considerado algo mágico, que nos faz amar e viver.
É um órgão vital e que se não for bem cuidado mata.
Mude o seu estilo de vida pensando no seu coração e por consequência em você.
Cuide daquele que, embora não seja atleta ou boxeador, bate firme em sua defesa.

sábado, 26 de setembro de 2009

35 mil crianças palestinas ficam sem escola publica em Jerusalém

Um relatório elaborado por duas instituições de direitos humanos em Israel revelou que o Ministério da Educação do estado hebreu proibiu dezenas de milhares de estudantes palestinos da Jerusalém oriental de se matricular em escolas públicas gratuitas, apesar desse direito ser previsto pela lei israelense.
Familiares de mais de 30 mil alunos palestinos se viram forçados a colocar seus filhos em escolas particulares de alto custo, ou naquelas ligadas a igrejas e organizações islâmicas para garantir a educação dos mesmos.
O relatório, preparado pela Associação de Direitos Civis de Israel e "o General Ir Amim," afirma que 5500 alunos palestinos continuam sem opções para continuar a educação básica, o que pode prejudicar o seu futuro.
O relatório ainda destacou a situação precária da infra-estrutura de ensino em Jerusalém oriental onde há falta de mais de 1000 salas de aula em todos os níveis, e a previsão é a do crescimento desse número para 1500 até 2011.
A Suprema Corte israelense havia decretado a obrigatoriedade do Estado de ocupação de atribuir orçamento especial para construir salas de aula suprindo as necessidades em Jerusalém Orientam, mas a prefeitura israelense que administra a região tem ignorado a decisão e investido menos de 27% do necessário para a educação dos palestinos.

Com al-arabiya

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo"



Em entrevista ao La Jornada, Noam Chomsky fala sobre a América Latina, definindo-a como uma das únicas regiões do mundo onde há uma resistência real ao poder do império. "Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo", diz Chomsky.

La Jornada



A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo, diz Noam Chomsky. Há aqui uma resistência real ao império; não existem muitas regiões das quais se possa dizer o mesmo. Entrevistado pelo La Jornada, um dos intelectuais dissidentes mais relevantes de nossos tempos assinala que a esperança e a mudança anunciada por Barack Obama é uma ilusão, já que são as instituições e não os indivíduos que determinam o rumo da política. Em última instância, o que Obama representa, para Chomsky, é um giro da extrema direita rumo ao centro da política tradicional dos Estados Unidos.

Presente no México para celebrar os 25 anos de La Jornada, o autor de mais de cem livros, lingüista, crítico antiimperialista, analista do papel desempenhado pelos meios de comunicação na fabricação do consenso, explica como a guerra às drogas iniciou nos EUA como parte de uma ofensiva conservadora contra a revolução cultural e a oposição à invasão do Vietnã. Apresentamos a seguir a íntegra das declarações de Chomsky ao La Jornada:

A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo. Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo.

O Brasil é um exemplo interessante. No princípio dos anos 60, os programas de (João) Goulart não eram tão diferentes dos de Lula. Naquele caso, o governo de Kennedy organizou um golpe de Estado militar. Assim, o estado de segurança nacional se propagou por toda a região como uma praga. Hoje em dia, Lula é o cara bom, ao qual procuram tratar bem, em reação aos governos mais militantes na região. Nos EUA, não se publicam os comentários favoráveis de Lula a Chavez ou a Evo Morales. Eles silenciados porque não são o modelo.

Há um movimento em direção à unificação regional. Começam a se formar instituições que, se ainda não funcionam plenamente, começam a existir, como é o caso do Mercosul e da Unasul.

Outro caso notável na região é o da Bolívia. Depois do referendo, houve uma grande vitória e também uma sublevação bastante violenta nas províncias da Meia Lua, onde estão os governadores tradicionais, brancos. Dezenas de pessoas morreram. Houve uma reunião regional em Santiago do Chile, onde se expressou um grande apoio a Morales e uma firme condenação à violência, o que foi respondido pelo presidente boliviano com uma declaração importante. Ele disse que era a primeira vez na história da América Latina, desde a conquista européia, que os povos tomaram o destino de seus países em suas próprias mãos sem o controle de um poder estrangeiro, ou seja, Washington. Essa declaração não foi publicada nos EUA.

A América Central está traumatizada pelo terror da era Reagan. Não é muito o que ocorre nesta região. Os EUA seguem tolerando o golpe militar em Honduras, ainda que seja significativo que não possa apoiá-lo abertamente.

Outra mudança, ainda que acidentada, é a superação da patologia na América Latina, provavelmente a região mais desigual do mundo. É uma região muito rica, sempre governada por uma pequena elite europeizada, que não assume nenhuma responsabilidade com o resto de seus respectivos países. Isso pode ser visto em coisas muito simples, como o fluxo internacional de bens e capitais. Na América Latina a fuga de capitais é quase igual à dívida. O contraste com a Ásia oriental é muito impactante. Aquela região, muito mais pobre, teve um desenvolvimento econômico muito mais substantivo e os ricos estão submetidos a mecanismos de controle. Não há fuga de capitais; na Coréia do Sul, por exemplo, ele é castigado com a pena de morte. O desenvolvimento econômico lá é relativamente igualitário.

O enfraquecimento do controle dos EUA

Havia duas formas tradicionais pelas quais os EUA controlavam a América Latina. Uma era o uso da violência; a outra, o estrangulamento econômico. Ambas foram debilitadas.

Os controles econômicos são agora mais fracos. Vários países se liberaram do Fundo Monetário Internacional através da colaboração. Também foram diversificadas as ações entre os países do Sul, processo no qual a relação do Brasil com a África do Sul e a China desempenhou um fator importante. Esses países passaram a enfrentar alguns problemas internos sem a poderosa intervenção dos Estados Unidos.

A violência não terminou. Ocorreram três golpes de Estado neste início de século XXI. O venezuelano, abertamente apoiado pelos EUA, foi revertido, e agora Washington tem que recorrer a outros meios para subverter o governo, entre eles, ataques midiáticos e apoio a grupos dissidentes. O segundo foi no Haiti, onde a França e os EUA depuseram o governo e enviaram o presidente para a África do Sul. O terceiro, em Honduras, foi de um tipo misto. A Organização dos Estados Americanos (OEA) assumiu uma postura firme e a Casa Branca teve que segui-la e proceder com muita cautela e lentidão. O FMI acaba de aprovar um enorme empréstimo a Honduras, que substitui a redução da ajuda do governo dos EUA. No passado, estes eram assuntos rotineiros. Agora, essas medidas (a violência e o estrangulamento econômico) ficaram debilitadas.

Os Estados Unidos estão reagindo e dando passos para remilitarizar a região. A Quarta Frota, dedicada à América Latina, que tinha sido desmantelada nos anos 1950, foi retomada, e as bases militares na Colômbia são um tema importante.

A ilusão de Obama

A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a América Latina. Mas são ilusões. Sim, há uma mudança, mas o giro é porque o governo de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense que qualquer coisa que se movesse iria para o centro. De fato, o próprio Bush, em seu segundo período, foi menos extremista. Desfez-se de alguns de seus colaboradores mais arrogantes e suas políticas foram mais moderadamente centristas. E Obama, de maneira previsível, continua com esta tendência.

Tivemos um giro rumo à posição tradicional. Mas qual é essa tradição? Kennedy, por exemplo, foi um dos presidentes mais violentos do pós-guerra. Woodrow Wilson foi o maior intervencionista do século XX. O centro não é pacifista nem tolerante. De fato, Wilson foi quem se apoderou da Venezuela, tirando os ingleses de lá, em função da descoberta de petróleo. Apoiou um ditador brutal. E dali seguiu rumo ao Haiti e à República Dominicana. Enviou os “marines” e praticamente destruiu o Haiti. Deixou nestes países guardas nacionais e ditadores brutais. Kennedy fez o mesmo. Obama é um regresso ao centro.

A história se repete com o tema de Cuba, onde, por mais de meio século, os EUA se envolveram em uma guerra, desde que a ilha ganhou sua independência. No princípio, esta guerra foi bastante violenta, especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e estrangulamento econômico, ao qual a maioria da população estadunidense se opõe. Durante décadas, quase dois terços da população tem estado a favor da normalização das relações, mas isso não está na agenda política.

As manobras de Obama rumaram em direção ao centro; suspendeu algumas das medidas mais extremas do modelo de Bush, o que até foi apoiado por boa parte da comunidade cubano-estadunidense. Moveu-se um pouco em direção ao centro, mas deixou muito claro que não haverá maiores mudanças.

As “reformas” de Obama

O mesmo ocorre na política interna. Os assessores de Obama durante a campanha foram muito cuidadosos em não deixá-lo comprometer-se com nada. As consignas foram “a esperança” e “a mudança, uma mudança na qual acreditar”. Qualquer agência de publicidade teria feito com que essas fossem as consignas, pois 80% do país pensavam que este andava por trilhos equivocados. McCain dizia coisas parecidas, mas Obama era mais agradável, mais fácil de vender como produto. As campanhas são só assuntos de técnica de mercado; assim entendem a si mesmas. Estavam vendendo a “marca Obama” em oposição à “marca McCain”. É dramático ver essas ilusões, tanto fora como dentro dos EUA.

Nos Estados Unidos, quase todas as promessas feitas no âmbito de reforma trabalhista, de saúde e energia ficaram quase anuladas. Por exemplo, o sistema de saúde é uma catástrofe. É provavelmente o único país no mundo onde não há uma garantia básica de atenção médica. Os custos são astronômicos, quase o dobro de qualquer outro país industrializado. Qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar sabe qual é a consequência de um sistema de saúde privado. As empresas não procuram saúde, mas sim lucro.

É um sistema altamente burocratizado, com muita supervisão, altíssimos custos administrativos, onde as companhias de seguros têm formas sofisticadas de evitar o pagamento de apólices, mas não há nada na agenda de Obama para fazer algo a respeito. Houve algumas propostas “light”, como, por exemplo, “a opção pública”, que acabou anulada. Se alguém ler a imprensa de negócios, encontrará que a capa da Business Week reportava que as seguradoras estavam celebrando a sua vitória.

Foram realizadas campanhas muito exitosas contra esta reforma, organizadas pelos meios de comunicação e pela indústria para mobilizar segmentos extremistas da população. É um país onde é fácil mobilizar as pessoas com o medo e colocar na cabeça delas todo tipo de idéias loucas, como a de que Obama vai matar as suas avós. Assim, conseguiram reverter propostas legislativas já por si débeis. Se, de fato, tivesse ocorrido um compromisso real no Congresso e na Casa Branca, isso não teria prosperado, mas os políticos estavam mais ou menos de acordo.

Obama acaba de fazer um acordo secreto com as companhias farmacêuticas para assegurar-lhes que não fará esforços governamentais para regular o preço dos medicamentos. Os EUA são o único país no mundo ocidental onde não se permite que o governo use seu poder de compra para negociar o preço dos medicamentos. Cerca de 85% da população se opõem, mas isso não significa diferença alguma, até que todos vejam que não são os únicos que se opõem a estas medidas.

A indústria petroleira anunciou que vai utilizar as mesmas táticas para derrotar qualquer projeto legislativo de reforma energética. Se os Estados Unidos não implantarem controles firmes sobre as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global destruirá a civilização moderna.

O jornal Financial Times assinalou com razão que se houvesse uma esperança de que Obama pudesse ter mudado as coisas, agora seria surpreendente que cumprisse minimamente suas promessas. A razão é que ele não queria mudar tanto assim as coisas. É uma criatura daqueles que financiaram sua campanha: as instituições financeiras, instituições de energia, empresas. Tem a aparência do bom moço, seria uma boa companhia para o jantar, mas isso é insuficiente para mudar a política; afeta-a muito pouco, na verdade. Sim, há mudança, mas é de um tipo um pouco mais suave. A política provém das instituições, não é feita por indivíduos. E as instituições são muito estáveis e muito poderosas. Certamente, encontram a melhor maneira de enfrentar os acontecimentos.

Mais do mesmo

Os meios de comunicação estão um pouco surpresos de que esteja regressando para o ponto onde sempre esteve. Reportam, é difícil não fazê-lo, mas o fato é que as instituições financeiras se pavoneiam de que tudo está ficando igual a antes. Ganharam. Goldman Sachs nem sequer tenta esconder que depois de ter arruinado a economia está entregando generosos bônus a seus executivos. Creio que no trimestre passado reportou os lucros mais altos de sua história. Se fossem um pouquinho mais inteligentes tentariam esconder isso.

Isso se deve ao fato de que Obama está respondendo aqueles que apoiaram sua campanha: o setor financeiro. Basta olhar quem ele escolheu para sua equipe econômica. Seu primeiro assessor foi Robert Rubin, responsável pela derrogação de uma lei que regulava o setor financeiro, o que beneficiou muito a Goldman Sachs; assim mesmo, ele se converteu em diretor do Citigroup, fez uma fortuna e saiu justo a tempo, antes do desastre. Larry Summers, a principal figura responsável pelo bloqueio de toda regulação dos instrumentos financeiros exóticos, agora é o principal assessor econômico da Casa Branca. E Timothy Geithner, que como presidente do Federal Reserve de Nova York, supervisionava o que ocorre, é o secretário de Tesouro.

Uma reportagem recente examinou alguns dos principais assessores econômicos de Obama. Concluiu-se que grande parte deles não deveria estar na equipe de assessoria do presidente, mas sim enfrentando demandas legais, pois estiveram envolvidos em manejos irregulares de contabilidade e em outros assuntos que detonaram a crise.

Por quanto tempo podem se manter as ilusões? Os bancos estão agora melhor do que antes. Primeiro receberam um enorme resgate do governo e dos contribuintes e utilizaram esses recursos para se fortalecerem. São maiores do que nunca, pois absorveram os mais fracos. Ou seja, está se assentando a base para a próxima crise. Os grandes bancos estão se beneficiando com uma apólice de seguros do governo que se chama “demasiado grande para quebrar”. Caso você seja um banco enorme ou uma grande casa de investimentos, é demasiado importante para fracassar. Se você é o Goldman Sachs ou o Citigroup, não pode fracassar porque isso derrubaria toda a economia. Por isso podem fazer empréstimos de risco, para ganhar muito dinheiro, e se algo dá errado, o governo se encarregará do resgate.

A guerra contra o narcotráfico

A guerra contra a droga, que se espalha por vários países da América Latina, entre eles o México, tem velhos antecedentes. Revitalizada por Nixon, foi um esforço para superar os efeitos da guerra do Vietnã, nos EUA. A guerra foi um fator que levou a uma importante revolução cultural nos anos 60, a qual civilizou o país: direitos da mulher, direitos civis. Ou seja, democratizou o território, aterrorizando as elites. A última coisa que desejavam era a democracia, os direitos da população, etc., razão pela qual lançaram uma enorme contraofensiva. Parte dela foi a guerra contra as drogas.

Ela foi desenhada para transportar a concepção da guerra do Vietnã: do que nós estávamos fazendo aos vietnamitas ao que eles não estavam fazendo a nós. O grande tema no final dos anos 60 nos meios de comunicação, inclusive os liberais, foi que a guerra do Vietnã foi uma guerra contra os EUA. Os vietnamitas estavam destruindo nosso país com drogas. Foi um mito fabricado pelos meios de comunicação nos filmes e na imprensa. Inventou-se a história de um exército cheio de soldados viciados em drogas que, ao regressar para casa, converteram-se em delinquentes, aterrorizando nossas cidades. Sim, havia uso de drogas entre os militares, mas não era muito diferente do que existia em outros setores da sociedade. Foi um mito fabricado. É disso que se tratava a guerra contra as drogas. Assim se mudou a concepção da guerra do Vietnã, transformando-a em uma guerra na qual nós éramos as vítimas.

Isso se encaixou muito bem com as campanhas em favor da lei e da ordem. Dizia-se que nossas cidades se desgarravam por causa do movimento anti-guerra e dos rebeldes culturais, e que por isso era preciso impor a lei e a ordem. Ali cabia a guerra contra a droga.

Reagan ampliou-a de maneira significativa. Nos primeiros anos de sua administração intensificou-se a campanha, acusando os comunistas de promover o consumo de drogas. No início dos anos 80, os funcionários que levavam a sério a guerra contra as drogas descobriram um incremento significativo e inexplicável de fundos em bancos do sul da Flórida. Lançaram uma campanha para detê-lo. A Casa Branca interveio e suspendeu a campanha. Quem o fez? George Bush pai, neste período o encarregado da guerra contra as drogas. Foi quando a taxa de prisões aumentou de maneira significativa, principalmente a prisão de negros. Agora o número de prisioneiros per capita é o mais alto do mundo. No entanto, a taxa de criminalidade é quase igual a dos outros países. É um controle sobre parte da população. É um assunto de classe.

A guerra contra as drogas, como outras políticas, promovidas tanto por liberais como por conservadores, é uma tentativa para controlar a democratização das forças sociais.

Há alguns dias, o Departamento de Estado emitiu sua certificação de cooperação na luta contra as drogas. Os três países que foram “descertificados” são Myamar, uma ditadura militar – não importa, está apoiada por empresas petroleiras ocidentais -, Venezuela e Bolívia, que são inimigos dos EUA. Nem México, nem Colômbia, nem Estados Unidos, em todos os quais há narcotráfico.

Um lugar interessante

O elemento central do neoliberalismo é a liberalização dos mercados financeiros, que torna vulneráveis os países que têm investimentos estrangeiros. Se um país não pode controlar sua moeda e a fuga de capitais, está sob o controle dos investidores estrangeiros. Eles podem destruir uma economia se não gostarem de algo que esse país faz. Essa é outra forma de controlar povos e forças sociais, como os movimentos operários. São reações naturais de um empresariado muito concentrado, com grande consciência de classe. Claro que há resistência, mas fragmentada e pouco organizada e por isso podem seguir promovendo políticas às quais a maioria da população se opõe. Às vezes isso chega ao extremo.

O setor financeiro está o mesmo que antes; as seguradoras de saúde ganharam com a reforma de saúde, as empresas de energia ganharam com a reforma do setor, os sindicatos perderam com a reforma trabalhista e, certamente, a população dos EUA e do mundo perde porque a destruição da economia é grave por si mesma. Se o meio ambiente é destruído, os que mais sofrerão serão os pobres. Os ricos sobreviverão aos efeitos do aquecimento global.

Por isso a América Latina é um dos lugares no mundo hoje verdadeiramente interessantes. É um dos lugares onde há uma verdadeira resistência a tudo isso. Até onde chegará? Não se sabe. Não me surpreenderia com um giro à direita nas próximas eleições na América Latina. Mesmo assim, terá se conseguido um avanço que assenta as bases para algo mais. Não há muitos lugares no mundo dos quais se possa dizer o mesmo.

Tradução: Katarina Peixoto

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A DECADÊNCIA DE UMA REVISTA

Que a revista Veja de hoje não tem nada a ver com a revista Veja de 20 anos atrás, ninguém tem dúvida. Que a revista Veja de ontem tinha um compromisso com o jornalismo, ninguém questiona. Que a Veja de hoje está ligada ao pensamento de extrema direita e propagandeia medicamentos de forma pouco ética e é apenas opinativa, pouca gente questiona. O que pouca gente sabe, porém, é que um grupo editorial conservador sul-africano, ligado à política do Apartheid, tornou-se sócio do grupo Abril. Talvez esteja aí a razão da Veja de outrora ter se tornado esse desastre jornalístico que sobrevive apenas pelo marketing e pela preguiça dos leitores em comprar revistas jornalísticas e não de mero entretenimento.

Veja o comentário de Luis Nassif: "Veja é uma revista intolerante, por opção editorial. Não estimula o debate, não aceita o contraditório. Seu conteúdo está longe de se constituir em algo de qualidade, com aprofundamento dos temas. É fundamentalmente opinativa, conforme admitem seus diretores em palestras dadas na própria Abril".

Veja o comentário de Wagner Moura: "uma revista de extrema direita brasileira. Eu me lembro claramente de uma capa da revista Veja que me indignou profundamente, sobre desarmamento, que dizia assim: 'Dez motivos para você votar Não". Eu me lembro claramente da revista Veja elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E semana sim, semana não está sacaneando colega nosso: Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante, violenta". "Não falo com a revista Veja (...)".

Se você quer se informar, ter noção da realidade dos acontecimentos no mundo, no Brasil e na sua cidade, um conselho que lhe dou é: leia uma revista informativa, com conteúdo editorial de qualidade. Aqueles que apenas atacam e não dão alternativas não podem fazer um bom jornalismo. Vendem idéias, apenas isso.

Boas revistas existem. Vá nas bancas de jornal e folheie; arrisque escolher a melhor informação; você paga por isso e tem o direito de receber um produto jornalístico de melhor qualidade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

QUEM PODE SER CONSIDERADO REFUGIADO?

foto: ACNUR
Há uma página interessante na internet sobre refugiados. É o site que hospeda o ACNUR no mundo cibernético: http://www.acnur.org/
Lá você poderá saber quem pode ser considerado refugiado e muitos outros detalhes sobre a realidade dessas pessoas submetidas às mais violentas violações aos direitos humanos.
Entenda um pouco mais o mundo em que vive e arrisque-se no espanhol. A página é muito interessante. Não perca.

domingo, 20 de setembro de 2009

FILME SOBRE O EX-PRESIDENTE JOÃO GOULART

                                                                                         foto: CPDOC FGV


O jornalista Gilberto Nascimento antecipou que o cineasta Roberto Farias fará um filme sobre a vida do presidente João Goulart. O roteiro provavelmente ficará por conta do escritor e jornalista Fernando Morais. Será um filme com muita emoção, envolvendo o posicionamento humanista de Jango, sua amizade com Getúlio Vargas e Leonel Brizola, o momento de clímax do teatro, cinema e música nacionais. Também será inevitável tratar do golpe de 1964 e as traições políticas, espionagem e diversas outras ações ilegais que ocorreram no nosso Brasil naquele momento específico. Resta apenas aguardar ansiosamente pela estréia nos cinemas.

sábado, 19 de setembro de 2009

EUA: com os pés na Colômbia e os olhos no Brasil

da agência CARTA MAIOR

Os EUA querem manter um papel protagonista no mundo e, para tanto, tentam expulsar a China da África e impedir uma aliança entre Rússia e Europa Ocidental. Essas duas grandes estratégias estão fracassando, daí a necessidade de garantir que a América Latina seja sua zona de influência exclusiva. A presença militar na Colômbia é um passo nesta direção, mas o verdadeiro alvo de Washington na região é o Brasil, país com maior poder relativo da região. A análise é dos cientistas políticos argentinos Marcelo Gullo e Carlos Alberto Pereyra Mele.
Agencia Periodística del Mercosur
Nos centros de planejamento do traçado estratégico dos Estados Unidos sabe-se que passou o tempo da potência única e global. Para enfrentar a União Européia, China e Rússia, Washington quer assegurar o controle da América Latina. Para isso precisa “acabar” com o Brasil. As possibilidades de resistência na região, o papel da Unasul e outras iniciativas de integração – esses pontos foram de uma entrevista exclusiva à Agencia Periodística del Mercosul, concedida pelos cientistas políticos especialistas e geopolítica, Marcelo Gullo (autor dos livros “Argentina-Brasil: a grande oportunidade” e “A insubordinação fundadora. Breve história da construção do poder das nações”) e Carlos Alberto Pereyra Mele, do Centro de Estudos Estratégicos Sulamericanos.
Para Gullo, o interesse geopolítico dos Estados Unidos consiste em atrasar o processo de passagem da condição de potência global para a de uma potência regional. A crise que atingiu o país, acrescenta, não é conjuntural, mas sim estrutural, porque, pela primeira vez desde 1970, ocorreu uma dissociação entre os interesses da alta burguesia norte-americana e os do Estado. A partir da década de 80, as indústrias estadunidenses, buscando pagar salários mais baixos, foram para a Ásia para produzir para o mercado interno norte-americano, alimentando assim um processo de desindustrialização dentro do próprio território. “Isso gerou um enorme processo de desemprego. Esse seria o eixo conceitual da crise financeira global, deixando os EUA desindustrializado, sem empregos suficientes e com 40 milhões de pobres”, diz Gullo.
E acrescenta: “Os EUA querem manter um papel protagonista e, para tanto, tentam expulsar a China da África e impedir a aliança entre Rússia e Europa Ocidental. Essas duas grandes estratégias estão fracassando, daí a necessidade de colocar um pé na Colômbia, um passo para que a América Latina seja sua zona de influência exclusiva”.
Os EUA, lembra, só produzem 15% da energia que consome e a América Latina provê 25% de suas necessidades em matéria de recursos. Pereyra Mele assinala que “a Colômbia é um país bioceânico, é vizinho do país (Venezuela) que vende 15% do petróleo consumido pelos EUA e também do Equador, outro país petroleiro. Desde as bases navais de Málaga e Cartagena de Índias, Washington tem rápido acesso ao maior ponto de comunicação comercial do mundo, o canal do Panamá”. Na mesma direção, Gullo observa que a importância geopolítica da Colômbia para os EUA se expressa tanto no plano tático como no estratégico.
Do ponto de vista tático, ele assinala: “o complexo militar necessita criar focos bélicos para justificar a produção e renovação de material bélico. Sem tal esquema, esse aparato não tem como justificar sua existência”. E do ponto de vista estratégico, “o objetivo é conseguir a capitulação do poder nacional brasileiro; para isso, procura traçar um cerco em volta do Brasil, começando na Colômbia e com a idéia de continuar pela Bolívia e pelo Paraguai”.
Nesse marco, a América Latina é obrigar a reforçar seus acordos regionais, como Unasul, Comunidade Andina de Nações e Mercosul, para evitar fraturas e controlar as turbulências domésticas (como o golpe de Estado em Honduras), que possibilitem a expansão das forças armadas dos EUA na região. Para Pereyra Mele, “a solução ao problema colocado pela ofensiva estadunidense sobre a América do Sul passa pela defesa irrestrita das áreas por onde fluem e se conectam os três sistemas hidrográficos mais importantes: o Orinoco, a Amazônia e o Prata”.
“Para isso devem ser desenvolvidas políticas internacionais coerentes, levando em conta as limitações colocadas pela potência hegemônica. É muito importante aprofundar o Mercosul, aumentar a presença da Unasul e dos organismos de defesa regionais. É necessária a criação de um complexo industrial militar argentino-brasileiro para melhorar nossa capacidade de defesa, sem dependência externa, incorporando outros países”, conclui Pereyra Mele.
Para Marcelo Gullo, a América a conforma uma comunidade cultural única. “Lamentavelmente, do ponto de vista político, a região está dividida em duas. De um lado México, América Central e o Caribe, zona de influência exclusiva dos EUA, e de outro a América do Sul”.
A respeito dessa última reflexão, talvez pudesse se acrescentar que o ódio sistemático dos poderes estadunidenses à Revolução Cubana pode ser explicado pelo fato de esta ter sido a única experiência concreta de freio à hegemonia de Washington sobre as regiões Norte, Central e Caribenha da América Latina. Diante disso, conclui Gullo, “a responsabilidade principal é do Brasil, por ser o país com maior poder relativo da região. O problema é que a classe dirigente brasileira não compreende adequadamente que, para resistir à agressão dos EUA, precisa de sócios fortes e não fracos. Devem compreender que o importante não é sua industrialização isolada, mas sim a industrialização de toda a América do Sul”.
As mudanças de política militares que Barack Obama prometeu em sua campanha presidencial até agora não apareceram. A menos que alguém queira que o caráter identitário passa exclusivamente pela pigmentação da pele, nem que sequer podemos dizer que um afroamericano chegou à presidência. Para além do discurso, Obama solicitou ao Congresso dos EUA a aprovação de 83,4 bilhões de dólares em fundos extras para financiar as aventuras bélicas no Iraque e no Afeganistão, avança com a instalação de novas bases militares na Colômbia e manteve uma posição mais do que ambígua em relação ao golpe de Estado em Honduras.
O orçamento do Pentágono é 50 vezes superior ao total de gastos militares do conjunto de países do sistema internacional. Além disso, realiza os maiores investimentos, em nível mundial, em pesquisas militares e espaciais. Essa disponibilidade de recursos permite aos EUA agir de forma simultânea com ingerências bélicas em diferentes áreas do planeta.
Tradução: Katarina Peixoto

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Petrobras é a segunda mais lucrativa das Américas

A petrolífera brasileira teve o segundo maior lucro no último trimestre, ficando atrás apenas do Citigroup. Entre as empresas não financeiras, ela ficou em primeiro lugar.
Da redação Economatica
São Paulo – A Petrobras teve o maior lucro das Américas no segundo trimestre entre as empresas de capital aberto não financeiras. A informação consta de levantamento feito pela consultoria Economatica com base nos balanços das companhias da América Latina e Estados Unidos apresentados até o dia 01.
Se consideradas as instituições financeiras, a petrolífera brasileira ficou em segundo lugar, atrás apenas do norte-americano Citigroup. Segundo a Economatica, o lucro líquido do banco foi de US$ 4,279 bilhões entre abril e junho, e o da Petrobras de US$ 3,963 bilhões. No terceiro lugar aparece a também petrolífera Exxon Mobil, com lucro de US$ 3,95 bilhões.
Entre as 10 empresas mais lucrativas da América Latina e EUA, incluindo as financeiras, a única que não é norte-americana é a Petrobras, de acordo com o levantamento da Economatica. Na quarta posição ficou o banco Goldman Sachs, seguido da seguradora Berkshire Hathaway, da AT&T, de telecomunicações, do Bank of America, da Johnson & Johnson, do Wells Fargo (banco) e da IBM.
Na lista das 20 mais lucrativas da América Latina, a Petrobras teve resultado muito superior ao da segunda colocada, que foi a America Movil, do México, com lucro de US$ 1,709 bilhão. Em seguida vêm os bancos brasileiros Itaú-Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco; a mineradora Vale (Brasil); a indústria de bebidas Ambev (Brasil); a petroquímica Braskem (Brasil); a holding Itausa (Brasil); a mexicana Telmex, de telecomunicações; a empresa aérea TAM (Brasil); a chilena Enersis, de energia; a brasileira Cesp, de energia; a siderúrgica argentina Tenaris; o grupo mexicano de varejo Elektra; o Santander do México; a chilena Endesa, de energia; a brasileira Aracruz (celulose e papel); o Santander do Brasil; e o Wal Mart do México.
No ranking latino-americano, 12 empresas são brasileiras, cinco mexicanas, duas chilenas e uma argentina. Com relação aos setores, o mais presente foi o bancário, seguido do de eletricidade, gás e água.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

UM SAPATO MAIS PODEROSO QUE OS MÍSSEIS

foto: frontlineclub.com 
Quando o jornalista iraquiano Muntazer Al Zaidi arremessou um sapato contra o então presidente estadunidense George W. Bush, o fez pensando nas crianças órfãs e nas viúvas deixadas pela guerra. Foi o que confessou o herói iraquiano à mídia ocidental.
Al Zaide tornou-se herói entre os que repudiavam as atitudes belicistas e imperialistas de Bush, mas apanhou na cadeia, sendo torturado por agentes estadunidenses e, pasmem, do seu próprio país.
A atitude corajosa do jornalista lhe custou vários meses de prisão. Ser coerente e impulsivo pode custar caro, ainda mais quando se enfrenta o reinante do maior império de todo o planeta!
Afinal, neste mundo tão repleto de incongruências e absurdos, arremessar um sapato torna-se mais grave que causar guerras absolutamente desnecessárias e descabidas que implicam em centenas de milhares de mortos e feridos e que ainda destroem milênios de cultura até então preservados em museus e bibliotecas, além de abandonar a dignidade ao relento.
O que Bush fez no Afeganistão e principalmente no Iraque é denominado pelo direito internacional de crime de guerra, um crime contra a humanidade. É sempre bom relembrar que durante o nazismo os alemães não se insurgiram contra as loucuras de Hitler, o que propiciou que os atos beligerantes e absurdos causassem a morte de milhões de pessoas, incluindo crianças, motivo pelo qual hoje a humanidade tem que repudiar de imediato qualquer ato de loucura contra quem quer que seja.
Os vitoriosos não têm o direito de mascarar a história. A morte de milhões de pessoas é algo inadmissível e a morte por guerras, ainda mais as insanas, um dia serão mostradas de forma nua e crua, sem desvirtuamentos ou falsas justificativas, de forma que o mal que causaram seja conhecido por todos.
A atitude de David, hoje, ainda há de ser heróica. Esse pequeno ato de arremessar não uma pedra, mas um sapato, ajudou a manifestar o inconformismo mundial com as atrocidades de Bush e assim derrubar o que podemos denominar de império do Golias. A direita radical religiosa estadunidense não exerce mais o poder de forma direta nos Estados Unidos, ainda bem!
E o sapato que não causou dores diretas no corpo de Bush, serviu para arremessá-lo para longe do poder.
Esperemos por outros sapatos e outros heróis. A humanidade precisa deles!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O dia em que Jango prendeu o cabo Anselmo

Em março de 1964, Anselmo foi preso quando tentava penetrar - e falar - na reunião do Automóvel Clube. Esse episódio tem sido ignorado até hoje, pois nunca interessou à mídia, cúmplice do processo golpista desde o início. Quem me reviveu o episódio agora, com detalhes preciosos que expõem o repúdio de Jango à indisiciplina que enfraquecia o governo na área militar e encantava os golpistas e a mídia, foi o coronel Juarez Mota - à época capitão e ajudante de ordens do presidente, hoje aposentado, 75 anos de idade, e vivendo em Porto Alegre.

CARTA MAIOR



A veemência com que, na entrevista ao Canal Livre da Rede Bandeirantes, o notório cabo Anselmo (José Anselmo dos Santos), de olho numa indenização como "perseguido político", tentou negar que já era agente infiltrado (e provocador) da direita ANTES do golpe de 1964, não consegue contestar o depoimento enfático do delegado Cecil Borer em 2001 - conforme o excelente texto (talvez definitivo) assinado por Mário Magalhães na “Folha de S.Paulo”, a 31 de agosto de 2009.
Estou me metendo nessa discussão por ser assunto que me apaixona desde que participei, há pouco mais de três décadas, de uma reportagem de investigação da revista “Playboy”, conduzida pelo jornalista Marco Aurélio Borba, meu amigo (e editor nacional de “Opinião” no período em que dirigi a redação), que morreria poucos anos depois, num acidente em Brasília. Ouvi depoimentos para a revista no Rio, enquanto mais jornalistas faziam o mesmo em outros estados (não tenho aquele número da revista, mas seria bom se alguém pudesse informar ao menos o mês e o ano, entre 1977 e 1979, pois ainda acho que existem ali dados relevantes).

Na época, entrevistei vários militantes de partidos clandestinos e ex-presos políticos que tiveram contato com Anselmo (alguns insistem ainda hoje no detalhe de que seria marinheiro de 1ª classe e não cabo). Eles relataram fatos e dúvidas. Ouvi ainda pessoas que tinham servido na intimidade do governo João Goulart. A começar por meu amigo pessoal Raul Ryff, ex-colega de trabalho na redação do “Jornal do Brasil”, que tinha sido secretário de imprensa de Jango.

Com a ajuda de Ryff, cheguei a outros nomes de pessoas que tinham servido no Palácio durante o governo Jango. Eduardo Chuahy, amigo dele, capitão do Exército até ser cassado em 1964, servira como ajudante de ordens no gabinete militar da presidência, então chefiado pelo general Argemiro de Assis Brasil. Reconstituiu com riqueza de detalhes o clima existente no setor militar do Palácio e as muitas trapalhadas de Assis Brasil, que garantia existir o célebre - e ilusório - “dispositivo militar” capaz de impedir um golpe.

O aviso de Corseuil: "ele é espião"

Eu estava particularmente interessado em falar com o comandante Ivo Acioly Corseuil, o que foi possível na época graças ao aval de Ryff e Chuahy, que o conheciam bem. De fato, Corseuil contou muita coisa, aprofundando relatos já conhecidos. Mas o núcleo central do depoimento dele a mim foi a ratificação do que já dissera a Moniz Bandeira e estava no livro (publicado em 1977) “O Governo João Goulart - as lutas sociais no Brasil, 1961-1964”, sobre o qual escrevi minuciosa resenha para “IstoÉ”, infelizmente publicada na época com alguns cortes.

Ele explicou que no governo de Jango o chefe da Casa Militar (Assis Brasil) era também o secretário do Conselho de Segurança Nacional. Segundo a entrevista que Corseuil me deu, em 1962 ele era chefe de gabinete do CSN e em 1963 passou a sub-chefe da Casa Militar. Foi quando fez o informe (ele não lembrava a data precisa) avisando que Anselmo era agente infiltrado, provocador e trabalhava para a CIA.

Corseuil me disse que tinha informações de várias fontes, segundo as quais havia gente infiltrada entre os marinheiros. Até pessoas vestidas de marinheiros que, na verdade, não eram marinheiros. Uma das fontes que lhe passaram tais informações era “um rapaz da turma de Carlos Lacerda”, então governador da Guanabara. Julgou confiável o dado porque o rapaz, que conhecia há algum tempo, ex-funcionário do ministério da Marinha, trabalhava para Lacerda junto aos marinheiros (lacerdista, tinha saído do emprego para trabalhar no Palácio Guanabara).

Mas a informação de que Anselmo era agente da CIA não viera desse agente (identificado apenas como “Tanahy”) e sim por um correspondente de jornal norte-americano - “pessoa com muitos contatos, que falava com muita gente”. Ele sempre telefonava para dar informações. Por exemplo, tinha passado imediatamente a informação sobre uma reunião de Lacerda com correspondentes norte-americanos para conclamar os EUA a derrubar Jango.

Para a CIA, "útil por liderar"

Para Corseuil, Anselmo não era o único agente infiltrado, mas pode ter sido escolhido pela CIA onde era visto como capaz de liderar. Perguntado por que nada foi feito pelo governo de Jango, apesar das muitas informações e avisos feitos, respondeu que as providências não cabiam ao CSN. A Marinha é que teria de se aprofundar no caso, por estar na sua área. A tarefa teria de ser especificamente do Cenimar, que era sempre avisado. Corseuil enfatizou que também tomara a iniciativa de avisar pessoalmente o Cenimar. “Aquela gente do Cenimar era toda do Lacerda. E o Lacerda fomentava a rebelião”, disse-me ele.

Corseuil também explicou que nenhuma providência foi tomada desde 1962, apesar de tantos avisos e informes, em parte por causa do próprio temperamento de Jango, que “tinha um coração grande demais”. Lembrou o episódio da revolta dos marinheiros, no Sindicato dos Metalúrgicos, quando o presidente foi especificamente alertado para o papel de Anselmo e nada fez - embora outras pessoas do governo também tenham alertado na época para a necessidade de ação vigorosa para deter a conspiração.

Mas pelo menos dois oficiais que serviam no Palácio recordam ainda hoje um episódio no qual Jango, pessoalmente, agiu com firmeza, mostrando estar consciente do papel de Anselmo como provocador e agente infiltrado. Chuahy, então capitão, pediu que Ryff alertasse Jango e mostrasse ao presidente como a mídia, desde que começara o problema dos sargentos, superdimensionava a questão e apostava deliberadamente na ação potencial de Anselmo para subverter a disciplina, empurrando até moderados das Forças Armadas para o lado do complô golpista em marcha.

O episódio citado foi o da prisão de Anselmo em março de 1964, quando tentava penetrar - e falar - na reunião do Automóvel Clube. Tem sido praticamente ignorado até hoje, pois nunca interessou à mídia, cúmplice do processo golpista desde o início. Quem me reviveu o episódio agora, com detalhes preciosos que expõem o repúdio de Jango à indisiciplina que enfraquecia o governo na área militar e encantava os golpistas e a mídia, foi o coronel Juarez Mota - à época capitão e ajudante de ordens do presidente (além de amigo), hoje aposentado, 75 anos de idade, e vivendo em Porto Alegre.

"Preso por ordem do presidente"

Estava em marcha, claro, a operação destinada a desestabilizar o governo, como parte do esforço para superdimensionar os movimentos dos sargentos e dos marinheiros (ainda que muitos, obviamente, tenham deles participado por desinformação ou ingenuidade). Conforme o relato do coronel Juarez, o presidente não sabia que Anselmo planejava falar no Automóvel Clube, mas tinha consciência de que ele era agente infiltrado na esquerda.

“Quem o viu chegar foi o coronel Carlos Vilela, da Casa Militar”, conta o militar aposentado. “Como eu estava mais à frente, acompanhando o presidente, ele me chamou: ‘Está chegando o cabo Anselmo, o que faço?’ O próprio Jango antecipou-se e deu a ordem: ‘Prende!’ Quando Anselmo começava a entrar, voltei com Vilela, que o segurou pelo ombro, enquanto eu punha a mão no pescoço. Os dois desviamos o cabo à força para outra sala, onde havia um sofá de dois lugares. Vilela mandou que ele sentasse e comunicou: ‘Por ordem do presidente, o senhor está preso’. Em seguida Vilela foi chamar o coronel (Domingos) Ventura, comandante da Polícia do Exército. Ventura veio com a escolta e levou Anselmo preso para o quartel da PE.”

Para Juarez, aquela ordem firme de Jango deixou claro que não tinha dúvida sobre quem era Anselmo. Podemos concluir que a avaliação coincidia com a descrição de Cecil Borer, delegado e torturador que o usava no DOPS como informante (conforme contou à “Folha” em 2001) juntamente com “a Marinha e os americanos”. O relato de Juarez é reforçado por Chuahy, que à época já era veemente também na crítica aos movimentos de sargentos e marinheiros, devido á manipulação oculta da oposição direitista com apoio da mídia. Vilela morreu no ano passado (2008). Tinha sido ajudante de ordens do general Zenóbio da Costa na II Guerra Mundial.

Juarez Mota continuou no Exército (aposentou-se como tenente-coronel) e nunca deixou de ser amigo de Jango, que conhecia praticamente desde criança. Natural de São Borja, também era parente do presidente Getúlio Vargas: seu avô era primo-irmão de Getúlio e a bisavó Zulmira Dorneles Mota era irmã de dona Cândida Dorneles Mota, mãe do presidente que se matou em 1954.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Plano pré-pago de TV custa a partir de R$ 14,90 via parabólica

AGÊNCIA DINHEIRO VIVO
JORNAL CASH


Usuários poderão escolher os dias da semana em que desejam acessar o serviço, que também está disponível via antena parabólica; confira ofertas de três operadoras

O mercado brasileiro de TV por assinatura passou a oferecer planos pré-pagos de programação, acirrando ainda mais a concorrência em um setor disputado por grandes companhias telefônicas e empresas a cabo. Há pacotes a partir de R$ 14,90, que permitem ao cliente optar por dias específicos em que deseja usufruir da programação, como apenas nos finais de semana. Adicionalmente, de olho em moradores de áreas rurais e cidades afastadas dos grandes centros – onde a carência ou mesmo ausência de operadoras faz com que os canais abertos sejam as únicas opções de entretenimento para a família -, as empresas passaram a oferecer canais pagos também por antena parabólica.

Pesquisas indicam que o Brasil ainda possui uma grande fatia de mercado a ser explorado, especificamente as famílias de menor poder aquisitivo e, ainda, os locais que não contam com os serviços de grandes operadoras. Atualmente, mais de 103 milhões de pessoas (cerca de 56% da população brasileira) residem em cidades com menos de 200 mil habitantes. A maior parte dessa população possui um acesso restrito ao conteúdo dos canais fechados, em razão de poucas operadoras de TV por assinatura operarem em determinas regiões do país. Nas cidades que contam com sinal via satélite de outras operadoras, o custo dos pacotes oferecidos dificulta a contratação dos serviços por famílias de menor renda.

Para conhecer as ofertas das principais operadoras atuantes com o sistema pré-pago, o Cash consultou três empresas, das quais duas delas, a Sky e a paulistana DTHi, atendem em todo o território nacional. Por mais que a OITV ainda não tenha disponibilizado os planos pré-pagos a seus clientes, a operadora passou a ampliar a oferta dos serviços para regiões que antes não tinham o serviço. Com foco na classe C, os pacotes pós-pagos da operadora são oferecidos por valores abaixo dos praticados pelo mercado.

Como funciona

O sistema pelo qual o serviço é oferecido varia de acordo com a empresa. Pela operadora paulista DTHi, o usuário poderá receber a programação a partir de sua antena parabólica, com sinal via satélite. A operadora, que chegou a ser parceira da Telefônica em 2006 na venda do serviço, quer atingir os 20 milhões de residências com antenas parabólicas instaladas no país. O número representa um total de 60 milhões de pessoas.

A empresa oferece três diferentes modalidades de serviço na modalide pré-paga: mensal, com custo médio de R$ 39,90; semanal (por sete dias corridos), por R$ 14,90; e para fins de semana (quatro fins de semana seguidos), por R$ 24,90. O usuário compra créditos para assistir à programação. Para adquirir o serviço, o usuário deve adquirir um kit que inclui um receptor, um controle remoto, um adaptador que deve ser acoplado à antena parabólica tradicional e um manual de instalação, ao custo de R$ 299,00 – valor que pode ser parcelado.

O SKY Pré-Pago também permite ao cliente escolher os dias em que deseja acompanhar a programação e está disponível em todo país. São oferecidos dois tipos de créditos: de 15 e 30 dias, comercializados por R$ 32,90 e R$ 54,90, respectivamente. O equipamento é adquirido por R$ 199,00 em até 10 vezes sem juros. O pacote é composto por 81 canais, além dos canais de rádio.

A primeira carga, com 30 dias de programação, é grátis e vem habilitada na caixa decodificadora. Para recarregar, o processo se repete: o cliente vai a uma lotérica, informa seu CPF, escolhe uma das opções de crédito do serviço e recebe o sinal em até 4 horas. O saldo de recarga é cumulativo. O cliente será avisado que o seu crédito está terminando 48 horas antes, por e-mail enviado para a televisão.

Já na OiTV, o plano é pós-pago, mas com mensalidade acessível: a partir de R$ 29,90 durante o primeiro ano, com 26 canais. A oferta é voltada para os clientes do Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas a operadora pretende expandir a atuação para outras localidades. Não são cobradas taxas por instalação e habilitação, assim como não há custos adicionais pelo decodificador e antena.

sábado, 12 de setembro de 2009

2ª GUERRA MUNDIAL, A PRIMEIRA GUERRA MIDIÁTICA

foto WIKIMEDIA
por Alberto Dines em 1/9/2009
"Sempre que ouço Wagner tenho vontade de invadir a Polônia", diz o personagem interpretado por Woody Allen em Manhattan murder mystery ao sair no meio de um concerto no Lincoln Center. Frase antológica, terrivelmente preconceituosa: admiradores da música de Richard Wagner podem ser humanistas e até pacifistas. Caso do regente Daniel Barenboim, que ousou executar Wagner em Israel e se distingue como campeão da aproximação com os palestinos.
Há 70 anos, em 1º de setembro, a Polônia era invadida pela poderosa Wehrmacht e aniquilada pelos Stukas da Luftwaffe. Em represália, no dia 3, França e Inglaterra, declaravam guerra à Alemanha. Começava a Segunda Guerra Mundial, o evento mais importante dos últimos 500 anos. Primeira guerra total, primeira guerra midiática. O mais horripilante painel sobre o ódio jamais produzido pela humanidade.
A mídia registrou a efeméride – sem ênfase e empolgação. Burocraticamente. Nas redações juvenilizadas, passado é passado, página virada. Poucos se dão conta que passado é palpitante, passado é o presente ampliado por perspectivas.
Jornal de hoje
A Segunda Guerra Mundial não acabou, à capitulação alemã seguiu-se o bloqueio de Berlim, o golpe na Tchecoslováquia, o confronto na Grécia, a guerra na Coréia, na Indochina, na África, no Oriente Médio. É a mesma guerra ideológica com outros formatos, beligerantes e motivações. É a mesma capacidade de simplificar idéias através do ódio.
Na realidade a Segunda Guerra Mundial começou em 30 de janeiro de 1933 (era Carnaval no Brasil) quando Adolf Hitler, o líder do Partido Nacional Socialista, tomou o poder na Alemanha sem disparar um tiro. Ganhara as eleições porque os comunistas e socialistas estavam mais preocupados em se estraçalhar do que ocupar-se com aquele que logo em seguida os estraçalharia separadamente.
Quem era esse Adolf Hitler que os satiristas chamavam de Hans Wurst, "Zé Salsicha"? Pintor frustrado que no fim da Primeira Grande Guerra, sem um tostão no bolso, aceitou fazer um curso no exército alemão para a formação de agentes antibolcheviques. Seu primeiro trabalho político foi junto ao Partido dos Trabalhadores, de direita, para fomentar sua desvinculação do marxismo. O bolchevismo é uma invenção dos judeus para tomar conta do mundo, explica Hitler em seu Mein Kampf.
Não soa familiar?
Onze anos antes, um jornalista italiano, socialista, chamado Benito Mussolini comandou uma legião de militantes fascistas para ocupar Roma e iniciar a construção do Estado Corporativista e nacionalista.
Não parece recorte do jornal de hoje?
Natureza formadora
A Segunda Guerra Mundial foi importantíssima para o Brasil: pela primeira vez em nossa história cruzamos o oceano para lutar pela liberdade dos outros Brasileiros perderam a vida pela causa democrática mas o país vivia a ditadura do Estado Novo, nossa primeira experiência em "ditabrandas".
A Segunda Guerra Mundial acabou na Europa em 8 de maio de 1945, na Ásia em 15 de agosto. Em 29 de outubro, caía Getúlio Vargas e acabava o Estado Novo brasileiro. O Estado Novo português sobreviveu por mais quatro décadas.
Nossos leitores, ouvintes e telespectadores mereciam saber um pouco mais sobre esta conflagração que virou o mundo – para melhor entender o Brasil de hoje, o mundo de hoje, a renovação alemã e as farsas italianas. Para entender Vladimir Putin indispensável conhecer o caráter de Joseph Stalin, que invadiu a Polônia 15 dias depois de começada a guerra. Para entender a revolução educacional anunciada por Hugo Chávez conviria dar uma olhada no projeto de Mussolini para ser aplicado nas escolas.
Fazer jornalismo de olho apenas na atualidade, sem referências e relações é retirar dele sua natureza formadora. Para ser devidamente compreendida, a blague de Woody Allen deve ser acompanhada por outra proferida por Hermann Göring, braço direito de Hitler: "Quando ouço a palavra cultura, tenho vontade de sacar a minha pistola".
***
Em tempo [incluído às 14h10 de 1/9] – Se a mídia tivesse se preparado para rememorar os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, o cidadão brasileiro não seria surpreendido com os incidentes provocados pelo caudilho russo Vladimir Putin a propósito das solenidades na Polônia. Putin defendeu o pacto Hitler-Stalin alegando que um ano antes, em Munique, os aliados (França e Inglaterra) haviam capitulado à sanha do expansionismo nazista.
O pacto de Munique foi uma vergonha, a cidade onde foi assinado o protocolo converteu-se em sinônimo de covardia frente ao totalitarismo. Mas Putin engana-se e quer enganar o mundo ao afirmar que o pacto nazi-bolchevique de agosto de 1939 foi conseqüência da capitulação dos aliados. Mentira: Stalin nada fez para animar os aliados a resistir às exigências alemãs. Ao contrário: adotou a tática do jogo duplo mantendo com os nazistas relações bastante cordiais (que incluíram a concessão da cidadania soviética aos agentes búlgaros responsáveis pelo incêndio do Reichstag – que assim escaparam ilesos, chegando a Moscou de avião diretamente de Berlim).
Na sua primeira manifestação sobre os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial Putin omitiu a covarde agressão perpetrada contra a Polônia, invadida pelo lado oeste quando os nazistas chegavam às portas de Varsóvia.
O passado faz-se presente sempre que o presente é apresentado sem remissões ao passado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ronaldo participará de filme no Líbano

O jogador foi convidado pelo diretor iraniano Mohamad Hussein Latifi para atuar em um filme. Ele contará a história de uma menina palestina que morreu antes de realizar seu sonho, conhecer o craque.

Da redação São Paulo – O jogador brasileiro Ronaldo vai participar de um filme sobre uma menina palestina. O filme será dirigido pelo diretor iraniano Mohamad Hussein Latifi e contará a história real da adolescente, que sonhava em conhecer o craque, mas morreu em um campo de refugiados palestinos no sul do Líbano, após perder a perna em uma mina.

De acordo com informações do jornal árabe al-Arabiya, Ronaldo já assinou um pré-contrato com o diretor. Em setembro, quando o roteiro estiver totalmente pronto, ele deve assinar um contrato definitivo. As gravações vão ocorrer no Líbano e as cenas com o atleta não deverá demandar mais de cinco dias de trabalho.

A agência oficial iraniana Fars News Agency noticiou que o diretor iraniano viajou a São Paulo, juntamento com o produtor Mansur Sohrabpour, também do Irã, para apresentar os detalhes do projeto a Ronaldo. Atualmente o atleta, que já foi considerado o número um do mundo, está atuando pelo Corinthians, de São Paulo.

A menina palestina, que será foco principal do filme, teria visto Ronaldo apenas de muito longe, na visita que o jogador fez à Palestina e Israel, em 2005, como embaixador das Nações Unidas em uma campanha contra a pobreza, segundo o al-Arabiya. A garota gostava de jogar futebol e por isso tinha o apelido de Ronaldo.

O filme deve estrear em junho do ano que vem. Até o final deste ano, Ronaldo também participará, pelo Corinthians, de um jogo amistoso contra o Flamengo, na Palestina. A inicitiva é do governo brasileiro e a disputa deve ser uma espécie de jogo da paz, como o Brasil já promoveu, com a Seleção Brasileira, no Haiti, em 2004.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Os delírios da direita norte-americana

Matéria extraída da Agência CARTA MAIOR


Desde a posse de Obama, a direita nos EUA tem saltado freneticamente de uma fantasia para outra, como alguém que se debate nos tormentos de um colapso mental. Começou com a conversa de que Obama seria cripto-muçulmano e – ao mesmo tempo – de que seria também membro de uma igreja nacionalista negra que odeia brancos. Um traço sempre presente na visão de mundo da direita norte-americana – negar a realidade e argumentar contra um fantasma demoníaco que a própria direita cria – inchou e cresceu. Hoje, a direita só vê o que só ela vê. O artigo é de Johann Hari.

Johann Hari - The Independent

Como conseguem ser tão impermeáveis à realidade?

Algo estranho aconteceu nos EUA nos nove meses decorridos desde que Barack Obama foi eleito, bem resumido pelo comediante Bill Maher: "Os Democratas deram um passo em direção à direita; os Republicanos deram vários em direção ao hospício".

A eleição de Obama – negro e com mensagem progressista – para suceder George W. Bush, detonou o âmago do modo como a direita norte-americana vê seu país. Aí, nesse âmago, eles vêem os EUA como nação de pele branca, de direita, modelada para sempre à moda de Sarah Palin.

Quando essa imagem foi repudiada por maioria maciça de norte-americanos, a direita simplesmente não computou. Não podia acontecer; logo, não aconteceu. Como o grito "Perfure, gatinha, perfure" [“Drill, baby, drill”, uma forma de incentivar Palin a buscar petróleo no Alasca] poderia ter sido derrotado por um mulato supostamente qualificado para a presidência? E, assim, um traço sempre presente na visão de mundo da direita norte-americana – negar a realidade e argumentar contra um fantasma demoníaco que a própria direita cria – inchou e cresceu. Hoje, a direita norte-americana só vê o que só ela vê.

Desde a posse de Obama, a direita nos EUA tem saltado freneticamente de uma fantasia para outra, como alguém que se debate nos tormentos de um colapso mental. Começou com a conversa de que Obama seria cripto-muçulmano e – ao mesmo tempo – de que seria também membro de uma igreja nacionalista negra que odeia brancos.

Quando essas idéias foram rejeitadas e Obama venceu as eleições, puseram-se a dizer que Obama teria nascido no Quênia e que teria sido contrabandeado (sic) para os EUA ainda bebê, e as autoridades do Havaí, cúmplices desse projeto, teriam falsificado a certidão de nascimento do bebê contrabandeado (sic). Nesses termos e pelas razões acima expostas, Obama ‘é’ inelegível, ‘não foi’ eleito e, pois, a presidência ‘tem de ser’ imediatamente entregue ao candidato Republicano, John McCain.

Não são fenômenos marginais: pesquisa da Research 200 descobriu que a maioria dos Republicanos e dos habitantes do Sul afirmam que Obama não nasceu nos EUA ou que não sabem com certeza onde nasceu. Vários senadores Republicanos têm repetido que Obama teria “perguntas a responder”. Não há comprovação, por mais incontestável – a certidão de nascimento, a foto de sua mãe grávida, no Havaí, a participação do nascimento no jornal do Havaí – que abale a convicção dos Republicanos.

Essa tendência alcançou o clímax no verão passado, com o Partido Republicano a clamar, em uníssono, que Obama deseja ver instalados "comitês da morte" para eutanásia dos velhos e portadores de deficiências. Sim, sim: Sarah Palin realmente declarou – sem piscar e sem corar –, que Barack Obama planeja assassinar o bebê dela.

É preciso admirar a audácia da direita. Vejam, pois, o que está realmente acontecendo.

Os EUA são o único grande país industrializado que não oferece assistência pública regular de saúde a toda a população. Não havendo assistência pública de saúde, os cidadãos têm de pagar por planos de seguro-saúde – e 50 milhões de pessoas, nos EUA, não têm meios para isso.

Resultado, 18 mil cidadãos norte-americanos morrem por ano, exclusivamente por não terem acesso ao atendimento médico de que necessitam. Equivale a seis 11 de setembro ao ano, todos os anos, ano após ano. E os Republicanos acusaram de “matadores” os Democratas que tentam deter esses milhares de mortes –, e já conseguiram pô-los na defensiva.

Os Republicanos defendem o sistema existente, dentre outros motivos porque recebem gigantescas somas de dinheiro das empresas médicas privadas que se beneficiam do sistema que gera muitas mortes e muitos lucros. Mas não podem defender diretamente o sistema mortal, porque 70% dos norte-americanos consideram “imoral” defender um sistema de assistência médica que não oferece cobertura a todos os cidadãos. Então, os Republicanos são obrigados a inventar mentiras que operem o prodígio de fazer soar como depravação qualquer plano para estender a cobertura médica.

Há alguns meses, como membro recém incorporada à diretoria de um conglomerado de empresas de saúde privada, Betsy McCaughey noticiou a inclusão de uma cláusula no projeto de lei sobre saúde pública, que pagaria as despesas dos mais velhos para fazerem uma visita ao médico e uma visita ao tabelião para fazer uma declaração de vontade. Poderiam assim declarar quando (se, é claro) desejam que o tratamento seja suspenso. Seria ato totalmente voluntário.

Muita gente deseja ter esse direito: eu mesmo não me interessaria por ser mantido vivo por alguns meses extra, em agonia e sem poder falar. Mas McCaughey lançou o boato de que aí estaria uma forma de eutanásia, pelo qual os velhos seriam forçados a concordar com a própria morte. Depois, a ‘cláusula’ passou a incluir também os incapazes, como o filho mais novo de Palin, o qual , nas palavras dela, teria de “justificar” a própria existência. Tudo isso sempre foi deslavada mentira – mas a direita já encontrara o ponto de apoio de que precisava; Palin declara que propostas (inexistentes) são “expressão do mal absoluto” – e propostas (existentes) são varridas do mundo.

A estratégia tem sido surpreendentemente bem-sucedida. Agora, todas as conversas sobre assistência pública de saúde têm de começar por os Democratas explicarem detalhadamente que não, não são favoráveis ao assassinato de velhinhos – enquanto os Republicanos insistem em defender um status quo que mata 18 mil norte-americanos por ano.

A hipocrisia é de assustar: Sarah Palin, quando governadora do Alasca, encorajava os cidadãos a assinar aqueles documentos-testamentos, sobre suspensão de tratamento médico. Praticamente todos os Republicanos que hoje fazem campanha contra os “comitês da morte” votaram no passado a favor dos documentos-testamentos sobre suspensão dos tratamentos. E a mentira já fazia germinar sua semente maléfica: lançara-se para o alto uma mão de confetes envenenados, para confundir e distrair; em seguida, começaram a sumir os votos de apoio ao plano para salvar vidas.

Essas manifestações frenéticas separaram-se da realidade, de tal modo que soam hoje como comédias de humor negro. A revista US Investors' Daily, manifestamente de direita, publicou que, se Stephen Hawking fosse britânico, o sistema britânico “socialista” de saúde tê-lo-ia deixado morrer sem assistência. Hawking respondeu, depois de tossezinha polida, que é britânico e que “não estaria aqui, se o Serviço Nacional de Saúde britânico não existisse”.

Essa tendência de simplesmente negar fatos inconvenientes e inventar um mundo de fantasia não é novidade – apenas se está tornando cada vez mais espantosa. Percorreu os anos Bush com o entusiasmo de um jorro de bourbon em água. Quando se tornou claro que Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa, os EUA simplesmente ‘declararam’ que as armas haviam sido mandadas para a Síria.

Quando as provas científicas de que o homem está fazendo subir a temperatura média do planeta tornaram-se tão abundantes que já não podiam ser desmentidas, ‘declarou-se’ – nas palavras de um senador Republicano – que o aquecimento global seria “a maior dessas ‘lendas urbanas’ que se inventam por aí.”

E que todos os climatologistas do planeta seriam “mentirosos’. A imprensa nos EUA então apresentou-se como ‘árbitro’ entre “os lados rivais”, como se os dois lados tivessem provas igualmente fidedignas, cada um a seu favor, e como se se tratasse de opiniões divergentes..

É uma vergonha, porque há algumas áreas nas quais uma filosofia conservadora – que fizesse lembrar os limites dos maiores projetos e potências humanas e recomendasse cautela – poderia ser corretivo útil. Mas não é o que se vê, vindo dos chamados “conservadores” que conhecemos: hoje, não fazem senão alimentar fantasias histéricas que sequer conseguem esconder completamente os mais brutais interesses financeiros e preconceitos.

Para muitas das principais figuras do Partido, trata-se de simples manipulação cínica. Um dos ex-conselheiros de Bush, David Kuo, disse que o presidente e Karl Rove por-se-iam a zombar dos evangélicos no instante em que saíssem da Casa Branca. Mas a base dos Republicanos acredita, mesmo, nas bobagens que o Partido tem ‘declarado’.

Estão sendo arrastados contra seus próprios interesses, por ação de falsos medos de demônios inventados. Semana passada, um dos Republicanos mandados a uma prefeitura para demolir um centro de atendimento médico começou uma briga e foi ferido – e depois reclamou que não tem seguro-saúde. Não é engraçado. Por pouco não chorei ao ouvir a história.

Como conseguem ser tão impermeáveis à realidade? Tudo começa, me parece, pela religião. São ensinados desde a mais tenra idade que é bom ter “fé” – e a fé, por definição implica crer em algo sem qualquer comprovação empírica. Ninguém depende de “fé” para acreditar que a Austrália existe; ou de que o fogo queima: há provas de tudo isso.

Mas é preciso ter “fé” para acreditar em mentiras ou em eventos absolutamente improváveis. De fato, os Republicanos são ensinados que a fé é aspiração muito digna, a mais alta das aspirações e a mais nobre das causas. Não surpreende que essa lição invada todos os espaços mentais e contamine as ideais políticas? O pensamento baseado na fé espalha-se e contamina o pensamento racional.

Até agora, Obama não respondeu a esse massacre pela des-razão. Tem implementado uma estratégia dupla: conciliar os interesses da elite econômica, e fazer piada sobre a marola de fanatismo que estão criando.

Assegurou (vergonhosamente) às empresas farmacêuticas que um sistema expandido de saúde não usará o poder do governo como fator de barganha para fazer baixar os preços dos remédios –, ao mesmo tempo em que dizia, ao grande público, que “não estou planejando matar vovó”. Em vez de enfrentar declaradamente tanto os interesses mais agressivos quanto as fantasias mais bizarras, Obama optou por bajular uns e diminuir a importância das outras.

Esse tipo de loucura não pode ser vencida por sedução nem conquistada por cooptação: tem de ser derrotada. Muitas vezes, em política, o inimigo é inevitável e tem de ser derrotado democraticamente. O sistema político não pode ser atropelado pela necessidade de satisfazer os deputados mais doidos ou mais doentiamente ambiciosos.

Não há como expandir o atendimento público de saúde sem enfurecer os laboratórios da ‘Big Pharma’ e os Republicanos mais pirados. Então, que seja! Como escreveu Arianna Huffington: “É tão sem sentido quanto seria, no auge do movimento pelos Direitos Civis, supor que seria preciso esperar que Martin Luther King e George Wallace concordassem. Esse não é o caminho para qualquer mudança.”

Por estranho que pareça, o Partido Republicano está realmente mergulhando num estranho culto bizarro, segundo o qual Barack Obama é matador de criancinhas e inventor ardiloso de sangrentos “comitês da morte” para matar os velhinhos norte-americanos. O novo slogan dessa gente poderia ser “bebês, encolham! Vovó, desapareça!”

O artigo original, em ingles, pode ser lido em:

http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/johann-hari/johann-hari-republicans-religion-and-the-triumph-of-unreason-1773994.html

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Traduzido pelo site Vi o Mundo. de Luiz Carlos Azenha.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09/09/09: número mágico?

Você já pensou na raridade que é os números do dia, mês e ano serem coincidentes? Só isso já é sinal de magia, de sorte e motivo para nos intrigar e surpreender.
Se os números desse dia são cabalísticos aí já é outra história. Para esse texto que escrevo pouco importa acreditar ou não no lado místico. A mera existência do dia já é motivo para comemoração, não acha?
São esses pequenos detalhes que tornam o mundo mais alegre e poético. Pare um pouco para prestar atenção nessas miudezas da vida que reservam grandes surpresas e são capazes de nos modificar e mudar a nossa rotina.
É, pode ser um número, uma mera formiga, um sorriso de uma criança, uma nuvem com formato estranho, uma poesia, uma palavra...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A MULHER DO ATIRADOR DE FACAS

Porta Curtas

"Paixão entre colegas de trabalho pode ser perigoso, ainda mais entre um atirador de facas e sua assistente! Confira Carla Camuratti enfrentando Ney Latorraca e suas adagas voadoras!"
É um filme brasileiro de 10 minutos, apenas, produzido em 1988 e que tem como atriz a atriz e cineasta Carla Camuratti. Clique aqui para ir à página do filme A MULHER DO ATIRADOR DE FACAS no PORTA CURTAS PETROBRÁS

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SOMOS INDEPENDENTES?


O que há para comemorar neste 7 de setembro?

Afinal, faz-se necessária uma primeira pergunta: somos independentes?

Vamos voltar no tempo para tentar responder.

O Brasil é um país surpreendente. Como colônia, enriqueceu Portugal e o Reino Unido. Como Monarquia, enriqueceu Portugal, Reino Unido e a França. E desde que somos República, enriquecemos os Estados Unidos e muitos dos países europeus.

Começamos a nos miscigenar com os índios e os portugueses. Depois vieram os negros e mais recentemente os imigrantes europeus, os asiáticos e os árabes. De umas duas décadas para cá, foi a vez dos latino-americanos. Somos um país em eterna miscigenação que é voltado não para si, mas para o oceano que pensa ser a ponte para a europa e os Estados Unidos.

Exportamos mão-de-obra. Exportamos matéria-prima. Exportamos manufaturados. Exportamos nossa riqueza. E também exportamos um pouco de tecnologia. Importamos o que julgamos essencial para a nossa economia: grandes maquinários, direitos autorais e tecnologia de ponta. Assim como na colônia, continuamos dependentes do que ocorre do outro lado do oceano e também mais ao norte dele.

Nossa independência? Começaria pelo aspecto cultural. E foi apenas com o advento da democratização que recuperamos a busca incessante e perdida de quem somos. Com noção cultural, poderemos avançar em muitos aspectos, desde que invistamos na educação, um marco para a cidadania e para a conscientização do que é ser brasileiro e da importância disso.

Enquanto isso não ocorre, comemoremos o 7 de setembro como um ideal a ser cumprido, pois a realidade está muito distante da independência que devemos buscar.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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