O PAÍS QUE INCORPOROU A TOLERÂNCIA, AGORA A EXPORTA
Cyro Saadeh*
Você pode não saber, mas no Brasil há mais de 12 milhões de árabes e descendentes, compondo um universo equivalente a 6,5 % da população, um índice grande. No Brasil há mais libaneses e descendentes do que no próprio Líbano.
Cyro Saadeh*
Você pode não saber, mas no Brasil há mais de 12 milhões de árabes e descendentes, compondo um universo equivalente a 6,5 % da população, um índice grande. No Brasil há mais libaneses e descendentes do que no próprio Líbano.
Os primeiros árabes a imigrarem espontaneamente para o Brasil, logo em 1850, adotavam a religião cristã. A partir de 1940 aumentou a imigração dos muçulmanos para o Brasil.
A imigração de árabes, principalmente de sírios, aumentou muito pouco tempo antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em razão das guerras de independência, incentivada pelos britânicos, contra o Império Turco-Otomano.
Posteriormente, descobriu-se que o Plano dos Ingleses, juntamente com os franceses e os russos, era, após a derrota dos Turcos-Otomanos, dividir e recolonizar os países do Oriente Médio, em razão do petróleo. Não havia nenhuma intenção de tornar os árabes um povo independente, muito ao contrário. A trama foi denunciada mundialmente por Lenin logo após a Revolução Soviética.
Coincidência ou não, esses países: Inglaterra, França e União Soviética foram os grandes vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Estados Unidos, e passaram a ocupar algumas das 5 cadeiras no Conselho de Segurança da recém-criada ONU.
E foi apenas com o fim da Segunda Guerra Mundial que os países árabes começaram a se tornar independentes. E foi nesse mesmo período que era criado artificialmente, pela ONU, o Estado de Israel, numa das regiões mais importantes para o islamismo.
Se isso fez aumentar a tensão na região, ela também foi incentivada como pretexto pelos países imperialistas para dominarem grande parte da região ou com a força, seja com bases ou mediante invasão, ou através de grandes conglomerados petrolíferos internacionais.
Tudo isso, aliado aos governos ditatoriais da região, favorecidos pelas políticas internacionais estadunidenses, incentivou a imigração de árabes pelo mundo afora, principalmente Europa, Estados Unidos e América Latina. Hoje, há grandes colônias árabes em todos os países da América Latina e nos próprios Estados Unidos.
No Brasil, os árabes estão concentrados principalmente no comércio, no ramo do direito, engenharia, medicina e literatura. E é um povo que convive harmonicamente com os judeus e outras comunidades aqui no Brasil, integrando-se com facilidade.
Os árabes têm história: possuem a língua mais antiga do mundo, o árabe (foi o primeiro alfabeto criado pela humanidade). Possuem as histórias mais lindas de todo o planeta: As Mil e Uma Noites. E ainda possuem uma das comidas mais saborosas. Quem no Brasil não come um quibe ou uma esfiha ao menos uma vez por semana? Mas o povo árabe e as suas conquistas não páram por aí. É pouco divulgado, mas graças aos árabes é que a Europa pode sair da era da miséria e pobreza cultural, intelectual e espiritual da Idade Média, com o Renascentismo. Os árabes tinham o primor da tolerância em uma época que vigia a época negra para o Cristianismo. Havia filósofos cristãos, muçulmanos e judeus convivendo em harmonia em pleno Califado Árabe no sul da Espanha, em Córdoba. Foi um exemplo para a humanidade.
Hoje, a humanidade discrimina os árabes e os muçulmanos, como fez por muito tempo com os judeus, os negros, as mulheres... Mas, certamente será apenas uma fase a ser superada, pois os árabes não se concentram apenas em países distantes. Estão espalhados e integrados nos mais diversos Estados e em todos os cantos da Terra. Talvez eles e os seus descendentes levem consigo a semente da esperança e da tolerância, tão necessária à humanidade, ainda hoje.
Os árabes dominaram Portugal por quase 400 anos e a Espanha por quase 800 anos. Muito embora os judeus tenham influenciado mais Portugal que os árabes, a nossa língua sofreu fortemente a influência árabe. E observo que nem todos os cristãos-novos são necessariamente descendentes de judeus convertidos. Há muitos árabes também. Assim como os judeus, os árabes não eram tolerados na Espanha nem em Portugal.
E só para embaraçar a cabeça daqueles que não sabem diferenciar árabes de muçulmanos lembro que há árabes judeus. O dono do banco Safra, um dos homens mais ricos de todo o planeta, é árabe-judeu. Segue a religião judáica, tendo origem libanesa. É, e em Israel, a terra dos judeus, há muitos árabes-muçulmanos.
É, o mundo é uma grande salada. E os árabes ajudaram a dar um tempero nessa mistura, ainda bem! A humanidade agradece a miscigenação. E que com ela venha a tolerância!
Talvez essa seja a grande característica do nosso país, com tantas raças e credos: TOLERÂNCIA. Com isso, o Brasil trilha um importante lugar no planeta, o de mercador da luz, o de promotor da paz, o de provedor de harmonia e o camelô que ostenta respeito entre culturas, povos e religiões. O Brasil tenta, e que consiga efetivamente levar paz a todos os cantos do planeta. Hoje, no Irã, amanhã no Oriente Médio e desde já na América Latina.
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*Jornalista e advogado
exemplo da mistura brasileira. Sangue indígena, alemão, português, italiano e árabe.
Talvez essa seja a grande característica do nosso país, com tantas raças e credos: TOLERÂNCIA. Com isso, o Brasil trilha um importante lugar no planeta, o de mercador da luz, o de promotor da paz, o de provedor de harmonia e o camelô que ostenta respeito entre culturas, povos e religiões. O Brasil tenta, e que consiga efetivamente levar paz a todos os cantos do planeta. Hoje, no Irã, amanhã no Oriente Médio e desde já na América Latina.
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*Jornalista e advogado
exemplo da mistura brasileira. Sangue indígena, alemão, português, italiano e árabe.