domingo, 31 de janeiro de 2010

São Paulo 456 anos apresentações folclóricas e exposição de arte

No Centro Cultural Árabe-Sírio - Até 19/02


O Instituto Século e Arte em parceria com o Centro Cultural Árabe-Sírio no Brasil comemoram os 456 de São Paulo num evento histórico em homenagem à cidade. A abertura será realizada no dia 26 de janeiro, às 19h30, com apresentações folclóricas do Brasil e da Síria. Haverá ainda a mostra de artes plásticas "São Paulo, meu presente, minha inspiração!", com obras provenientes dos dois países. A exposição poderá ser vista do dia 26/01/2010 a 19/02/2010, das 9h30 às 18h.

Serviço:
Convites pelo telefone: 3853-2385 ou pelo e-mail: seculoearte@seculoearte.art.br

sábado, 30 de janeiro de 2010

MARINHA RUSSA DENUNCIA: EUA PROVOCAM TERREMOTOS

Uma matéria chocante e assustadora. O jornal russo Pravda, que herda o nome do jornalão da época dos comunistas soviéticos, citando como fonte autoridades da Marinha Russa da Frota Naval do Mar do Norte, denuncia que os Estados Unidos da América foram os causadores do terremoto no Haiti, e mais, dizem que os estadunidenses detêm armas com tecnologia específica para causar terremotos.

Trata-se de uma denúncia das forças armadas de um país estrangeiro. Afinal, qual o verdadeiro motivo desse suposto experimento? Enfraquecer politicamente o Brasil? Praticar testes para futuramente provocar grandes abalos sísmicos no Irã e com isso criar um caos e invadi-lo militarmente? Essa última colocação é tratada na matéria do jornal.

Veja abaixo parte da matéria publicada pelo ex-jornal oficial dos soviéticos  (ou clique aqui para ler na íntegra).

"A Frota Russa do Norte indica que o sismo que devastou o Haiti foi, claramente, resultado de um teste da Marinha norteamericana através de uma de suas armas de terremotos e que elaborou um diagrama de sucessão linear em relação aos terremotos denunciados que casualmente se produziram à mesma profundidade na Venezuela e em Honduras.
A Frota do Norte tem monitorado os movimentos e atividades navais dos EUA no Caribe desde 2008 quando os norteamericanos anunciaram sua intenção de restabelecer a IV Frota, que foi desmobilizada em 1950, e ao que a Rússia respondeu, um ano mais tarde, com a Frota comandada pelo cruzador nuclear “Pedro, o Grande” começando seus primeiros exercícios nesta região desde o fim da Guerra Fria.
Desde o final da década de 70 do passado século, os EUA “avançaram muito” o estado das suas armas de terremotos e, segundo estes relatórios, agora empregam dispositivos que usam uma tecnologia de Pulso, Plasma e Sônico Eletromagnético Tesla junto com “bombas de ondas de choque”.
O relatório compara também as experiências de duas destas armas de terremotos da Marinha dos EUA na semana passada, quando o teste no Pacifico causou um sismo de magnitude 6,5 atingindo a área ao redor da cidade de Eureka, na Califórnia, sem causar mortes. Mas o teste no Caribe já causou a morte de, pelo menos, 140 mil inocentes.
Segundo o relatório, é “mais do que provável” que a Marinha dos EUA teve “conhecimento total” do catastrófico dano que este teste de terremoto poderia ter potencialmente sobre o Haiti e que tinha pré-posicionado o seu Comandante Delegado do Comando Sul, General P.K. Keen, na ilha para supervisionar os trabalhos de ajuda se fossem necessários.
Quanto ao resultado final dos testes destas armas, o relatório adverte que existe o plano dos EUA da destruição do Irã através de uma série de terremotos concebidos para derrubar o seu atual regime islâmico. Segundo o relatório, o sistema experimentado pelos EUA (Projeto HAARP) permitiria também criar anomalias no clima para provocar inundações, secas e furacões.
De acordo com outro relatório coincidente, existem dados que permitem estabelecer que o terremoto de Sichuan, na China, em 12 de maio de 2008, de magnitude 7,8 na escala Richter, foi criado também pela radiofrequência do HAARP. Ao existir uma correlação entre a atividade sísmica e a ionosfera, através do controle da Radiofrequência induzida por Hipocampos, nos marcos do HAARP, conclui-se que:
1- Os terremotos em que a profundidade é linearmente idêntica na mesma falha, se produzem por projeção linear de frequências induzidas.
2.- A configuração de satélites permite gerar projeções concentradas de freqüências em pontos determinados (Hipocampos).
3.- Elaborou-se um diagrama de sucessão linear dos terremotos denunciados em que casualmente todos se produziram à mesma profundidade.
- Venezuela, em 8 de janeiro de 2010. Profundidade: 10 km.
- Honduras, em 11 de janeiro de 2010. Profundidade: 10 km.
- Haiti, em 12 de janeiro de 2010. Profundidade: 10 km.
O restante das réplicas ocorreu em profundidades próximas dos 10 km". (...)
"A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), já operava no Haiti antes do sismo. O presidente Obama foi informado do terremoto às 17h52 de 12 de janeiro e solicitou ao seu pessoal que se a assegurassem de que os funcionários da Embaixada estivessem a salvo e que começassem os preparativos para proporcionar a ajuda humanitária que fosse necessária.
De acordo com o relatório russo, o Departamento de Estado, USAID e o Comando Sul dos EUA começaram seu trabalho de “invasão humanitária” ao enviar pelo menos 10.000 soldados e mercenários, para controlar, no lugar da ONU, o território haitiano após o devastador “terremoto experimental'".

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O BRASIL E AS SAPATADAS, CHINELADAS E SANDALIADAS


Olha, está virando moda atirar sapatos em presidentes ou em grandes autoridades ou personalidades.

Em pensar que tudo começou no Iraque, quando um jornalista iraquiano atirou um sapato aos gritos contra o ex-presidente George W. Bush (Bush Filho) - para a cultura árabe, atirar o sapato, considerando-se a sua sola e a proximidade com o chão, é por demais ofensiva. Depois, o presidente sudanês foi vítima e até o próprio jornalista que fez com que essa ofensa típica dos árabes se tornasse mundialmente conhecida foi alvo da fúria de outro compatriota.

O último objeto de mira foi a juíza da suprema corte israelense. Calma, o atirador não tinha origem palestina nem era muçulmano. Era um judeu-israelense. O nome? Pinchas Cohen, um homem de 52 anos (leia a matéria no ig clicando aqui). É a globalização da sapatada!
Mas, pensemos mais longe. Imagine o trabalho de tirar o sapato do pé e arremessar em alguém. Leva ao menos uns 5 segundos. Agora, imagine se o Brasil utilizasse esse argumento para exportar as sandálias mundialmente conhecidas como havaianas? Tirá-las do pé e arremessá-las seria muito mais fácil e bem mais rápido, tomaria cerca de 2 ou 3 segundos, o que permitiria furar bloqueios de segurança com maior facilidade. Além disso, mulheres e crianças também poderiam se manifestar e ser pé, opa, digo, voz ativa.

Mas pensando nas consequências, o melhor é realmente usar essas sandálias, já que o plástico flexível com a qual são feitas não causaria tantos estragos físicos. É, mas deixariam marcas, hematomas da espécie causada por bofetes, mas com consequências bem menos graves que os duros sapatos masculinos ou femininos.

E por mais publicitário que pareça ser, essa atitude ainda nos traria a recordação da infância. Sim, seria um gesto que lembraria muito o jeito nada carinhoso que alguns pais à antiga utilizavam para ameaçar os filhos não tão educados - com chineladas. Dizem que nada vende tanto quanto aquilo que nos lembra a infância...
E não seria um bom argumento para exportarmos esses sapatos, digo chinelos, opa, sandálias?

E com essa exportação o Brasil ainda poderia ganhar uma melhor imagem com as organizações não governamentais e os militantes políticos mais contestadores, o que influenciaria, e de certo modo até facilitaria, na obtenção de numa cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
E para fecharmos essa proposta com chave de ouro, ainda poderiamos ter a rainha Gisele-mamãe como garota-propaganda!

Tudo perfeito. Sapato, opa, chinelo, opa, sandália neles, Brasil!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Israel anuncia construção de barreira na fronteira com o Egito

Jim Hollander/EFE (10/01/2009) OPERA
Um grupo de etíopes pede em frente ao gabinete de Netanyahu, em Jerusalém, para que seja a permitida a entrada de seus parentes em Israel



“Não podemos permitir que milhares de trabalhadores ilegais entrem em Israel pela fronteira do sul e inundem nosso país como aliens”. Com essa declaração, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, justificou hoje (11) a construção de um muro para barrar a entrada de imigrantes na fronteira com o Egito. Segundo o primeiro-ministro, o país continuará aberto para receber refugiados.

Israel ergue atualmente uma polêmica barreira na Cisjordânia. Uma pequena parte (cerca de 20%) coincide com a antiga Linha Verde, fronteira definida em 1948; os 80% restantes situam-se em terras palestinas. Em 2004, a Corte Internacional de Justiça de Haia determinou que o muro é ilegal e deve ser removido.

Ao anunciar o projeto em coletiva de imprensa, Netanyahu disse que a construção vai bloquear as principais rotas de infiltração ao longo dos 266 km de fronteira - a cidade de Eilat, no Mar Vermelho, e as proximidades da Faixa de Gaza. O projeto custará 270 milhões de dólares e levará dois anos para ser concluído.

Israel hoje representa um destino cada vez mais tradicional de africanos oriundos de países pobres e/ou que estão sob guerra. A polícia israelense afirma que entre 100 e 200 africanos entram ilegalmente no país pelo Egito a cada semana. Muitos deles são etíopes, seguidores do judaísmo.


“Como um israelense, eu protesto contra o bloqueio de Israel. Se eu fosse egípcio, eu protestaria contra o bloqueio do Egito. Como um cidadão desse planeta, eu protesto contra ambos”, declarou Uri Avinery, ativista e fundador da organização de paz Gush Shalom, em artigo.


Muro egípcio

Apesar de não terem sido oficialmente informados, representantes das forças de segurança do Egito disseram que não se opõem ao projeto se a barreira for construída em solo palestino.

Em novembro de 2009, o Egito iniciou a construção de um muro subterrâneo que impede o tráfego de pessoas, armas e mercadorias em direção à Gaza. A obra, apelidada de “Muro da Morte”, é feita com vigas de metal com 18 metros de profundidade e que ocupam 14 quilômetros na fronteira e impedirão que habitantes da Faixa de Gaza recebam até mesmo macarrão e materiais escolares. Para Avinery, a ação está relacionada ao fato de os Estados Unidos direcionarem anualmente dois bilhões de dólares ao governo do Egito.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Doha é a Capital da Cultura Árabe de 2010

foto Ministério das Relações Exteriores


A cidade do Catar prepara uma série de atividades, como festivais de dança, música, óperas e exposições. A programação, que vai durar o ano todo, começa no próximo dia 28.

Da redação

Mais de 50 festivais e exposições culturais vão ocorrer ao longo do ano em Doha, no Catar, que foi escolhida a Capital da Cultura Árabe em 2010. Todos os anos, uma capital árabe é escolhida para promover sua cultura e, este ano, é a vez do Catar. O início dos eventos será dia 28 no hotel Sheraton, com a ópera “Bait Al Hikma” (Casa da Sabedoria).

O ministro da Cultura do Catar, Hamad bin Abdulaziz Al Kuwari, anunciou na semana passada os principais eventos que devem ocorrer no primeiro semestre. “O tema da cerimônia de abertura será a cultura islâmica. O musical Bait Al Hikma remete ao apogeu da civilização árabe-islâmica”, disse o ministro. Ele afirmou também que a peça faz uma retrospectiva da história da música árabe e islâmica, e que o objetivo é prestar uma homenagem ao Catar e à cultura árabe.

As atividades que serão realizadas no primeiro trimestre deverão coincidir com a 20ª Feira de Livros de Doha, que está em andamento no centro de exposições da cidade, com o objetivo de criar uma ligação entre o evento e a civilização árabe-islâmica.

A capital também vai sediar as peças de teatro “'The Pearl between Dasha and Gaffal” e “The Black Century”, inspirada na obra “The Arabian Nights” e escrita pelo dramaturgo do Catar, Hamad Al Rumaihi. Outra ópera que será apresentada é “Abu Al Qasim Al Shabi”, nome de um famoso poeta árabe.

Além de teatro e peças musicais, Doha vai apresentar uma exposição de mais de 500 pérolas, que será realizada no Museu de Arte Islâmica, com início no dia 29. Entre as pérolas vai estar uma de 6 quilos, considerada uma das maiores do mundo. Pinturas, caligrafias e arquitetura também serão temas de exposições na cidade.

Os grupos musicais vão contar com cantores de outros países, como Japão, Polônia, Síria, Tunísia e Marrocos, além do próprio Catar. Para aqueles que buscam saber mais sobre a cultura árabe e sua herança no mundo globalizado, vão ocorrer seminários, que vão abordar três temas: questão da herança cultural árabe, fronteiras de identidade e perspectivas da globalização, posição das faculdades de letras com relação ao discurso da língua árabe na mídia; e futuro da ciência no mundo árabe.

Os eventos em Doha também querem atrair crianças e jovens, com jogos tradicionais, oficinas, festivais, competições esportivas e fóruns. Haverá também uma conferência sobre o meio ambiente marinho e um espetáculo aquático.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PONTE AUDIOVISUAL

de Ana Maria Barbour

Cassio Sader vive em Brasília há dez anos e entre suas atividades está a de diretor de cinema. Neto de libaneses por parte de pai, ele tem um interesse bastante focado em iniciativas solidárias, culturais e artísticas. Atualmente está em busca de parceiros para realizar uma ponte audiovisual Brasil-Líbano. Segundo Cássio, a cultura árabe sucedeu os prussianos, os alemães, os japoneses e os russos como personificação do mal na principal indústria mundial: a americana. “Os europeus, em um momento xenófobo, se recusam a olhar sinceramente para o Oriente, para África, para tudo que ameace a sua ‘pureza’ e também oferecem uma visão deformada. Resta apenas o próprio cinema do oriente médio, que infelizmente pouco nos chega. Assim, também está nos meus planos da ponte audiovisual a via da exibição mútua da cinematografia de lá e de cá”, conta.
Cassio atua ainda na área da comunicação, realizando produções publicitárias, institucionais e educativas (TV Escola). Neste momento o seu trabalho que ele considera de maior destaque é o vídeo "We are all palestinians – FREE Jamal Juma' NOW", que pode ser assistido em http://www.youtube.com/watch?v=tmWAJ1xtyso . As imagens do vídeo foram captadas durante o Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Belém, com a intenção de produzir um filme em solidariedade ao povo Palestino, cuja situação encontrava-se especialmente séria e dolorosa naquele período em função de ataques israelenses. Entretanto, o material gravado ficou adormecido. Nele, estavam depoimentos de diversos palestinos, entre eles Jamal Juma – coordenador do movimento pacífico Stop the Wall que luta pela interrupção da construção do muro que divide a Palestina – preso em dezembro último arbitrariamente pelo exército de Israel. Com a notícia da prisão, uma rede de solidariedade se formou e Cassio Sader terminou o vídeo. No dia 13 de janeiro de 2010, Jamal foi finalmente solto.

Os trabalhos de Cassio podem ser conferidos em
http://www.youtube.com/cassiosader
http://www.youtube.com/watch?v=tmWAJ1xtyso

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DIA DA CIDADE DE SÃO PAULO

Hoje São Paulo faz aniversário. A cidade comemora 456 anos, pouco mais de quatro séculos e meio. É uma cidade nova, se comparada às européias e asiáticas, incluindo aí as do oriente médio. A cidade mais antiga do mundo, habitada ininterruptamente, é a capital da Síria, Damasco, com cerca de 7 mil anos de história.

Veja o vídeo (clique aqui) em homenagem a esta metrópole da garoa e que abriga mais nordestinos que qualquer metrópole do nordeste, que recebeu portugueses, espanhóis, italianos, alemães, ingleses, franceses, poloneses, russos, sírios, libaneses, marroquinos, japoneses, chineses, coreanos, angolanos, bolivianos, peruanos e tantos outros de porta aberta. São Paulo, uma cidade tão querida e que ajuda o Brasil a se tornar importante no cenário econômico e geopolítico da atualidade.

Mas vou fazer uma confissão: como corinthiano, gostaria de que a cidade de São Paulo (e o estado também) chamasse São Paulo do Corinthians... Será que os são-paulinos gostariam?

domingo, 24 de janeiro de 2010

O bicentenário que não teremos

por EMIR SADER
Agência CARTA MAIOR
2010 comemora o bicentenário das revoluções de independência na América Latina, que permitiram, em uma impressionante sucessão de movimentos, que a quase totalidade dos países do continente expulsasse os colonizadores ibéricos e decretasse sua independência política. Esses movimentos começaram em 1810 e se estenderam até 1822 – data do fim da colônia no Brasil -, só não conseguindo se estender a Cuba e Porto Rico que, não conseguindo conquistar sua independência no começo do século XIX, tiveram que enfrentar já não mais a combalida Espanha, mas ao já nascente império norteamericano, ficando amputados em sua independência, submetidos à condição de neocolônias dos EUA.



De tal forma foram importantes as revoluções de independência, que Cuba se tornou um país socialista, Porto Rico, quase uma estrela mais na bandeira dos EUA e o Brasil, o país mais desigual do continente mais desigual do mundo.



Os outros países – a maioria – protagonizaram revoluções de independência, que expulsaram os espanhóis, caracterizando o período colonial que se terminava, como uma invasão e saqueio dos nossos países, além do massacre dos povos indígenas e da escravidão. Essas revoluções foram feitas em coordenação por vários exércitos, liderados pelos próceres da independência de vários deles, entre outros Bolívar, San Martin, O´Higgins, Artigas, Sucre, que constituiram uma força latinoamericana contra o inimigo comum: o Exército espanhol. Ficava caracterizado assim que todos haviam sido explorados por um mesmo inimigo e que lutavam juntos contra ele. Por outro lado, no mesmo momento da independência, se instalavam repúblicas e se terminava com a escravidão. São essas revoluções de independência que são comemorados a partir deste ano em quase toda América Latina.



Essas independência foram possíveis também pela influência das revoluções americana e francesa, assim como enfraquecimento da coroa espanhola, pela invasão napoleônica, a que resistiram, mas terminaram derrotadas. Ao contrário, a coroa portuguesa não resistiu, entregou Portugal às tropas napoleônicas, e fugiu para o Brasil.



Chegando aqui, aparentemente tomou medidas liberais. Porém se não abrisse os portos “às nações amigas”, ficaria totalmente isolada do mundo, porque Portugal estava invadido. Além disso, brecou a possibilidade de que tivéssemos uma guerra de independência, expulsando a coroa portuguesa do Brasil, ao promover o primeiro grande pacto de elite da nossa história, ao colocar a coroa na cabeça do seu filho. Assim, ao invés de passarmos de colônia a república, passamos a monarquia, vinculada estreitamente à coroa portuguesa. Isto, mediante uma frase altamente ofensiva para nós, mas que repetimos tanto nas escolas: “Meu filho, ponha a coroa em tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça.” Os aventureiros éramos nós, brasileiros, fazia para que não surgisse um novo Tiradentes ou lideres como Boliviar, San Marti, Artigas, Sucre.



Pior ainda, não se terminou a escravidão, fazendo com fôssemos o país que mais tarde terminou com isso, deixando marcas muito mais profundas na nossa história. Durante quatro séculos trabalho foi atividade de “negros”, considerados raça inferior e tratados como escravos.



Nas décadas transcorridas entre o começo e o fim do século, foi promulgada a Lei de Terras, que legalizou a posse de todas as terras griladas pelos latifundiários. Assim, quando passaram a ser homens “livres”, os negros já não tinham possibilidade de acesso à terra. O negro se consolidou automaticamente como pobre. A questão colonial se desdobrou na questão negra e esta na questão fundiária, com a consolidação do poder dos grandes proprietários rurais, que tanto condicionou a formação da sociedade brasileira contemporânea, incluindo o poder do latifúndio e suas conseqüências, como a da não realização da reforma agrária, o êxodo para as cidades e a criação de grande quantidade de mega-metropolis urbanas, enquanto não produzimos os alimentos que necessitamos para a autosuficiencia alimentícia.



Em 2022 comemoraremos o bicentenário de um pacto de elite, que nos impediu de termos expulsado os colonizadores, terminado com a escravidão e passado de colônia a república.

sábado, 23 de janeiro de 2010

FIM DA IMPUNIDADE

O jornal espanhol EL PAIS, um dos melhores do planeta, com cobertura imparcial e profunda, aborda a questão da impunidade na Argentina. É de deixar o queixo caído. Lá torturadores são processados e presos, leis equivocadas de anistia são declaradas inconstitucionais e presidentes são colocados no xadrez. Enquanto isso, no Brasil, meros "planos" de direitos humanos são considerados "verdadeiros atentados à ordem democrática". Que país é esse, Brasil? E quer ser potência, aonde?
Clique aqui e saiba mais sobre o fim da impunidade... na Argentina.
 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SÃO PEDRO MANDOU SÃO PAULO PARAR

São Paulo sofreu com as chuvas; enchentes; falta de luz; apagão das provedoras de acesso à internet; prejuízo nos lares mais chiques, nos lares das favelas e no comércio.

São Paulo parou!

Não havia mais feira nem circulação de nada. Não havia jornais impressos, nada. Não havia mais perua para a entrega de jornais e revistas. Nem os motoboys circulavam entregando os produtos comprados anteriormente ou as pizzas delivery. Não havia atendente de telemarketing para vender. O veículos não transitavam, mas estacionavam nas avenidas e ruas da cidade. A água tomava conta de outras ruas e avenidas, de estações de metrô e de trem e de bairros inteiros. Nem ônibus e caminhões conseguiam circular. A autoridade máxima do município, o prefeito, não conseguia sair do seu gabinete. E São Paulo estava parada.

Para enfrentar todo esse caos vai aí uma receita simples: leve uma lanterna com pilhas ou duas velas e uma caixa de fósforo, mas não se esqueça de carregar quantos livros puder ler. Ponha tudo numa mochila e delicie-se, seja no trabalho às escuras, em casa, na inamobilidade das ruas, onde quiser.

Enquanto São Paulo descansa, a população delicia-se com a leitura e o ócio.

Talvez São Pedro, aquele que segundo o ditado popular comanda as chuvas, não se contraponha à velocidade e ritmos de produção impostos pela globalização, mas simplesmente creia que chegou a hora dos brasileiros, em especial os paulistas, começarem a aproveitar o ócio para ler.

Um Santo mandou em outro. São Pedro cansou-se da poluição ambiental causada por São Paulo e optou por vingar-se com pequenos dilúvios. São Paulo, cansada de tanta água enviada por São Pedro, optou por parar, descansar, refrescar-se e aproveitar o ócio... E a globalização economica estancou-se, mas as pequenas atividades culturais expandiram-se, propiciando mais cultura e lazer.

Imaginou se São Paulo não parasse por um ou dois dias, mas por meses? Quanta leitura? Quanta cultura?

O mundo, assim, seria outro? Que tal?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Preencher os espaços vazios

foto: Carta Capital


Ana Cristina Fernandes*

Regiões ricas são aquelas onde estão localizadas atividades econômicas modernas e dinâmicas e recursos humanos qualificados, onde a produtividade e a renda do trabalho são elevadas, onde existe infra-estrutura econômica (energia, transportes, telecomunicações etc.), mas também são aquelas onde existem cidades capazes de oferecer à economia e à sociedade regionais os serviços e bens necessários ao seu desenvolvimento. Regiões estagnadas são, em contrapartida, aquelas onde a renda e a produtividade são baixas, onde os setores econômicos predominantes são tradicionais e a mão de obra é pouco qualificada, e onde o fenômeno urbano é raro. Sendo assim, políticas regionais de desenvolvimento devem incluir o combate à raridade do urbano no país. Essas são algumas das conclusões a que chegou o estudo "Tipologia das Cidades Brasileiras”, elaborado em 2005 pela equipe do Observatório Pernambuco de Políticas Públicas para o Ministério das Cidades . Com o objetivo de subsidiar a construção da política urbana do Governo Lula, a iniciativa se somou a um conjunto de outros esforços de retomada do planejamento no Brasil, depois de quase duas décadas de políticas de curto prazo focadas no controle da inflação e da dívida externa. A idéia era identificar diferenças marcantes entre as então 5.507 sedes de municípios brasileiros de modo a se prever ações e instrumentos adequados para o desenvolvimento urbano e melhoria da vida dos cidadãos.




Na concepção da equipe, essa idéia significa necessariamente pensar o urbano na sua dimensão regional, isto é, compreender a cidade como um fator de distribuição de infra-estruturas, serviços públicos e oportunidades para a população no território, do que apenas focar na sua perspectiva intra-urbana. Ultrapassa-se assim a leitura mais tradicional e urgente da política urbana proposta historicamente no país voltada para as metrópoles e grandes cidades, onde se concentram excessivamente a população, os investimentos e os problemas urbanos. A tipologia deveria, assim, chamar a atenção também para as porções do território de ocupação mais recente e aqueles carentes de estruturas urbanas, leitura esta fundamentada no princípio de ampliação de oportunidades para parcelas mais amplas da população brasileira a partir do reconhecimento da diversidade do território e da sociedade.



Logo ficou evidente que tal perspectiva exigia a escolha de uma definição de cidade como ponto de partida para o estudo. E não custou encontrá-la: cidade ficou compreendida dali em diante como concentrações geográficas de excedente social, onde se articulam comércio e funções de mercado regional, centros de cultura e aprendizagem e a descoberta, produção e difusão de idéias e inovações, beneficiando-se de condições propiciadas por economias de escala e aglomeração; um modo de organização social que desempenha papel crucial para o produto nacional via prestação de serviços e distribuição de bens para a sociedade de um determinado espaço geográfico, maior que o seu – a região.



Falamos, assim, não de meras sedes de município, mas de lugares que oferecem as bases materiais essenciais ao processamento de atividades produtivas e de reprodução do trabalho na região que a cidade polariza, sem os quais se constituem gargalos consideráveis ao desenvolvimento regional. Sem cidade são desperdiçadas frações consideráveis do território, de riquezas naturais, de potencialidades econômicas e de talentos individuais que simplesmente não se realizam na ausência do fenômeno urbano. O frágil sistema urbano bloqueia a divisão de trabalho, a criação de trabalho novo e de renda, as oportunidades de desenvolvimento dos cidadãos e de sua capacidade de auto-determinação, o que reitera a estagnação regional e o ciclo vicioso do sub-desenvolvimento.



Sabendo que a essência do desenvolvimento no mundo contemporâneo está cada vez mais relacionada à capacidade de inovação das sociedades, essa noção de cidade destaca que a raridade do fenômeno urbano é uma barreira substancial à difusão da inovação nas regiões e, conseqüentemente, à redução de disparidades regionais. Não basta existir capital a ser atraído, nem infra-estrutura econômica, nem concentração populacional. É preciso infra-estrutura urbano-regional distribuída no território, em escalas e níveis de complexidade diferentes, correspondentes aos diferentes níveis da hierarquia urbana.



Mas sabemos também que a distribuição do fenômeno urbano no território é desigual, por força da própria natureza desigual da produção de riqueza no capitalismo. As cidades são concentrações geográficas porque o investimento ganha eficiência ao ser implementado de forma concentrada, em função de economias de escala e aglomeração. A capacidade de inovação, o investimento e a população mais qualificada vão se concentrar nas grandes cidades e metrópoles, ou nos pontos mais vantajosos do território para a maximização do lucro e do crescimento. Só que essa tendência ao desequilíbrio da rede urbana é tanto maior quanto menos desenvolvida forem a região e a cidade que a polariza. A rede urbana de regiões sub-desenvolvidas é acentuadamente desequilibrada, exageradamente concentrada no topo da hierarquia de cidades, carente de níveis hierárquicos intermediários (as chamadas “cidades médias”) e povoada de grande número de pequenos núcleos de população desprovidos dos serviços e funções mencionados.



O custo da raridade do fenômeno urbano é pago especialmente pelas populações das regiões mais isoladas obrigadas a percorrer grandes distâncias, muitas vezes de forma bastante penosa, para obter tais serviços, até mesmo para obter atendimento bancário, quanto mais serviço de saúde. Sendo assim, a excessiva concentração de população e investimentos em poucas cidades leva ao sofrimento de muitos cidadãos e ao desperdício de partes consideráveis do território e de indivíduos talentosos que não conseguem se desenvolver na ausência de infra-estruturas e políticas sociais básicas, especialmente de educação.



Agrava a situação o fato de que a urbanização concentrada é difícil de ser enfrentada, pois decorre de práticas e padrões culturais social e historicamente construídos que influenciam o comportamento dos indivíduos e exigem muito mais que a simples alocação eficiente de fatores. No Brasil, o sistema urbano nasce excessivamente concentrado ao longo do litoral, expressão da estrutura econômica colonial orientada para a fácil exploração, proteção e integração da colônia à metrópole portuguesa. Lentamente, e acompanhando o processo de integração do mercado nacional, este quadro foi se modificando, mas só no século XX, mais acentuadamente na década de 1970, é que se observam mudanças significativas que vão finalmente alterar a distribuição de riqueza e população no território. O centro de gravidade da economia nacional se consolida no sudeste, mas intensifica-se o processo de expansão da fronteira agrícola e mineral, com o incentivo do Estado, promovendo a interiorização da população e do investimento. A crise da dívida externa na década seguinte acentuava essa expansão, à medida que exportações de soja, carne e outras commodities agrícolas e minerais auxiliariam a redução do déficit comercial agravado pelos choques do petróleo.



Este movimento favoreceu a criação de novos e o crescimento de antigos núcleos urbanos no interior do país, propiciando alguma infra-estrutura para territórios distantes das áreas urbanas históricas, reduzindo a dependência pelas grandes metrópoles. Mas o processo de interiorização não foi acompanhado de medidas que assegurassem a expansão adequada da rede de cidades. A ação do Estado não contemplou o crescimento correspondente da oferta de serviços públicos nem das economias urbanas mencionadas, evidenciando-se a generalizada baixa qualidade da urbanização nas novas áreas dinâmicas do centro-oeste, da Amazônia e a melhoria dos núcleos urbanos do Nordeste.



Apesar então da complexidade e mesmo desconcentração observadas, em pleno século XXI, parcelas consideráveis do território ainda estão mal atendidas pela urbanização. As fronteiras pioneiras do país, para onde tem se dirigido intenso fluxo migratório nas últimas décadas, ainda carecem de cidades como pontos de apoio para o desenvolvimento dos indivíduos, para a exploração das oportunidades existentes no “novo” território, e para a elevação da produtividade. Áreas estagnadas de ocupação mais antiga, por sua vez, permanecem persistentemente à margem dos novos dinamismos, incapazes de realizar suas potencialidades, o que se expressa na perda de população de pequenas e médias cidades.



Defendemos, assim, que o dinamismo do território, por si só, não é capaz de alterar a fragilidade da rede urbana, cuja superação requer então mecanismos que exigem efetivas e persistentes políticas públicas. Política urbana deve ser entendida como crucial para o desenvolvimento do país: é necessário contrabalançar os efeitos negativos da concentração urbana excessiva por meio da ação indutora do Estado, particularmente na melhoria da oferta de serviços públicos e de oportunidades para autodeterminação dos membros de sociedades locais (educação, cultura, saúde, estruturas administrativas e bancárias, abastecimento de água e energia, por exemplo). É preciso combater a raridade do fenômeno urbano.



Mas a ação deve reconhecer a diversidade de situações que ocorrem no território, assinalando a cada situação um conjunto de ações específicas. Áreas sem integração ou isoladas não podem ser objeto dos mesmos instrumentos de política urbana aplicados a áreas de crescimento acelerado e integradas, mas sem urbano. A cidades de regiões estagnadas e de baixa acumulação de riqueza devem ser dirigidos investimentos distintos daqueles a serem aplicados em cidades médias onde a “crise” urbana das grandes cidades já se reproduz; para as grandes metrópoles, a ação vai privilegiar a extremada concentração de população e riqueza, o desequilíbrio ambiental, as demandas de reprodução do trabalho historicamente reprimidas e as disparidades sociais, os conflitos e as carências que adquiriram grandes proporções, e exigem atenção especial. A política urbano-regional precisa, portanto, enfrentar tanto a concentração, como o urbano não metropolitano, inclusive aquele mais isolado ou rural, onde a base econômica é essencialmente agrícola ou agroindustrial, e aquele onde se manifestam oportunidades de desenvolvimento travadas pela falta de urbanização.



A tipologia de cidades haveria então de se fundamentar na necessidade de diálogo entre as duas abordagens: uma que parte dos territórios enfatizando a diversidade do território nacional e das densidades econômicas que os caracterizam, mensurados através do estoque de riquezas acumuladas e da dinâmica da criação de novas riquezas; e outra que parte da análise da rede de cidades e de sua capacidade de estruturar o território em regiões polarizadas. Passando-se aos procedimentos metodológicos, decidiu-se utilizar a tipologia de regiões proposta em 2003 pelo Ministério da Integração Nacional na Política Nacional de Desenvolvimento Regional, elaborada sob a coordenação da Profa. Tania Bacelar, quando esteve à frente da Secretaria de Desenvolvimento Regional daquele ministério.



A PNDR propunha a identificação de quatro tipos de microrregiões resultantes da combinação da variação do produto e da riqueza acumulada (medida pelo total do rendimento per capita): microrregiões de alta renda, dinâmicas, de renda baixa e estagnadas. Apesar das limitações da metodologia da PNDR, a leitura do mapa da tipologia de microrregiões mostra, de partida, que os tipos estão agrupados em sub-regiões, sendo que as sub-regiões estagnadas estão todas na metade superior do território brasileiro, enquanto as sub-regiões de alta renda estão preponderantemente na metade inferior. Essa leitura demonstra que ainda hoje persiste a clivagem que historicamente divide o norte-nordeste do centro-sul do país e confirmou a escolha de análise fatorial para identificação de agrupamentos de municípios (por falta de estatística específica apenas para os núcleos urbanos), segundo os tipos de microrregião da PNDR. Por outro lado, o mapa mostra também que as sub-regiões dinâmicas e estagnadas encontram-se mais distribuídas, enquanto as sub-regiões formadas por microrregiões dinâmicas, que expressam importantes transformações econômicas contemporâneas, encontram-se especialmente em áreas de expansão do agronegócio nos cerrados do oeste do Nordeste e na Amazônia oriental e meridional.



A análise fatorial que levaria ao agrupamento de municípios, do qual se originaria a tipologia, deveria incluir um conjunto de variáveis que permitisse a identificação de propriedades relevantes para a política tais como desigualdade social (índice de Gini), características inerentes à posição geográfica da cidade (empregados em atividades rurais), tamanho funcional (posição hierárquica na rede urbana), características internas à socioeconomia da cidade (total de depósitos bancários à vista) e tamanho populacional. Este último, bastante utilizado em estudos de rede urbana, era assim contemplado e atendia à previsão do Estatuto das Cidades que prevê a obrigatoriedade de plano diretor para municípios acima de 20 mil habitantes, e o reconhecimento de que são relativamente poucos os municípios acima de 100 mil situados fora do eixo litorâneo. As faixas adotadas foram então: municípios acima de 100 mil habitantes (224 dos 5.506 existentes em 2005), municípios entre 20 mil e 100 mil (1.265) e municípios abaixo de 20 mil habitantes (4.017 municípios). Adicionalmente, contemplando a compreensão de que os municípios integrantes de aglomerações metropolitanas e não-metropolitanas (28 aglomerações ao todo) fazem parte de um mesmo conjunto que não deve ser dissociado para efeito da política urbana, foi reajustada a distribuição de municípios por faixa populacional (a faixa acima de 100 mil passou a incluir 575 municípios). Finalmente, efetuou-se a análise multivariada reunindo-se todos os municípios acima de 100 mil em um único conjunto. As demais faixas, mais numerosas, foram analisadas por tipo regional. Após ajustes nos agrupamentos gerados pela análise fatorial, chegamos a 4 tipos de municípios na faixa acima de 100 mil habitantes, 9 tipos na faixa intermediária e 6 tipos na faixa de municípios até 20 mil habitantes.



Plotados os 4 tipos de municípios acima de 100 mil habitantes no mapa, logo se evidenciou a clivagem norte-sul: todos correspondem a aglomerações e centros regionais, mas os tipos 1 e 3 concentram-se em microrregiões de renda alta ou média no centro-sul e os tipos 2 e 4 em microrregiões de renda baixa ou estagnadas no norte-nordeste. A clivagem destaca-se ainda mais no mapa resultante da plotagem dos tipos intermediários 5 e 6 localizados nas microrregiões de alta renda (MR 1): estão todos localizados no centro-sul, particularmente no estado de São Paulo, e acompanham o eixo de interiorização mais dinâmico do agronegócio que integra este estado ao vizinho Mato Grosso e chega até Rondônia, mas já ultrapassando Goiás e alcançando Tocantins. Porém, a desigualdade social vem crescendo significativamente nestes tipos de município, enquanto não existem municípios médios de alta renda na metade norte do território nacional.

Em contrapartida, os municípios tipos 12 e 13 (localizados em microrregiões de baixa renda ou MR 4) estão todos no norte-nordeste e têm a maior parte da população ocupada em atividades rurais, sendo que os últimos são relativamente mais isolados e concentram-se na Amazônia ocidental. Os 6 últimos tipos (14 a 19) que tratam dos municípios com menos de 20 mil habitantes mostraram um elevado grau de heterogeneidade. Para os autores do estudo, como destaca Jan Bitoun, “ficou claro que os tipos sub-regionais da PNDR não permitiam caracterizar plenamente essas pequenas cidades, cujos perfis podem estar muito distintos do perfil microrregional, fortemente influenciado pelos municípios maiores”. A tipologia proposta deveria ser considerada um esforço preliminar que precisaria de caracterizações mais detalhadas a ser feitas com a ajuda dos “territórios rurais” propostos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Nestes casos, de qualquer forma, já dá para se afirmar que as intervenções diretas seriam muito mais por parte de ministérios voltados para o desenvolvimento social e para a promoção de infra-estruturas regionais do que do Ministério das Cidades.



Em síntese, pode-se dizer que, se de um lado há ainda muito o que se investigar para aperfeiçoar a tipologia de cidades proposta, o que inclui reduzir o número de tipos, eventualmente, por outro lado, pode-se dizer que muito avançou a visão da diversidade e heterogeneidade das cidades brasileiras no contexto das regiões que polarizam. Apesar de terem sido vistas por meio de informações agregadas dos municípios como um todo, ultrapassou-se os tradicionais limites do recorte populacional e da hierarquia urbana. Com isso, ficaram evidentes as distinções que separam centros urbanos considerados semelhantes em termos de hierarquia urbana e tamanho populacional (como Recife e Curitiba, por exemplo), em vista das características distintas das regiões em que estão inseridas (economias de densidade e dinamismo econômicos diferentes), em que pese o fato de que seja comum a ambas os problemas intra-urbanos que afetam as grandes metrópoles brasileiras. Ao mesmo tempo foi destacado o isolamento de partes importantes do território, cujo desenvolvimento está travado pela falta de cidades, assim como o crescimento da desigualdade nos tipos de cidade situados em áreas dinâmicas de ocupação recente. De modo geral, o conjunto de ações a serem propostas para cada tipo de cidades ganhou mais clareza, ao se evidenciar a importância do envolvimento não apenas do Ministério das Cidades, mas diversos outros setores da administração federal.



*Pesquisadora do Observatório de Políticas Públicas, Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

BRASIL E OS DIREITOS HUMANOS

O Brasil é um país que normalmente tem um posicionamento correto em questões políticas externas, o que o tornou, até agora, respeitado internacionalmente. Internamente, porém, a história é outra. É a terra das injustiças.

Fomos um dos últimos países de todo o mundo a abolir a escravatura.

Faz menos de um século que permitimos que as mulheres pudessem votar.

Temos uma grande população de analfabetos, miseráveis e moradores de rua, e a nossa mídia, os nossos governantes e o povo, inclusive, só pensam no crescimento econômico.

O nosso Poder Judiciário, infelizmente, não recebe muitas demandas da população mais carente e com direitos violados, porque as defensorias não têm condições de propor tantas ações quantas seriam cabíveis em prol das diversas comunidades. E cremos que vivemos numa democracia que propicia o exercício da cidadania.

Durante a segunda metade do século passado inauguramos a ditadura militar pactuada com civis, através de golpe, e propiciamos que outros países da América Latina fizessem o mesmo. Que mau exemplo!

Nessa época lamentável, aprendemos técnicas de tortura com franceses e estadunidenses e repassamos esse conhecimento às outras ditaduras vizinhas. Que péssimo exemplo. Que vergonha!

Nessa época, o Brasil, através de civis e militares instituiu o terrorismo de Estado, executando, torturando e fazendo desaparecer milhares de pessoas. Não fomos uma ditadura branda. E ainda ensinamos os vizinhos a como dar o golpe contra o Estado de Direito e a praticar tortura contra os próprios cidadãos nacionais. Barbárie? Pois é, e querem(os) fazer de conta que isso não importa mais.

Foi durante a operação Condor, na década de 70, que morreram Jango, Juscelino e Lacerda. Os dois primeiros foram presidentes e o terceiro havia sido governador que apoiou o golpe de Estado de 1964. Eram políticos influentes que poderiam candidatar-se à presidência. Coincidentemente, menos de 3 anos após as mortes era instituída a Anistia através de lei aprovada em um congresso não legitimado, pois muitos senadores eram biônicos, não eleitos e sim indicados pelo governo federal.

O jornal El Pais já tratou da ditadura brasileira e disse que o número de torturados foi superior a 20 mil. Isso é "ditadura branda"? Nenhuma ditadura pode ser branda, pois o próprio regime de exceção já indica que direitos civis e humanos serão "naturalmente" desprezados. E no Brasil foram vilipendiados. Muitos foram torturados, assassinados e desaparecidos pelo sistema, por agentes estatais. Nem todos eram militares. Havia muitos civis envolvidos, fossem policiais, políticos, empresários ou outros simpatizantes. Há suspeita de assassinatos de ex-presidentes brasileiros, inclusive. E isso é brando? É admissível que a história contada nos bancos escolares não seja a real, a verdadeira? Devemos esclarecer os fatos. Omitir a realidade é permitir que a cidadania não seja exercida em sua plenitude. E o povo não pode consentir com isso, sob pena de continuar a abrir mão de prerrogativas próprias da cidadania.

Os crimes praticados não prescreveram e por enquanto podem não entrar para a história, mas as infelicidades que agora praticamos certamente entrarão para a história, como uma vergonha nacional.

De nada adianta querermos ser potência econômica se desprezamos a cidadania e os valores históricos e humanos do nosso povo. Que país é esse que admite que assassinatos de civis e de presidentes não possam ser devidamente esclarecidos? E ainda queremos continuar a ser respeitados lá fora? Com licença, Sr. Presidente, pense no que o governo Obama está conseguindo fazer com a nossa imagem geopolítica: vide Honduras e agora o Haiti. E ainda daremos oportunidade para a mídia internacional avacalhar com os nossos valores democráticos em razão de birra de um ou outro militar? Tivemos muitos militares heróicos, que resistiram ao golpe e foram expulsos, alguns torturados e outros assassinados. Tivemos militares heróicos que iniciaram movimentos de resistência tardia, como Caparaó. Temos militares honrados que não participaram do golpe nem praticaram tortura. Aqueles que praticavam e consentiam eram minoria, uma pequena minoria. E será essa minoria que mais uma vez permitirá que nos transformemos em republiqueta das bananas?

Os direitos humanos são valores mundiais, internacionalmente reconhecidos. Golpes contra o Estado de Direito e a Democracia não são aceitos pela comunidade internacional, o que inclusive levou o Brasil a tomar atitude forte e incisiva em Honduras. Torturas e assassinatos também são repudiados pelos países e pela ONU. E agora permitiremos o silêncio, até agora permanente, sobre os assassinatos, desaparecimentos e torturas praticados contra brasileiros, incluindo aí, provavelmente, dois ex-presidentes da República, um deles afastado irregularmente do cargo, por manobra política do presidente da Câmara dos Deputados da época?

Ou o Brasil passa a sua história a limpo ou nunca seremos devidamente respeitados lá fora. E ainda queremos ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Com qual moral? E ainda queremos ser respeitados e nos tornarmos geopoliticamente importantes, com qual moral?

Brasil, abra os olhos, os arquivos e crie coragem para descobrir a sua história, permitindo que os atuais e futuros brasileiros possam viver em um país melhor e mais digno. Não se trata de revanchismo nem se trata de culpar os militares, pois os culpados pelo golpe e excessos são o governo estadunidense, alguns civis, alguns militares e alguns empresários brasileiros. A verdade pode doer, mas é necessária. Não se trata de ruptura, mas de curar definitivamente as feridas.

Afinal, estamos ou não estamos sob a ordem de uma Democracia e de uma Constituição que repudia quaisquer atentados à cidadania, aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A DIREITA VOLTA AO CHILE

PÁGINA 12

foto: PÁGINA 12

La segunda vuelta marcó la vuelta de la derecha en Chile


El millonario Sebastián Piñera obtuvo el 51,87 por ciento de los votos y se convirtió en el nuevo jefe de Estado chileno. La derecha no ganaba una elección presidencial en el país desde 1958. El candidato de la Concertación, Eduardo Frei, recibió el 48,12 por ciento de los sufragios. Frei reconoció rápidamente la derrota, que pone fin a cuatro gobiernos consecutivos de la coalición de centroizquierda.

El candidato de la Coalición por el Cambio, el derechista Sebastián Piñera, se situó a la cabeza de las elecciones presidenciales chilenas, cuando se ha escrutado el 60,32 por ciento de los votos.

El aspirante opositor suma un 51,87 por ciento (2.132.783 votos), en tanto que el candidato de la Concertación, Eduardo Frei, reúne 48,12 por ciento (1.978.784 votos), anunció el subsecretario del Interior, Patricio Rosende.

Un total de 8.285.186 ciudadanos estaban llamados este domingo a sufragar en las 34.348 mesas de votación repartidas por todo el país, para elegir al sucesor de la socialista Michelle Bachelet, que entregará el poder el próximo 11 de marzo.

La derecha chilena vuelve a la Presidencia de la República por la vía democrática 52 años después del triunfo en 1958 de Jorge Alessandri.

Piñera puso fin así a cuatro mandatos consecutivos de la Concertación y se convirtió en el primer mandatario de la derecha desde el retorno de Chile a la democracia, en 1990, tras 17 años del régimen militar de Augusto Pinochet (1973-1990).

domingo, 17 de janeiro de 2010

São Paulo submersa, o enterro e as mãos molhadas

Uma amiga contou-me uma história hilariante que se passou em um momento triste, a morte de uma tia.
Ah, tadinha da tia! Já tinha 90 anos e era solteira. Não tinha filhos nem irmãos, apenas sobrinhos. E de todos os sobrinhos, apenas 3 resolveram ir ao enterro. E desses 3, apenas a minha amiga se dispôs a pagar as despesas. Pagou-as, deu carona aos outros sobrinhos e ia em direção ao cemitério, quando... Nossa, não acredito, disse a ela, quando me contou a história!... a cidade parou devido às chuvas. Tudo estava sob as águas, menos o carro dela e o caixão da tia. São Paulo estava submersa, menos ela, o seu carro, os dois sobrinhos da tia e essa, que estava no caixão. Até o motorista da funerária resolveu sair do carro e molhar os pés. Para quê eu não sei, nem ela sabia. Pensei que ele queria ter as mãos molhadas, mas não os pés. Sim, as mãos molhadas. Sabe o que ele mandou um amigo da funerária fazer? Ligar para a minha amiga e dizer o seguinte: - olha, as despesas não incluíram o trajeto, e como São Paulo está sofrendo com a enchente e os custos aumentaram, a senhora terá que pagar mais R$ 900,00... Novecentos reais? - gritou a minha amiga. Sim, disse a pessoa do outro lado da linha. Os outros sobrinhos olharam para ela e logo viraram os rostos, pois não queriam dividir nada com ela, a não ser a herança da tia. Teve um espaço de silêncio na história. Ela estava a pensar. E pensou. E concordou. Faria o depósito assim que retornasse do cemitério. Aliás, antes ela precisava chegar lá.

Assim que soube que a sua mão estava molhada, o motorista voltou ao carro, enxugou os pés, mas as mãos preferiu manter bem molhadas, e ligou a sirene. Sim, esses carros funerários carregam uma sirene. Qual a razão eu não sei, pois não há urgência, o morto não tem mais estresse. Pode ter tido, e muito, mas nesse momento não tem mais. Para que será a sirene, pensou a minha amiga... E a resposta veio logo em seguida. Ele conseguiu abrir caminho, jogou o carro nos rios de água que se formavam nas ruas, e ela foi atrás. Em 40 minutos, uma proeza para o trânsito de São Paulo, eles conseguiram chegar ao cemitério que não distava mais que 2 quilômetros da funerária. A tia foi enterrada, ela chorou, pagou um café aos outros dois sobrinhos da tia, se despediu do motorista, deixou os outros sobrinhos em casa e foi à funerária, onde pagou os R$ 900,00 a mais. E São Paulo continuava submersa... E o motorista e os outros funcionários e sócios da funerária molhavam as mãos... E São Paulo continuava submersa. E ela, após o banho, secou-se e deitou para tentar sonhar. E São Paulo continuava...

Cyro Saadeh

sábado, 16 de janeiro de 2010

“Ahmadinejad não ameaça atacar Israel”

Segundo o historiador Juan Cole, que fala persa, idioma da maioria dos iranianos, as declarações do presidente do país asiático são frequentemente manipuladas pela mídia ocidental


da Redação
BRASIL DE FATO

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, não prega e nunca pregou a destruição de Israel, ao contrário do que é amplamente difundido pela mídia ocidental. Quem “desmascara” tal versão há anos é o historiador estadunidense Juan Cole, professor da Universidade de Michigan e especialista no mundo islâmico. Além de árabe e urdu (língua falada oficialmente no Paquistão, Afeganistão e Índia), ele fala o persa, o principal idioma do Irã. E traduzindo o persa dos discursos e declarações de Ahmadinejad é que Cole percebeu a má tradução e interpretação feita pela imprensa do Ocidente.

Em entrevista por correio eletrônico ao Brasil de Fato, o historiador explica que, na verdade, o presidente iraniano afirma esperar que o “regime de ocupação” israelense entre em colapso, assim como ocorreu com a União Soviética. “Ele não ameaça atacar Israel, e diz que seria errado matar civis judeus”.

Segundo Cole, mais do que má traduções de suas declarações, o que a mídia ocidental frequentemente faz é manipular o significado de tais afirmações. Como exemplo, ele cita a questão das armas nucleares. Apesar de Ahmadinejad dizer que um arsenal deste tipo é “anti-islâmico”, por matar civis inocentes, a “a mídia ocidental o pinta como um ativo buscador de armas nucleares e como um instigador de guerras”.

Para o historiador, acima de qualquer suspeita por criticar duramente a gestão de Ahmadinejad na presidência do Irã e suas declarações sobre o Holocausto, “ a má tradução [de suas afirmações] é usada como propaganda pelos apoiadores da direita israelense, e eles são influentes o suficiente para manter isso em circulação na mídia”.

A mídia ocidental insiste em noticiar que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, defende a destruição de Israel. No entanto, o senhor diz que, na verdade, suas declarações sobre o assunto são má traduzidas. O que ele realmente diz em relação a esse tema?
Juan Cole – Na realidade, Ahmadinejad diz esperar que o que ele chama de “regime de ocupação” israelense colapse do mesmo modo que aconteceu com a União Soviética. Ele não ameaça atacar Israel, e diz que seria errado matar civis judeus.

Outro ponto polêmico é em relação a sua negação do Holocausto. Ele realmente o nega? O que ele diz sobre isso?
Ahmadinejad é um tipo de negador do Holocausto na medida em que ele subestima o número de judeus assassinados e diz que o assunto precisa de mais “estudos”. Essa posição é execrável. (Ele também declara, ridiculamente, que acadêmicos são proibidos de conduzirem tais estudos). Mas ele continua e diz que, mesmo que o Holocausto de fato tenha acontecido, certamente ele foi obra do governo alemão, e que, por isso, deveria ter sido concedida aos judeus a Bavaria ou alguma outra parte do território alemão, e não a terra natal dos palestinos.
O senhor já percebeu má traduções de outros discursos de Ahmadinejad?
Não acho que o Ahmadinejad seja sistematicamente mal traduzido, mas, frequentemente, o significado de suas declarações não é bem transmitido pela imprensa ocidental. Por exemplo, ele tem repetidamente negado que o Irã possui um programa de armas nucleares e nega que o Irã quer um dispositivo nuclear. Ele diz que tais armas matariam um alto número de civis inocentes e que, portanto, [essas armas] são anti-islâmicas. Mas a mídia ocidental o pinta como um ativo buscador de armas nucleares e como um instigador de guerras. Na realidade, ele não comanda as Forças Armadas iranianas e não poderia começar uma guerra se quisesse, e nem existe qualquer evidência de que queira.
Essas má traduções são erros ou intencionais?

Não acho que a má tradução de sua declaração de que ele esperava que o “regime” israelense colapsasse foi intencional, mas eu acho, sim, que a maneira com a qual os jornalistas se aferram a isso mesmo depois que eu e outros especialistas revelamos a verdade é um sinal de uma maléfica ideologia presente na indústria de notícias e entre políticos.
Como se explica o fato de que esse tipo de má tradução, que pode exercer uma grande influência na geopolítica mundial, é reproduzida por quase toda a mídia ocidental?
Eu acho que a má tradução é usada como propaganda pelos apoiadores da direita israelense, e eles são influentes o suficiente para manter isso em circulação na mídia.

Apesar da retórica polêmica de Ahmadinejad, o senhor acredita que ele e seu programa nuclear realmente representam uma ameaça para Israel?
O Irã não tem um programa de armas nucleares e, por isso, não pode ser uma ameaça para Israel. Para construir uma bomba, o Irã teria que expulsar os inspetores da ONU e aprender como enriquecer urânio a 95% (agora, o país só pode atingir cerca de 4%) sob as condições de um boicote internacional que se seguiria [à expulsão dos inspetores]. A CIA acha que, uma vez começado o programa, ele levaria dez anos para conseguir a bomba. Mas o serviço de inteligência avalia que o Irã, agora, não tem um programa de armas nucleares.
Qual sua opinião sobre Ahmadinejad e sua gestão como presidente do Irã?

Ahmadinejad é a face pública dos linhas-duras da política iraniana, que quer constranger liberdades pessoais. Nesse verão [inverno no hemisfério sul], eles atiraram em manifestantes desarmados e, agora, estão executando jovens dissidentes por crimes de pensamento. Como presidente, ele não é muito poderoso no interior do sistema iraniano, mas dá cobertura para a Guarda Revolucionária do Irã, que está se tornando uma ainda mais brutal ditadura militar.

Alguns especialistas acreditam que, nos últimos anos, a importância geopolítica do Irã no Oriente Médio e na Ásia Central vem aumentando, e que ela é garantida pelo apoio da China e da Rússia. O senhor concorda com isso? Essa seria uma das razões para o fato dos EUA não quererem sair do Afeganistão e tentarem aumentar sua influência também sobre o Paquistão?

O Irã emergiu como uma força geopolítica no Oriente Médio porque a gestão Bush removeu os baathistas [integrantes do Partido Baath, ao qual pertencia Saddam Hussein] no Iraque e o Taleban no Afeganistão, que continham o Irã revolucionário. Não acredito que o apoio da Rússia ao Irã seja muito confiável; o chinês, talvez mais. Não acredito que as movimentações dos EUA no Iraque e no Afeganistão tenham muita conexão com a disputa de Washington com o Irã, embora seja um fator secundário. Ironicamente, na realidade, o Irã e os EUA têm uma aliança tácita contra os extremistas muçulmanos sunitas nos dois países.

Como o senhor analisa a política da gestão Obama para a região?

Obama mudou o tom das relações estadunidenses com o mundo muçulmano, então, isso é mais positivo. Ele iniciou conversações diretas com o Irã, o que é melhor do que simplesmente ignorar Teerã exceto quando é para praguejar contra. Ele está buscando uma solução de dois Estados para Israel e a Palestina. Ele está dedicado a realizar uma retirada do Iraque quando for a hora. E ele começará a tirar as tropas do Afeganistão no verão [inverno] de 2011. No geral, é um admirável conjunto de políticas e pode ser muito bem sucedido para resolver crises e melhorar a reputação dos EUA na região.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

VENEZUELA PROVA TER SOFRIDO INVASÃO

A Venezuela comprovou na semana passada a invasão de seu território por um caça estadunidense. Segundo fontes venezuelanas, o fato teria ocorrido em maio de 2009, mas só foi revelado agora pela televisão estatal.

Na semana passada, mais um avião de guerra estadunidense, vindo da ilha Caribenha Holandesa de Curaçao, invadiu o espaço aéreo venezuelano e sobrevoou o território por mais de meia hora, até ser interceptado por dois caças F-16, po ordem do Presidente Chávez.
Com a repetição desses fatos, dessas invasões, o mandatário venezuelano insiste em afirmar um plano de ataque estadunidense através dos territórios de Colômbia, Aruba e Curaçao, que serviriam de plataformas.

Obama perde a oportunidade de fazer jus ao prêmio internacional pela paz e repete os mandos e desmandos imperialistas, ameaçando as nações que não se ajoelham frente ao "Tio Sam". Será mais um país rico em petróleo a ser dominado pelos Estados Unidos? O próximo será o Brasil, vizinho da Venezuela e com enormes poços que poderão torná-lo um dos maiores produtores de petróleo do mundo? Que venham logo os pouco mais de 30 aviões que o Brasil pretende comprar. Deveriam vir mais...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

QUEM CRIOU A CRIA?

No domingo passado saiu uma matéria no jornal Folha de S. Paulo com o seguinte título: "Al Qaeda é como McDonald's, diz analista". Não nego que o título me chamou a atenção e gerou uma imediata reprovação. Sempre duvidei da existência dessa organização criminosa. Pode haver células terroristas, sim. Elas realmente parecem existir e são as autoras únicas dos atentados que ainda são praticados no mundo afora, mas a raiz do seu surgimento com um ou outro líder, dentre eles o famoso Osama Bin Laden, com o devido respeito, nunca foi suficientemente esclarecida. Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e o Iraque e não acharam vestígios desse sujeito. Passaram-se 8 anos e nada. Para quem nunca acreditou em Papai Noel, como eu, seria realmente difícil crer num velho barbudo que não carrega presentes, mas bombas, e que não desce por chaminés, mas se esconde em cavernas...

Sempre acreditei que a alardeada organização criminosa era algo forjado pelos interesses imperialistas do Tio Sam, a fim de terem justificativa para invadirem zonas petrolíferas e de gás, o que lhes propiciaria um fôlego extra frente às potências como Índia, China e Rússia, que por coincidência ficam bem próximas dessas áreas, e também para manterem grande número de tropas em tais locais, para fazerem frente às 3 potências emergentes já citadas e, em casos extremos, invadir tais países. Creio que a "criação e existência" desses grupos terroristas foi um pretexto perfeito para os interesses imperialistas da direita retrógada estadunidense!

Mas o que mais me deixou estupefato foi ler o que o cientista político e filósofo francês Olivier Roy teria dito. Segundo ele, "a Al Qaeda é a sucessora de Che Guevara e do Baader-Menhof (grupo guerrilheiro alemão)".  Não dá para ficar quieto diante dessa afirmação, no mínimo, não analisada a fundo.

Primeiramente, guerrilheiro diferencia-se de terrorista. O guerrilheiro combate o inimigo certo e normalmente preserva a vida de civis. O terrorista combate o inimigo criando pânico de forma indiscriminada, matando civis, inclusive, já que o alvo não é só o inimigo. Já há aí uma grande diferença. Che Guevara visava expandir o comunismo, mas e a Al Qaeda, qual o objetivo dela? Ela não luta pela libertação de um território, de um povo ou um ideal. E é por isso que nunca acreditei na existência desse grupo. Pode haver uma ou outra célula criada não em razão da pré-existência da Al Qaeda (que creio ter sido forjada), mas como forma de vingança ou de tentativa de defender valores culturais próprios.

Digo com isso que hoje existem grupos terroristas (células), mas que atuam independentemente, sem orientação central.

Se o Osama Bin Laden fosse esse todo poderoso, os Estados Unidos manteriam contato com os familiares deste? E o que esses familiares estariam fazendo no território estadunidense em pleno 11 de setembro de 2001? E onde estaria o homem mais procurado do mundo, hoje? Na lua:? Parece que não, a não ser que a Nasa tenha disponibilizado uma espaçonave para ele.

Com o devido respeito, os maiores inimigos do Ocidente, hoje, são: 1) a fome; 2) a falta de democracia em alguns países; 3) o imperialismo das grandes potências ocidentais e orientais (Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China). E penso que o maior inimigo do Oriente é justamente a visão não progressista dos religiosos radicais, permitindo que toda a razão, ciência e progresso da civilização árabe-muçulmana dos Séculos VII-XV desaparecessem, e que isso ainda  fosse utilizado de pretexto para a manutenção de governos conservadores e não democráticos.

A solução? Não sei se há solução fácil, mas creio que uma boa investigação jornalística, feita a fundo e que durasse anos, poderia sanar a dúvida que muitos, como eu, têm de quem criou a Al Qaeda.

E escrevi tudo isso por desabafo ao texto que havia lido no jornal Folha de S. Paulo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

IRÃ VIVE SITUAÇÃO DELICADA

ilustração: CIA
O Irã é um país interessante, com uma produção econômica considerável e potencial tecnológico também nada desprezível. É um pais rico em gás e petróleo e tem uma população universitária majoritariamente feminina. Porém, desde 1979, ano em que ocorreu a chamada Revolução Iraniana, o país persa sofre boicotes. Foi nessa data que rompeu relações com Israel e os Estados Unidos. Até então, era um importante aliado do Tio Sam e dos sionistas que sempre dominaram o cenário israelense. E por ser tão importante para os ianques, ao Irã era permitido comprar grande quantidade de armamentos. Em razão disso, possuia um arsenal bélico invejável, o maior do Oriente Médio. Os Estados Unidos não se preparam para a idéia de que todo aquele armamento poderia cair em mãos dos aiatolás. Foi um país que sofreu boicotes das duas maiores potências logo após a revolução (União Soviética e Estados Unidos) e enfrentou uma dura e cruel guerra com o Iraque, com milhões de mortos.

Há relatos informais de que o Irã possui menos de uma dezena de bombas nucleares, compradas do mercado informal logo após o desmantelamento da União Soviética. E, ao que parece, o investimento em tecnologia nuclear também está bem avançado.

Porém, o Irã está sofrendo seguidos boicotes das maiores potências. Além disso, diversos acontecimentos indicam que o Irã pode ser invadido, não pelo império, mas novamente por algum país vizinho subverniente aos interesses estadunidenses. As desculpas? Questões fronteiriças mal resolvidas e supostas incursões iranianas em território estrangeiro. Não se pode esquecer que Azerbaijão, Iraque, Afeganistão, Paquistão e Bahrein são vizinhos não muito simpáticos à causa iraniana. O Iraque, hoje, mantém boas relações com o país persa, mas há que se lembrar do grande contingente de forças estrangeiras estacionadas naquele país e na influência de Washington nas decisões locais.

Nesta semana, um importante cientista (físico nuclear), especialista em energia nuclear, foi assassinado através de atentado em um dos bairros de Teerã, capital do Irã. Há duas suspeitas. Uma que ele tenha sido assassinado por agentes a serviço da CIA ou do Mossad. A segunda é que ele era professor da Universidade Iraniana, próximo da oposição e sabia demais. Creio mais na primeira hipótese, já que os iranianos, ainda que desentendam-se quanto às eleições havidas, são extremamente nacionalistas e unanimemente favoráveis ao desenvolvimento da tecnologia nuclear. Os Estados Unidos, como já havia antecipado, não enfrentarão uma guerra direta com o Irã neste momento. Preferem criar pequenas desavenças para atormentar essa potência asiática. Atentados à guarda revolucionária e a políticos e cientistas, ao que parece, terão uma certa continuidade homeopática, aos poucos e sempre. Também já havia dito que há o perigo de um confronto com algum país limítrofe, atendendo a interesses estadunidenses. O confronto com os vizinhos só não ocorreu porque eles são de maioria muçulmana e sabem que a guerra beneficiaria ao inimigo número um dos palestinos, o governo israelense. Porém, como em questão de geopolítica nada é tranquilo, não se sabe quais trocas e benesses poderão incentivar a uma beligerância desastrosa.

Porquê os Estados Unidos e Israel não invadiram o Irã de forma direta? Por dois grandes motivos. O primeiro é que eles têm conhecimento de que o Irã possuiria armas nucleares adquiridas nos anos 90. O segundo é que um confronto direto desencadearia uma reação contra Israel não só pelo Irã, mas pela Síria com quem há um acordo militar. A Turquia provavelmente manter-se-ia neutra, embora tivesse acordos com o governo do Irã. E a pressão popular maciça também incluiria aí o Líbano, Iraque, Líbia, Argélia, Afeganistão e o nuclear Paquistão. Por mais que Israel tenha sido armado pelos Estados Unidos, não conseguiria evitar enormes baixas e ataques a grandes cidades, incluindo aí Tel Aviv. Nessa hipótese, Egito, Jordania e Arábia Saudita manter-se-iam falsamente neutros, propiciando que forças estadunidenses utilizassem suas bases para o confronto com o Irã. O mundo entraria em guerra e colapso, surgindo daí os três grandes líderes mundiais dentro de dez anos, China, Índia e Rússia que não se manteriam neutros, seja pela falta de abastecimento de petróleo e gás (principalmente a China), seja pelas minorias muçulmanas que sentiriam que haveria uma causa em comum na luta travada no Oriente Médio: o antiimperialismo.

O mundo corre perigo, não pela ação direta dos aiatolás ou do governo iraniano, mas pela atitude belicosa e sem fim dos Estados Unidos e Israel. China, Índia e Rússia já deveriam ter percebido as consequências disso. Talvez percebam, talvez não. Só o tempo dirá.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

REPORTAGEM SOBRE JANGO GANHA PRÊMIO "DIREITOS HUMANOS"


A série de reportagens 'A Obscura Morte de Jango', do editor Gilberto Nascimento, publicada em edições de março e junho de 2009 de CartaCapital, foi uma das três ganhadoras, na categoria Especial, do prêmio Direitos Humanos de Jornalismo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos e da OAB-RS. O prêmio principal na categoria foi do jornalista Mário Magalhães, da Folha de S.Paulo, com 'O informante Simonal'.


Na categoria reportagem, venceram Renata Mariz e Flávia Ayer, do Correio Braziliense, com Cidadania e Loucura. O prêmio tem o objetivo de estimular os profissionais de comunicação a denunciar as violações e o desrespeito aos direitos humanos. A iniciativa tem o apoio da Associação dos Repórteres e Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc) e da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação e da Agricultura.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MORRE UMA LÍDER CONTRA O NAZISMO


Murió una líder contra el nazismo


Von Moltke falleció a los 98 años en Vermont. Perteneció a un grupo formado por aristócratas, clérigos y diplomáticos que apoyó el fallido intento de asesinar al dictador alemán con una bomba el 20 de julio de 1944.

Freya von Moltke, viuda del militante a la resistencia nazi Helmuth James Fraf von Moltke, falleció el 1º de enero a los 98 años en su hogar en Vermont, según informó su hijo Helmuth Caspar von Moltke.

Von Moltke perteneció a un grupo de la resistencia formado por aristócratas, clérigos y diplomáticos que apoyó el fallido intento de asesinar a Hitler utilizando una bomba. El grupo estaba liderado por su marido. Nacida en la ciudad alemana de Colonia en una familia de banqueros, Freya se licenció en derecho igual que su esposo y la pareja contrajo matrimonio en 1931. Posteriormente se mudaron a Berlín, donde Helmut von Moltke estableció un estudio de abogados.

Helmut fue llamado a las filas por el ejército alemán en 1939 como experto en derecho internacional y militar y durante su servicio militar recomendó un trato humanitario para los prisioneros de guerra civiles en los territorios ocupados por Alemania según las Convenciones de Ginebra. El matrimonio Von Moltke fundó el Círculo de Kreisau, un centro de la resistencia contra Hitler. En la finca familiar mantuvieron reuniones en 1942 y 1943, donde el grupo debatía los planes para conseguir una Alemania democrática que –esperaban– seguiría el colapso del Tercer Reich. En 1943, el grupo estableció contactos con el coronel Claus von Stauffenberg, líder de la resistencia militar en Alemania, y apoyaron el intento frustrado de asesinar a Hitler el 20 de julio de 1944.

Por sus opiniones, consideradas peligrosas, Moltke fue arrestado por la Gestapo en enero de 1944. Un año más tarde, en enero de 1945 estuvo, junto con otros compañeros opositores al régimen, ante la Corte del Pueblo (Voksgerichtshof), presidida por Roland Freisler. Porque no se pudo encontrar ninguna evidencia de que Moltke hubiera participado en ninguna conspiración para dar un golpe de Estado, Freisler tuvo que inventar un nuevo cargo.

Moltke fue sentenciado a muerte el 11 de enero de 1945 y ejecutado doce días después en la prisión de Plötzensee, en Berlín. Después de que su marido fuera arrestado, Freya huyó a Sudáfrica y luego se trasladó a Estados Unidos en 1960. Cuando la guerra terminó, Freya von Moltke publicó varios libros sobre la resistencia contra el nazismo. “Oponerse a algo y permanecer firme en lo que uno cree es una de las actividades humanas más importantes en la actualidad”, afirmó durante una entrevista en el año 2002. Freya von Moltke falleció en su hogar rodeada de su familia, tras una breve infección viral. El 8 de enero será sepultada en su patria adoptiva, en la que vivió desde la década del ’60.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O BRASIL ESTÁ NA MÍDIA

O Brasil não aparece apenas no El Pais, Le Monde, Financial Times e na CNN. Está também na rede de TV árabe, em inglês, AlJazeera. Clique aqui para ver.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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