foto: autoria não identificada/internet
(enquanto você lê a matéria, ouvirá uma entrevista da rádio CBN sobre o assassinato de João Goulart. Se quiser, poderá ouví-la depois, ou não, apertandoas teclas "pause" ou "stop" no quadro que se situa ao final desta postagem)
O Brasil é um país muito esquisito, estranho e tacanho quando se trata de mostrar ao público atos e desatinos passados. Em um regime democrático de governo, faz-se imprescindível a transparência administrativa, inclusive de revelações de atos passados. Infelizmente, não é assim que têm pensado os nossos governantes.
O Brasil é um país muito esquisito, estranho e tacanho quando se trata de mostrar ao público atos e desatinos passados. Em um regime democrático de governo, faz-se imprescindível a transparência administrativa, inclusive de revelações de atos passados. Infelizmente, não é assim que têm pensado os nossos governantes.
A Argentina, um país menor, mais pobre, porém mais mais digno, optou por abrir todos os arquivos da ditadura militar, que lá perdurou de 1976 a 1983, com exceção daqueles que digam respeito a beligerâncias externas, como no conflito das Malvinas.
Segundo o Decreto assinado nesta quarta-feira pela presidente argentina Cristina Kirchner, "vai contra a política de Memória, Verdade e Justiça que a Argentina adota desde 2003, classificar como de 'segurança de caráter confidencial' informações e documentos relativos às ações das Forças Armadas durante a vigência do terrorismo de Estado".
Mas a Argentina não parou aí. Anulou todas as legislações que previam anistia aos crimes praticados por agentes estatais e condenou pública e judicialmente dirigentes militares e colaboradores civis. O Brasil? Ele prefere esquecer o ocorrido (na verdade uma tragédia), mas não conseguirá, pois com a abertura dos arquivos argentinos virão muitas provas das ações da conhecida Operação Condor (clique e saiba um pouco mais), que teria arquitetado e executado assassinatos de importantes líderes políticos argentinos, chilenos, uruguaios e brasileiros. A possível vítima mais famosa do Brasil é o ex-presidente João Goulart (clique e saiba um pouco mais sobre os indícios de assassinato), um presidente trabalhista que, mesmo com uma imensa quantidade de votos, teve que lutar para poder presidir esse País e só deixou a presidência para evitar um inútil banho de sangue de brasileiros. Grande parte dos empresários, a Igreja, os Estados Unidos e as suas forças armadas, agentes secretos estadunidenses espalhados por todo o nordeste, a classe média brasileira e grande parte dos militares nacionais estavam empenhados em efetivar o golpe. A resistência seria inútil, e não ocorreu. A história um dia será contada, ainda que demore anos ou décadas. E a verdade e a Justiça brilharão no horizonte.
Ouça uma entrevista sobre o assassinato levada ao ar pela rádio CBN
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