Ao chegar em casa, hoje, recebi o exemplar 248 da Revista Caros Amigos com um editorial que me emocionou, onde era comunicado o fim dessa revista mensal.
Recebi a última edição, a última verdade e o último signo do bom e verdadeiro jornalismo.
Restará nas bancas o entretenimento revestido de informação. O fim da Caros Amigos é uma enorme perda aos Brasileiros que gostam de se informar com criticidade e a mais verdadeira profundidade.
A Revista, você pode acreditar, tinha o cheiro de informação. Não. Não era o cheiro do papel. Era cheiro de informação. Você sabe o que é isso? É o cheiro da verdade, sem manipulação, doa a quem doer. As cores, a impressão e o nome já faziam o meu cérebro receber a revista com ansiedade. E ela ainda tinha o formato de jornalismo, o conteúdo bombástico e as palavras que cutucavam, incomodavam e exigiam a reflexão, um verdadeiro oásis se comparada à mídia tradicional que se rendeu à repetição e ao copia e cola sem qualquer apuração ou à análise mais aprofundada. Essa mídia que restará nas prateleiras hoje repete sem fim o que o governo ou grandes grupos econômicos querem e jamais trará a criticidade natural e ardente da Caros Amigos.
Embora não exerça a profissão, sou formado em comunicação social e posso afirmar que o bom jornalismo não se faz com manipulação ou inverdades, mas com ideal e questionamento, elementos que faltam aos grupos empresariais que exploram a mídia nacional. Se esse governo, hoje, está desmantelando o Estado brasileiro, a mídia nacional começou a ser implodida a uma década, quando o diploma de jornalista passou a não ser exigido. Segundo um Ministro do Supremo Tribunal Federal os jornalistas se equivaliam aos cozinheiros, pois bastava seguir uma receita pronta.
Sem desmerecer os cozinheiros, pois a gastronomia envolve arte e dom, o jornalismo exige uma formação humanista, própria da área de humanas, acrescida de outros requisitos básicos para um jornalista não ser, ele próprio, manipulado.
Mas o que se vê hoje é o ponto de vista único, repetido incessantemente. E as pessoas creem naquilo que ouvem e leem.
A notícia fácil não é jornalismo, mas uma mera aparente e meia verdade. A outra, não revelada, é que guarda todos os segredos da notícia. que jamais serão revelados ao público por um grupo de empresários desvinculado do compromisso de apurar, questionar e informar. Para esses, o que interessa é o lucro fácil, e só.
O jornalismo não pode se misturar à figura empresarial comum. Naquele há uma responsabilidade social imensa, seja pela informação que leva às pessoas, seja pelo trabalho que faz com os seus profissionais de comunicação. E esse é o motivo de ser tratado expressamente em nossa Constituição Federal. Por isso, meros grupos empresariais que apenas almejam lucro jamais poderiam ser donos de jornais, de revistas, de sites de conteúdo e de emissoras de rádio e tevê.
O jornalismo de verdade está desaparecendo do cenário brasileiro. Restará veículos que visam apenas vender publicidade e espaços de manipulação a quem pagar mais.