foto: WSJ (crianças sírias deslocadas internas)
Não escrevo como católico, pois não tenho autoridade nenhuma para isso. Escrevo tão somente como uma pessoa repleta de religiosidade que admira muito os ensinamentos e a história de Cristo.
No Natal muitos se lembram das renas, Papai Noel, presentes, ceia, amigos e se esquecem do Menino Jesus, personagem mais importante da história da humanidade e que dizem ter nascido no dia 25 de dezembro.
Normalmente, também lembramo-nos da figura humilde, mas forte, de Jesus, e nos esquecemos do Menino Jesus, inocente e perseguido desde o nascimento.
O menino Jesus e o Jesus já homem eram obviamente o mesmo ente, mas com representações um pouco distintas. Se o menino Jesus, frágil e desprotegido, era perseguido desde recém nascido, o homem Jesus, forte e decidido, foi desconsiderado pelas pessoas sádicas e abandonado à própria sorte.
Se Jesus viesse para a Terra, hoje, não seria muito diferente. Como adulto, provavelmente seria taxado de alternativo, comunista, socialista, defensor dos direitos humanos e até louco. Seria repudiado e alvo da intolerância que domina o cenário social e político atual.
Como menino, sua vida não teria valor, como ocorre com tantos meninos que trabalham, que se prostituem e que se abrigam nas ruas. E teria a mesma atenção que dispensamos a esses infantes, praticamente nenhuma. Ele foi protegido a vida toda por Marias, mas quem protege as crianças refugiadas, aquelas que moram em ruas, as que se entregaram à tentação do vício da droga e aos que simplesmente choram ao pensar na vida?
Cristo adulto era tudo o que a elite religiosa da época repudiava. Ele simbolizava a voz do mais humilde e a Justiça. Ao invés de pregar a força, defendia o amor incondicional. Hoje, ele continuaria a ser perseguido por isso, mas pela elite econômica.
Hoje, cada criança refugiada me faz lembrar da imagem do menino Jesus procurando abrigo no Egito. Cada morador de rua abandonado à própria sorte, me traz à mente a imagem de Cristo já homem, abandonado ao sacrifício por desconsideração das pessoas e por um sadismo individual e doentio que persegue a humanidade. São representações dos excluídos, que Cristo tão bem representou e defendeu.
A nossa sociedade, assim como aquela em que Cristo nasceu, vive a deturpação moral apegada aos valores materiais ou que o justifiquem, onde a religião não ensina o amor, mas o ódio travestido de força e discriminação.
A humanidade anda tão perdida quanto há dois mil anos. O ódio encontra-se tão presente quanto há dois mil anos. O materialismo solidificou-se com o consumismo, se comparado há dois mil anos.
A diferença é que naquela época tinhamos os profetas, os herois e Jesus. Hoje, temos o vazio criado pelo consumismo que fortaleceu o individualismo.
Os profetas preparavam o terreno para a humanidade receber ensinamentos. Hoje, para o nosso trauma, temos os pseudo intelectuais tão idolatrados pela mídia que pregam o individualismo, o materialismo e a abstração da essência humana.
Não temos herois, não temos profetas, não temos o Messias. Resta a nós uma luta individual para fazer o diferente, para disseminar o amor e para não permitir que esse ciclo material extremamente individualista destrua a essência já esquecida da humanidade.
O Natal é momento para refletirmos e lembrarmos de quem foi o Menino Jesus e também daquilo que ele tão bem nos exemplificou: a nossa essência humana. É data para comemorar a humanidade que nos resta!