Está chegando mais um feriado, e daqueles importantes para os católicos, o de Nossa Senhora Aparecida.
Muitos aproveitarão para viajar, relaxar, tomar uma cerveja, passear nos shoppings, enfrentar congestionamentos nas estradas, sem se recordar, um instante sequer, do passado, de quem foi Nossa Senhora Aparecida.
Muitos talvez nem tenham parado para pensar, mas Nossa Senhora é, na visão da Igreja Católica, a mãe do menino Jesus.
A mãe do menino Jesus é a padroeira do nosso país desde 1930. A presenteamos com o dia 12 de outubro, coincidentemente o mesmo dia em que comemoramos as nossas crianças tão sofridas. Por falar nisso, tomara que os nossos infantes não tenham que enfrentar todo o martírio suportado por Jesus desde menino. Mas daí advém a pergunta: o que temos feito por cada brasileirinho?
Deixamos de investir em escolas porque a economia assim dita. Deixamos de investir em lazer público porque não seria prioridade para muitos governantes. Também deixamos de investir em cultura porque ela afronta os valores da família. E deixamos de investir nas famílias porque psicólogos e assistentes sociais custam caro.
Família? Mas que família? O que estamos deixando para as nossas crianças?
As nossas atitudes demonstram que não nos preocupamos com o futuro, nem nosso nem dos nossos filhos.
A essas crianças sem cultura, sem lazer público e sem ensino de qualidade deixaremos o nosso legado de abandono. Não terão acesso às verdadeiras fontes do saber e da criatividade. Serão criadas de forma massiva, sem o mínimo espírito lúdico ou crítico. Servirão, a bom grado dos governantes, como massa de manobra. Para compensar a ausência paterna e materna reinará o mimo material. Para agravar a situação, a falta de coragem de impor limites e a inexistência do imprescindível contato físico, do abraço e do beijo, poderão tornar nossas crianças seres piores do que nós mesmos já somos.
A prioridade prevista Constitucionalmente, um dever moral, ninguém cumpre, nem a família, nem a população, nem os empresários e tampouco os governantes.
Hipocritamente, gostamos de ver fotos de crianças, damos um beijinho, um presentinho e só.
Um Brasil doente que nem o nosso, que se digladia entre direita e esquerda, em que alguns desinformados defendem o uso irrestrito de armas, em que alguns aplaudem a violência policial, em que a arte e alguns livros são vistos como atentatórios aos bons costumes, onde o colecionar dinheiro é visto como meta de vida, onde a natureza é aniquilada pelo consumo desenfreado, onde a poluição reina nos ares, rios, mares e terra, onde o consumo massivo e doentio de doces, enlatados, carne e cerveja é propagandeado, onde a espiritualidade é relegada a pequenos cantos, verdadeiros recantos, não há muita esperança, a não ser a espera por um milagre que não chega.
Talvez não seja mera coincidência a Mãe do Menino Jesus ter o mesmo dia de nossas crianças. Talvez nós não tenhamos compreendido o papel real de cada brasileiro.
Somos um país mestiço, um país latino americano, um país tropical, um país de imigrantes. A tolerância deveria ser um mantra obrigatório, a cada instante.
Para diminuir a injustiça social tão aguda, deveríamos investir massivamente nas escolas públicas, na cultura, na liberdade do saber e do pensar.
Os nossos exemplos, de quem somos e do que fazemos, devem sempre influenciar os nossos filhos. Por isso deveríamos ser mais solidários, primar pela tolerância, investir na liberdade de pensar, para criarmos não pequenos empresários, mas pequenos gênios da humanidade que possam mudar o mundo como o pequenino e corajoso Jesus fez.
