segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A IDADE, A ARMA DA RAZÃO E OS INSANOS

imagem: internet
Dizem que as pessoas vêm envelhecendo cada vez mais tarde.
Discordo.
Nunca me senti tão velho e cansado, sem paciência para ações e palavras sem racionalidade.
Os meus cinquenta anos de idade parece que foram somados aos dez anos de infarto e acrescidos de todo o tempo que me resta a me aposentar. Sim, esse cálculo demonstra o quanto estou velho.
Velho, mas são, por enquanto. Será?
Está cada vez mais difícil manter a sanidade mental nessa sociedade regida pelo ódio que elogia atos irracionais, que vocifera contra os ensinamentos de amor e solidariedade e que contesta até o mais elementar conhecimento de que a terra não é plana nem é o centro do Universo, e de que o homem realmente chegou a pisar na Lua.
Os insanos, para não denominar com palavra mais forte, acreditam no que os seus poucos neurônios permitem imaginar, ou seja, um mundo limitado, onde a realidade é cinzenta.
O mundo real, injusto, mas colorido, não é para os fracos nem possível para os insanos. Esses enxergam apenas uma coisa ou outra, mas não o conjunto de possibilidades e de contradições. O mundo real, ao contrário do que supõem os novos pensadores da irracionalidade, não se divide entre bem e mal, nem entre direita e esquerda ou capitalismo e comunismo. O mundo é complexo, como a própria humanidade. E alternativas sempre existem, inclusive à insanidade que vem assolando, atolando e amolando o planeta.
Ontem à noite assisti a um filme "trash" que me fez lembrar dos tempos que vivemos aqui no Brasil. O filme abordava uma cidade afetada por um terremoto. Do nada, as pessoas começaram a perder o freio moral, ficaram enraivecidas e agrediam e matavam os outros sem motivo aparente. A razão disso foi esclarecida ao final. Talvez no nosso caso, o motivo seja o consumo de água do volume morto, a grande quantidade de agrotóxicos, medicamentos e hormônios em nossos alimentos, o cansaço em viver em sociedade, o fracasso individual, o fracasso coletivo, sei lá. Motivos aparentemente existem para alguns de nós estar cada vez menos humano e distante da razão de nossa existência.
Nos tornamos animais indóceis, verdadeiras feras irracionais que querem atacar a tudo e a todos. Trilhamos o caminho da individualidade e do consumo desenfreado cujo fim, obviamente, não está distante. A humanidade sobreviverá à nossa espécie, que deverá ser substituída por uma menos insana, menos consumista e que deseje preservar o seu lar, o nosso planeta.
A idade não me permite ficar calado frente a muitos dos absurdos. Querer a pena de morte, desejar a morte daqueles que julgamos serem menos do que nós mesmos, armar os cidadãos, desejar guerras contra países "insurreitos", discriminar quem opta por uma conduta sexual diferente ou quem possui uma cor de pele, etnia ou quem professa uma fé que não a nossa e esgotar a fonte de vida do plante, me desculpe, mas não acho minimamente tolerável.
A vontade que tenho é de forçar a voz e tentar falar em um tom forte contra os intolerantes, de dar bengaladas nos nazistas e fascistas, de jogar a dentadura em cima dos nojentos, de, sem pudor, mostrar o sexo para os que desejam por fim à vida do nosso planeta e mostrar o pouco de sabedoria que adquiri com o tempo àqueles que não conseguem interpretar a vida. É a vantagem de ter idade um pouco avançada.
Não diria que a idade advém de uma ordem cronológica nem do psicológico. A idade avançada vem, numa ordem inversa, da paciência que se tem com a sociedade em que vivemos. Quanto menos paciência, maior a idade. A minha, sinto informar a mim mesmo, acabou há tempos... Então, passei do prazo de validade e de garantia. As minhas peças e células de reposição provavelmente já não serão mais produzidas. O facebook cooperou a por fim ao que me restava de zen.
Mas não estou insano. Ainda sei distinguir as coisas, consigo ser racional, a não ser que sejam irracionais comigo.
A extrema maturidade tem isso de engraçado. Nos torna intensos e fortes, verdadeiros guerreiros gregos, mesmo estando fisicamente mais fragilizados. A nossa arma é simplesmente a razão, a maior e mais dolorosa arma contra o outro.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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