Muitos chamam os integrantes do
grupo autodenominado Estado Islâmico de sírios, islâmicos e radicais.
Primeiramente, deve-se reconhecer
tratar-se de um grupo radical que vem praticando barbaridades. Mas não se trata
de grupo sírio ou islâmico.
Há que se salientar que não se
trata de grupo que esteja autorizado pela população ou pelas autoridades
religiosas islâmicas a ser proclamado como muçulmano. Não. Esse grupo persegue
muçulmanos, os executa em praça pública e pratica barbaridades não defendidas
pela religião do Islã. Esse grupo não tem nada de muçulmano, portanto, a não
ser o nome utilizado como marketing pelos ideólogos do caos humanitário.
Esse grupo é financiado pelo
tráfico de mulheres, pela venda de relíquias e pelo comércio de petróleo dos
territórios sírio e iraquiano ocupados, bem como pelo recebimento de vastos
recursos de milionários residentes nos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
A controversa Turquia, além de comprar ilegalmente o petróleo desse grupo
terrorista, ainda permite o ingresso de radicais pelo seu território. É o que
afirmam os governos sírio e russo. De sírio esse grupo não tem nada. Tem apenas
destruído a Síria, a tranquilidade e a paz de seu povo e a riqueza histórica e
cultural local.
É um grupo de muitos oportunistas
bancado por muitos países oportunistas e que estão levando o mundo à beira da
Terceira Guerra Mundial.
Israel, Arábia Saudita, Emirados
Árabes Unidos, Inglaterra, França e Turquia têm responsabilidade direta pelo o
que vem ocorrendo na região. Todos, de uma ou outra forma, se envolveram na
guerra travada na Síria e têm interesses bem definidos. Há alianças surpreendentes
como da França, Arábia Saudita e Israel na criação do Curdistão no norte da
Síria, que beneficiaria o transporte de gás comprado por Israel e enfraqueceria
a luta da Síria pela retomada das Colinas de Golan ocupadas por Israel.
A Turquia, que sempre apoiou
todos os extremistas rebeldes, agora se vê numa situação delicada, pois não
pretende ver criado o Curdistão da forma pretendida pelos israelenses e
franceses. Esse é o motivo de fomentar e armar os turcomanos que guerreiam
contra os curdos no norte da Síria, e que, ao que parece, a levou a derrubar
recentemente o caça russo.
Há a possibilidade de um absurdo
mapa que dividiria a Síria em três Estados. Um sunita, um curdo e um das
minorias mais ao sul, hoje ocupado pelo exército leal a Assad.
O mundo se divide
geopoliticamente e enquanto isso milhões de pessoas de um pequeno e antigo país,
com a cidade mais antiga do mundo permanentemente habitada, estão impedidas de
emigrar. A Turquia segrega os refugiados e os proíbe de trabalhar. Sem qualquer
labor não tem como se sustentar e são obrigados a sair da Turquia, rumo à
Europa. Ocorre que agora a Europa está financiando a Turquia para que esta
barre o ingresso de refugiados na Europa.
É um ato de uma insensibilidade
sem fim, similar a um crime contra a humanidade, pois segrega os refugiados à realidade
de falta de oportunidade e à impossibilidade de buscar um lar que considerem
seguro e digno.
Os sírios estão presos. Presos
pelo Estado Islâmico. Presos pela guerra. Presos pela Turquia. Impedidos de
entrar na Europa. Impedidos de entrar no Canadá. Impedidos de entrar em muitos
Estados norte americanos.
Os sírios já não são refugiados.
São presos condenados à pena de morte por fome, por frio, por abandono e pela
guerra fratricida. São o povo do caminho de Damasco, mas que a humanidade, mais
uma vez, esquece de dar a devida interpretação ao seu significado. Talvez o fim
esteja próximo, não só dos sírios, mas de toda a humanidade, que aniquila a esperança
de fraternidade em prol do lucro acarretado pelo contrabando do petróleo, pela
venda de armas, pela escravidão de mulheres, pela utilização de crianças como
soldados, pelo estupro e pelo trabalho escravo generalizado, condições hoje correntes
naquilo que já foi a Síria.
O mundo não difere muito do que
era há milênios, mas talvez o seu destino seja outro. O caminho talvez não seja
mais o de Damasco, mas o do epílogo da humanidade, somente isso poderia hoje trazer
paz ao Planeta.