quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lingeries da Síria seduzem o Oriente Médio com ousadia e criatividade


Uniformes de empregada, "negligés" e calcinhas acionadas por controle remoto: você ficaria surpreso com o que pode encontrar no mercado de Damasco. A lingerie síria agora é tão famosa que é exportada por todo o Oriente Médio -e as palestinas, segundo dizem, têm preferências selvagens.

É a "última moda", diz Abdullah Hayek, mostrando uma peça. É um sutiã quase inexistente e uma tanga que consiste de um minúsculo triângulo com alças. Não é feito de tecido, mas sim de açúcar, um doce que pode ser esticado até ficar bem fino como papel, que é preso com elásticos.

"Isso permite que o marido coma a calcinha para tirá-la do corpo da mulher", explica Hayek. A peça, que custa cerca de € 3, tem diversos sabores, inclusive abacaxi, maçã, mel, chocolate e manga. "Devo vender umas 15 por dia", disse Hayek. Turistas visitam o mercado Hamidiyeh Souk
Sem dúvida o Hamidiyeh Souk em Damasco é um dos melhores mercados no mundo árabe. Naturalmente você encontra tapetes, artesanato e artigos orientais kitsch sendo vendidos para os turistas dentro do labirinto de vielas. Mas a maior parte dos clientes são sírios. Eles atravessam o souk aos milhares, comprando sabão em uma viela e pratos na outra -e, na interseção onde estão os vendedores de lingerie, compram roupas de baixo sensuais.
"Tudo começou quatro ou cinco anos atrás", disse Hayek. Seu avô também era comerciante, vendendo roupas de baixo -que naqueles tempos ainda eram pudicas- para mulheres. Mas aí a Síria conectou-se. "Desde que as pessoas começaram a usar os cibercafés e ver o que o resto do mundo está usando, a demanda mudou completamente", disse Hayek. As mulheres de Damasco primeiro pediam timidamente "desenhos especiais". Agora os frutos da imaginação, alimentada pela internet, dos costureiros sírios estão expostos abertamente.
Na barraca de Hayed, sutiãs respeitáveis ficam ao lado de modelos exóticos. Um sutiã consiste de dois ninhos de pássaros, decorados com pardais em miniatura. Acima deste, tem outro modelo com rosas de plástico que escondem os charmes da mulher. Há toda uma coleção de calcinhas eletrônicas com botões em lugares estrategicamente importantes. Quando apertados, luzes piscam, ou um aparelho escondido toca músicas árabes românticas.
As clientes em geral são mães comprando para suas filhas prestes a se casar. "A maior parte são religiosas e usam véus e capas longas", diz Abu Adnan, que vende lingerie algumas lojas à frente. É uma tradição a noiva síria trazer uma mala cheia de roupas de baixo quando se casa, explica ele, acrescentando que a nova popularidade de lingerie sexy tem uma aplicação prática.
"As mães acreditam que o genro ficará menos interessado em outras mulheres se sua esposa surpreendê-lo com novidades em casa", diz ele. Em uma cultura em que há sempre o perigo de um homem encontrar uma segunda ou terceira esposa, as mulheres querem garantir que seus maridos permaneçam leais, especula Abu Adnan. As famílias gastam até US$ 1.000 nas roupas. "Devem ter pelos menos 30 conjuntos, se os pais da noiva não quiserem parecer unhas de fome"
Abu Adnan também tem roupas de couro completas, com chicote, e uniformes de empregada com zíperes em pontos cruciais, que estão em falta. O que mais vende, contudo, é o "aplauso". Abu Adnan segura uma calcinha decorada com penas. "Por favor, bata as mãos duas vezes", diz ele. Depois de duas fortes batidas, a calcinha cai da mão do vendedor. "Um mecanismo embutido solta imãs", diz ele. "Assim o homem pode tirar a roupa da mulher sem tocar nela." O item divertido custa € 17.
Abu Adnan explica tudo sem se intimidar. Para ele, lingerie sexual é um negócio. "Tenho as coisas aqui na loja, mas não levo para casa." Ele respeita sua mulher e filhas demais para isso, diz ele. Ele também sente falta do tempo em que vendia camisolas normais. "Mas se você quiser fazer dinheiro, tem que acompanhar a moda."
Um jovem casal entra em sua loja. O homem carrega um bebê nos braços que parece ter seis meses de idade. "Estamos casados há um ano e meio", diz a mulher, que deve ter 16 anos. Depois do nascimento do primeiro bebê, o casal quer trazer de volta um pouco da eletricidade a sua vida amorosa. Eles economizaram o equivalente a € 12 para isso, admite a jovem mãe timidamente. Seu marido examina a roupa de empregada. "Vamos escolher algo juntos", diz ele.
A estética da lingerie síria varia do puro kitsch ao pornô. Os estilos podem ser tão bizarros, de fato, que um livro ilustrado foi dedicado ao assunto. "The Secret Life of Syrian Lingerie" (a vida secreta da lingerie síria) foi escrito por dois ingleses de ascendência síria que colecionaram fotos de catálogos de roupa de baixo.
Desde que se espalhou pelo Oriente Médio a notícia que lingerie sedutora é fabricada na Síria, sua exportação tornou-se economicamente importante -quando o clima político é favorável.
"Quando Israel está tranquilo, fazemos bons negócios com Gaza", disse Hassan Nasser da Rose Underwear, uma empresa familiar. As vendas da empresa são uma espécie de barômetro político, diz o empresário. "O mercado no Iraque desmoronou totalmente, enquanto o Líbano está bem novamente, com o final das disputas internas."
Nasser está sentado em sua oficina em um subúrbio de Damasco enquanto as máquinas de costura e montanhas de penas de galinha tingidas e revela seu conhecimento do ramo. As mulheres da Jordânia, diz ele, são respeitáveis e práticas e preferem o algodão, enquanto as sauditas gostam de se sentir cobertas até na cama, e assim preferem "negligés" semitransparentes, mas longos.
Depois de muitos anos no ramo, Nasser diz que é especialista no que acontece nos quartos de dormir árabes. "Eu digo para você, as palestinas são as mais interessantes. Elas querem coisas sexy -quanto mais quentes, melhor."


Der Spiegel 19/04/2009 ARABESQ http://www.arabesq.com.br/

(extraído do ARABESQ)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

IRAQUE: 6 ANOS DE SUA INVASÃO E DESTRUIÇÃO

A invasão do Iraque foi um crime contra a humanidade. Morreram milhares e mais milhares de crianças, jovens, idosos, mulheres e inocentes, como todos já sabem. O povo invadido tinha que se defender, mas não tinha como. Não tinha armas nem comida. A mídia, aliada ao maior exército que a humanidade já viu, taxava os iraquianos de sanguinários terroristas. Eles não eram nem uma coisa nem outra. Eram pessoas. Pessoas que queriam viver. Além desse crime de guerra, os Estados Unidos de Bush cometeram um outro crime contra a humanidade ao destruir sítios arqueológicos e muito da cultura árabe antiga ainda indecifrada. Muitos filósofos gregos ainda não haviam sido traduzidos e os seus textos, guardados por milênios por aqueles que os estadunidenses consideraram bárbaros, foram perdidos pela aventura inconsequente do bárbaro exército bárbaro do mais bárbaro dos bárbaros imperadores modernos. É triste ver a morte de pessoas, da cultura e da história da humanidade permear o tempo em que vivemos. Veja abaixo um importante texto da autoria do jornalista Arturo Hartmann, para o importante Instituto da Cultura Árabe.
O Blogueiro.
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No sexto ano da ocupação, mais um capítulo do drama da destruição arqueológica

foto: Museu Britânico

Por ARTURO HARTMANN




Em seis anos da ocupação no Iraque, cerca de 100 mil iraquianos morreram – números da iniciativa independente Iraq Body Count. Mas se o país continua a ser uma preocupação enorme para seus cidadãos e ativistas de direitos humanos, há aqueles que se inquietam, desde 2003, com o que há sob a terra, riquezas arqueológicas a serem escavadas, mas seguidamente destruídas em muitas regiões do território.
Marcelo Rede, Assiriologista e Professor de História Antiga da USP, faz parte de uma geração de estudiosos afetada pelo longo tempo de conflito que aflige o Iraque, um arco de que vai desde 1980, com a Guerra Irã-Iraque, até hoje. Tendo como objeto de seus estudos as civilizações mesopotâmicas, jamais pôde pisar pé entre os rios Tigre e Eufrates. Conversou com o ICArabe dois anos atrás, em fevereiro de 2007. Agora, no sexto ano da ocupação, volta a falar dos estragos que o desencadear do conflito interno causou à herança arqueológica do país. “Lembro de uma conversa com Beatrice André-Sauvigny, curadora chefe de Antiguidades Orientais do Louvre. Pouco tempo após a invasão, foi convidada a fazer um levantamento no Museu de Bagdá. Para passar de uma sala a outra, pisava sobre tabletes, tal era a quantidade de coisas no chão. ‘Nunca pensei que fosse um dia pisar em materiais que tratamos quase de forma sagrada’, ela me disse”.
O último dos capítulos do drama dentro do drama – aberto em 2003 com o espetacular saque ao Museu de Bagdá – foi a demissão de Amira Edan do posto de direção do Departamento de Antiguidades e Herança. O problema: uma disputa com a parte administrativa do governo iraquiano que quer a reabertura do Museu de Bagdá.
Donnie George Youkhanna, arqueólogo iraquiano, ex-professor da Universidade de Bagdá, ex-diretor do Museu de Bagdá, ocupou o mesmo cargo em 2005 e 2006. Fugiu do país devido à onda sectária que milícias impuseram ao país. Ele vive hoje em Nova York, mas mantém contato com seus colegas e ex-membros de equipe. Não gosta nem um pouco das notícias que lhe chegam aos ouvidos. “O ministro das Antiguidades e Turismo entrou no prédio do Museu com seus guarda-costas segurando Kalashnikovs, em janeiro. Ordenou a reabertura do Museu e Amira foi contra, disse que ainda não havia condições para fazê-lo, o que qualquer arqueólogo diria. Tiraram ela do cargo do Departamento de Antiguidades, mas ela continua na direção do Museu. Não podem fazer as coisas sem ela. O Museu é um lugar público, imagine se 200 crianças de uma escola estiverem ali”, disse o arqueólogo em entrevista por telefone ao ICArabe. Se um ataque acontecer, morrem as crianças e famílias, e vão pelos ares materiais insubstituíveis de 4000 anos.
O temor não é infundado. Na quinta e na sexta da semana passada (23 e 24 de abril), 159 pessoas foram mortas por ataques em Bagdá. Além de o governo iraquiano não ter qualquer controle sobre a segurança do país, ainda paira no ar o sentimento de não-legitimidade de uma administração com raízes em uma ocupação estrangeira. E se o poder iraquiano quer eleger o Museu de Bagdá como o símbolo da normalidade social e política, as milícias terão para elas um alvo ideal.
Além de a situação não ser segura, tampouco o acervo foi satisfatoriamente recuperado. Dos 15 mil itens roubados no espetáculo de 2003, apenas cerca de seis mil foram recuperados. Youkhanna ficou conhecido como “o homem que salvou o Museu Nacional Iraquiano”. Na época, 2003 a 2005, como Diretor de Museus, foi responsável por políticas dedicadas a salvaguardar o possível da riqueza arqueológica. No entanto, admite: “mesmo que tenhamos recuperado 50% dos objetos, a outra metade significa cerca de 7000”.
Para recuperar as antiguidades saqueadas, usou uma lei existente de Anistia, que regulamentava uma recompensa a todos que devolvessem objetos. “Muitas organizações, partidos políticos e mesquitas trabalharam conosco”. Só de objetos não-registrados dos sítios, foram devolvidos 17 mil itens, formando o emaranhado de objetos jogados no chão ao qual se referiu Rede.
Muitos desses objetos não foram documentados apropriadamente. O estudioso brasileiro explica que isso se torna um problema enorme para os pesquisadores de História Antiga. “Muita coisa do que se perdeu não era catalogada. Sobretudo objetos ordinários mas que podem ser extremamente importantes para o historiador. Não é o objeto monumental que ganha tratamento diferenciado, mas milhares de tabletes e selos cilíndricos”, diz o brasileiro. A questão da reabertura dos Museus, por agora, está em compasso de espera.
Youkhanna também enfrentou o problema dos sítios arqueológicos. Conseguiu a aprovação do governo para uma força policial especial para a arqueologia e o patrulhamento de sítios, entre 2004 e 2005, com cerca de 1400 policiais, quase todos ex-soldados. “Consegui carros para eles do Japão e dos Estados Unidos”.
Em 2006, o então diretor começou a ter problemas com a receita de salários. Depois, também cortaram a receita para o combustível dos carros. “A última coisa que ouvi foi que essa força foi desconectada do Departamento de Antiguidades e Herança e foi ligada ao Ministério de Interior. Um dos ex-membros da minha equipe me disse que o trabalho dessa polícia não inclui mais patrulhar os sítios arqueológicos, mas apenas guardar as instituições dentro das cidades, como Museus”. Com os sítios pouco protegidos, o iraquiano teme que saqueadores tenham liberdade para agir como no início de 2003.
Um problema similar foi enfrentado em 1995, no momento de profunda pobreza que atingia a população iraquiana efeito do embargo dos Estados Unidos. “O que os encoraja é uma grande porcentagem de pobreza. Não estou os desculpando, mas imagine uma família sem qualquer receita, sem água suficiente para plantar e sem condições de manter gado, e que vive perto de um sítio arqueológico. Chega alguém e lhes diz que, se cavarem, ganharão dólares. É isso que acontece. Muitos intermediários circulam pelo sul pegando antiguidades direto dos saqueadores para então colocá-las na corrente dos contrabandistas, até Europa e Estados Unidos”, explica Youkhanna.
O Museu Britânico publicou no segundo semestre de 2008 um relatório com análise dos danos a oito sítios arqueológicos do sul do país (Ur, Eridu, Ubaid, Warka, Larsa, Tell el-‘Oueili, Lagash e Tell al-Lahm) feita em três dias do mês de junho de 2008 (3/4 e 7/8). No relatório, são listados quatro tipos de danos aos sítios: por saques, por atividades militares dos exércitos de Saddam, por atividades militares dos exércitos da coalizão e, por último, o que foi chamado de negligência.
Em relação aos saques, o relatório não encontra qualquer evidência recente. Apenas no sítio de Tell al-Lahm sinais recentes de escavação ainda claros podiam denunciar roubos. Mas “nenhuma evidência de saque recente foi encontrada em qualquer dos sítios”, uma conclusão diferente do que esperaria Youkhanna.
Quanto a danos causados por posições de defesa, isso ficou mais claro em Tell al-Lahm e em Ubaid, por postos de comandos instalados e por abrigos para veículos, como tanques. “A construção dessas posições de defesa inevitavelmente necessitou da escavação de depósitos arqueológicos não-tocados”.
No quesito danos causados por atividades da coalizão, há a citação da presença de unidades em Ur e Tel al-Lahm, “confirmados pelo descarte do embrulho de comida americana”. Mas evidências de danos em si não foram encontradas em Tell al-Lahm, nem qualquer ligação das tropas da ocupação com os possíveis saques realizados ali, apesar de isso “não poder ser descartado”. Em Ur foram encontrados danos, causados pela simples presença e passagem de soldados, que visitam os sítios nas “horas de folga”.
O quarto ponto, “negligência”, traz uma conclusão global e de longo prazo. Diz: “é conhecido que, por mais de 25 anos (desde o início da Guerra Irã-Iraque), há um investimento deficitário na herança cultural do Iraque, com o resultado de muitos sítios e monumentos sofrerem hoje de negligência. Este é um processo que se acelerou desde março de 2003. É particularmente perceptível em Ur, onde os prédios reconstruídos nos anos 1960 e 1970 estão em péssimas condições e em urgente necessidade de reparo. Também danos de erosão foram vistos em vários sítios, particularmente Eridu e Tell al-Lahm”.
Um dos coordenadores do estudo, curto mas que se considerou satisfatório, foi John Curtis, arqueólogo britânico e keeperI do Departamento de Oriente Médio do Museu Britânico. Ele foi sete vezes ao Iraque desde 2003 para realizar inspeções e calcular danos a sítios arqueológicos.
Ele explica que a escolha do local foi logística. Como a equipe de arqueólogos coordenada por Curtis foi apoiada pelo exército britânico, o estudo limitou-se ao sul porque é onde as unidades da RAF (Força Real) estão alocadas. Apesar de não ter encontrado sinais claros de saques recentes, ele os aponta como o principal problema, mas não diminui a influência da “negligência”. “A coisa ficou pior após a 1ª Guerra do Golfo, o tempo de sanções. Houve ainda menos recursos. Temos então um longo período, olhamos para 28 anos em que não houve recursos gastos para proteger a herança cultural”, disse ao ICArabe.
O embargo, além de todos os problemas sociais e humanitários que causou ao Iraque, atingiu de forma dura o desenvolvimento da arqueologia. Bloqueou relações com instituições que costumavam trabalhar no país há décadas – “trocar informações em arqueologia é uma das coisas essenciais”, diz Youkhanna -, impediu a chegada de novos livros ao país e também de materiais necessários ao trabalho arqueológico como substâncias químicas e microfilmes. “Tivemos todo um departamento de microfilmagem que ficou paralisado por esse período”, afirma o ex-diretor do Departamento de Antiguidades. Outro problema foi a impossibilidade de saída de iraquianos. “No Iraque pré-guerra (1990), havia uma arqueologia bastante reconhecida. Seus estudiosos participavam de colóquios internacionais”, conta Rede.
Considerando as sete vezes em que esteve no país, Curtis diz que enxerga uma pequena melhora. Em 2005, após uma de suas visitas, deu entrevista ao “World Socialist Website” revoltado com o tratamento que as tropas da coalizão davam ao sítio da Babilônia. Disse então que fazer uma base militar ali “era como estabelecer um campo militar ao redor das Grandes Pirâmides no Egito ou ao redor do monumento Stonehenge, na Grã-Bretanha”. “Vi de fato alguma melhora na última vez em que estive lá. Se eu estava pessimista em 2005, agora estou um otimista cuidadoso”, revela ao ICArabe, marcando a afirmação com seu indefectível sotaque britânico.

terça-feira, 28 de abril de 2009

ISRAEL: REVELADO PLANO DE EXPANSÃO DE COLÔNIAS

Segundo informação de uma ONG que teve acesso a mapas do Ministério do Interior, serão construídas 6 mil novas residências entre os assentamentos Maale Adumim e Kedar. Leia abaixo a notícia divulgada pelo noticiário argentino PÁGINA 12. ________________________________________
Por Ben Lynfield *
De Jerusalém para o PÁGINA 12


La organización israelí Paz Ahora, que monitorea el crecimiento de las colonias israelíes, informó que el gobierno de Tel Aviv tendría entre manos un nuevo plan de expansión de los asentamientos. La organización reveló que obtuvo acceso a una serie de mapas diseñados por expertos a pedido del Ministerio del Interior que tienen como objetivo expandir el asentamiento de Maale Adumim, cercano a Jerusalén, en 1200 hectáreas, lo que haría que la colonia de Kedar quedase incorporada dentro de las fronteras de ésta.

El hecho es que esta expansión, de concretarse, dificultaría enormemente el proyecto de un futuro Estado Palestino basado en un territorio contiguo con sus partes conectadas entre sí, esencial no sólo en términos de la circulación de la población sino para cualquier organización política. La expansión planificada cortaría a Cisjordania en dos, dejando a sus sectores norte y sur sin un corredor que las una.
Los planes israelíes también proponen la expansión de la colonia de Maale Adumim en dirección norte hacia un área conocida como E1, pero en este caso la presión de los Estados Unidos sobre el gobierno israelí logró impedir dicha iniciativa, al menos por ahora.
Según Hagit Ofran, miembro de Paz Ahora, si el nuevo plan de expansión fuese aprobado por el ministro del Interior Eli Yishai, se estaría dando vía libre a la construcción de seis mil nuevas viviendas entre Maale Adumim y Kedar, así como en otros terrenos adyacentes que también quedarían anexados. “Sin lugar a dudas lo están planeando. Este es el primer paso”, afirmó Ofran, quien señaló además que el proyecto de expansión de esta colonia implicaría correr la línea de demarcación del muro de separación en Cisjordania aún más hacia el interior de los territorios ocupados.
Hanan Ashrawi, parlamentaria palestina, definió al plan como “extremadamente peligroso”. Ashrawi precisó que la nueva iniciativa, combinada con los planes israelíes para construir en el área E1, conllevarán la destrucción de 88 casas en el barrio palestino de Silwan, ubicado en Jerusalén este, bajo el argumento de que fueron construidas sin el permiso municipal correspondiente. “Todo esto refleja una carrera desenfrenada hacia la expansión de los asentamientos para completar el aislamiento y sitio de Jerusalén. Israel está destruyendo toda posibilidad de un futuro acuerdo”, sostuvo Ashrawi.
Por su parte, Hiki Zisman, vocero del asentamiento de Maale Adumim, declaró que anexar la colonia de Kedar no era en absoluto una cuestión política sino meramente técnica y que existía una fuerte presión para expandir los terrenos en beneficio de las parejas jóvenes que tienen muchos hijos y en consecuencia necesitan departamentos más grandes.
El ministro en cuestión, Eli Yishai, del ultraortodoxo partido Shas, es conocido por apoyar públicamente la política de expansión de las colonias. Sin embargo, con la comunidad internacional mirando atentamente todo lo que hace y deja de hacer el nuevo gobierno israelí de derecha, el momento quizá no sea el más propicio.
Un funcionario de la oficina del primer ministro se negó a declarar cuál era la postura de Benjamin Netanyahu sobre el caso. “El primer ministro ha ordenado revisar una amplia serie de cuestiones que abarcan desde la política de los asentamientos hasta las negociaciones de paz. Por ahora hay que ser comprensivos y esperar”, justificó. Un asistente del ministro Yishai informó que el plan de expansión de la colonia de Maale Adumim llegó ayer al escritorio del ministro. Todavía se encuentra allí pendiente de ser aprobado.
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* jornalista do "The Independent", da Grã Bretanha
foto: AFP, extraída do sítio do jornal PÁGINA 12.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

UM MUNDO MELHOR É POSSÍVEL

Podemos fazer um mundo melhor mesmo não sendo Deuses. Pense que é possível fazermos um mundo melhor do que esse que criamos com os nossos desacertos. Você não acha possível?
Você já se imaginou em um mundo onde todos possam utilizar seus adereços religiosos livremente, sem preconceito? Você já imaginou um mundo em que heterossexuais, pansexuais, homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis e grupos com outras preferências sexuais possam coabitar um mesmo espaço?
Você já se imaginou em um mundo em que a educação, a saúde, a erradicação da fome e o bem-estar coletivo fossem agraciados com os investimentos hoje destinados à indústria bélica mundial? Erradicaríamos a fome e propiciariamos uma vida mais digna a todos os componentes desses 6 bilhões de habitantes do nosso planeta terra.
Você já imaginou um mundo sem guerras, mas com discursos? Um mundo sem corrupção, mas com fraternidade? Um mundo sem abuso de poder, mas com solidariedade? Um mundo sem massificação, mas com respeito às diferenças culturais?
O sonho da convivência pacífica com dignidade e respeito mútuo é possível. Basta querermos. Mudar o que hoje está errado é um dever, inclusive. Se não corrigirmos o rumo que a humanidade adotou, as gerações seguintes sofrerão com catástrofes naturais, diferenças salariais abissais e muita injustiça que ferirá almas até então pacíficas.
O mundo está mudando. Obama, um negro com descendência muçulmana e que possui nome árabe, é presidente dos Estados Unidos. Lula, um ex-metalúrgico, é presidente do Brasil. Um indígena governa a Bolívia. E representantes diretos do povo mais pobre chegaram ao poder em diversos países da América Latina. A internet permite uma rápida comunicação e divulgação de cultura e de informação instantânea. É, o mundo não é o mesmo de 10 anos atrás.
Mas as mudanças não foram somente para melhor. Há a grave mudança climática, com o aquecimento do globo terrestre, as guerras sem sentido algum, a fome esquecida, o analfabetismo crescente, o desrespeito escancarado aos direitos humanos pelas grandes potências, a diminuição das publicações de informação e o aumento das publicações de mero entretenimento, e o fim da poesia.
Hoje, o poeta é um homem fora do tempo e do contexto. Ainda bem que é considerado assim, pois isso permite que mantenha a capacidade de enxergar o depois e tocar os corações de forma contundente, mas sem ferir.
É possível revalorizarmos a poesia e o ser humano. Basta querermos e não nos esquecermos de quem somos. Basta querermos realmente um mundo melhor...

domingo, 26 de abril de 2009

PAULO COELHO E O SUFISMO

O sufismo é uma corrente esotérica do islamismo. E o escritor brasileiro Paulo Coelho diz ter bebido dos ensinamentos sufis para escrever algumas de suas mais famosas obras, conhecidas e difundidas em todos os cantos e recantos do planeta terra.
Veja abaixo a matéria publicada na página virtual ARABESQ.
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Paulo Coelho: Minhas obras são profundamente influenciadas pelo Sufismo Sírio
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Syria-News 10/04/2009
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"Paulo Coelho expressou a sua grande admiração pelas tradições Sufistas difundidas na Síria e disse que suas “obras são amplamente influenciadas pelos ensinamentos Sufistas do Islã inerentes em Damasco e Aleppo”.
Em entrevista à revista Voroord, a primeira para um meio de comunicação sírio, Coelho afirmou: “O Sufismo inspirou grande parte da minha vida, e a sua influencia é evidente nas obras ‘O Alquimista’ e, mais recentemente, no ‘O Zahir’”.
Coelho acredita que a vida é uma longa peregrinação em direção a Deus e que a força do ser humano para influenciar o outro vem da sua liberdade intrínseca independente de ser muçulmano, árabe, ocidental ou latino, conceitos presentes amplamente no Sufismo.
Na entrevista, Paulo Coelho reafirmou o impacto da cultura árabe e islâmica em suas obras, e a influencia da literatura árabe como o livro, Mil e Uma Noites e as obras Sufista.
O Sufismo é uma corrente mística e contemplativa do Islã. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis ou sufistas, procuram uma relação direta com Deus através de cânticos, música e danças".

sábado, 25 de abril de 2009

Socialismo fracassou, capitalismo quebrou: o que vem a seguir?


artigo extraído da página virtual da AGÊNCIA CARTA MAIOR


Eric Hobsbawm - The Guardian


A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública. A prioridade não é o aumento do lucro e do consumo, mas sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de todos por meio da ação coletiva. Isso significa iniciativa pública não baseada na busca de lucro. Decisões públicas dirigidas a melhorias sociais coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza pessoal. A análise é do historiador britânico Eric Hobsbawm

Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, o deslocamento do mercado livre para a ação pública deve ser maior do que os políticos imaginam. O século XX já ficou para trás, mas ainda não aprendemos a viver no século XXI, ou ao menos pensá-lo de um modo apropriado. Não deveria ser tão difícil como parece, dado que a idéia básica que dominou a economia e a política no século passado desapareceu, claramente, pelo sumidouro da história. O que tínhamos era um modo de pensar as modernas economias industriais – em realidade todas as economias -, em termos de dois opostos mutuamente excludentes: capitalismo ou socialismo.Conhecemos duas tentativas práticas de realizar ambos sistemas em sua forma pura: por um lado, as economias de planificação estatal, centralizadas, de tipo soviético; por outro, a economia capitalista de livre mercado isenta de qualquer restrição e controle. As primeiras vieram abaixo na década de 1980, e com elas os sistemas políticos comunistas europeus; a segunda está se decompondo diante de nossos olhos na maior crise do capitalismo global desde a década de 1930. Em alguns aspectos, é uma crise de maior envergadura do que aquela, na medida em que a globalização da economia não estava então tão desenvolvida como hoje e a economia planificada da União Soviética não foi afetada. Não conhecemos a gravidade e a duração da atual crise, mas sem dúvida ela vai marcar o final do tipo de capitalismo de livre mercado iniciado com Margareth Thatcher e Ronald Reagan.A impotência, por conseguinte, ameaça tanto os que acreditam em um capitalismo de mercado, puro e desestatizado, uma espécie de anarquismo burguês, quanto os que crêem em um socialismo planificado e descontaminado da busca por lucros. Ambos estão quebrados. O futuro, como o presente e o passado, pertence às economias mistas nas quais o público e o privado estejam mutuamente vinculados de uma ou outra maneira. Mas como? Este é o problema que está colocado diante de nós hoje, em particular para a gente de esquerda.Ninguém pensa seriamente em regressar aos sistemas socialistas de tipo soviético, não só por suas deficiências políticas, mas também pela crescente indolência e ineficiência de suas economias, ainda que isso não deva nos levar a subestimar seus impressionantes êxitos sociais e educacionais. Por outro lado, até a implosão do mercado livre global no ano passado, inclusive os partidos social-democratas e moderados de esquerda dos países do capitalismo do Norte e da Australásia estavam comprometidos mais e mais com o êxito do capitalismo de livre mercado.Efetivamente, desde o momento da queda da URSS até hoje não recordo nenhum partido ou líder que denunciasse o capitalismo como algo inaceitável. E nenhum esteve tão ligado a sua sorte como o New Labour, o novo trabalhismo britânico. Em suas políticas econômicas, tanto Tony Blair como Gordon Brown (este até outubro de 2008) podiam ser qualificados sem nenhum exagero como Thatchers com calças. O mesmo se aplica ao Partido Democrata, nos Estados Unidos.A idéia básica do novo trabalhismo, desde 1950, era que o socialismo era desnecessário e que se podia confiar no sistema capitalista para fazer florescer e gerar mais riqueza do que em qualquer outro sistema. Tudo o que os socialistas tinham que fazer era garantir uma distribuição eqüitativa. Mas, desde 1970, o acelerado crescimento da globalização dificultou e atingiu fatalmente a base tradicional do Partido Trabalhista britânico e, em realidade, as políticas de ajudas e apoios de qualquer partido social democrata. Muitas pessoas, na década de 1980, consideraram que se o barco do trabalhismo não queria ir a pique, o que era uma possibilidade real, tinha que ser objeto de uma atualização.Mas não foi. Sob o impacto do que considerou a revitalização econômica thatcherista, o New Labour, a partir de 1997, engoliu inteira a ideologia, ou melhor, a teologia, do fundamentalismo do mercado livre global. O Reino Unido desregulamentou seus mercados, vendeu suas indústrias a quem pagou mais, deixou de fabricar produtos para a exportação (ao contrário do que fizeram Alemanha, França e Suíça) e apostou todo seu dinheiro em sua conversão a centro mundial dos serviços financeiros, tornando-se também um paraíso de bilionários lavadores de dinheiro. Assim, o impacto atual da crise mundial sobre a libra e a economia britânica será provavelmente o mais catastrófico de todas as economias ocidentais e o com a recuperação mais difícil também.É possível afirmar que tudo isso já são águas passadas. Que somos livres para regressar à economia mista e que a velha caixa de ferramentas trabalhista está aí a nossa disposição – inclusive a nacionalização -, de modo que tudo o que precisamos fazer é utilizar de novo essas ferramentas que o New Labour nunca deixou de usar. No entanto, essa idéia sugere que sabemos o que fazer com as ferramentas. Mas não é assim.Por um lado, não sabemos como superar a crise atual. Não há ninguém, nem os governos, nem os bancos centrais, nem as instituições financeiras mundiais que saiba o que fazer: todos estão como um cego que tenta sair do labirinto tateando as paredes com todo tipo de bastões na esperança de encontrar o caminho da saída.Por outro lado, subestimamos o persistente grau de dependência dos governos e dos responsáveis pelas políticas às receitas do livre mercado, que tanto prazer lhes proporcionaram durante décadas. Por acaso se livraram do pressuposto básico de que a empresa privada voltada ao lucro é sempre o melhor e mais eficaz meio de fazer as coisas? Ou de que a organização e a contabilidade empresariais deveriam ser os modelos inclusive da função pública, da educação e da pesquisa? Ou de que o crescente abismo entre os bilionários e o resto da população não é tão importante, uma vez que todos os demais – exceto uma minoria de pobres – estejam um pouquinho melhor? Ou de que o que um país necessita, em qualquer caso, é um máximo de crescimento econômico e de competitividade comercial? Não creio que tenham superado tudo isso.No entanto, uma política progressista requer algo mais que uma ruptura um pouco maior com os pressupostos econômicos e morais dos últimos 30 anos. Requer um regresso à convicção de que o crescimento econômico e a abundância que comporta são um meio, não um fim. Os fins são os efeitos que têm sobre as vidas, as possibilidades vitais e as expectativas das pessoas.Tomemos o caso de Londres. É evidente que importa a todos nós que a economia de Londres floresça. Mas a prova de fogo da enorme riqueza gerada em algumas partes da capital não é que tenha contribuído com 20 ou 30% do PIB britânico, mas sim como afetou a vida de milhões de pessoas que ali vivem e trabalham. A que tipo de vida têm direito? Podem se permitir a viver ali? Se não podem, não é nenhuma compensação que Londres seja um paraíso dos muito ricos. Podem conseguir empregos remunerados decentemente ou qualquer tipo de emprego? Se não podem, de que serve jactar-se de ter restaurantes de três estrelas Michelin, com alguns chefs convertidos eles mesmos em estrelas. Podem levar seus filhos à escola? A falta de escolas adequadas não é compensada pelo fato de que as universidades de Londres podem montar uma equipe de futebol com seus professores ganhadores de prêmios Nobel.A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública. Não importa só o aumento do lucro e do consumo dos particulares, mas sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de todos por meio da ação coletiva. Mas isso significa – ou deveria significar – iniciativa pública não baseada na busca de lucro, sequer para redistribuir a acumulação privada. Decisões públicas dirigidas a conseguir melhorias sociais coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza pessoal.Em nenhum âmbito isso será mais importante do que na luta contra o maior problema com que nos enfrentamos neste século: a crise do meio ambiente. Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, significará um deslocamento de grande alcance, do livre mercado para a ação pública, uma mudança maior do que a proposta pelo governo britânico. E, levando em conta a gravidade da crise econômica, deveria ser um deslocamento rápido. O tempo não está do nosso lado.


(Artigo publicado originalmente no jornal The Guardian - Tradução do inglês para o espanhol: S. Segui, integrante dos coletivos Tlaxcala, Rebelión e Cubadebate. Tradução do espanhol para o português: Katarina Peixoto)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O BOM SENSO ESTÁ DE VOLTA!

O presidente estadunidense de nome árabe e descendente de negros e muçulmanos surpreende. Consegue ser preciso quanto à retirada das forças armadas do Iraque, da liberalização de viagens e de negócios com Cuba e do retorno dos investimentos sociais em seu próprio país. A direita estadunidense e de Israel, belicosas e beligerantes, que se cuidem. O aval sempre concedido às mais desastrosas ousadias militares do império ditado por meia dúzia de israelenses está com os dias contados, e não é de hoje. O lobby judáico tão apregoado não autoriza a aceitação de barbaridades, mas sim da defesa dos valores judeus que todos nós conhecemos e que distam, e muito, da política atroz que vem sendo adotada pelos governantes de um Estado que lutou para existir e que hoje luta para destruir os que o circundam. Ao que tudo indica, o bom senso está de volta ao último verdadeiro grande império dessa humanidade e, com isso, a paz não se torna apenas uma utopia.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

VOCÊS, OS VIVOS

Para quem gosta de filme reflexivo, a película européia "VOCÊS, OS VIVOS", é imperdível. Trata-se da junção de 52 cenas, que os críticos optaram por chamar de vinhetas independentes e que termina por trazer a oportunidade de uma grande reflexão sobre a solidão, a vida, a morte e o próprio sentido de ser humano.


terça-feira, 21 de abril de 2009

A POLÊMICA COM A DECISÃO DE ADRIANO - NÃO INTERESSA A NINGUÉM

por SÓCRATES*

Ao acompanhar as reações de quase todos em relação ao episódio envolvendo o atacante Adriano, diante da notícia de seu afastamento por estar insatisfeito com os rumos de sua vida, lembrei-me de quando resolvi abandonar a minha aventura italiana.


Até hoje, acreditem, muitos consideram um absurdo minha decisão de voltar para a minha terra e o meu povo, deixando por lá um caminhão de dinheiro, algo em torno de 1 milhão e meio de dólares americanos. São os mesmos que jamais conseguirão entender que morar em Florença, o berço da Renascença, tomar na hora em que quiser um dos melhores vinhos do mundo, o Chianti, comer uma suculenta bisteca à Fiorentina, quando, como e onde preferir. Ou visitar cotidianamente, se conseguir, a galeria Degli Ufizzi e ver de perto o original da escultura Davi, de Michelangelo, e mil outras obras de arte. Jantar em um restaurante chiquérrimo na Piazzale, batizada com o nome do mestre, visitar as ruínas da civilização etrusca em Fiesole. Tudo isso ou ainda qualquer outro atrativo é NADA comparado ao que chamamos de felicidade.


Felicidade não é ter, e, sim, ser. É um estado de espírito e uma série de sentimentos concomitantes em que predominam a paz interior e a alegria de se sentir vivo e sabedor do que e de para que estamos aqui. Para tanto, temos de estar onde nos sentimos bem, com quem nos faz bem, envoltos em uma bruma que nos afague e acaricie e nos complete. Felicidade está no sorriso de uma criança, bem ou malvestida, bem ou mal alimentada. Não em uma bolsa Louis Vuitton ou em um perfume igualmente francês.


Felicidade está em sentir o frescor da brisa marinha ao lado da mulher ou do homem amado, caminhando despreocupadamente pela areia banhada pela água salgada. E não nas inúmeras horas passadas no cabeleireiro, falando mal dos outros e maquiando a si próprio. Ou apenas no prazer de se deleitar na leitura de um bom livro, ouvindo uma linda música. Ou em uma gostosa gargalhada escutada a dezenas de metros.


É certo que vivemos em uma sociedade viciada em consumo e que muitos dos que dela fazem parte pouco estão se lixando com a tal da felicidade.


Encontramos, justamente por esse motivo, tanta gente infeliz, mal-amada, mascarando o seu dia a dia, para, quem sabe, nele achar alguma coisa de útil ou prazeroso. Também é por isso que o amor pelos outros parece definitivamente em extinção, pois já não vemos um cavalheiro levantar para dar lugar a uma pessoa de idade, muito menos para uma dama jovial nos metrôs da vida.


Daí, contudo, a ficarem estarrecidos com a opção de um indivíduo em busca da felicidade é uma demonstração de acomodação completa com a própria escolha, o que os torna incapazes de enxergar a grandiosidade do gesto. Além do que, ele pode estimular pelo menos uma reflexão crítica das futuras gerações para, eventualmente, estas optarem por um comportamento mais realista e mais humano.


No entanto, para um fato como esse tornar-se uma ferramenta de educação social é preciso contemplar os dois lados da questão. Que se analisem com isenção os prós e contras de atitude tão radical. Respeitando-se, claro, as decisões pessoais, pois estas são indiscutíveis. Assim como Leandro decidiu não viajar para a Copa do Mundo realizada no México, jogando pela janela tudo o que conquistara e o futuro na profissão, em solidariedade ao colega Renato Gaúcho, que com ele havia ferido o dogma da “concentração-prisão” em determinada situação.


Solidariedade é uma ação comportamental que deveria ser eternamente valorizada, para o bem das relações sociais. E apenas energúmenos podem declinar de utilizar exemplos públicos como este para difundi-la no seio da sociedade. E foi o que infelizmente aconteceu.


A maior parte da mídia e, consequentemente, das pessoas que engolem qualquer “sapo” vindo da mesma sem ao menos usufruir de uma visão crítica – eternamente escondida no fundo de algum porão de suas personalidades – difundiu o episódio como se fosse um caso de homossexualismo barato, rebaixando-o ao menor nível possível, como é praxe dos preconceituosos e racistas, para não falar de coisa pior.


Deixemos, pois, Adriano seguir o caminho escolhido. Só a ele cabe essa decisão. Não divaguemos pelo desconhecido da especulação maldosa e vil, numa tentativa de arrasar um ser humano só porque este tomou uma estrada que causa aversão a tantos, já que não lhes foi dado o prazer de conhecê-la. Somos poucos, mas ainda acreditamos que viver bem passa necessariamente pela felicidade que podemos conquistar.

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* Ex-jogador e artilheiro da seleção brasileira e colaborador semanal da Revista Carta Capital com a coluna Esporte e política na marca do Pênalti
Texto publicado originalmente na Revista Carta Capital (texto de 17/04/09)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

COCOROBÓ NA ÍNTEGRA NO YOUTUBE

O AÇUDE QUE INUNDOU CANUDOS
Cocorobó é um documentário de 32 minutos (produzido em 2005) que, sem a intervenção direta dos jornalistas Cyro Saadeh e Mariana Di Lello, aborda a construção do açude que inundou Canudos em 1968, respeitando os pontos de vista dos técnicos, da população e dos intelectuais. Ele já está disponibilizado para ser assistido no canal youtube em 4 partes.
Cocorobó, que significa coisa grande em tupi, guarda consigo o segredo que intriga os pesquisadores: a causa real de sua construção. Afinal, Cocorobó foi construído para diminuir os efeitos da seca na região ou para esconder definitivamente os destroços e a própria história de Canudos?


Há vários pontos de vista e várias pequenas verdades que ora são colidentes, ora se entrelaçam e ora se somam, permitindo que o telespectador forme a sua própria convicção a respeito dos reais motivos para a construção de uma obra gigantesca em pleno sertão baiano, exatamente no local em que, no ano de 1897, ocorreu uma guerra fratricida que assassinou 25 mil brasileiros.
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Esse documentário é imperdível para aqueles que querem conhecer um pouco mais da histórica do nosso país. Se Canudos foi uma Tróia de Barro, nas palavras de Euclides da Cunha, lembradas pelo Ioiô da Professora, Cocorobó pode ser considerado o oceano capaz de esconder, sob as suas águas salgadas, vida e histórias.

domingo, 19 de abril de 2009

AMÉRICA LATINA DESCONHECIDA

por MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND

A América Latina é um continente em efervescência. Diariamente ocorrem fatos relevantes, praticamente ignorados pela mídia hegemônica. Há uns 20 anos nos países ricos, e mesmo na periferia, os jornais e noticiários de TV só se interessavam pelo continente latino-americano a partir de um fato com dez mortos. O tempo passou e com raras exceções a filosofia não se alterou, embora a região hoje seja um manancial informativo que daria tranqüilamente para editar uma ou mais páginas diárias, isso, claro, se houvesse vontade política. Para se ter uma idéia, vale o exemplo da Bolívia, onde, além da greve de fome em favor de um regime eleitoral prevendo eleição em dezembro e que o presidente Evo Morales participou, está sendo inaugurada uma universidade indígena localizada em Chimoré. Outras duas, a de Warisata e Macharetí estão a postos, inclusive participaram de teleconferência no dia da inauguração. Os estudantes em Chimoré terão aulas em língua quechua e em Macharetí, em guarani. Segundo as autoridades bolivianas, em agosto de 2008, o presidente Evo Morales tinha decretado a criação das primeiras três universidades indígenas, com o objetivo de descolonizar o país culturalmente, recuperar o saber, conhecimentos, cultura e as formas de organização dos povos originários, com a incorporação da interculturalidade e o plurilingüismo. Com a inauguração, o governo boliviano cumpre uma promessa de campanha e dá mais um passo decisivo no sentido de consolidar um novo país, distante dos tempos em que predominava a visão Ocidental totalmente afastada da realidade. Ou seja, acabou o tempo em que um país de base indígena era governado apenas por brancos e mestiços, que deixaram como herança uma extrema pobreza e muito próximo de uma confrontação interna. A criação das universidades indígenas não deveria merecer a cobertura dos jornais e televisões? Se no Brasil o espaço midiático fosse democratizado, sem dúvida os brasileiros seriam mais bem informados, não só sobre o relevante acontecimento na Bolívia, como outros do mesmo nível. Como a filosofia da mídia hegemônica é avessa a essas coisas, a prioridade é outra. Isso para não falar da manipulação que claramente visa indispor governos e povos, como aconteceu recentemente quando os espaços conservadores chegaram até a decretar uma “guerra do gás” entre a Bolívia e o Brasil. Ainda no continente latino-americano, um presidente eleito democraticamente foi condenado a 25 anos de prisão por responsabilidade em muitas mortes no período em que governou o Peru, de 1990 a 2000. O fato foi noticiado, mas praticamente nenhum dos jornalões lembrou que Alberto Fujimori era considerado, juntamente com o então presidente mexicano Carlos Salinas de Gortari (88 a 94), como exemplo de administrador bem sucedido. E sabem o motivo desse destaque nos espaços midiáticos conservadores? Simplesmente porque os dois colocavam em prática o modelo econômico neoliberal e eram considerados modernos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando ocupava o Ministério da Fazenda foi um ardoroso defensor de Gortari e posteriormente, já na presidência, de Fujimori. Quando o peruano estava prestes a ser defenestrado, Cardoso tentou mediar a continuidade do então dirigente, mas não foi bem sucedido. Sobre Gortari, FHC chegou a considerá-lo um guru, exatamente porque o então governante mexicano colocava em prática um modelo econômico que o próprio ex-presidente brasileiro executou ao assumir o governo. Gortari hoje vive na Irlanda em completo ostracismo e se voltar ao México vai ter que responder na Justiça por uma série de acusações relativas à corrupção. Cardoso segue na militância política defendendo o ideário, já falido, neoliberal. Concordam que a América Latina é um continente em efervescência e que merece um outro tratamento da mídia? De 16 a 17 de abril vai ser realizada em Trinidad Tobago a V Cúpula das Américas que reunirá representantes de 34 países americanos, com exceção de Cuba, e contará com a presença de Barack Obama, o que de alguma forma colocará a América Latina nas primeiras páginas. Mas resta saber de que forma será a cobertura deste evento em que Cuba, mesmo ausente, estará na ordem do dia e será também um grande teste para o presidente estadunidense. Esta Cúpula servirá para sentir como será o relacionamento do governo Obama com a região.

sábado, 18 de abril de 2009

Advocacia Pública - apontamentos sobre a história da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo

Recentemente foi lançado um livro que para os inconsequentes poderia ter viés corporativista, "Advocacia Pública - apontamentos sobre a história da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo".


Baseando-se em entrevistas e em pesquisas documentais e de autos processuais, Cássio Schubsky relata a realidade de diversos homens e mulheres que engrandeceram a advocacia pública, as letras, as artes, o aspecto social, o mundo jurídico e a política nacional. Ulysses Guimarães, André Franco Montoro, Boris Fausto, Michel Temer, Aloysio Nunes Ferreira e tantos outros fizeram parte ou ainda integram a carreira de procurador do Estado de S. Paulo. Sempre foram seres humanos, com viés artístico, político, além do jurídico. É um livro de humanidades e que, ao menos, vale a pena ser visto e pesquisado.

Há muito mais sobre os homens e mulheres públicos.



sexta-feira, 17 de abril de 2009

ONU aposta em política falida


Dafne Melo da Redação do Jornal BRASIL DE FATO


Nações Unidas aprofunda política repressiva contra drogas ilícitas, mesmo após o fracasso das últimas décadas


“Utopia totalitária”. Assim é a política antidrogas preconizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) há quase cinco décadas, de acordo com o professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), Henrique Carneiro. Guiada pela repressão à produção, tráfico e consumo, ela ainda estabelece como meta máxima a erradicação das drogas no mundo. Entretanto, ainda que duramente criticada por países europeus, latino-americanos e organizações não-governamentais – sobretudo nos últimos anos –, a ONU não dá sinais de que pode ceder.
De 12 a 20 de março, representantes de 130 países se reuniram em Viena (Áustria) para reavaliar essa política. A posição de setores progressistas presentes na 52º Sessão da Comissão de Narcóticos da ONU é que a organização não só não reconheceu a ineficácia e impertinência de sua política, como ainda retrocedeu no pouco que tinha de avançado.
No documento final, a expressão “redução de danos”, presente em declarações anteriores, foi retirada, mesmo com a insistência de 26 países – a maioria da União Européia, mais Bolívia e Austrália. Esse termo abria uma brecha para atuação de alguns países que não concordam com a política puramente repressiva das Nações Unidas que, na verdade, é a defendida historicamente pelos Estados Unidos. O termo “redução de danos” foi aprovado pela maioria esmagadora das nações, mas saiu do documento final da reunião após veto estadunidense. Japão, Vaticano, Rússia, Itália e Colômbia foram os outros países contrários à manutenção do termo.
Fracasso
Antes e durante a reunião da comissão, a ONU liberou uma série de relatórios sobre o tema. Em todos prevalecem o tom eufemístico de que a “guerra contra as drogas”, ainda que com tropeços, é bem sucedida. Os números, contudo, são desanimadores. A produção de cocaína, por exemplo, aumentou de 362 toneladas para 994 toneladas, de 1986 a 2007, período que coincide com o endurecimento das políticas antidrogas.
O documento também aponta para o aumento do consumo de substâncias sintéticas e de maconha, embora não forneça novas estimativas. De acordo com o relatório de 2008, a produção da erva aumentou de 33 mil toneladas em 1986 para 41 mil toneladas em 2007, mantendo o status de droga mais consumida do mundo. Porém, a própria ONU reconhece que esse número deve ser ainda maior, já que é uma planta que pode ser mais facilmente cultivada, dificultando o monitoramento dos plantios.
Quanto à papoula (usada para fabricar heroína), a produção tem aumentado vertiginosamente nas últimas duas décadas, sobretudo – e paradoxalmente – após a ocupação estadunidense no Afeganistão, país que cultiva 92% da papoula do mundo. A produção ilegal da planta (há produção legal para fabricação de morfina, usada como medicamento) passou de pouco mais de uma tonelada em 1980 para 8,8 toneladas em 2007.
Lucros
Para a socióloga mexicana Ana Esther Ceceña, um dos principais motivos para o “fracasso” dessa política é o fato do narcotráfico ser uma atividade altamente lucrativa, que movimenta, segundo dados de 2005 da ONU, 320 bilhões de dólares por ano. Para ela, é contra a própria natureza do capitalismo erradicar uma atividade econômica de tamanha envergadura, seja ela ilegal ou não. “O tráfico de drogas é a atividade econômica mais dinâmica do capitalismo contemporâneo; e altamente rentável, por ser ilegal, livre de impostos”. Na sua avaliação, o único objetivo das políticas atuais é mantê-la simplesmente sob controle. Legalizar significaria diminuir em muito os lucros, uma vez que seria necessário criar uma série de controles e impostos.
E são justamente os países ricos que mais ganham com esse negócio. De acordo com a própria ONU, aqueles que produzem a droga embolsam apenas 4% dos lucros. A venda direta para o consumidor final fica com a maior fatia, 71%. O restante, 25%, vai para os exportadores e importadores do produto. Só nesta última fase, a movimentação é de 94 bilhões de dólares, mais do que a soma anual das exportações de carne e cerais.
Como a fabricação de matérias-primas para as drogas está nos países pobres e o consumo é mais alto nos ricos, na prática, revela a ONU, 76% do lucro das vendas fica nas nações desenvolvidas. A América do Norte responde, sozinha, por 44% do faturamento no varejo dessas drogas. A Europa aparece como segundo maior mercado, com 33%. A América do Sul representa apenas 3%, percentual menor do que o da Oceania, de 5%.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DIVISÓRIAS NO RIO DE JANEIRO

Poderiam ser tapumes, grades ou um mero fio de "nylon". Divisórias são inconcebíveis. Com ela não divide-se apenas o território, mas divide-se rendas, sociedade e dignidade. Não será dessa forma que se protegerá a natureza, mote para a construção dessa indignidade vertical: "o muro do Rio". Lembrem-se do Muro de Berlim e vejam o vídeo "Pedras no Caminho da Humanidade".

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A DIFÍCIL VIDA DOS TRAVESTIS

Poucas pessoas têm coragem de falar sobre preconceito, principalmente quando se refere à questão sexual. Há um falso moralismo disseminado nas sociedades humanas que contamina os olhos e cega a possibilidade de visualizar a realidade com leveza e sensibilidade.
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Alguns países europeus estão séculos à frente de nós colonizados no que se refere à respeitabilidade das realidades e das escolhas. Não, não uso o termo tupiniquim para nos inferiorizar. Prefiro usar "colonizados". Para mim é questão de orgulho ser descendente de índio. E o engraçado é que ninguém fala que é preconceito alguém dizer "programa de índio", "coisa de tupiniquim", "país tupiniquim"... Somos um povo que não nos aceitamos e não nos conhecemos. Mas vamos ao tema, pois vamos abordar outro tipo de preconceito.


Ser homossexual, bissexual, pansexual, transexual, travesti é algo que para alguns afronta a moral. É, e esses alguns são muitos. Há muitas religiões impiedosas com essas questões. E quem tem uma opção tem medo de falar dos outros com medo de ser considerado diferente e daí ser discriminado. É uma bola de neve de irracionalidade que leva um, dois, um monte de gente, para o abismo da escuridão do medo do diferente e do desconhecimento.

Há seres humanos homossexuais, bissexuais e transexuais desde os primórdios. Vide a Grécia e a Roma antigas. Há transexuais e travestis há séculos. O ser humano tem vontade e desejos desde que se deu conta de que é um ser vivo. Porém, sempre há gente que acha que o melhor é isso ou aquilo. Impõe-se dogmas a algo que não necessita de fórmulas. Lembre-se que a religião surgiu muito tempo depois do homem praticar o primeiro ato sexual, seja hetero, seja homo, seja pansexual.


O médico Dráuzio Varella recentemente escreveu um artigo para o jornal Folha de S. Paulo, onde expressa que o pior preconceito existente é aquele voltado contra os travestis. E de fato é. Em um texto único, direto e sensato, ele expõe os dramas dessa minoria que vive isolada. Hum. Você já viu um travesti trabalhando em uma multinacional? Um travesti gerente de banco? Um travesti advogado? Um travesti jornalista? Há muitos travestis vendedores, esteticistas e que ocupam outros empregos com salários menores, mas dificilmente você verá um travesti em cargo pomposo. E não se confunda travesti (aquele que nasceu homem que se veste de mulher ou aquela que nasceu mulher e que se veste de homem com o transexual. O transexual nasceu com um sexo, mas sente-se como se fosse do sexo oposto. Enquanto o travesti tem prazer com o seu órgão genital, o transexual não e sente vergonha de carregar o sexo oposto).
Assim como uma mulher tem o direito de usar uma saia curtíssima e um homem usar uma camiseta regata mostrando os músculos nas ruas, o travesti tem direito de andar pela cidade. Os travestis constituem uma minoria esquecida. Enquanto há grupos fortes que defendem os homossexuais e os negros, os travestis e transexuais são esquecidos e sofrem preconceitos ao serem atendidos nos órgãos públicos, seja delegacia, hospital...
Há muito que se conquistar. O porquê de escrever sobre esse tema? Curiosamente, Dráuzio Varella tratou da questão no jornalão Folha de S. Paulo na mesma semana em que a pequena mídia divulgou "Vida de Travesti" (artigo de Urariano Mota). Não é uma vida fácil e sequer há condições de se viver a vida com dignidade e a paz necessárias.
Leia a respeito antes de fazer um comentário e veja o quanto há que se aprender sobre o ser humano. Aliás, também somos isso que chamamos de ser humano, não é?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quem está doente: Adriano ou os outros?

Às vezes nos perguntamos sobre a felicidade, a razão de existirmos, a figura de Deus, o pecado, a necessidade de sermos samaritanos... Porém, às vezes, cegamo-nos e passamos a ter um comportamento único, irracional. Queremos ler futilidades e comprar objetos absolutamente desnecessários. Vivems em um mundo de compensações de nossas frustrações.
Com sabedoria e veemência, o professor Emir Sader trata da coragem do jogador Adriano de dizer não ao futebol.
Veja abaixo, na íntegra, o posto publicado no BLOG DO EMIR, na Agência Carta Maior.
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por EMIR SADER

Que sociedade é esta que, quando alguém diz que não estava feliz no meio de tanto treino, tanta pressão, tanta grana, tanta viagem, que prefere voltar à favela onde nasceu e cresceu, compra cerveja e hambúrguer para todo mundo, fica empinando pipa – se considera que está psiquicamente doente e tem que procurar um psiquiatra? Estará doente ele ou os deslumbrados no meio da grana, das mulheres, das drogas, da publicidade, da imprensa, da venda da imagem? Quem precisa mais de apoio psiquiátrico: o Adriano ou o Ronaldinho Gaucho?O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem “normais”. Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário com um tipo italiano, primeiro colocado no campeonato de lá.Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de astores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, evangélico, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando, com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.Considera-se desequilibrado mental quem recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália havaiana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido – quando a imprensa não sabe onde está alguém, está “desaparecido”, chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido -, buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, encontrar mulheres espetaculares na jogada.Falou como ser humano, que singelamente tem a coragem de renunciar às milionárias cifras, eventualmente até pagar multar pela sua ruptura, dizer que “vai dar um tempo”, que não era feliz no que estava fazendo, que reencontrou essa felicidade na favela da sua infância, no meio dos seus amigos e da sua família.Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que “não se rasga dinheiro”, em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem está doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter que ser curada? Quem é normal, quem está feliz?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ÁRVORES E HUMANOS

Uma árvore surge quase do nada.
De repente, ela brota, vai se elevando aos poucos e toma forma, das mais diversas.
Cresce e algumas ganham galhos, folhas e frutos.
Faz sombra e permanece sempre silente, apenas mexendo um pouco com os fortes ventos.
Não reclama das chuvas nem dos bichos que se socorrem para abrigar-se.
Quando são cortadas perde-se não apenas uma vida, mas a sombra e os frutos.
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O ser humano surge quase do nada.
De repente, ele toma forma e vem para o mundo exterior ao da placenta.
Cresce, aprende a falar e ganha manias e virtudes.
Faz um outro tipo de sombra, modifica o planeta e mexe com quase tudo.
Reclama das chuvas, das secas, do sol, do frio, do calor e de muitas outras coisas.
Foge da natureza e socorre-se em shoppings, hotéis de luxo...
Quando mortos, não se perde quase nada, com raras exceções.

domingo, 12 de abril de 2009

AMÉRICA DO SUL: IMPERDÍVEL

E tem gente que diz que a Europa é mais bonita.

1) Esta foto logo abaixo é da Patagônia argentina.

2) A foto do meio é da Patagônia chilena.

3) A terceira foto é do Peru.

4) O vídeo da baleia foi feito na Argentina.












































Baleia Franca na pagatônia Argentina



sábado, 11 de abril de 2009

DICA DE INFORMAÇÃO

Vai aí uma dica, se é que você já não conhece. JP - JORNAL DA POMPÉIA reúne as últimas informações (atualizadas instantaneamente) dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo, inclusive de órgãos governamentais, de cidadania e de direitos humanos. É só clicar e se informar. E ainda tem muitos links, e bota muitos nisso, para diversas páginas de fomento à cidadania e de lazer. Dê uma passeada e veja um jornal movido por ele mesmo. É a tecnologia a favor da cidadania e da facilidade de buscar informação.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

DIFÍCIL ARTE DE DEFINIR A ESCRITA E OS VEÍCULOS

Recentemente, ao saber que tinha um blog, uma conhecida perguntou-me curiosa sobre o que eu escrevia. Não consegui precisar e a enrolei, literalmente.
Agora, passadas algumas horas, penso que escrevo sobre humanidades. Humm! Será?
Sei lá, eu sei que gosto de escrever sobre fatos que julgo importantes e que tenham conotação histórica, geopolítica e de cidadania. Será que me expliquei? Mas como definir isso?
Acho que os meus textos não correspondem a futilidades ou amenidades. Penso que tem coloração humanista.
Mas, afinal, dá para definir alguns veículos de mídia? Eu vou tentar responder algumas perguntas.
Esse blog é para que? Penso que seja para ler
E a Veja? É para ver ou para ler? Talvez nenhum dos dois.
E a Istoé? È isso ou é aquilo? Talvez seja outra coisa.
E a Folha? É apenas uma folha ou um jornal? Talvez uma folha de jornal.
E o Estadão? É governamental ou independente? Talvez esteja naquele estado.
E a Globo? Nos globaliza ou respeita as diferenças culturais? Só vendo o globo.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

PALAVRAS...POESIAS E PESADELOS

Gostaria de ver como era o mundo antes dos vocábulos. Imagina-se que a interação se dava pelos grunhidos, gestos físicos, pela mímica e também pelos desenhos feitos nas pedras, na terra e na areia, primeiramente por necessidade e, depois, como desejo de expressão. Dizem que essas seriam as primeiras formas de comunicação entre os humanos e que ainda permanece atual, mas agora voltada mais à arte. Pode-se dizer, assim, que os primeiros sinais viraram arte!
Os vocábulos e as palavras traduziram sonhos, poesia e guerras na história da humanidade. Os vocábulos viraram sentenças que hoje ensejam belos discursos, livros, revistas, jornais, cartas de amor, emeios e contratos... As palavras adquiriram força com o passar dos tempos e passamos a nos submeter ao seu poder ficto (decisão judicial, contrato, voto...). O ser humano consensualmente foi perdendo a liberdade em prol do que imaginava ser uma sociedade.
Hoje, com o mundo globalizado e virtual, utilizamos palavras de vários idiomas e alcançamos quase que o planeta terra inteiro. As palavras supriram nossas necessidades primeiras e agora nos permitem voar mais longe? Nem tanto!
O ser humano, mesmo com tantas palavras e tantos idiomas, não conseguiu por fim às guerras, à fome, à miséria, ao analfabetismo, à tortura, ao preconceito e a tantas outras barbaridades. O ser humano se comunica, sim, mas às vezes sem êxito. Ele não hesita em utilizar palavras de outros idiomas, mas não consegue fazer cumprir a força que elas emanam...
Sabe-se que a comunicação, por mais avançada que seja, sempre depende da boa vontade dos interlocutores. O mundo real e o sonhado somente estarão prestes a serem alcançados quando houver interesse em dizer a verdade ou em cumprir o sentido da palavra utilizada.
Para por fim à fome não bastam palavras. Para por fim às guerras também não bastam palavras. Talvez se os humanos não utilizassem vocábulos ou sinais, as nossas necessidades mais preementes tivessem sido alcançadas há milhares de anos. Talvez. Talvez dessa forma primássemos mais pelas pessoas do que por uma vontade pessoal de se expressar, de imaginar, de desejar e de concretizar... Talvez não tivessemos tido tantas poesias... nem tantos pesadelos!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PALAVRAS, UTOPIAS E REVOLUÇÕES

É verdade que as palavras não transformam o mundo num passe de mágica.
Mas também é fato que as letras vão magicamente preparando o ser humano para uma mudança interior, propiciando a verdadeira revolução poética, sem armas ou verborragias, pois se as frases não constroem um novo mundo, com certeza fortalecem os sonhos e propagam ao infinito as utopias.

terça-feira, 7 de abril de 2009

IRENE JACOB

foto: Monka Jeziorowska





















Essa é uma das mais belas atrizes do cinema francês e musa do falecido cineasta polonês Krzysztof Kieslowski.
Dificilmente você encontrará uma biografia sobre essa estrela nas páginas brasileiras. Há muita coisa sobre ela, mas em francês ou inglês.
Recomendo as páginas http://www.geocities.com/irenejacob2/ e http://www.irenejacob.net/. Lá você poderá se deliciar com algumas fotos, a sua cinematografia, a sua filmografia e muito mais. Está dada a dica.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O SENTIDO ESCONDIDO DA VIDA!

Creio que não exista ser humano com maior capacidade de notar as pequenas injustiças que as crianças.
Para elas, a carrocinha é um ato hodiendo. Para elas, as crianças na rua constituem uma grande vergonha. Para elas a dependência tóxica é um grande absurdo. Para elas, os pequenos desejos podem ser realizados facilmente. E, também para elas, o dinheiro é o que menos importa, pois tudo aparenta ser possível.
É, as crianças tem um misto de enorme senso de justiça com uma grande ingenuidade. Mas, afinal, qual ser que luta por justiça não pode ser chamado de ingênuo?
Talvez os defensores dos direitos humanos sejam grandes infantes e talvez aqueles que lutam contra as minorias sejam grandes monstros. Talvez. Talvez vejamos a vida como contos de fadas e talvez sejam esses os verdadeiros contos da história da humanidade que nunca perdem a atualidade. Talvez isso não represente a luta do bem contra o mal, mas talvez seja simplesmente a luta do espírito infantil contra o espírito que está entregue à morte, à morte da vida, à morte do sorriso e à morte dos sentidos do físico e da alma.
Talvez as crianças sejam a representação viva do que a vida poderia e deveria ser! Talvez essa tão comentada ingenuidade represente o sentido escondido da vida!

domingo, 5 de abril de 2009

INJUSTIÇA!

Sou daqueles sujeitos que odeiam injustiça. Formei-me em direito pensando na busca da verdade e da liberdade. Fiz o curso por ideal e me tornei um jovem advogado idealista e um lutador por causas nobres.

Trabalhei com pessoas muito humildes e o trabalho volumoso me impedia de conversar a contento com elas. Não sabia exatamente o que havia acontecido. Sabia apenas por cima, mas desconhecia detalhes que poderiam ser importantes. Lia os autos e conversava por 5 ou 10 minutos com o réu, tempo insuficiente para saber de tudo o que seria interessante. Por isso, com o tempo, fui desenvolvendo algumas habilidades, como a de perceber se havia animosidade entre testemunhas e o acusado, se o rosto do depoente ou declarante indicava verdade ou mentira e, o que mais me preocupava, o que os sinais e gestos do corpo do acusado, da vítima e das testemunhas representavam. Tentava entender a alma das pessoas envolvidas e recriar o ambiente fático em minha mente, tudo para saber o que perguntar, se o caso.


Me envolvia assim em todos os casos, afinal, se fosse réu, eu gostaria de ser defendido por alguém com esse mesmo propósito, o de realmente buscar a melhor argumentação e defesa, não se limitando a frases pré-construídas e que pudesse entender o que houve, estando acima de idéias preconcebidas.


O tempo passou, mas não muito, e acabei tendo um sério problema de saúde que me limitou, mas não cerceou minha sede de buscar a verdade, a liberdade e a Justiça!


Com o tempo fui percebendo que as injustiças estão muito além dos processos. Elas se formam desde sempre. O homem as atrai e também as cria. As injustiças alcançam de forma mais cruel as pessoas que morrem de fome ou de sede e também as que falecem em razão de doenças, guerras, crimes, descaso de alguém, seja parente, amigo ou o Estado; também atingem as pessoas que não podem estudar, ou por falta de tempo ou por inexistir condições, as pessoas que recebem a indignidade representada pelo salário mínimo, as pessoas que não tem acesso a atividades culturais e de lazer ou que não tem aonde ou com quem morar. As injustiças permeiam nossas vidas e ferem rostos e almas que vemos por todos os espaços urbanos.


Há as pessoas frias e insensatas que não se comovem com a dor alheia e que provocam maiores danos e prejuízos à alma e ao corpo em decorrência daquilo que denominamos poder. Mas também há os samaritanos e os que lutam por aquilo que entendem ser ao menos justo.


Vemos constantemente guerras, massacres, holocaustos, genocídios, preconceitos, fome, miséria, aculturamento, massificação de bens culturais e tantas outras coisas desagradáveis. Também vemos a natureza e o seu equilíbrio, as crianças e o nosso eu e, assim, temos a certeza de que há a perspectiva de mudança e de Justiça.


O universo permite que coabitem justiças e injustiças e também os seres pacatos e os de iniciativa. Podemos nada fazer, mas não é saudável. Não dá para aceitar que se cruzem os braços perante o injusto. Aquietar-se é deformar a alma, amordaçar os sentidos e definhar a própria vida. Ter iniciativa desafiadora ao injusto, ao contrário, é expandir vitalidade e sentimento humano no universo que espera ser preenchido pelos sentimentos e ações dos seres humanos.


Querer justiça é significado de vida e também o seu principal propósito. Aquietar-se é de certa forma morrer.

sábado, 4 de abril de 2009

O aumento do infarto agudo do miocárdio em jovens

Eu não sabia do sério risco de um infarto, até que... Postei a matéria para que todos fiquem alertas, homens e mulheres... A saúde é a base do bem-estar. Cuide-se.


Dr. Ricardo Pavanello


HCor - HOSPITAL DO CORAÇÃO


O infarto agudo do miocárdio (IAM), lesão das células do músculo do coração, é causado pela obstrução temporária ou definitiva de uma artéria coronária. A adesão de um trombo (coágulo) sobre uma placa de gordura ou o espasmo da artéria coronária são as causas da interrupção do fluxo sanguíneo. No estudo INTERHEART que avaliou os fatores que aumentaram o risco de infarto agudo do miocárdio em cinco continentes, destacam-se o tabagismo (mais que cinco cigarros ao dia), glicemia maior ou igual a 126mg/dl, relação cintura-quadril maior que 0,94 (obesidade central), história familiar de doença coronária, LDL-colesterol maior que 100 mg/dl e hipertensão arterial. Já no estudo AFIRMAR (Fatores de Risco Associados com o Infarto do Miocárdio no Brasil), no qual foram selecionados cerca de 3.550 pacientes em 51 cidades brasileiras, o tabagismo também foi o fator de risco com maior impacto. Os homens fumantes com idade entre 35 e 39 anos têm uma probabilidade cinco vezes maior de ter um ataque cardíaco do que os não-fumantes. O infarto do miocárdio também pode ocorrer por uso de cocaína, devido a vasoconstricção (contração da parede da artéria coronária), associada a uma elevação da pressão arterial e a taquicardia. Atualmente, os jovens estressados, fumantes, sedentários e com peso acima do ideal, na faixa etária entre 20 e 40 anos, estão sofrendo mais infartos do miocárdio. Na cidade de São Paulo, por exemplo, eles representam, em média, 12% dos casos - essa incidência há dez anos não passava de 6%, e nos EUA, o índice médio de infartos em jovens é de 4%. Embora a mortalidade seja menor - pois o jovem ainda não sofre das co-morbidades que afetam os mais velhos como diabetes e hipertensão, o paciente habitualmente minimiza seus sintomas adiando seu atendimento e deixando muitas vezes de receber o melhor tratamento. Os pacientes jovens com IAM mesmo sem alterações genéticas e sem antecedentes de doenças cardiovasculares na família, mas que fumam, têm nível elevado de estresse e são sedentários, estão sofrendo infarto do miocárdio cada vez mais cedo. A desobstrução coronária precoce da artéria é a melhor forma de evitar a deterioração do rendimento cardíaco, e sua realização está indicada até a sexta hora do início dos sintomas. A recanalização da artéria coronária pode ser obtida com injeção de drogas trombolíticas, que podem ser utilizadas em unidades de emergência e em ambulâncias. Entretanto, a angioplastia seguida do implante de stents é a técnica mais moderna e mais eficaz de normalização do fluxo sanguíneo da artéria coronária. O HCor - Hospital do Coração em São Paulo - tem uma equipe de intervencionistas de plantão que disponibiliza essa técnica e obtém elevados índices de sucesso na maioria dos casos quando empregada no período de tempo ideal. Daí a importância do atendimento precoce. Por meio da abordagem humanizada e multiprofissional com orientação nutricional e do grupo antitabagismo do HCor, o conjunto de intervenções com resultados positivos em jovens e adultos se complementam. A prevenção de novos eventos assim como o processo educativo que envolve o paciente e seus familiares também é uma missão do Hospital do Coração e de suas equipes, que têm o compromisso não só com a prestação de serviço de elevado padrão tecnológico mas também com a busca de uma melhor qualidade de vida para todos.


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*Dr. Ricardo Pavanello é supervisor de cardiologia do HCor – Hospital do Coração www.hcor.com.br

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O PASSADO QUE NOS RESTA

É interessante notar como as lembranças da infância estão mais próximas do interiorzão.
Você já pensou aonde poderia encontrar uma tubaína e aquele simples, mas delicioso, pão de leite caseiro? Só no interiorzão. Você já pensou aonde poderia tomar aquela vaca-preta (refrigerante de cola com sorvete de creme)? Só no interiorzão. Você já pensou aonde poderia brincar na praça da cidade sem medo? Também só no interiorzão. E andar a cavalo ou de charrete? É, só no interiorzão, mesmo.
A velocidade da modernidade, com a transformação da realidade e da informação que assola as grandes cidades, assusta a quase todos. Sentimo-nos um pouco órfãos do pretérito, pois afinal, neste mundo que se diz pós-moderno, o passado foi feito para ser deixado de lado.
Deixa-se de lado os sabores da infância, as aventuras juvenis e a história dos antepassados. Talvez chegue a deixar de lado a esperança e também os sonhos.
Para a mídia, as manchetes devem ter o verbo no presente e nunca no passado: sujeito mata a gramática (e não matou). Pensa-se que a revelação de que o fato já ocorreu não traz interesse ao público leitor. Para os mais críticos, isso é o retrato do consumo imediato não refletido.
Para as indústrias, as embalagens sempre devem mudar (ou mascarar-se) e os produtos também. Prender-se ao passado, com exceção da lembrança da marca, é sinal de perda de clientes curiosos e sedentos pela novidade. É o consumismo desenfreado, segundo os críticos dessa terceira fase do capitalismo.
Os relacionamentos que deixamos lá para trás ... no passado, representa a falsa idéia de que já morreram. É, parece que esquecemo-nos de que eles continuam presentes na nossa história de vida e que moldaram e ainda formam atitudes e personalidades.
A modernidade de hoje exige que se esqueça do ontem. Talvez seja para perdermos as referências e, assim, termos anulados os nossos juízos críticos. Talvez.
Mas se o ontem não existiu ou se tornou totalmente desinteressante, para que precisamos de calendários, de comemorações de Ano Novo e de aniversários?
Afinal, se o passado desinteressa e isso alcança no futuro o atual presente, o que será do amanhã, que depois de amanhã já terá sido deixado para trás? Será que a vida perpetuamente deixará de ter sentido?
É, deletemos (usando a recente palavra adaptada do uso da informática) o passado e eternizemo-nos com os blogs e todos os recursos da tecnologia! É o único sentido de passado que ainda nos resta com permissão do modismo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ESCREVER SOBRE A PRÓPRIA VIDA

Muitas pessoas querem escrever uma autobiografia, buscando com isso tornar-se um dos tipos de celebridade existentes. Talvez isso deturpe a importância da escrita sobre si próprio.
Em um mundo que reúne tantos fatos, eventos, relacionamentos e adversidades, somente a escrita tem a capacidade de concentrar o que vemos, sentimos, pensamos, analisamos, criticamos e queremos.

Com a escrita, sentimo-nos mais seguros e permitimos uma canalização do raciocínio, o que redunda em conclusões mais lógicas e precisas. Condensando as percepções em algo palpável, podemos visualizar, sem subterfúgios e com maior clareza, a realidade, facilitando assim as conclusões a serem tiradas.

Por isso, devemos sempre preservar em papel ou em meio digitalizado o que fomos e o que somos, para não nos esquecermos de nossa própria história e dos acontecimentos importantes que permearam e ainda acompanham a nossa existência.

Escreva. Escreva muito. Jamais deixe de escrever sobre você e os fatos importantes. De certo o que se está construindo não será um diário, mas um quadro importante da vida necessário para os momentos de crise ou simplesmente para o autoconhecimento.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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