sexta-feira, 3 de abril de 2009

O PASSADO QUE NOS RESTA

É interessante notar como as lembranças da infância estão mais próximas do interiorzão.
Você já pensou aonde poderia encontrar uma tubaína e aquele simples, mas delicioso, pão de leite caseiro? Só no interiorzão. Você já pensou aonde poderia tomar aquela vaca-preta (refrigerante de cola com sorvete de creme)? Só no interiorzão. Você já pensou aonde poderia brincar na praça da cidade sem medo? Também só no interiorzão. E andar a cavalo ou de charrete? É, só no interiorzão, mesmo.
A velocidade da modernidade, com a transformação da realidade e da informação que assola as grandes cidades, assusta a quase todos. Sentimo-nos um pouco órfãos do pretérito, pois afinal, neste mundo que se diz pós-moderno, o passado foi feito para ser deixado de lado.
Deixa-se de lado os sabores da infância, as aventuras juvenis e a história dos antepassados. Talvez chegue a deixar de lado a esperança e também os sonhos.
Para a mídia, as manchetes devem ter o verbo no presente e nunca no passado: sujeito mata a gramática (e não matou). Pensa-se que a revelação de que o fato já ocorreu não traz interesse ao público leitor. Para os mais críticos, isso é o retrato do consumo imediato não refletido.
Para as indústrias, as embalagens sempre devem mudar (ou mascarar-se) e os produtos também. Prender-se ao passado, com exceção da lembrança da marca, é sinal de perda de clientes curiosos e sedentos pela novidade. É o consumismo desenfreado, segundo os críticos dessa terceira fase do capitalismo.
Os relacionamentos que deixamos lá para trás ... no passado, representa a falsa idéia de que já morreram. É, parece que esquecemo-nos de que eles continuam presentes na nossa história de vida e que moldaram e ainda formam atitudes e personalidades.
A modernidade de hoje exige que se esqueça do ontem. Talvez seja para perdermos as referências e, assim, termos anulados os nossos juízos críticos. Talvez.
Mas se o ontem não existiu ou se tornou totalmente desinteressante, para que precisamos de calendários, de comemorações de Ano Novo e de aniversários?
Afinal, se o passado desinteressa e isso alcança no futuro o atual presente, o que será do amanhã, que depois de amanhã já terá sido deixado para trás? Será que a vida perpetuamente deixará de ter sentido?
É, deletemos (usando a recente palavra adaptada do uso da informática) o passado e eternizemo-nos com os blogs e todos os recursos da tecnologia! É o único sentido de passado que ainda nos resta com permissão do modismo.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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