Creio que não exista ser humano com maior capacidade de notar as pequenas injustiças que as crianças.
Para elas, a carrocinha é um ato hodiendo. Para elas, as crianças na rua constituem uma grande vergonha. Para elas a dependência tóxica é um grande absurdo. Para elas, os pequenos desejos podem ser realizados facilmente. E, também para elas, o dinheiro é o que menos importa, pois tudo aparenta ser possível.
É, as crianças tem um misto de enorme senso de justiça com uma grande ingenuidade. Mas, afinal, qual ser que luta por justiça não pode ser chamado de ingênuo?
Talvez os defensores dos direitos humanos sejam grandes infantes e talvez aqueles que lutam contra as minorias sejam grandes monstros. Talvez. Talvez vejamos a vida como contos de fadas e talvez sejam esses os verdadeiros contos da história da humanidade que nunca perdem a atualidade. Talvez isso não represente a luta do bem contra o mal, mas talvez seja simplesmente a luta do espírito infantil contra o espírito que está entregue à morte, à morte da vida, à morte do sorriso e à morte dos sentidos do físico e da alma.
Talvez as crianças sejam a representação viva do que a vida poderia e deveria ser! Talvez essa tão comentada ingenuidade represente o sentido escondido da vida!