segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sorriso reflexo

Inocentes, sorrimos. Reflexivos, entristecemo-nos. E, ao descobrirmos a complexidade da vida e a necessidade que temos de viver, voltamos a sorrir.
________________________________________________

por Cyro Saadeh

sábado, 27 de dezembro de 2008

CANUDOS - PONTO SENSÍVEL DA HISTÓRIA DO BRASIL


Essa é uma das famosas fotos do fotógrafo Flávio de Barros, que registrou em seus filmes momentos preciosos do evento lamentável que ficou conhecido como Guerra de Canudos.
Quem não conhece Canudos perde muito da história e da realidade social e política brasileira. Canudos é um aprendizado profundo e único. É um ponto sensível da história do Brasil, pode-se dizer. Um momento em que brasileiros pobres mataram outros brasileiros pobres, por ordem superior. Àquela época não se conhecia e nem se pretendia conhecer a diversidade da nossa Nação. Era a costa litorânea europeizada contra o interior fruto da miscigenação típica brasileira.
Era uma ética européia contra uma religiosidade e solidariedade da miscigenação do índio, do negro e do português. Era o momento do sertanejo forte de Euclydes da Cunha. Era um momento de atuação política e social.
Mas Canudos não era só pedra e barro. Canudos não era só religiosidade e justiça social. Canudos era criança e esperança. Era uma vida em busca da dignidade que redundou, no pós-guerra, na miséria humana absoluta, com crianças sendo prostituídas ou utilizadas como trabalho ilegal e barato.
A realidade da cidade de Canudos, localizada à beira do açude de Cocorobó não mudou e é motivo de perplexidade, reflexão e indignação. Canudos não morreu com o fogo e nem com a água. Canudos permanece na história oral e na mente de alguns brasileiros, mas não é suficiente. Canudos tem ligações profundas com a política e a injustiça social brasileiras. O Brasil só mudará quando as lições deixadas por Canudos, Euclydes da Cunha e Getúlio Vargas forem compreendidas e aplicadas.
Essa história precisa ser contada e recontada, e poderá ser!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

UM CONTO DE NATAL

Poderia ser um conto de Natal, mas é um retrato genérico do cotidiano urbano brasileiro.

Lá naquelas casas embaralhadas e feias, retrato de Canudos e propositalmente denominadas favelas, viviam muitas famílias pobres sem acesso à educação, saúde e dignidade humana. Mesmo assim, a maior parte dessas pessoas tinha muita fé e freqüentava Centros religiosos da mais ampla diversidade.
Em uma certa noite, com o céu bastante estrelado, nasceu uma criança. Era mês de abril, mas por um erro cartorário registrou-se o nascimento em dezembro, 25 de dezembro.
Esse menino, cujo apelido era “Cris”, cresceu e ainda pequenino trabalhava com o pai e colaborava com atividades domésticas em casa. Era uma criança exemplar, bonita e miúda, repleta de energia.
Havia um pastor da Igreja que freqüentava a casa dos Nazaré e lhes passava alguns ensinamentos que os humanos insistem em dizer que são religiosos. Para Cris era um aprendizado eterno.
Na casa dos Nazaré tinha quatro cachorros que foram pegos na rua. Um era manco, outro cego, outro não andava de tão doente e o último mal tinha pelos. A família também criava um gato vira-lata. E tudo em um verdadeiro cubículo, um espaço muito reduzido e sem conforto.
A família era muito humilde e tinha dias em que sequer havia comida suficiente para todos os habitantes daquele pequeno quadrado, mas eram felizes, solidários e amorosos.
Num certo dia, às vésperas do Natal, quando Cris já era crescido, resolveram passear por uma grande avenida, repleta de prédios grandiosos e com uma bela arquitetura.
Pai, mãe e filho ficaram maravilhados com as luzes de Natal e com o movimento de carros enormes e luxuosos. Todos tiravam fotos, menos os Nazaré, que não tinham dinheiro para comprar equipamentos desse tipo e preço.
Fascinados pela decoração natalina, tentaram adentrar em uma Igreja, mas ela estava reservada para um evento de um milionário e dois seguranças barraram os Nazaré ainda na escadaria, pois estavam muito mal vestidos. Foram expulsos do templo religioso.
Tristes e silentes, os três membros daquela família desceram os degraus e viram do outro lado da rua um mendigo, que carregava trapos escuros e sujos, cantando. Observaram encantados o entusiasmo e a alegria daquele humano, sem entender o motivo. Ninguém mais olhou ou apreciou. Pessoas no interior dos carros fechavam os vidros, com medo. Policiais passavam sem perceber o momento mágico. Mas os Nazaré atravessaram a avenida e ovacionaram o sujeito que, sem entender, baixou a cabeça e saiu andando silenciosamente. Eles sorriam.
Já estava tarde e necessitavam voltar para casa. Nesse momento viram um filhotinho de cachorro olhando amorosamente para eles. Cris, ainda menino, sentou-se e parou para refletir sobre aquela noite mágica. Percebeu ainda naquele instante que a casa dele era muito maior que aquele simples barraco, que a sua família era muito maior que um pequeno grupo de pessoas “escolhidas”, que a vida tinha um sentido muito mais simples do que as pessoas comuns seriam capazes de enxergar e que para ser feliz é necessário que não se criem construções artificiais nos corações e mentes. Esboçou um sorriso, pegou a mão de sua mãe e de seu pai e entrou naquele casebre simples.
O futuro de Cris não vem ao caso, mas mesmo pobre, ele foi considerado por muitos um sábio, por outros um profeta e por muitos o mensageiro das palavras de Deus, simplesmente porque entendeu o sentido da vida.
_______________________________________________
Cyro Saadeh é jornalista e escritor

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

DO ENTREGUISMO AO IMPERIALISMO E À GLOBALIZAÇÃO


Tem coisas que não dá para guardar com a gente. Embora não goste de escrever sobre política em espaço público, como este jornal, há coisas que devem ser colocadas à disposição da população brasileira. Alguns corajosos fizeram isso e já morreram. Outros continuam vivos e insistem no assunto. Mas vamos abrir um parênteses para depois retomarmos o fio da meada.
Hoje o Brasil é um país que se inseriu no contexto da globalização. Vivemos as glórias e as tristezas decorrentes disso. Os Estados Unidos estão doentes e o vírus econômico assombra praticamente todos os países do globo, exceto a Coréia do Norte e uma ou outra Nação que não dependa do comércio internacional ou do turismo.
Mas, quando o Brasil começou a tornar-se dependente? Com a vitória dos aliados contra a Alemanha, Itália e Japão, propagandeou-se a democracia dos Estados Unidos como modelo ao mundo. Com isso o Getúlio Vargas foi compelido a deixar o cargo em prol de um presidente eleito democraticamente. O seu sucessor, Marechal Dutra, embora fosse conservador, ainda na década de 40, iniciou a abertura do Brasil às empresas européias e estadunidenses.
Mas em 51 Getúlio voltou como presidente eleito com uma votação esmagadora. O seu projeto era de desenvolvimento das indústrias nacionais, voltadas aos interesses internos. A carta-testamento é um documento anti-imperialista que nos mostra onde erramos. Não podendo confrontar as forças reacionárias, Getúlio, através do suicídio, evita o golpe arquitetado pela UDN entreguista.
Juscelino toma posse e o entreguismo vira modelo nacional. Multinacionais invadem o Brasil, um país com grande massa trabalhadora e consumidora e com potencial de crescimento. Logo depois Jânio Quadros assume para renunciar logo em seguida. Com isso, Jango, João Goulart, deveria tomar posse. Uma ala militar e a UDN o taxam de comunista, relembrando o aumento de 100% do salário mínimo enquanto Jango era Ministro do Trabalho de Getúlio. Brizola, o velho guerreiro político, monta a cadeia da legalidade pelo rádio e consegue barrar, com o apoio do Exército do Rio Grande do Sul, o golpe que estava em curso. João Goulart tomou posse, mas teve que aceitar o parlamentarismo. Posteriormente, através de um plebiscito, o presidencialismo voltou e Jango passou a ter poderes normais. No entanto, confrontava-se com a imprensa udenista, com a classe média insatisfeita com os resultados econômicos e só via uma maneira de sustentabilidade: o apoio dos trabalhadores e líderes sindicais. Nacionalista e progressista, pugnou pela reforma agrária, pela limitação de remessa dos lucros, pela política de não intervenção em assuntos internos dos países, incluindo Cuba, e investiu na educação. 64 foi a ruptura disso. O entreguismo voltou com força total e os interesses estadunidenses nunca foram tão rapidamente atendidos como nessa época de tristes lembranças.
Mas fechemos os parênteses.
Os Estados Unidos queriam barrar de vez a política social-democrata de Jango e do PTB. Por isso investiram às escondidas - e comprovadamente - no Cebrap, do Departamento de Sociologia da USP, que por sua vez tentou modernizar o discurso da necessidade de dependência internacional. Parecia que voltavamos ao período colonial. Alguns desses sociólogos alcançaram os poderes em organizações civis e no Estado. Ao mesmo tempo, surgia um líder sindical criado no regime ditatorial e em indústria estrangeira, com visão muito diferente do sindicalista de 1960.
A visão política de Vargas foi praticamente apagada e o Brasil rendeu-se às enormes multinacionais, à estonteante propaganda cultural estadunidense e ao chique "modus vivendi" não mais francês, mas "americano".
Mas a visão de Getúlio ainda sobrevive. Getúlio Vargas leu Os Sertões de Euclydes da Cunha e entendeu que o que dividia o Brasil era o fato de termos uma parte voltada ao exterior, com seus hábitos e modismos, e outra voltada às raízes nacionais. O estadista Getúlio preferiu unir esses dois Brasis, preservando os valores culturais próprios de cada região. Já os políticos seguintes, com exceção a Jango, primaram pelo o que consideravam modernização, que mistura entreguismo com globalização.
A mídia nacional, com raras exceções, apóia esse modelo entreguista, pois quem lucra com isso não é a população, mas o empresário covarde que prefere vender parte de suas empresas, ou ela inteira, a grandes grupos estrangeiros.
Esse é o Brasil de hoje, fruto de um entreguismo golpista de mais de meio século.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A VIDA E O SEU VAZIO

A vida jamais pode corresponder a um vazio. Isso corresponderia a uma antítese. Também não bastam vida e sorrisos alheios à realidade. A vida é o meio termo entre o pessoal e o coletivo. Temos o nosso corpo, isso é individual, mas as nossas atitudes refletem no universo e, por isso, devem ser pensadas no sentido do coletivo. Quando nos aquietamos perante injustiças, por menores que sejam inicialmente, dá-se início a um processo de desequilíbrio, alimentando resultados catastróficos a toda a humanidade. Já sobrevivemos a barbáries como guerras, escravidão e inquisição. Hoje, nos defrontamos com um sistema econômico que altera a relação de poder do Estado com os particulares, que retira direitos trabalhistas, que fomenta a globalização econômica, mas não a cultural ou de pessoas. O poço será cada vez maior entre os miseráveis e os ricos, ao mesmo tempo em que se destroem línguas e culturas e, o que é mais grave para todos, sem exceção a ninguém, a natureza sofre com o desequilíbrio das ações desastrosas do homem, provocando verdadeiras catástrofes.

domingo, 14 de dezembro de 2008

AUTO-CRÍTICA NECESSÁRIA

Às vezes, assistimos a tragédias e, atônitos, não sabemos como ajudar, o que fazer, no que melhorar. Muitos pensam, outros assistem como se vissem apenas um vídeo.
Somos um conjunto. Desarmônico, por sinal, mas um conjunto que caminha, cria crises, guerras, difunde a banalidade e a violência, não propicia o culturalismo, e que difunde a necessidade do sucesso e do consumo. O individualismo é uma realidade desse conjunto tão dilacerado pelos poderes e regimes econômicos.
Cremos em marcas, ostentações, moda, propagandas e somos massificados como produtos, meros produtos de consumo, para depois sermos descartados quando estivermos velhos ou com pouco poder aquisitivo.
Tornamo-nos números nos regimes ditatoriais e a vontade que impera é a dos líderes. Consumimos o que eles destinam, também massificando-nos e dilacerando a liberdade da alma.
Com tudo isso, julgamo-nos civilizados e olhamos para outras civilizações, às vezes não tão distantes, como inferiores. Vemos os índios tradicionais com características de exotismo. Não os vemos com valores culturais diversos, como deveria ser feito.
A harmonia com a natureza, o respeito com as crianças e a poligamia e sexualidade às vezes aceita, outras vezes rejeitada, demonstram a consideração pelos indivíduos em respeito à natureza e a diferenças dos indivíduos e grupos.
Podíamos ser simples e olhar singelamente, não com a mente quase sempre arrebatadora, mas com o coração mais adocicado, para, sem preconceito, admitir que integramos a natureza, dependemos dela e com ela necessitamos nos harmonizar.
Assim, compreenderíamos melhor os outros seres humanos e conceitos como solidariedade, fraternidade, amizade, universalidade e humanidade.
Falta muito para nós, seres ocidentais, às vezes tão cultos, às vezes não, sermos considerados tão humanos como pretendíamos. Falta muito, portanto, para conseguirmos resolver problemas, evitar tragédias, erradicar as guerras, dizimar a miséria e zerar a fome. Falta muito para nos sensibilizarmos e agirmos como seres ditos humanos. Falta, portanto, uma auto-crítica necessária.

sábado, 13 de dezembro de 2008

FANTOCHES

Enquanto aquele que se esforça para ser como os outros desejam que seja é um mero fantoche nas mãos alheias, não tendo autonomia nem vida própria, aquele que é diferente e ousado torna-se o personagem de suas próprias história e vida.

domingo, 7 de dezembro de 2008

60 ANOS

Este ano comemoram-se os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Seis décadas de muita luta.
E você, por acaso já a leu? Sabe do que ela trata? Supõe que seja direitos humanos e que eles só se aplicam aos outros? Você realmente acha isso? Leia e se informe melhor (clique aqui para acessar a Declaração). Os direitos humanos aplicam-se a cada um de nós seres vivos da raça humana, não importando a cor, a altura, o peso, a religião, a opção política, a sexualidade e outros fatores. Ainda bem que somos diferentes. É isso o que impulsiona a humanidade e dá graça e beleza à vida. Ainda bem, também, que a diferença tem que ser respeitada. Ainda bem que podemos conhecer pessoas diferentes, opiniões diferentes, visões diferentes sobre a vida e cada um dos fatos corriqueiros ou não.

sábado, 6 de dezembro de 2008

QUANDO O CARGO DE PRESIDENTE FOI DECLARADO VAGO

A segunda metade do século que passou foi repleta de golpes tentados, fracassados e exitosos. Um destes, por sinal um dos mais afrontosos e dissimulados, foi a declaração pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Auro de Moura Andrade, um inimigo declarado de Jango, de que o cargo de Presidente da República estava vago já no dia 02 de abril de 1964. Ao contrário do que aquele deputado apregoou, o cargo não havia vagado, o Presidente João Goulart não havia renunciado e a vigem de Jango ao Rio Grande do Sul foi para buscar segurança e apoio para evitar que o golpe se consumasse.

Mas como se viu, os golpistas estavam em todos os cantos e recantos do Brasil e também da América.

Este é mais um dos muitos absurdos que rodeiam a história deste país.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

CRÔNICA: CHOCOLATE E MULHER

Se há uma coisa que me atrai e me faz comer compulsivamente é chocolate. Mulher atrai e é bom demais também, mas dar conta, nessa altura da linha cronológica invisível que nos circunda, é outra história.
Chocolate é bom demais. Tem gente que diz que é melhor que mulher por mil e um motivos. Lá vão alguns deles.
O primeiro é que você desembrulha e ele está lá, sempre com aquele aroma delicioso, não reclama e está sempre disposto a ser devorado. Mulher nem sempre está assim. Se estiver naquela fase, então, você não desembrulha nem a força.
Quanto mais você come chocolate, mais você quer comer, e o melhor, você consegue. Já com as nossas insubstituíveis mulheres, a coisa não é bem assim. Haja pausa, descanso...
Chocolate repõe a energia e com ele viramos um furacão. Com a transa é diferente. Logo depois dela a gente quer sossego, relaxar, readquirir fôlego. Como demora...
O chocolate nos dá uma sensação de prazer, que dizem substituir o sexo e afastar a depressão. Já num relacionamento, quem já não teve as suas sérias crises depressivas com tantas brigas?
É, mas as diferenças não param aí.
Você pode comer chocolate branco, ao leite, com amêndoas, de uma ou outra marca e ninguém reclama. É prazer puro. Parece uma eterna orgia, um eterno orgasmo. Mas quando se tem um relacionamento que nem precisa ser tão sério, agüente a mulher e suas cobranças diuturnas, vespertinas, noturnas e sempre eternas...
Chocolate você chega em um lugar e já pode comer. Basta ter 5 reais ou uns 3 dólares para isso. Já a mulher, você tem que aprender o idioma, saber do que elas gostam ou não gostam, o que a cultura permite e não permite... É quase um estudo de caso de tão complexo.
O chocolate está lá, tem cafeína e nos faz acordar. Bem, nisso as mulheres são iguais. Mal nos deixam dormir.
Semelhanças com as mulheres? É que são bons demais, irresistíveis. Podiam ter um formato mais arredondado. Acho que está aí a explicação do motivo dos ovos de Páscoa serem tão comercializados. São arredondados, com formas femininas. Imaginou um chocolate ao estilo Juliana Paes? Devorar ou deixar lá para ser cultuado? Dúvida cruel.
Ah, mas chocolate também tem lá suas desvantagens. Quando você exagera na dose, seja no chocolate, seja no sexo, bate lá uma dor de cabeça por achar que fez “merda”. Pois é, o chocolate pode provocar isso em excesso também.

domingo, 30 de novembro de 2008

DEPRESSÃO

Às vezes, podemos sorrir sem estarmos felizes,
olhar sem querermos enxergar
falar querendo emudecer-nos
escrever, querendo chegar ao fim da sentença, ao ponto que põe um final.
É o “abatimento moral ou físico; letargia”, segundo o dicionário Aurélio.

sábado, 29 de novembro de 2008

LINHAS

O homem tem mania de enxergar o mundo matematicamente e, com isso, de traçar linhas.

Primeiro veio a linha dos traços femininos, que gerou a mulher, segundo dizem. O homem devia estar inspirado para fazer tudo isso. Quanta perfeição! Ele só se perdeu nos cálculos, pois até hoje a gente não consegue adivinhar o resultado, já que a criatura é uma verdadeira incógnita. Nunca se sabe aonde chegará e o que quer.

Depois veio a linha do tempo. Com ela, o homem visava equacionar o problema da ociosidade e aferir o que conseguiria fazer em vida. Para ele, a vida deveria ser fracionada.

Também foram criadas as linhas imaginárias do equador e dos trópicos de capricórnio e de câncer. Até o mundo foi dividido com linhas!

Ah, mas também se dividiu os continentes e os países. Há sempre uma linha imaginária dividindo países muitas vezes contíguos. Linhas imaginárias e muitas vezes sem sentido algum

Depois vieram as linhas que costuraram nossas roupas e as linhas dos cadernos, para orientar e conduzir a escrita.

Após, surgiu a linha de costura, a linha da vara de pescar, a linha telefônica e tantas outras linhas. Até linha de trem, metrô e ônibus existem.

E mesmo assim, com tantas linhas, o homem não tomou a sua linha, encontrando-se perdido nesse emaranhado de nós que criou para si mesmo, e anda desalinhado.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

NATAÇÃO


Dizem que a natação é praticada desde a antiguidade. Há historiadores que apontam, inclusive, que no Egito há desenhos que simbolizam o nado humano. Somando-se isso ao fato de que aquele país desenvolveu-se às margens do Nilo, a história parece realmente crível.

Também se comenta que os gregos praticavam natação mais de 2.000 anos antes de Cristo. Para se constatar isso, basta observar a sua literatura, que engrandecia os nadadores.
O povo romano também valorizava a natação e chegava a discriminar os que não sabiam nadar.

Mas os estudos sobre a natação, propriamente dito, surgiram apenas por volta do século XVI, e em latim. O único estilo analisado e observado era o peito.

Já as primeiras competições contavam apenas com um estilo, o peito, que é um nado mais lento, mas mais completo, sendo chamado, por isso, de "clássico".
Ficou com vontade de nadar? Eu também! Aproveite enquanto a humanidade pode se dar ao luxo de construir piscinas públicas. Daqui poucos anos toda espécie de gasto não essencial de água será proibido. Basta ler os noticiários para ver o que está acontecendo com o planeta. Por isso, a natação pode ser uma modalidade esportiva à beira da extinção.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

AVIÕEZINHOS DE PAPEL

Quanta saudade de mandar recados para as meninas da escola por aquela forma romântica do aviãozinho de papel... Essa inocência impregnou a minha alma e talvez tenha me transformado em um dos últimos românticos.Você sabe o destino dos aviõezinhos de papel? Nem eu. Eles são livres para acompanhar o vento e sobrevoar onde quiserem. É o rumo da vida...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A VIDA É UMA GRANDE CORDA-BAMBA

A vida é uma corda-bamba. E o Ano Novo é o novo um metro que se apresenta. Pode ele estar firme e em boas condições ou ter apenas alguns fios intactos e seguros. De qualquer forma, é o novo metro que nos foi reservado e que temos que ultrapassar. Não que necessitemos apenas chegar ao outro lado que sequer sabemos o que nos reserva, mas a vida é o equilíbrio que nos faz superar dificuldades como a própria corda e, ao mesmo tempo, apreciar tudo o que está ao nosso redor. Isso é vida, é estar perto da vida e saber levar.

domingo, 23 de novembro de 2008

O QUE SOU? O QUE SOMOS?

Sou apenas palavras, às vezes poéticas, às vezes dramáticas, mas sempre daqueles tipos que são levadas pelo vento. Para me compreender é necessário perceber as entrelinhas, aquilo que não é diretamente apontado. Às vezes também sou o vazio das letras, onde nada há a ser dito. Não sou aquilo que é visto, mas o que se lê e se interpreta ou, muitas vezes, o vazio absoluto, sem espaço para divagações ou realidades. Muitas vezes sou o retrato do sonho pessoal. Como em um simples triângulo, posso ser visto de cada ângulo e por graus diferentes, mas o resultado do meu eu verdadeiro é a somatória de tudo o que existe, muitas vezes sem ser percebido, visto ou compreendido por todos. Sou, assim como todos, um mero exemplo da vastidão do ser e do estar, retrato simplório e restrito daquilo que o universo representa.

sábado, 22 de novembro de 2008

DOMÍNIO PÚBLICO

Você sabia que é possível ter acesso ao uso de bens culturais sem ter que pagar por isso? É o que se chama de domínio público. E várias são as suas hipóteses. Pode ocorrer quando o autor disponibiliza o uso de suas obras gratuitamente (“software” livre é um bom exemplo); quando o criador ou inventor morre e não deixa herdeiros; ou quando se trata de autor desconhecido.
Mas o que são “bens culturais”? São os que dizem respeito à expressão intelectual ou cultural, como os livros, as monografias, os roteiros, meros textos, letras de música, obras audiovisuais, músicas, fotografias, desenhos, histórias em quadrinhos e por aí vai. Mas não é por que caiu em domínio público que você poderá dizer que as peças de Shakespeare são suas. Há aí os chamados direitos morais, que implicam na obrigação de quem cita ou utiliza textos, fotos ou filmes, por exemplo, mencionar a sua autoria. Assim, se tratar-se de um texto, deve-se dizer quem o escreveu e o nome da obra original.
De regra, os direitos autorais duram por setenta anos contados a partir do ano seguinte ao do falecimento do autor. Entendeu? Se eu morrer este ano, a partir do ano que vem conta-se o prazo de 70 anos para o texto se tornar de domínio público. Mas isto no Brasil. Em outros países vigem outras regras.
Eu imagino que você pode estar a se perguntar se o direito não nasce apenas após o registro em órgão público. Não. Não há necessidade disso. Isso seria uma maneira de provar mais facilmente a autoria, mas pode-se comprová-la de outras formas.
Embora na internet você possa compartilhar muitas músicas e vídeos, de forma legal ou ilegal saiba que nem tudo o que está acessível lá é de domínio público. Você pode até ler, assistir e ouvir, de graça, mas há direitos autorais e intelectuais aí.
E foi no meio virtual que o governo federal resolveu disponibilizar o uso de vários bens culturais. Na página www.dominiopublico.gov.br é possível baixar diversas músicas, fotografias, filmes e até hinos.
No próprio site do governo, o atual Ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que o portal “constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal”.

É isso aí, saiba que vale a pena fazer uma visitinha na página domínio público e conhecer um pouco mais da cultura nacional e mundial.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CRÔNICA

(este fato ocorreu em 2007)
Eu acredito em sinais e evidências. E isso, às vezes, torna a vida um pouco mais hilária.Estou em uma fase em que não paro de suar. Qualquer coisa é motivo para encharcar a camisa rapidamente. Basta andar rápido para ficar com a camisa em um estado lastimável. Se beber líquido, então, fico parecendo um nadador exótico, que optou por nadar de terno e gravata. É desconfortável, acima de tudo.
Brincando, por ter completado 40 anos, eu falava para os amigos e a namorada que estava na andropausa. Brincando! Olha, se essas brincadeiras matassem de vergonha eu já teria ido da face da terra… Sinceramente, eu imaginava que o sintoma mais característico dessa fase masculina era a sensação de hipertermia, superaquecimento do corpo, o que causa sudorese excessiva, até que…
Bem, um dia eu fui ao aeroporto e lá estava a bendita andropausa. Sim, ela estava lá. Foi só eu sentar em uma cadeira para esperar o vôo que ela não saia mais dos meus olhos, como se estivesse me hipnotizando. Andropausa encarnada? Não. Na verdade era a Andropausa em letras garrafais. A andropausa estava em um cartaz giratório colorido, de duas faces, que se movimentava bem lentamente, e que aconselhava a consultar um médico. Sem me atentar ao que estava ao redor, eu conversava freneticamente, até que vi aquele “discretíssimo” cartaz e interrompi totalmente a fala por alguns minutos. Parecia que estava em estado de choque. Quando percebi que havia parado de conversar, retomei o diálogo, mas a todo instante aquele cartaz me chamava a atenção e eu voltava a permanecer mudo, estático. Ficava olhando fixamente e não conseguia parar de observar. Daí veio a reflexão e pensei comigo: “acho que há muitas coincidências. A placa tinha que estar na minha frente? Ela tinha que ter o escrito para procurar um médico? Ah, é muita coincidência. Eu não tenho os sintomas que ela aponta, mas pode ser um prenúncio. É isso, deve ser um sinal para eu me cuidar.“
A minha namorada estava ao meu lado e, mesmo percebendo que tinha algo muito estranho, ela olhava para mim sorridente e, educadamente, fingia que tudo estava bem. Eu nunca havia conhecido alguém tão gentil, mas precisava desabafar com ela, e desabafei: “olha, eu não estou com andropausa, não”. Mesmo sem entender o motivo de eu falar aquilo, ela respondeu que sabia disso. Não satisfeito, eu fui mais enfático: “eu não estou com andropausa, não”. Eu sei, ela respondeu, mas logo perguntou o porquê de eu estar falando aquilo.Meio sem jeito, apontei para o cartaz que girava hipnoticamente, e pedi para ela ler… E ela leu: “Se você tem problema de ereção e tem 40 anos ou mais, você pode estar na andropausa. Consulte um médico especialista”.
Ela não se agüentou e riu. E eu também cai na risada, mas logo fiquei sério e repeti: “eu não estou na andropausa. Eu não tenho problemas de ereção. Eu só falei que estava com andropausa por causa do suor, entendeu?”. Ela ria e me chamou de bobo: “você é um bobo!”E a placa continuava lá, girando sem parar e me deixando apavorado. Inseguro, eu virei para a minha namorada e perguntei: “você acha que eu tenho algum problema e que devo procurar um médico? Está tudo bem?” Ela sorriu e respondeu que estava tudo muito bem e que eu devia parar de procurar problemas.
Estava tão nervoso que mesmo com o ar condicionado do aeroporto eu não parava de suar. A camisa estava inteira molhada. Quando percebi, eu virei para a minha pequena e delicada namorada e disse: “Olha, eu só estou suado, viu? Eu não estou na andropausa”.
Logo depois, ela embarcou e eu fui ao estacionamento e fiquei pensando em como resolver o problema da sudorese, definitivamente. Ah, mas não falo mais que tenho problema. Imaginou se falo que estou com sudorese e aparece um cartaz que fala que isso é sinal de impotência? Não. Não arrisco mais, não.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CURIOSIDADES: IMPÉRIO PERSA

A Pérsia, cerca de 500 anos antes de Cristo, tornou-se um forte império e o primeiro a conquistar terras em outros continentes. Depois de várias gerações de imperadores e após 200 anos, sucumbiu perante Alexandre Magno.
Amante de história que sou, não podia deixar de relatar um pouco da fantástica história dos persas, os quais, sob o comando de um grande líder, respeitaram etnias e religiões, em uma época em que a barbárie corria solta. Ciro de Ansan, o primeiro grande imperador persa, foi um líder admirado por Alexandre, o macedônio.
A pérsia foi formada por tribos de origem indo-européias que, por volta do ano 1000 AC, migraram para o que hoje é o Irã. Essas tribos são da raça ariana, aquela que ficou famosa pelos discursos racistas e inflamados de Hitler. Foi lá que surgiu a primeira religião monoteísta, o Zoroastrismo, existente e praticada até hoje no Irã.
Em 600 AC, os povos aquemênida e medo se uniram e, sob a liderança de Ciro, formaram o maior império até então conhecido. Em apenas 25 anos, conquistaram a Ásia menor e Mesopotâmia inteira. Os imperadores que sucederam o primeiro líder, conquistaram a palestina, a Síria, o Egito e chegaram a tomar muitas ilhas gregas, mas não tiveram o mesmo carismo daquele.
Ciro era descendente dos medos e dos aquemênidas, o que assegurou o reconhecimento de sua liderança pelos dois povos persas. Dizem que ele tinha os olhos azuis e os cabelos loiros, como os arianos.
Desenho que retrata Ciro moreno
Respeitado pelos gregos e admirado por Alexandre Magno, Ciro era um notável estrategista militar, um bom administrador e estadista, além de uma figura humana notável.
Dizem que esse grande líder tinha visões, o que é crível, já que os imperadores persas sempre foram místicos e rodeados de magos ou bruxos e também de conselheiros.
Ao conquistar territórios, o primeiro grande imperador persa construía fortalezas e estradas, e impunha a cobrança de tributos, mas permitia ao povo a livre prática religiosa e o uso da língua e dos costumes locais. Com isso, o comércio e o intercâmbio cultural eram intensos.
Ele não se dispunha a ser sanguinário e se curvava aos deuses dos povos conquistados, o que o tornava popular, simpático e admirado. Muitas vezes, era visto como um verdadeiro libertador, pois vez e outra punha fim à tirania então existente, como na Babilônia. E foi lá que permitiu a libertação dos judeus escravizados, para que rumassem à sua terra natal. E 40 mil rumaram para o solo sagrado.
Mas, como todo imperador, ele era megalomaníaco, o que pode ser percebido pela seguinte frase: "Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legítimo, rei da Babilônia, rei da Suméria e da Acádia, rei das quatro extremidades".
Dizem que Ciro morreu em combate, lutando contra nômades vindos das estepes da Ásia Central, mas também há a versão de que teria morrido tranquilamente, já com idade avançada.
Os imperadores que o sucederam não eram necessariamente descendentes diretos, de primeiro ou segundo grau. O primeiro a ocupar o seu lugar foi Cambises, seu filho, um déspota odiado por muitos. A ele se seguiram Dario I, Xerxes, Artaxerxes, Dario II, e Dario III.
O império persa deixou como lição a necessidade de se respeitar as diferenças e de tolerar credos e culturas distintas. É certo que o imperialismo nunca é bom, pois se impõe através da força, mas se é exercido com tirania, como ocorreu com os sucessores de Ciro, o império não sobreviverá por muito tempo, já que haverá muita relutância em aceitá-lo pacificamente.
Bem que essa história, bem como a de Alexandre, o Macedônio, poderia ser lida e compreendida pelo Bush II e seus assessores mais próximos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A VACA E O ATOLEIRO


Um bezerro pode fazer mal a alguém? Os hindus que me perdoem, mas pode, sim.Estava eu em Minas, rumando a um Parque Nacional, quando um bezerro parou na estrada de terra (ou de chão, como chamam no interiorzão do país), na minha frente, e não saia por nada, mesmo com os toques de buzina que dava. Acelerava o carro, e nada… A solução foi jogar o automóvel cada vez mais de lado, até conseguir passar. Eu estava cansado e não podia ficar horas esperando pela saída voluntária do animal da minha frente. Tinha que passar.A conseqüência da minha pressa foi ficar com os dois pneus direitos caídos para fora da pista.É, mas o meu sufoco não acabou aí, não.Para piorar o meu estresse, duas velhinhas chegaram e falaram para mim: "Uai, meu filho, o seu carro vai cair". Adoro velhinhos, mas deu uma vontade de esganar essas duas. Desesperado, amarrei uma corda no carro e fiquei segurando, como se fosse um Hércules que pudesse deter a queda do carro. E ele estava indo rumo a ribanceira, mesmo…Mas a minhas sorte estava mudando.De repente,parou um jipe que ficou quase uma hora tentando tirar o carro e nada…Logo depois tinha uns 10 jipes, umas 5 caminhonetes e tantos outros carros parados na estrada, todos dispostos a me ajudar. Aí eu me acalmei, pois se perdesse o carro, não teria sido sem tentativas de evitar que isso ocorresse.Amarramos umas mil cordas no Fiat Palio que tinha e três jipes puxaram, até que consegui sair…Depois, festejamos com cervejas e cada um tomou o seu rumo.Estava feliz! Achava que a minha sorte havia mudado.Na volta do feriado, recomeçou o drama. Não parava de chover e a estrada era barro puro. Tinha até pickups atoladas. Mas, surpreendentemente, o meu carro baixinho consegui passar, a muito custo e nervoso, mas quando vi já estava rumando a uma BR da vida.Acho que aprendi a dirigir melhor e devo isso àquele bezerro nada inocente.

domingo, 16 de novembro de 2008

NUM DIA, O PASSADO E, EM OUTRO, O FUTURO

Um dia, uma menina de apenas 12 anos jogou um prato de plástico em uma colega de abrigo. Uma típica brincadeira de pré-adolescente. Porém, a resposta imediata que recebeu da Justiça não foi condizente com a sua situação e a plena "leveza", seja do plástico, seja da conduta, seja das conseqüencias, daquilo que poderiam considerar um ilícito. Incrivelmente, ela foi inserida numa medida que se denomina semiliberdade. Sim, um misto de privação de liberdade com liberdade, na verdade, nem uma coisa nem outra, por isso chamada de "semi". E aquela menina passou a dormir na então Febem e durante o dia podia sair para estudar. A única parente que tinha? Uma avó. Uma avó ausente, por isso a necessidade do abrigo para ter onde morar.Não por acaso, num dos dias da vida, quando estava chegando ao Fórum para trabalhar, encontrei a Cristiane (a menina do prato de plástico), que me chamou pelo nome e, feliz da vida, disse que estava em liberdade.Desconfiado, fui consultar o andamento do "Habeas Corpus" que havia impetrado e constatei que havia ganhado a liminar pleiteada. Quem a concedeu foi um dos Desembargadores mais conservadores que havia, mas que de certo teve uma infância comum e sabia discernir brincadeira de malvadezas. Justiça havia sido feita em parte.Depois, todos os demais Desembargadores seguiram aquele que concedera a liminar e permitiram que ela permanecesse no abrigo onde estava inicialmente.Porém, os laços com sua avó, já fracos, foram rompidos de vez, e ela permaneceu nas ruas.Hoje, aquela pequenina menina bonita de cabelos curtos, deve estar com 22 anos, morando em algum canto dessa cidade repleta de blocos de cimentos. Talvez seja mãe, talvez tenha arranjado um companheiro, talvez seja artista. De certo, experiências não lhe faltarão para ser uma grande pessoa e sensível aos atos mais ríspidos.

sábado, 15 de novembro de 2008

A INOCENTE CLONAGEM




Vou tratar da clonagem no mundo público, mas não irei falar de tentativa de burla a concurso público, não. Hummm! Pensando bem, até que se encaixaria nessa inconstitucionalidade, sabia?
A clonagem de servidores públicos parece que pode virar realidade. Você não acredita? Pergunte a qualquer funcionário público se ele não está trabalhando mais do que trabalhava. Sim, está. Isso você mesmo pode constatar. Ah, não vale dizer que ele não trabalhava nada, não, que só botava o paletó na cadeira e saia o dia inteiro. Isso até podia ser verdade para uma classe ou outra dentro do universo do funcionalismo público, mas nunca foi a regra. Vá aos hospitais públicos para ver como os médicos, enfermeiros e atendentes trabalham. Vá às delegacias para ver o quanto há de serviço para os policiais. Saia na rua e veja se os policiais militares não têm o que fazer. Vá a um fórum e veja o tanto de audiência e a quantidade de gente que está lá todo santo dia, faça chuva ou faça sol. Serviço pra essa gente intitulada funcionário público não falta.
E é justamente no fórum que a nossa história irá ter vez.
A história é parcialmente real e relativamente fruto de um pesadelo, e só teve nome do personagem e local alterados para que não houvesse identificação, está bem? Estamos tratando de um certo tipo de “sigilo da fonte”.
Fernando é um defensor concursado, daqueles que ainda acreditam em causa pública, mesmo nos tempos do neoliberalismo, do centrismo político e do quase desaparecimento do idealismo. Pode ser considerado um herói dos tempos hodiernos.
Ah, que bonita a palavra “hodierna”. Fala a verdade, assim, até parece que o está redigindo uma petição a um juiz. Hodierno nada mais significa que atual. Simples, não?
Lá estava ele naquele fórum imenso, com dezenas e dezenas de salas de audiência, muitos juízes, muitos processos, muitas audiências e ele lá, sozinho, para fazer as defesas. Que sufoco!
Ele chegava cedo e alegre, como sempre, naquele fórum bonito e majestoso, mas logo mudava de humor e quedava-se suado. Sim, quedar vem de queda. Ele, literalmente caia de cansaço. Afinal, descer e subir escadas correndo, várias e repetidas vezes para fazer audiências é coisa mais para atleta que para causídico. Ah, outro termo que faço questão de traduzir. Causídico é aquele que defende causas, ou seja, advogado.
Isso está parecendo mais um dicionário de homônimos que uma crônica, para ser sincero, mas vamos continuar a história com bases científicas. Será? Está mais para bases reais, fáticas.
Mesmo suado, com a camisa encharcada, a gravata invertida, com a língua de fora e descabelado, sem parecer nem de longe um lorde inglês, Fernando, o doutor, conseguia fazer o seu serviço.
Num desses dias, uma juíza, brincando, lhe disse: “Doutor, porque o senhor não se multiplica? Aí ficaria mais fácil para o Estado”. E essa frase, bem humorada, não saia de sua cabeça, até que uma noite...
O doutor Fernando chega ao fórum, aliás, doutores Fernandos. Eram 30, todos idênticos, como se fossem gêmeos, com os mesmos trejeitos, a mesma voz, o mesmo jeito de andar e o mesmo conhecimento jurídico. Cada um vai para uma Vara, local em que se realizam as audiências, e todos voltam secos, com a camisa em ordem, gravata certa, com a língua dentro da boca, que permanecia fechada, cabelinho estilo mauricinho e parecendo até lordes ingleses.
No início do mês vinha o contra-cheque com o adicional de clonagem. Cada servidor público ganharia um adicional de 30% por clonagem que ele mesmo realizasse. E ele não teve dúvidas e fez logo 30, o que daria um total de 900%. E não venha com a história de que a clonagem resultaria em um bebê. Não, estranhamente, esse tipo de clonagem, bem futurista, já permitia surgir um sujeito da mesma idade e tamanho do clonado.
E você pensa que o administrador reclamava? Não. Ele até gostava. Ao invés de pagar 30 defensores, ele pagava um, que seria bem remunerado e evitava até a realização de concurso público. E esse funcionário não precisava reclamar dos serviços, pois os 30 dariam conta e não seria necessária a realização de concurso público. Coitados daqueles que estavam fora e queriam prestar provas. Nesse ritmo de clonagem, iria demorar décadas para sobrar uma única vaga.
O engraçado era os Fernandos chegando em casa. Sim, todos tinham o mesmo prenome, só que um era o Fernando I, o outro Fernando II e aí por diante. Todos chegavam e cumprimentavam a única esposa, Fernanda, que não tinha clone. Ela tinha um harém e nenhum deles reclamava, pois eram todos iguaizinhos, tinham o mesmo nome, as mesmas caras, as mesmas “qualidades” e também vontades, e um ciumezinho não iria cair bem para eles. Então, todos permitiam-se conviver com uma única esposa, a sortuda, ou azarada, da Fernanda, que tinha que ficar com 30 homens, até aí acho que ela gostaria, mas com defeitos e manias iguaizinhas, o que devia ser insuportável em um certo estágio de convivência.
De repente, o doutor Fernando acorda. Era tudo um sonho. Lá estava a esposa dele, bonitinha, dormindo ao seu lado. Eram 5 da manhã e ele se levanta, vai escovar os dentes, faz alguma coisa para o café da manhã e sai para o trabalho. Nesse dia ele chega ao fórum faz as audiências e vai falar com o seu chefe.
_ Carlos, eu tive uma idéia.
_ Hum, elas sempre são bem-vindas, amigo Fernando, diga.
_ Você já pensou se nos clonassem, se virássemos vários, como o serviço fruiria melhor?
_ Não estou entendendo...
_ Poderíamos ser clonados. Imaginou a economia para o Estado?

Uma semana depois, o presidente da República aprova uma lei, concedendo um abono e premiação para o servidor que fizesse clonagem avançada, ou seja, que implicasse no surgimento não de um feto, mas de uma pessoa, mesmo, na idade do clonado.
Houve fila de servidores para fazer clonagem. Os concursos acabaram, ao menos temporariamente. Ninguém precisou, mais, sair correndo. As mulheres e os maridos ficaram contentes. Estava instalada a poligamia de fato.
O único porém era que ninguém mais se conhecia ou interagia. O doutor Fernando, o legítimo, chegava na sala de audiências e não sabia se a escrevente era legítima ou um clone. Por isso, somente se sentava e dava um breve sorriso que servia de bom dia. A juíza, o doutor Fernando também não tinha certeza se era a original e permanecia quieto. E assim acontecia com todos os servidores, de todas as classes e carreiras. Todo mundo se via e, com medo, não mantinha diálogos mais profundos que um bom dia, boa tarde ou até logo.
Os clones também ocupavam cargos eletivos. O prefeito era um clone do governador, que seria clone do presidente, que poderia ser clone do ministro e também de membro do Supremo Tribunal Federal? Quanta loucura. Imaginou ver um só rosto que ocuparia vários cargos eletivos? Não. É melhor nem pensar. Teríamos quase que uma ditadura, a ditadura dos clones.
E pensar que tudo teria partido de uma piadinha inocente e na vontade de um idealista de melhorar o serviço público. Olha o que virou.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ENCANTAMENTO

Há momentos em que estamos largados
nos sentimos sós,
verdadeiramente abandonados,
e só temos vontade de permanecer sozinhos.
Nada nos encanta,
nada nos alegra,
nada nos surpreende.

De repente, surge alguém
que nos dá atenção,
carinho,
que nos faz sorrir.
Ou, então, passamos a ver
tudo de forma diferente,
com poesia.
E passamos a perceber mais o outro,
a natureza e a nós mesmos.

Aí, tudo começa a mudar.
Passamos a sentir saudades e
não queremos mais ficar sós.
Começamos a sorrir, a nos espreguiçar e
a ter vontade de encontrar pessoas.
Nos encantamos com a vida,
com as pequenas coisas e
com as pessoas.

Tudo passa a ter razão e
começa a fazer parte do nosso dia-a-dia.
Queremos ver o nascer e o por do sol, a lua...
Depois disso, só queremos viver.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

COMO SER REVOLUCIONÁRIO HOJE EM DIA?

Como ser revolucionário hoje em dia, com a valorização do consumo, com a globalização econômica e com o pensamento neoliberal dominando mentes, corações, atitudes e até alguns espíritos mais desavisados? Será que nos robotizamos? Não. Ainda bem que não. Para ir contra essa onda de desconsideração da alma humana, não é necessário usar armas ou utilizar-se de verborragia. Não é preciso ser terrorista ou político. Para transformar e fazer mudar, basta enxergar o que os outros não são capazes de ver. A simplicidade silente da amplitude do olhar pode ser revolucionária, sem agredir ou ferir. Se colocada em palavras, repletas de emoção e razão, pode ter a mágica de conquistar gerações e criar a expectativa de modificação da própria humanidade.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DESCRIÇÃO PRÓPRIA?

Hoje, sou um pouco poema e um pouco drama; um pouco onírico e um pouco pesadelo; um pouco sério e um pouco bobo; um pouco de tudo e quase tudo de pouco e de nada. Sou a própria imperfeição reconhecida na essência do ser humano. Não sou santo e nem monge, mas não sou o errante. Acredito no criador do universo, tenha ele o nome que tiver, e desacredito na real existência do ser humano, que não é, mas apenas está temporariamente, fruto do reflexo de um olhar desatento. Sou polêmico intrinsecamente e por isso vivo, estou e penso. Sou um ser humano e isso já me explica. Entendeu? Eu também não. Se nem Freud foi capaz de compreender e descrever com exatidão o ser humano, quem serei eu para traçar algo sobre o gênero humano ou, sequer, para me descrever com algumas poucas palavras...

domingo, 9 de novembro de 2008

LIBERTAÇÃO DA ALMA

Liberte a alma dos pensamentos nefastos. Liberte a alma dos canais que a conduzem à matéria. Procure a felicidade muito além da razão. Procure aquilo que ninguém viu. Procure ser alguém além da mesmice materialista. Procure em você mesmo a sua essência. Procure olhar os outros não como concorrentes, mas como pessoas que também estão perdidas, em busca de um motivo, de um sorriso, de um ombro amigo e de uma palavra carinhosa. Vá além, supere os limites e seja você mesmo, franqueando sempre a dignidade, a esperança e a felicidade. Fomos colocados neste planeta e aos poucos o dominamos. Nos sentimos deuses no momento em que podemos alterar a genética, o conhecimento e a natureza. Nos sentimos poderosos, mas não conseguimos conter dramas e catástrofes naturais e tampouco asseguramos a sobrevivência da nossa espécie. Não sabemos o que fazemos e quem nos colocou neste mundo e para onde vamos. Não enxergamos nossas infinitas limitações. Liberte a alma que ela a conduzirá a um mundo mais ameno que esse da razão.

sábado, 8 de novembro de 2008

JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho tem sido objeto de análise-crítica pela imprensa nos últimos 10 anos. Primeiramente, foi proposta a sua extinção, o que não ocorreu. Depois, foi pensado e proposto o término dos cargos de juízes vogais, que eram aqueles indicados pelos sindicatos patronais e de empregados, o que já foi implementado há alguns anos. Agora, a mídia questiona o volume astronômico de 2 milhões de novos processos ao ano, o que supera em muito os Estados Unidos, com 75 mil, a França, 70 mil e Japão, com 2,5 mil, segundo dados levantados pelo jornal O Estado de S. Paulo, no dia 12/02/07.

Aproveita-se tal situação para questionar, primeiramente, a legislação trabalhista, como se os direitos dos trabalhadores fossem a maior causa do sufoco da justiça especializada. Culpam-se os encargos trabalhistas. É óbvio que se há esse volume grande de ações, é porque muitos empregadores não pagam o que devem e muitos empregados pedem o que não têm direito. A culpa não é tanto da legislação, já modificada em parte pelo pensamento neoliberal vigente, mas da situação econômica do país e do arraigado hábito de deixar para resolver tudo somente em juízo. Deixar o trabalhador sem essas garantias conquistadas com tanta dificuldade é permitir que os brasileiros trabalhem ainda mais barato para o mercado, o que não parece ser justo, humano e nem moral.

Há também a proposta de se criar mais mecanismos de conciliação extrajudicial, como mecanismo precedente ao ingresso com uma reclamação trabalhista. Essa é uma alternativa moderna e eficaz, que diminuiria o volume das ações na sobrecarregada Justiça trabalhista. Mas muito se discute e pouco se implementa.

Do total de 2 milhões de novos processos, indica-se que mais de 5%, ou seja, algo superior a 100 mil, são de ações das administrações públicas municipais, estaduais e federal. É bom lembrar que nesse número não se levam em conta os processos de natureza trabalhista que correm nas Varas da Fazenda Pública, propostos pelos funcionários estáveis, os estatutários.

A Justiça do Trabalho, em especial a paulista, da 2ª Região, tem corrido para diminuir a lentidão nos trâmites de seus processos, investindo maciçamente na informatização. Hoje, é possível apresentar uma petição e acompanhar o andamento de um processo pela internet. Há até a possibilidade de se efetuar a protocolização de uma petição sem sair do carro, no sistema conhecido como “drive-thru”.

A Justiça está se modernizando e também se tornando mais confortável aos advogados e partes. Os prédios da Justiça do Trabalho, hoje, estão muito melhores que há 10 anos. Basta ver o famoso prédio do “Lalau”, apelido daquele sujeito que desviou dos cofres públicos uma quantia astronômica, e que hoje está preso. Essa obra, embora enorme e construída sobre uma área não propícia, pois a Barra Funda é uma região de várzea de rio, tornou mais cômoda a vida de milhares de advogados que tinham que correr de um fórum para outro, de um local para outro, sob chuva ou debaixo de um forte sol, para enfrentar, assim que conseguissem chegar nos prédios, uma enorme fila nos elevadores e uma gritaria e tumulto nas varas, onde se chamavam vários nomes ao mesmo tempo. Hoje, tudo está mais organizado e até estacionamento gratuito é destinado aos advogados.

As causas do aumento do volume de processos parecem ser claras. A primeira hipótese que surge é a da recessão econômica para os empregadores. A segunda é a da utilização, por muitos patrões, de uma forma de postergar o pagamento, isso se o trabalhador se der ao trabalho de reivindicar algo. A terceira é a de que o trabalhador está mais atento aos seus direitos e propõe ações por conta disso. A quarta é a de que muitos empregados pedem mais do que têm direito, e propõem pedidos descabidos.

A Justiça do Trabalho, mais que qualquer outra, reflete bem essas questões e divisões da sociedade brasileira, onde o empregador quer ter menos encargos e o empregado quer receber salários melhores. Pretensões não atendidas, de uma parte ou de outra, implicam, sim, no aumento de ações.

O que assusta, porém, é o custo de um processo. “Para cada R$.1.000,00 julgados, a Justiça do Trabalho gasta cerca de R$.1.300,00” segundo o sociólogo José Pastore. É um valor absurdo e que torna urgente a implementação de outras formas de conciliação extrajudicial.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

25 de Março: por Eliane Ramos e Cyro Saadeh

A rua 25 de março retrata um pouco do Brasil heterogêneo e miscigenado. Na rua se vêem nordestinos, negros, chineses, sírios, libaneses, brasileiros de todas as etnias, credos e cores.
Logo cedo, a rua 25 de março desperta preguiçosa, praticamente vazia, com poucas pessoas vagando de um lado para o outro. Camelôs carregam suas mercadorias e lojas vão sendo abertas vagarosamente. Já por volta das dez da manhã a situação muda radicalmente e a rua vira um mar de gente e de barracas. Um verdadeiro tumulto toma conta das ruas e os carros mal conseguem circular. Nesse horário é necessário ter um pouco de paciência para circular na região.
Aquele lugar impressiona. A maior parte das lojas é de armarinhos, tecidos, meias e bordados. Mas lá se encontra de tudo. Há produtos importados dos mais variados, vídeos-bingos e até pequenos animais de estimação sendo vendidos na rua. É um verdadeiro shopping a céu aberto.
Para quem gosta de comprar em prédios de estilo americanizado, também conhecido por shoppings centers, há algumas opções, que vão da conhecida e lotadíssima Galeria Pagé ao Shoppings Oriental e 25 de março.
Há algumas lojas estabelecidas no local há quase 80 anos. Miguel Al Makul Jr., da Casa Fortaleza, demonstra apreço e carinho pelo o que faz. E ainda consegue reservar um tempo para nos revelar fatos e histórias ao nos acompanhar por quase duas horas por alguns recantos da badalada 25 de março.
Pessoas simpáticas, com um sotaque árabe, atendem bem esses repórteres e ajudam a desvendar mistérios que poucas pessoas conhecem. Como bons contadores de histórias, esses árabes e descendentes nos fazem relembrar as mil e uma noites e nos encantam com as histórias de prédios e de pessoas.
Quem tem interesse de conhecer um pouco mais da história de São Paulo ou simplesmente pretende fazer boas compras com pouco dinheiro, vale a pena conferir a rua 25 de março. Uma dica: chegue cedo. Também é possível conhecer um pouco mais daquele verdadeiro centro comercial através do site www.25demarco.com.br.

CURIOSIDADES SOBRE A RUA 25 DE MARÇO
Não é só de comércio lojista ou de camelôs que vive a rua 25 de março.
Quem poderia imaginar que em pleno centro comercial da rua 25 de março existe uma pequena e simpática Igreja Cristã-Ortodoxa, com 102 anos de história? As barracas, as pessoas e a pressa impedem que percebamos esse interessante ponto turístico paulista, a Igreja da Nossa Senhora. Graças a Miguel Al Makul Jr., um simpático descendente de imigrantes sírios, pudemos conhecer esse e outros pontos que marcaram a história do povo árabe no centro de São Paulo.
Para quem imagina que o árabe é necessariamente muçulmano aí está a primeira prova de que o árabe crê em um só Deus, que pode tomar a forma católica, cristã-ortodoxa, maronita e islâmica. Não se esqueça que há árabes-judeus e árabes protestantes, também.
Comer bem não é difícil naquele local. Há de tudo e por um preço bem acessível. Quem se interessa pela culinária árabe pode ir à confeitaria Pagé, quase ao lado da galeria de mesmo nome, e se deliciar com esfihas, quibes e doces a um preço bem convidativo. Vale a pena experimentar a esfiha de massa folhada, o zatar - um espécie de orégano árabe misturado com gergelim-, e também o chiclete de caixinha libanês. O único problema é que a refeição rápida tem que ser feita de pé. Se tiver um pouco mais de tempo, aproveite para ouvir as belas histórias do Profeta Elias, um simpático libanês de olhos claros.
Para quem prefere fazer a refeição sentado, é possível gastar pouco e comer bem no restaurante Ponto Árabe, ao lado da confeitaria. Mas se a pretensão for gastar um pouco mais, com comodidade, há o restaurante Raful, onde as iguarias sírio-libanesas também são bem servidas.
Você gosta de música árabe? Assistiu a novela “O Clone”? Pode encontrar o Toni na Casa Árabe, que vende instrumentos musicais e de danças típicas.
Há até um pequeno museu particular estabelecido no andar superior da loja Rei do Armarinho, na rua Cav. Basílio Jafet. Lá se poderá ver fotos da rua 25 de março do início do século passado e conhecer um pouco mais das tradições árabes.
Aquela região ainda consegue nos reservar outras surpresas. Há uma estátua linda, datada de 1929, em meio a um pequeno bosque, que retrata a amizade sírio-libanesa. Nossa despedida, já repleta de sacolas e de saudades, fechou com chave de ouro, ao vermos uma revoada de periquitos que pareciam querer dizer até logo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

DEMOCRACIA?

A democracia ainda não foi instaurada, sendo esse regime vigente extremamente frágil. A participação popular na tomada de decisões é dependente de uma série de fatores, que podem ser resumidos nos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, em suas acepções mais amplas. Mas não é o que ocorre quando se propaga inverdades ou se omite fatos na mídia e as autoridades ou incentivam ou se calam; quando não se propicia igualdade de acesso à informação e cultura; quando se cerceia a liberdade sob pretextos ilegítimos, religiosos ou morais ou, ainda que legítimos, que propiciem algum tipo de discriminação étnica, religiosa, sexual ou de outra condição ou estado; quando se privilegia, através de ação efetiva ou por descaso, o consumo desenfreado de bens duráveis ou supérfluos, incluindo-se as substâncias entorpecentes, em detrimento de sentimentos de fraternidade e solidariedade necessários à vida em sociedade. Não existe e nunca existirá democracia sem liberdade, igualdade e fraternidade efetivas a todos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Viver pode não ser para qualquer um

A vida consiste-se na habilidade de lidar com um pouco de tudo isso: sonhar com a alma; amar com o coração; criar poesia com a sensibilidade criativa; fantasiar e viajar com a mente; e ser capaz de sorrir, por maior que seja a dificuldade.

domingo, 2 de novembro de 2008

A ERA DA TRANSFORMAÇÃO



Vivemos a era do transformismo.
Rios transformam-se em esgotos.
Crianças transformam-se em pequenos adultos.
Viver transforma-se em uma luta constante para a maioria dos seres humanos.
A mídia transforma-se em algo cada vez menos representativo que a média.
A política transforma-se em forma de enriquecimento.
A natureza transforma-se em decorrência da ação humana.
Igrejas transformam-se em centros de arrecadação financeira.
Povos transformam-se em cobaias de testes de novos armamentos e vacinas.
Travestis, aceitos nos primórdios, transformam-se em objeto de chacota.
Gay transforma-se em “clean”.
Homens transformam-se em metrossexuais.
Mulheres transformam-se em bonecas artificiais.
Sexo transforma-se em rotina.
A vida transforma-se em um rir a toa, descompromissado com o planeta.
E a vida, aos poucos, transforma-se naquilo que acreditamos ser a morte.

sábado, 1 de novembro de 2008

A COMUNICAÇÃO PELA INTERNET

A internet está revolucionando a arte de comunicar. Através dela as pessoas interagem com maior facilidade e a comunicação torna-se quase perfeita, sem o famigerado ruído perturbador de qualquer diálogo ou de qualquer mensagem.
Hoje, nem todos têm acesso a esse meio eletrônico de grande amplitude virtual. No entanto, em pouco tempo os computadores mais simples tornar-se-ão acessíveis a grande parcela da população dita de poucos recursos financeiros e estaremos próximos de alcançar os preceitos Constitucionais de amplo acesso à educação, cultura e informação.
E esse acesso tende a ser revolucionador. Na internet há rádio, televisão, notícias divulgadas em forma de revistas eletrônicas, artigos típicos dos grandes jornais, vídeos, ou seja, uma gama enorme de meios de comunicação num único veículo.
Mas o que, de certo, vem causando um certo frisson são os vídeos. Eles, aos poucos, ocuparão o espaço de um tipo específico de literatura, daquela com a linguagem mais direta, com mensagens bem objetivas. E isso será feito com a utilização de textos literários, músicas e imagens. É evidente que os livros de grandes escritores continuarão a existir, pois quem deixaria de ter o prazer de ler na cama, antes de dormir, na sala, no ônibus ou metrô?
E esses vídeos alcançarão tanto aqueles que nunca tiveram acesso, como aqueles que não têm o hábito da leitura.
Um novo tempo promete uma interatividade maior, mas também uma informação mais abrangente, alcançando um parte que anteriormente era excluída dessa importante relação nas mensagens.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

DEPENDE DE NÓS UM MUNDO MELHOR

Depende de nós um mundo melhor. Ainda há muito a ser feito pelas pessoas e povos que são obrigados a mudar de seus lares, sem rumo, sem esperança e sem noção de seus direitos elementares de seres humanos. Se a ONU não funciona, se o Sistema Jurídico Internacional é falho, nossas ações podem suprir lacunas e levar noções de direitos individuais e coletivos subjetivos a toda a coletividade. Basta primeiro sonhar, para depois concretizar. É possível, sim, mudar. O sonho vivo depende apenas de energia pró-ativa para concretizar mudanças e criar esperanças de um mundo mais justo e menos repugnante.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

BURRO SOB A JAQUEIRA

Antes de botar o burro sob a sombra, para ter paz, veja se a árvore não é uma jaqueira. Se for, opte pela exposição solar direta... O aumento do suor será mero detalhe, mas, com certeza, bem menos desagradável que a queda constante daqueles frutos em sua cabeça! Ai!

domingo, 26 de outubro de 2008

AS FLORESTAS E O INTERESSE IMPERIALISTA



O estudioso em ecologia Evaristo Eduardo de Miranda escreveu um interessante artigo no jornal “O Estado de São Paulo”, de 17/01/2007, pág. A2. Ele começa explicando que há uns 8 mil anos, o Brasil possuia pouco menos de 10% das florestas mundiais. Hoje, detém 28,3%, e possui intactas 69,4% de suas florestas primitivas.
Todos os continentes provocaram desmatamentos desmedidos, com exceção de parte do continente americano. Ele cita como exemplo a Europa, que detinha mais de 7% das florestas e hoje possui apenas minguados 0,1%. O pesquisador assegura que o Brasil é um dos países que historicamente mais tem mantido sua “cobertura florestal”. A primeira reserva foi criada ainda em 1808, por D. João VI e, inclusive, era concedida alforria aos escravos que denunciassem o contrabando de pau-brasil. Até aquela época, o Brasil havia desmatado menos de 30 mil kms², informa. A partir do século 20 é que ocorre um desmatamento acelerado, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Porém, isso não provocou desertificação, observa.
Mas, mesmo com tudo isso, o Brasil tem sido “severamente criticado pelos campeões do desmatamento”, complementa o doutor em ecologia. Não é questão de ser nacionalista ou anti-ecológico. O fato é que o Brasil é um país pobre, tem uma desigualdade social imensa e, ao mesmo tempo, tem uma cobertura florestal de interesse de todo o planeta, principalmente a floresta amazônica.
Como conciliar o aludido “progresso” com a necessidade de aumentar a produção de alimentos e de bens, ou seja, ampliar a zona agricultável e industrial, e também com a necessidade de se preservar suas matas? É uma questão difícil, mas o Brasil não pode abrir mão do seu direito incontestável de utilizar suas riquezas de maneira responsável, porém voltada aos seus interesses, ou seja, às necessidades e interesses do povo. Uma saída, a ser pensada, seria manter grande parte de suas florestas intactas, mediante contribuição dos países ricos, como compensação por não poder usufruir de parte de suas riquezas naturais. Seria uma espécie de indenização por lucros cessantes.
O que o Brasil não pode fazer é ceder de cabeça baixa parte de sua soberania para beneficiar países ricos que no passado foram absolutamente irresponsáveis com a natureza. O Brasil tem direito a gerir suas matas e a cobrar pela manutenção das mesmas, já que ela é de fundamental importância para a sobrevivência de todo o planeta. Ele só não pode sofrer um ônus, ou seja, um prejuízo ainda maior, por ter agido de maneira menos irresponsável nos últimos séculos.
A mídia internacional, os mandatários dos países ricos, em especial os Estados Unidos e a União Européia, têm aumentado as críticas ao Brasil, não com a finalidade de assegurar um meio ambiente sadio a toda a humanidade, já que em seus países nunca houve tal preocupação, mas para poder exigir de um país pobre que pare de utilizar seus próprios recursos em benefício da população de todo o mundo, enquanto não pratica o reflorestamento em suas próprias terras. O Brasil não pode permitir o desmatamento irresponsável, mas também não pode aceitar condições injustas, imorais, impositivas e limitatórias de sua soberania. Os Estados Unidos já invadiram o Afeganistão por causa do gás natural e o Iraque por conta do petróleo. Agora, só falta invadirem o Brasil por três grandes causas: água potável, floresta amazônica e os minérios preservados e escondidos no subsolo da mata.
Olhar a questão sem paixão e de forma racional, é a única saída para não nos seduzirmos com uma propagação tendenciosa e que visa atender não aos interesses dos africanos, sul-americanos ou de qualquer povo empobrecido, mas sim, precipuamente, aos maiores responsáveis pelo desmatamento mundial. Aceitar as condições que são diuturnamente apresentadas é premiar a falta de respeito desses países ricos com o meio ambiente e com o planeta. Pode-se considerar, assim, a fala desses países como ato imperialista.

sábado, 25 de outubro de 2008

A VIDA QUE CRIA A MORTE

Logo ao nascer, desesperamo-nos em chorar.
Mal conseguimos abrir os olhos.
De repente, sentimos frio, vendo seres enormes, monstruosos, emitindo sons imcompreensíveis.
Começava aí a dita vida.
Crescemos e aprendemos a brincar com forte apache, onde os soldados eram os bons e os índios os cruéis, e também de carrinho.
Nos ensinavam desde pequeninos a deturpar a história e a abandonar o coletivo.
Nos ensinavam que existiam super-heróis e nos faziam acreditar no individualismo e não na solidariedade.
Fomos para outra etapa da vida.
E vimos que as meninas olhavam para aqueles que tinham o cabelo transado, a roupa da moda e destoávamos desse universo. Ficávamos silentes sem entender o porquê de tanta valorização ao estereótipo massificante. Porque havia escolhas? Porque alguns eram excluídos? Porque escolhíamos por uma aparência, tão somente? Porquê?
O tempo foi passando. Escolhemos uma profissão, estudamos e a idealizamos.
No dia-a-dia da briga jurídica os egos afloravam como verdadeiro xadrez de mentes que se consideravam brilhantes. A justiça e as pessoas eram esquecidas.
Crianças pobres eram afastadas das mães, colocadas em abrigo ou jogadas em masmorras para infratores. Resumia-se a justiça ao processo, maquinação de mentes doentias.
A tristeza era permanente. Roubava-se pelo consumo massificado a que não se podia aderir. Prendia-se acreditando que a segregação era o rumo da nossa civilização.
Civilização que discriminava os pobres, os negros, os índios, os islâmicos.
Inconscientemente valorizávamos o que considerávamos a perfeição, principalmente de estética. Aderíamos à dita eugenia, onde pincelávamos geneticamente o que críamos ser superior, ao modo da cegueira estadunidense do início do século passado e da nazista que resta nas memórias de todos.
E continuamos nessa vida de explorações e sangrias da alma humana.
Dinamitamos o pouco que nos resta.
E com isso vivemos a expectativa da morte.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A morte do presidente João Goulart ainda é uma incógnita



Muitos pesquisadores foram atrás de provas para verificar a morte do ex-presidente deposto pelo golpe militar de 1964 e, hoje, há mais dúvidas e inquietações que conclusões absolutas. Relatório do Senado aponta que não há como provar que houve assassinato, mas isso não afasta a hipótese do mesmo ter ocorrido. Motivos não faltavam aos opositores de um Brasil mais justo, progressista e com produção cultural independente, de tentar matar o herdeiro da imensa popularidade de Getúlio Vargas.

Há boatos de todos os tipos, como o que havia intenção manifesta dos militares de matar Juscelino, Jango e Carlos Lacerda. Os três morreram em datas próximas, com variação de cerca de 1 ano. Brizola também seria alvo. Não morreu, mas lhe foi cassado o direito de refundar o antigo PTB. Restou-lhe outra sigla, o PDT, de conotação socialista. Houve tentativa de golpe orquestrada pela ditadura e pela TV Globo e o cunhado de Jango quase não conseguiu tomar posse como governador eleito do Rio de Janeiro, em 1982. Difamações e boatos corriam soltos contra o democrata Brizola, hoje totalmente desmentidos.

O presidente João Goulart, que foi ousado em aumentar o valor do salário mínimo em 100% à época em que era ministro do trabalho do presidente Getúlio Vargas, que pretendeu inaugurar e praticar a reforma agrária em um país repleto de latifúndios, que restringiu a remessa do lucro das grandes empresas multinacionais, que fomentou a cultura e a inserção do país como membro das nações não-alinhadas às pretensões imperialistas dos Estados Unidos e da então União Soviética, que presidia o país no auge cultural do país, com a bossa nova, o cinema novo, uma grande produção literária, com a maravilha de uma televisão com padrão de qualidade como a Excelsior e a fantástica e merecida premiação do filme “O Pagador de Promessas”, era perseguido pelos interesses estadunidenses, pelos militares treinados na escola americana e por políticos e organizações civis de orientação direitista.

Recentemente, uma pesquisadora inglesa apresentou provas de que a CIA investia dinheiro em fundações para que estas incentivassem intelectuais a divulgarem o “modus vivendi” americanos. Intelectuais de peso, pelo mundo afora, foram cooptados por meio de patrocínios de todas as espécies.

A independência cultural brasileira, de certo, era um problema.

Segundo a CIA, o Brasil, pela sua dimensão territorial, deveria exercer um papel de controle político e ideológico dos outros países latino-americanos. E sofreu o primeiro golpe militar e de direita na região. O Brasil investiu em material bélico, em sua maior parte oriundo dos Estados Unidos.

Antes do golpe, agentes da CIA espalharam-se pelo nordeste, para barrar uma contra-insurgência.

A CIA fomentou o golpe, através da mídia, incentivo a organizações não-governamentais e com apoio expresso aos militares direitistas. Uma frota americana estava à beira da costa brasileira no dia do golpe, antecipado por um general mineiro.

Segundo familiares e um ex-agente do serviço secreto uruguaio, entrevistado pelo jornal Folha de S. Paulo, houve ordem expressa do delegado Paranhos Fleury de assassinar João Goulart. Segundo o agente, ele morreu por envenenamento.

Outras estranhezas: o motorista que conduzia o ex-presidente Juscelino, na Dutra, no dia do “acidente” fatal, teve o caixão lacrado e não pode haver confrontação para saber se houve a sua morte e, se realmente ocorreu, qual teria sido a causa. Há versões não confirmadas de que ele está vivo e envolveu-se em outras mortes de políticos importantes. Seria ele um ex-agente ou colaborador da ditadura brasileira? Isso, de certo, precisa e merece ser investigado. São boatos, sim, mas que, de certo, geram dúvidas, pois os fatos estão inexplicados.

João Goulart já não vive mais e não há mais herdeiro político do Getulismo. Houve uma campanha massiva para desprestigiar o ex-presidente que, de certo, cometeu excessos e erros, mas foi o mais devotado ao progresso do Brasil e da inserção dos brasileiros na dignidade de seres humanos, ainda que não expressasse esses termos em seus discursos. Hoje, a esquerda brasileira segue passos imprecisos e menos autênticos e independentes. Getúlio evitou, em 1954, uma tomada de poder pelos interesses estadunidenses. Em 1964 o Brasil se ajoelha ao imperialismo estadunidense e o getulismo tem fim.

Ainda procuramos nossa independência em todos os aspectos. Primeiramente, devemos resgatar a nossa história e a dos nossos líderes. Os governos eleitos democraticamente deveriam fomentar isso em prol da cidadania e do reposicionamento estratégico do nosso país.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL: EFEITOS MALÉFICOS E BENÉFICOS


A crise econômica que está atormentando os mercados financeiros de todo o planeta não é apenas do capitalismo. Como esse sistema rege o mundo inteiro, os seus efeitos se expandem para Cuba, Coréia do Norte e outros, que de uma forma ou outra dependem do restante dos países que aderiram à economia de mercado, na verdade do mercado financeiro, onde os grandes investidores ditam os rumos do mundo, das guerras a serem travadas e do "modus vivendi".

Não há dúvidas de que haverá algumas conseqüências diretas e outras a médio e longo prazo com essa grave crise financeira. Vamos citar algumas que antevejo:

A CURTO PRAZO
Diminuição brutal das guerras patrocinadas pelos Estados Unidos.
Diminuição das intervenções indiretas dos Estados Unidos em questões de geopolítica.
Diminuição do consumo global e dos efeitos maléficos de contaminação da natureza.


A MÉDIO PRAZO
Aumento do número dos fundamentalistas ocidentais.
Aumento da liberdade nos países teocráticos do Oriente.Aumento da representatividade da direita nos países que mais sofrerem com a turbulência econômica.
Participação cada vez mais importante da extrema direita na maior parte dos países ocidentais.
Formação de grandes blocos econômicos e militares.
Aumento da xenofobia e do racismo.
Legislações protecionistas nos países que hoje compõem o G8, num contrasenso ao que pregam atualmente.
Ressurgimento com força de sistemas alternativos ao capitalismo.

A LONGO PRAZO
Legislações mais rigorosas contra discriminações em todos os aspectos, incluindo os religiosos.

domingo, 12 de outubro de 2008

DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS

Nesse dia 12 de outubro, feriado no Brasil, mas não em razão do dia das Crianças, e sim em função da nossa Padroeira, Nossa Senhora (ei, o Brasil é um país laico?), temos que comemorar a melhoria no ensino e na diminuição da mortalidade infantil. No entanto, ainda restam muitas crianças trabalhando, enquanto somente deveriam estudar e brincar, muitas outras se prostituindo e um grande punhado ganhando dinheiro ao lado dos traficantes. É uma triste realidade, mas isso não vem de hoje.
Canudos foi um exemplo do desprezo pelos infantes órfãos. Muitos eram levados como troféus pelos vitoriosos e muitas meninas foram compelidas, ainda crianças, a se prostituir.
No Oriente Médio, vemos várias crianças palestinas morrendo todo dia por uma força de ocupação ilegal.
Na África, assistimos passivamente à morte de milhares de crianças por absoluta desnutrição.
É uma triste realidade, mas ainda há esperanças. São essas crianças que governarão o planeta daqui uns 40 anos. Muita coisa ainda pode mudar, e para melhor, afinal, criança é sinônimo de esperança de um mundo melhor, mais justo, harmonioso, humano e belo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

NÃO PERCA

O SEGREDO DO GRÃO, um filme importante para quem tem curiosidade sobre os costumes e a cultura árabes.

Há palavras que existem apenas em certas línguas. Uma delas é saudade, exclusiva da língua portuguesa. Uma outra, que vai muito além de amor, também existe apenas para os árabes. Você descobrirá qual é essa palavra vendo a película.


E o filme retrata exatamente isso, algo muito maior que o amor. Um filme francês lindíssimo, ganhador de 4 prêmios "César" em 2008.
Veja o trailer:

http://mais.uol.com.br/view/a56q6zv70hwb/o-segredo-do-grao-la-graine-et-mulet-040264C8893307?types=A&A

terça-feira, 7 de outubro de 2008

DICA PORTA CURTA PETROBRÁS

Um vídeo para compreender o outro lado naquele primeiro encontro onde as primeiras chances criam uma certa ansiedade.
Sete, Sete e Pouco - Ficção, Conteúdo Adulto De Paulo Weidebach 1998 12 min Com talita castro, Fábio Araújo Um homem, uma mulher e toda a ansiedade de um primeiro encontro... mais ou menos marcado.

http://portacurtas.com.br/pop_160.asp?Cod=1202&exib=5937

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

UM PRESIDENTE ESQUECIDO

por CYRO SAADEH*


Há uma frase repetida sem cessar que diz que o brasileiro não tem memória. Eu acrescentaria uma palavra à frase, que julgo necessária, "política". O brasileiro não tem memória política, isso sim. Talvez por isso os candidatos sejam tão ridículos e tão despudorados em frente às câmeras e ao próprio povo, hoje em dia, pois nos esquecemos das promessas e das palhaçadas que fazem para nos enganar.

Faço questão de começar com essas palavras para dizer que João Goulart, presidente democrático do Brasil, foi deposto por um famigerado golpe, sem qualquer resistência.



Apelidado de Jango, João Goulart, foi autor de propostas ousadas e polêmicas, como limitação da remessa de lucro ao exterior, reforma agrária e tantas outras, as chamadas reformas de base, o que precedeu o seu banimento da presidência e do país.



João Goulart era um trabalhista, na época em que o dito trabalhismo orbitava em torno da figura de Getúlio Vargas. Também era um idealista, um ousado humanista que, de uma só vez, propôs e conseguiu o aumento de 100% do salário mínimo, quando Ministro do Trabalho do governo democrático de Getúlio Vargas.



Em uma época em que se podia votar para presidente em um determinado partido e para vice de outro partido, inclusive de outra coligação, ocorreu algo incrível e que geraria a oportunidade dos golpistas de plantão tomarem o poder. Foram eleitos Jânio Quadros, da UDN (direita), como presidente e Jango (trabalhista) como vice-presidente da República.



Voltando um pouco no tempo, é bom lembrarmos que Getúlio evitou um golpe da UDN ao praticar o suicídio, em 1954. Ele era considerado muito esquerdista para a direita e muito direitista para a esquerda. Mas depois disso os golpistas continuaram a se articular e a arregimentar o clero, os militares, as donas de casa, a classe média e a mídia quase que como um todo, com raras exceções.



Em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, não fosse o destemido Leonel Brizola, com a sua campanha da legalidade, João Goulart não teria assumido a presidência. Mesmo assim teve que aceitar o parlamentarismo, ou seja, a restrição de poderes, face à oposição declarada dos militares à sua posse. Era de se prever que Jango não governaria tranquilamente e em paz.



Sabedor do apoio da grande massa trabalhadora, mas não de parcela da esquerda e da totalidade da direita, bem como dos militares, Igreja e classe média, João Goulart demonstra ousadia ao propor reformas de base, com o propósito de propiciar um crescimento do Brasil a médio e longo prazo, o que foi visto pelos setores conservadores como uma guinada para o comunismo, coisa que efetivamente não é verdade. Jango era um latifundiário nacionalista e ligado às causas dos trabalhadores, mas não tinha habilidade política, como sempre realçou o Marechal Lott, braço direito de Getúlio e candidato derrotado à presidência na chapa com Jango.



Os Estados Unidos prepararam o terreno para o golpe, com cerca de mil estadunidenses espalhados pelo nordeste, provavelmente para articular ações de guerrilha contra o governo.



Sabedores da intenção golpista de alguns generais e de parcela da sociedade, os Estados Unidos enviaram um porta-aviões para dar apoio logístico, caso necessário.



João Goulart, avisado pelos seus assessores da ação militar que se iniciara em Minas Gerais, com o apoio de São Paulo, e com o envio de navios e um porta-aviões estadunidenses para a costa brasileira, percebeu que não haveria apoio popular a uma reação e tampouco força militar suficiente para evitar esse rompimento da ordem democrática. Humanista como sempre foi, optou pelo silêncio e cabisbaixo deixou o palácio do Alvorada em Brasília, rumo ao sul e, posteriormente, ao exílio. Fez isso por amor aos brasileiros, para evitar banho de sangue. Não tinha sede de poder, e por isso foi alvo de chacotas e críticas desmerecidas. Foi um brasileiro digno que dizem ter sido assassinado por força da operação Condor, uma operação iniciada pelos então países ditatoriais (Chile, Argentina, Brasil, Bolívia e Uruguai) com o apoio da agência americana de inteligência (CIA).



Sequer os brasileiros ergueram as armas para o seu retorno. Quando o fizeram, a partir de 1967, foi para tentar implantar um governo de viés comunista.



Morreu silente, sem o apoio dos brasileiros.


Jango foi esquecido durante o golpe, logo depois e até hoje.



Hoje falam nas corretas indenizações aos torturados e presos políticos. Mas e ao presidente e aos governadores cassados? Não foram eles alvo de perseguição política? Não seriam eles os maiores prejudicados pelo rompimento da democracia e pela atitude covarde dos golpistas?



Também hoje se luta corretamente pela punição aos torturadores e homicidas que, em nome de um governo, em desvio de poder, praticaram as maiores atrocidades.



Mas jamais se fala no crime que foi afastar um presidente eleito, em um regime democrático, através das armas, submetendo-o ao exílio forçado. O primeiro ato institucional baixado pelos militares cassou os direitos políticos de João Goulart e de todos os membros do então PTB, além de outros. A saída para os "eleitos pelos golpistas" foi procurar o exílio, para não serem presos ou mortos.



João Goulart morreu, assassinado ou não, e o seu governo e a sua memória permanecem na mais absoluta ignorância do esquecimento.



Rompeu-se uma ordem democrática e não se pede a responsabilização criminal, civil e moral dos ardilosos golpistas antidemocráticos. Feriu-se frontalmente a democracia, destituindo-se o líder Supremo da Nação e nos calamos. Não fizemos valer os votos dos brasileiros. Não fizemos valer a democracia. Não fizemos valer a Constituição de 1946. Não fizemos valer a liberdade. Não fizemos valer a ética. Não fizemos valer a cidadania. Deixando a memória do presidente no esquecimento, nos tornamos menos merecedores do poder do voto, da cidadania e da força das normas Constitucionais. Calando-nos, permitimos e aceitamos os excessos praticados pelos mais fortes. E essa esdrúxula situação perdura até hoje por conta do nosso "esquecimento".



Segundo o ordenamento jurídico internacional cabe, sim, a punição criminal dos que levaram à deposição do então presidente João Goulart. Como ele representava o maior exemplo de perseguido político, o crime que praticaram contra a sua imagem, a sua pessoa, a sua família, ao povo brasileiro, à Constituição, aos valores de dignidade da cidadania e da pessoa humana e à própria democracia brasileira, configura não apenas um delito político, mas principalmente um crime de perseguição política, ou seja, contra a própria humanidade, segundo o ordenamento jurídico internacional.



Punir os golpistas, militares e civis, é fazer fortalecer a democracia e os princípios por ela consagrados, como o de respeito à cidadania, inclusive do voto popular, e aos direitos humanos. É marcar na história a inaceitabilidade de atos daquele tipo em prol de um possível futuro democrático.´



Exemplos estão sendo dados no mundo afora. Recentemente, a Suprema Corte Russa considerou crime político a destituição e o assassinato do então Czar e seus dependentes à época da Revolução de Outubro de 1917.



Relembramos o nosso passado e exigirmos respeito à ordem democrática e às figuras devidamente eleitas pelo voto popular é o que a ética, a moral, o ordenamento jurídico e as memórias familiar e nacional exigem.


Somente assim, tornando aquele Presidente, até então esquecido, presente em nossas mentes é que o Brasil se tornará menos desigual, menos injusto e menos pródigo em oportunistas. É óbvio que esquecendo-nos de Jango, esquecemo-nos de nosso sistema democrático e legitimamos rupturas e ditaduras, como ocorreu em 1964.

________________________________________________________

* jornalista e advogado público


Entenda um pouco mais o Governo João Goulart e o golpe militar consultando o CPDOC da Fundação Getúlio Vargas



domingo, 5 de outubro de 2008

OS MENDIGOS E A LIBERDADE

Certa vez, sob uma garoa gélida, caminhando rapidamente em uma rua estreita, vi um mendigo encolhido e escondido sob a proteção de um pequeno telhado externo de uma casa. O olhei com pena e de imediato o cumprimentei. Ele, ao contrário, apenas olhou fixamente, como se tentasse decifrar facilmente o meu ser através da leitura de minha alma.

Aquilo não chegou a me assustar. Apenas me fez refletir sobre a sabedoria que essas pessoas que julgamos coitadas escondem. Não são coitados. São corajosos. Coitados somos nós, que vivemos sob o manto do conforto e do luxo que nos afasta da reflexão verdadeira. Os seres que julgamos coitados por serem sem teto ousaram abandonar o conforto em busca de um eu verdadeiro, escondido sob as vestes do imaterial. São filósofos autênticos e desconhecidos, que observam os comportamentos alheios e a vida, sob uma reflexão ímpar. Eles, e quase que só eles, são capazes de ver o mundo sob outro ângulo e outra ótica e manter contato mais próximo com o mundo que nos rodeia; nós, ao contrário, optamos por nos esconder atrás das muralhas de proteção que criamos.
Depois dessa breve reflexão, passei a olhar aqueles seres que julgava diferentes e estranhos como pessoas sublimes, não porque optaram pela pobreza, mas porque almejaram, com a escolha do desprendimento, por uma vida mais verdadeira, com menos amarras e mais verdades. Eles conseguiram com essa decisão tão simples, mas tão difícil, estar mais próximos daquilo que julgamos um dos ideais da humanidade: a liberdade autêntica.

sábado, 4 de outubro de 2008

VOCÊ SABIA?

1) O bairro da Pompéia tem três restaurantes que estão entre os mais cotados da página da Prefeitura de São Paulo
http://www.cidadedesaopaulo.com/comer
São eles:
AlcaparraCozinha NaturalLocalizado na av. Pompéia, 2544, próximo da Heitor Penteado.Telefone: 3672-7674Desde 1981. Bufê vegetariano com 22 opções. Tem também loja de produtos naturais. Estacionamento. Aceita alguns cartões e todos os tickets.

OlivoLocalizado na rua Tucuna, 381 - Telefone: 3873-2611 / 3872-8880
Pizza, bar, grill. Apresentações de música ao vivo.
Galpão da Pizza Localizado na rua Doutor Augusto de Miranda, 1156 - Telefone: 3672-4767
Desde 1996. Massa média. Possui estacionamento. Aceita alguns cartões. Delivery. 2) Pontos Culturais? A Pompéia também está lá. SESC PompéiaLocalizado na rua Clélia, 93Telefone: 3871-7700Site: http://www.sescsp.com.br/
O espaço possui: área de convivência, com biblioteca, área de leitura e espaços para exposições mensais; teatro, deck/solarium com cachoeira e uma chopperia.

Cine Arte Lilian LemmertzLocalizado na rua Clélia, 33, no Shopping Pompéia Nobre - Telefone: 3873-9817
Arte GüllikEndereço: Av. Pompéia, 1227 - Telefone: 3862-2156. Acomoda até 30 pessoas.

Teatro Plínio Marcos
Rua Clélia, 33 - PompéiaTelefone: 3864-3129. Tem capacidade para 100 pessoas. Acesso para deficientes físicos. Hall. Ar condicionado. Estacionamento. 3) Locais de Esporte? Nós também estamos por lá.

Kamikase Endereço: Rua Venâncio Aires, 683 - Pompéia - Telefone: 3872-1887 - paintball

Parque Antártica (Palmeiras) Endereço: Rua Turiassu, 1840 - Pompéia - Telefone: 3873-2111 - http://www.palmeiras.com.br/
Estádio de futebol onde se realizam importantes partidas e eventualmente espetáculos musicais.

Se você não conhece esses lugares, reserve um tempo e vá lá. Comece conhecendo o seu bairro e parta para a sua cidade. São Paulo é muito rica em matérias gastronômica e de lazer, esportes e cultura.
__________________________________________________

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

LANÇAMENTO!

Veja abaixo um trailler do primeiro filme do ator e diretor Selton Mello, "FELIZ NATAL!",que estreará nos cinemas no dia 21 de novembro e promete ser sucesso de crítica.

http://www.youtube.com/watch?v=oCE2u5xmppY

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

COMO PERCEBEMOS AS CRIANÇAS

Crianças são sempre crianças, o que não necessariamente acontece com os adultos.
Crianças em guerra ou brincando, vão sempre demonstrar sentimentos que nos comovem e que redundam ou em um sorriso ou em lágrimas.
Crianças estudando ou lendo, nos intriga e nos fascina.
Crianças vestidas ou desnudas são pura arte, onde passamos a admirar a mais pura extroversão.
Crianças pedindo esmolas ou vendendo balas nos choca e pensamos nas hipóteses do futuro delas.
Crianças cantando ou dançando simplesmente nos encantam.
Crianças que foram crianças geralmente tornam-se bons adultos e pessoas especiais que admiramos. Veja o Menino Maluquinho.
Adultos geralmente não agem condizentemente e nos fazem repensar se o ser humano age condizentemente com a natureza que nos alberga e alimenta física e espiritualmente.
Crianças geralmente são a nossa esperança, enquanto os adultos tornam-se a mais pura desesperança que despeja na total descrença.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

NUVENS

Olhamos as nuvens e tentamos imaginar esculturas de uma espécie de algodão ao vento. Quem já não olhou para elas e imaginou poder prever o futuro com figuras que se formariam quase que exclusivamente para o observador? São enigmas das nuvens que se locomovem entre a terra e o céu, como portas que nos permitiriam, ou não, alcançar o divino, transportando pelos ares toda a nossa imaginação e crença em um ser que nos é infinitamente superior. Se estamos nas nuvens ou na terra, não importa. O que nos parece imprescindível é saber que elas existem e transportam lentamente nossos sonhos, devaneios e pensamentos filosóficos quase autistas que insistimos em traçar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

PÃO

Pão é aquele alimento que o cheiro nos enfeitiça e que o paladar nos domina. Podemos não parar de comê-lo ou de apreciar suas formas normalmente curvilíneas. Parecem pequenas mulheres que, caladas, nos seduzem e nos convencem a permanecer ao lado e degustar o que a natureza ousou permitir.

domingo, 28 de setembro de 2008

ÁGUA

Sem água não vivemos. Ah, mas tem gente que só bebe cerveja, refrigerante e suco... Tudo bem, mas sem água não se faz nenhum desses três tipos de bebida. Sem água não se sobrevive ao calor do deserto. Sem água não se locomove entre os pontos. Sem água não se cria peixes e nem se extrai outros tipos de alimentos dos mares, rios e lagos. Sem água não há banho para os seres humanos. Sem água não há possibilidade de existirmos. O líquido da placenta também é composto de água. Sem água não há fruição da vida ou a expectativa de inteligência. Sem água só nos resta ter consciência da finitude. Com a água, porém, aproximamo-nos das possibilidades infinitas e do próprio universo ilimitado, que incentiva a vida, a evolução dos seres e o contato com a natureza visível.

sábado, 27 de setembro de 2008

ESCREVER...

Escrever pode não ser um eterno prazer, mas um tormento quando falta a necessária criatividade.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

NA VIDA QUASE SÓ HÁ INCERTEZAS

Não sabemos o que nos reserva o futuro.
Não temos certeza daquilo que analisamos no passado.
Não temos certeza se o caminho optado nos fará feliz.
Mas nos julgamos donos da verdade.
Donos de uma forma de raciocínio perfeita e assim desprezamos a intuição; desconsideramos os estudos adivinhatórios e menosprezamos a sensibilidade da alma.
Somos fruto da natureza, temos minerais que estão presentes nas pedras e uma proximidade enorme com os macacos. No entanto, nos julgamos superiores a tudo, superiores a tudo e a todos, inclusive a outros humanos. Depois não sabemos de onde vêm o ódio, o preconceito e a intolerância, os males que plantamos e semeamos. Com tudo isso, ainda nos julgamos racionais e acreditamos que somos capazes de desvendar o mundo com essa nossa forma arcaica de analisar e perceber o mundico que conseguimos enxergar.
Não acredite em tudo o que o homem diz que descobriu a respeito do imaterial.Trasncenda, medite, sinta, sonhe, dance, relaxe, deite e dê vazão aos sentidos que você se tornará um ser humano melhor e poderá ser capaz de fazer descobertas incríveis.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

MÃOS

As mãos permitem-nos supor a vida. Foi por causa delas que emitimos nosso primeiro choro. Foram elas que nos acolheram no colo. São elas o material de trabalho de grande parte das profissões. São elas que nos permitem o toque, as fortes sensações e os mais inteligentes métodos de sedução. São as mãos que nos permitem aproximar dos outros seres humanos e cumprimentá-los. São elas os extremos de um abraço. São as mãos que nos levam de um lado a outro nas águas. São elas que apóiam nossas cabeças ao refletirmos sobre a vida. As mãos podem ser apoio ou não, essenciais ou não. De certo, não chegaríamos até aqui sem elas. Sem as mãos, o toque seria diferente, a compreensão das sensações também e até a reflexão sobre a vida talvez se tornasse um pouco menos acalentadora.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

AR

O ar realmente é algo que nos intriga. Não o vemos, mas o sentimos. Não o tocamos, mas o respiramos. Não nos preocupamos muito com ele, pensando erroneamente que ele não se modifica. Pensamos vagamente nele, mas temos consciência de que é essencial em nossas vidas. É uma das bases de nossas vidas, mas não é sólido. Não conseguimos agredi-lo fisicamente, mas com atitudes indignas o alteramos. É um dos elementos mais importantes do universo, que carrega consigo nuvens e tudo mais.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

VOLTAR A SER POETA E, DAÍ, FILOSOFAR OU SER FILÓSOFO E, DAÍ, POETIZAR


Infelizmente, não tenho tido tempo para a reflexão, tão necessária para que se possa poetizar. Para isso, creio que a reflexão seja imprescindível, pois não vislumbro muita diferença entre a ciência filosófica e a arte da poesia. Penso que não podemos analisar o mundo sem enxergarmo-lo como conhecido, de forma querida, e tentar decifrar sutilezas. Temos que ter abraçado o mundo, ainda que em pensamento. E se o olharmos como um absoluto estranho, nada saberemos e as nossas conclusões serão certamente falsas, pois não terão a necessária base de conhecimento.
Por isso, creio que os sufis foram os filósofos mais extraordinários, pois aliaram, sempre, poesia e filosofia, crendo que o amor e a felicidade são os pontos culminantes do encontro com o Divino.
Não podemos ser meramente matemáticos em nossos raciocínios, abstraindo emoções que nos fazem pensar de determinada forma, inclusive. Seria falso supor que podemos ser totalmente racionais. Se quisermos agir assim, truncaremos uma premissa básica, que é o raciocínio que formulamos de acordo com os sentidos que apreendemos no decorrer de nossas vidas.
Razão e poesia têm, sim, que caminhar, não em paralelo, mas conjuntamente.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



Postagens populares

__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
NOTÍCIAS, OPINIÕES, ARTIGOS E MEROS ESCRITOS, POR CYRO SAADEH
um blog cheio de prosa e com muitos pingos nos "is"

___________________________________________________________________________________