Infelizmente, não tenho tido tempo para a reflexão, tão necessária para que se possa poetizar. Para isso, creio que a reflexão seja imprescindível, pois não vislumbro muita diferença entre a ciência filosófica e a arte da poesia. Penso que não podemos analisar o mundo sem enxergarmo-lo como conhecido, de forma querida, e tentar decifrar sutilezas. Temos que ter abraçado o mundo, ainda que em pensamento. E se o olharmos como um absoluto estranho, nada saberemos e as nossas conclusões serão certamente falsas, pois não terão a necessária base de conhecimento.
Por isso, creio que os sufis foram os filósofos mais extraordinários, pois aliaram, sempre, poesia e filosofia, crendo que o amor e a felicidade são os pontos culminantes do encontro com o Divino.
Não podemos ser meramente matemáticos em nossos raciocínios, abstraindo emoções que nos fazem pensar de determinada forma, inclusive. Seria falso supor que podemos ser totalmente racionais. Se quisermos agir assim, truncaremos uma premissa básica, que é o raciocínio que formulamos de acordo com os sentidos que apreendemos no decorrer de nossas vidas.
Razão e poesia têm, sim, que caminhar, não em paralelo, mas conjuntamente.