terça-feira, 24 de dezembro de 2024

UMA AULA SOBRE A SÍRIA

Às vésperas do nascimento de Jesus Cristo, não poderia deixar de postar algo sobre a Síria e a Palestina.

Cristo nasceu em uma época difícil, sob um império, sofreu, viu injustiças sendo praticadas e presenciou a morte de pessoas. Não estava presente a um genocídio, mas tentou alertar a humanidade sobre desmandos, desvios e a raiz da humanidade!

Mas vamos ao assunto de hoje!

Nesse renomado e prestigiado programa de entrevistas para discutir geopolítica, "Dialogue Works", o entrevistado, Laith Marouf, um renomado comunicador no Canadá e que conduz um canal online focado na Palestina, dá uma aula sobre a Síria e a situação geopolítica atual. Imperdível!

E se você puder, contribua com o canal do Laith Marouf.  Abaixo está o link para a contribuição.

O canal Dialogue Works, que o entrevistou, também está no Youtube. O programa é em inglês, mas você consegue acionar a legenda para o português.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

UCRÂNIA. QUAIS OS PROPÓSITOS DESSA GUERRA?

Mais de 416 bilhões de dólares foram prometidos à Ucrânia, mas os repasses teriam chegado a pouco mais de 238 bilhões de dólares, do início da guerra até o início de dezembro. De qualquer forma, é muito dinheiro. Esses números foram divulgados por uma agência noticiosa russa, baseada em dados abertos pelo governo ucraniano.

Os financiadores são os Estados Unidos, responsável por pouco mais da metade desse valor,  países europeus e a OTAN.

Considerando-se os valores envolvidos, uma pergunta há que ser feita. A quem interessou e interessa a guerra da Ucrânia? 

Pelo o que vemos hoje, de um lado serviu aos interesses econômicos dos Estados Unidos de produzir e vender armas, ganhar o mercado europeu no fornecimento de gás liquefeito e, ao enfraquecer a economia e as indústrias europeias, tentar conquistar o mercado antes dominado por elas.

A tentativa de debilitar econômica e socialmente a Rússia não funcionou. Esta nacionalizou as indústrias e o comércio de empresas europeias e estadunidenses, ao mesmo tempo em que passou a aumentar a produção de equipamentos militares e seus insumos. Por outro lado, passou a aumentar a venda de petróleo e gás para a China e a Índia. E ainda substituiu, ainda que parcialmente, a Ucrânia no fornecimento de fertilizantes. 

A guerra não começou com a invasão russa, mas com o golpe articulado pela inteligência ocidental para a derrubada, em 2014, do governo ucraniano pró-russo. No seu lugar entrou um governo de direita radicalmente pró OTAN, com apoio de forças milicianas neonazistas.

E voltando ainda mais no tempo, com o fim da União Soviética, foi prometido que a OTAN jamais se expandiria ao leste europeu. E não foi isso o que ocorreu ao longo dos anos. A OTAN, hoje, está nas fronteiras russas.

A guerra hoje travada foi imaginada e planejada há tempos pela OTAN e os Estados Unidos. E a Rússia esperou muito tempo para reagir, e o fez com força.

Os perdedores são o povo ucraniano e os países europeus. Os vitoriosos, ao menos até agora, são os Estados Unidos e Rússia.

A China, que assiste a tudo silenciosamente, poderia vir a ser ameaçada em suas fronteiras, caso o plano imaginado pelos Estados Unidos e OTAN desse certo, ou seja, a da desfragmentação da enorme Rússia em diversas republiquetas.

Disso se extrai que a ação foi contra a Rússia, mas que muito possivelmente o alvo silencioso dessas ações era a China.

Os ocidentais são um retumbante exemplo de fracasso militar, mas poderosíssimas em ações de inteligência. Vide o que aconteceu com a Síria, que resistiu por 13 anos a uma guerra contra ela, sucumbindo em poucos dias após ações articuladas pelas inteligências da Turquia e dos Estados Unidos.

domingo, 22 de dezembro de 2024

OCIDENTE EM AÇÃO NO IRAQUE?

Após a derrota na Síria, muitos analistas passaram a dizer que o eixo da resistência poderia vir a sofrer uma derrocada também no Iraque, país aliado ao Irã.

E, de fato, parece que ações de inteligência do ocidente já estão ocorrendo em relação ao Iraque.

Há uma campanha em andamento na internet contra leis que poderiam vir a ser aprovadas pelo parlamento iraquiano e que, sob um olhar ocidental, poderiam ser consideradas contrárias às crianças e mulheres, taxando-as (as leis)  de primitivas.

O estranho é que o Iraque não é um país tão conservador nem tão retrógrado em relação aos direitos das mulheres., o que dá a impressão de que se trata de campanha promovida por interesses externos.

Parece quererem converter o governo iraquiano em radical, para a opinião pública, ao mesmo tempo em que, pelas agências de notícias ocidentais e mídias retransmissoras, incluindo aí a poderosa CNN e a brasileira Folha de São Paulo,  tentam convencer que o líder terrorista que conquistou Damasco e que pertencia à Al Nusra, braço da Al Qaeda na Síria, e que assassinou tantas minorias nesse país, é um sujeito ponderado e moderado, que deveria ser apoiado pelo ocidente.
 
As tentativas das agências de inteligência dos Estados Unidos e da Grã Bretanha de convencer a opinião pública interna do país alvo e internacional normalmente começam assim. Vimos isso há mais de duas décadas antes da invasão do Iraque e a menos tempo nas chamadas primaveras árabes.

sábado, 21 de dezembro de 2024

O CALOR, A SECA E O RISCO À PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Já faz mais de um ano que digo que o aquecimento global prejudicará principalmente o Brasil, hoje um grande produtor de alimentos. E que devido a isso precisaríamos diversificar nossas fontes produtivas, priorizando as áreas industriais civil e militar e tecnológica.

O que era óbvio não era divulgado pela mídia, mas começou a ser.

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/agro-de-gente-pra-gente/noticia/2024/12/21/como-calor-e-seca-afetam-alimentos-e-ja-deixam-o-cafe-mais-caro.ghtml?utm_source=share-universal&utm_medium=share-bar-app&utm_campaign=materias

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

O CAMINHO DE DAMASCO E A SÍRIA

Muitos analistas insistem em dizer que os jihadistas permanecerão tão somente  na Síria. Digo o contrário por um simples e evidente motivo. 

O primeiro é o de que os grupos terroristas ou salafistas são formados em grande número por estrangeiros. O próprio líder que tomou o poder é saudita e não sírio. Não tendo raízes na Síria, o que lhes importa é a sua ideologia, e não o país em si. E o seu propósito somente pode ser alcançado quando grande parte do Oriente Médio se render. A Síria para eles é apenas um território ocupado e não um país propriamente dito. Por isso esses grupos ocuparam pequenas partes da Síria e Iraque, por exemplo.

Disso se extrai a possibilidade da Síria ser redesenhada e parcialmente ocupada por israelenses (ao sudoeste), turcos (ao norte) e curdos (os nordeste), remanescendo ainda diversas forças contrárias ao grupo que hoje ocupa Damasco.

Também é possível que o exército sírio, que hoje se encontra majoritariamente na região de Latakia e no Iraque, se reintegre parcialmente sob uma liderança nacionalista e volte a ocupar uma dada área estratégica hoje povoada por cristãos, alauitas, xiitas, drusos e até curdos.

O caminho de Damasco, que a guerra na Síria tão bem representa, é cheio de representações da nossa própria humanidade e da sua história controversa nesse planeta.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

OS TRÊS MELHORES RESTAURANTES ÁRABES DE SÃO PAULO

São Paulo é a cidade brasileira com o maior número de árabes e descendentes. Em decorrência disso, as esfihas e os quibes se popularizaram e são encontrados nos restaurantes mais e menos sofisticados, assim como em quase qualquer boteco. 

Dentre os diversos restaurantes de comida árabe existentes, há três que merecem ser destacados por sua comida raiz e de qualidade. São eles: a Brasserie Victoria, tradicionalissima, o Almanara, famosíssimo, ambos com preços mais elevados, e um restaurante bonito e maravilhoso, e com preço bem razoável, o Altanur, localizado no Pari. Todos esses restaurantes servem a tradicional comida árabe sírio-libanesa.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

ISRAEL E A ARMADILHA DO DESTINO

A Síria anti-imperialista caiu e já não existe mais!

O que resta é uma Síria fragmentada entre grupos de interesse, com um vencedor aclamado pelo ocidente e repaginado, que foi membro da Al Nusra, a ramificação da Al Qaeda na Síria. Nem todos, mas muitos grupos que lutam pelo poder são extremistas e terroristas. O ISIS cortava as cabeças daqueles que julgava inimigos ou infiéis. A Al Nusra não ficava atrás no terror praticado.

A terra que por milênios abrigou diversas religiões, algumas delas desconhecidas de muitos, hoje é liderada por um fanático transformado pelo ocidente em pacificador do País.

A situação da Síria, que era uma ponte entre o Irã e o Hezbollah significa o fim do eixo da resistência?

Quase todos os analistas internacionais de prestígio dizem que sim. Que sem a Síria o Hezbollah tende a acabar.

Sim. Reconheço que essa é a tendência, isso se o Hezbollah e o Irã não criarem ou optarem por alternativas à Síria. Mas elas existem? Sim!

O transporte pode ser feito por mar ou ar, embora seja mais fácil de Israel rastrear. Mas também pode ser feito por terra, por contrabando, o que encareceria o fornecimento para o Irã e envolveria ações cuidadosas para não chamar a atenção dos israelenses.

A outra é a luta pela Jordânia, com uma extensa área limítrofe a Israel. Como disse em outro texto, a Jordânia e a Arábia Saudita são possíveis fluxos dos jihadistas que hoje dominam a Síria. E ambos os reinos possuem extremas fragilidades, seja pelo autoritarismo de suas forças de segurança, seja pelas posições dúbias dos reinantes, seja pela oposição massiva hoje existente, embora silente pelas ações de tais regimes.

Israel preocupa-se em tomar terras e dominar territórios, mas isso não lhe garantirá a existência por longo tempo. Apenas o diálogo e a conversação com países da região é que poderá trazer segurança e estabilidade à região e ao próprio Israel. Enquanto invadir e dominar, haverá uma força contrária à colonização, ocupação e à própria existência daquele país.

Enquanto Israel invade terras, é possível que, da mesma forma, venha a ser invadido. Mas não seria por exércitos de Estados, mas por grupos armados. Por isso disse e repito, Israel pode ter caído em uma grande armadilha, não do Hezbollah ou do Irã, mas do destino.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

NETANYAHU E OS JIHADISTAS

Ao destruir com mais de 400 bombardeios a matinha, a aeronáutica e 90% da defesa antiaérea Sírias, Israel provou que pretende ser hegemônico e imperialista na região. Não respeitar a ONU, os acordos, as leis e resoluções internacionais já é  praxe. Colonialista já é há 57 anos na Cisjordânia.

Mas isso será suficiente para evitar infiltrações dos jihadistas em seu território? A resposta é não.para os jihadistas as fronteiras não equivalem a territórios. Eles não precisam ocupar a Síria inteira nem Israel inteiro.

Assim como os jihadistas sobreviveram aos bombardeios russos e sírios, sobreviverão, sem marinha, aeronáutica e defesa anti-aerea, contra Israel. 

Os jihadistas são membros da extinta Al Qaeda, que Israel socorreu em seus hospitais no início da guerra contra a Síria.

Essa espécie de jihadistas não visa à religiosidade, mas a valores próprios. O princípio fundamental deles é o de extermínio do que julgam ser diferente, o mesmo que vem sendo adotado por Netanyahu em relação aos palestinos.

Israel provará do próprio veneno.

A feliz troca de Israel durará pouco. Os jihadistas não se limitação à Síria.

domingo, 15 de dezembro de 2024

A MÍDIA FRACA E PARCIAL E O ENFRAQUECIMENTO DA DEMOCRACIA

O critério da mídia ocidental para chamar um líder político de ditador, ou não, impressiona.

Há eleições na Síria, Irã, Coreia do Norte e Venezuela, mas os líderes eleitos são chamados de ditadores.

Por outro lado, o presidente da Coreia do Sul tenta dar um golpe de Estado, o presidente da Ucrânia se eterniza no poder e sequer convoca eleições, Netanyahu usa as guerras para se manter no poder, e o presidente do Egito assumiu o poder por meio de um golpe militar.  Nenhum desses é chamado de ditador pela mídia ocidental. 

O critério que a mídia ocidental utiliza para definir se um líder é ditador ou não é simples. Se está pró ocidente é líder legítimo. Se está contra os interesses do império, é ditador.

Obviamente esse critério é tendencioso e mentiroso. Apenas o método eleitoral de cada país pode definir a legitimidade de seu governante.

A mídia ocidental, em grande parte, mais emburrece, mais manipula e mais mente do que esclarece.

Com uma mídia assim podemos afirmar que vivemos realmente numa democracia?



sábado, 14 de dezembro de 2024

OS CRISTÃOS RESISTIRÃO NO ORIENTE MÉDIO?

Os cristãos em Gaza foram assassinados por Israel e as suas Igrejas destruídas por Israel.

Os poucos cristãos sobreviventes em Israel estão na Cisjordânia, e todos eles, católicos, ortodoxos, da Igrejas Armênia, correm risco.

Os cristãos libaneses foram atacados, também por Israel, mas muitos deles sobreviveram.

Já os cristãos sírios estão entre os soldados israelenses que se aproximam de Damasco e a espada afiada dos jihadistas, e pouco se fala sobre isso no ocidente.

O cristianismo mais uma vez se reencontra no caminho de Damasco. 

Os cristãos resistirão no Oriente Médio?

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

ISRAEL VITORIOSO, MAS ATÉ QUANDO?

Os Estados Unidos utilizaram o termo eixo do mal para designar todos aqueles países que se opunham aos mandamentos do ocidente.

O Irã, ao contrário, cunhou o termo eixo da resistência para incluir todas as forças que se opunham às pretensões imperiais no Oriente Médio. Fazem parte do eixo o próprio Irã, o Hezbollah, os palestinos, os houties do Iêmen, berço do povo árabe,e as forças xiitas iraquiana.

Com a queda da Síria e a sua possível fragmentação, a ligação do Irã com o Hezbollah, no Líbano, tornou-se quase impossível, ao menos por terra. 

Trump também já teria garantido ao primeiro ministro israelense, o poderoso Netanyahu, que atacaria as instalações nucleares iranianas.

Isso significa o fim do eixo da resistência? Não, mas sim o seu enfraquecimento temporário. O Hezbollah surgiu e se tornou uma força importante na região, mesmo com todas as adversidades e é possível que encontre outras formas de apoio e de reabastecimento de forças e armas. A capacidade de adaptação do Hezbollah é surpreendente.

Mas o que mais preocupa é a situação do Irã, sempre alvejado pelos Estados Unidos e Israel, seja por meio de bombas e de ataques diretos, seja pela tentativa de atentados e revoluções coloridas (golpes fomentados e financiados). Agora, Trump já disse abertamente a Netanuahu pretender alvejar as usinas nucleares iranianas.

Diante de tamanha ameaça ao Irã, parece não restar outra alternativa a não ser produzir armas de defesa e a dezenas de artefatos nucleares para a sua proteção, algo que a liderança religiosa do país era, ao menos até agora, contrária.

Os países ocidentais são conhecidos por suas ações impositivas e pouca vontade em dialogar. Eles avançam, atacam e destroem. Sempre foi assim. Trump não é diferente nesse quesito.

Alguns especialistas dizem que o enfraquecimento do Irã é possível, mas que ações diretas já estariam sendo planejadas contra o Iraque, um aliado iraniano.

As fronteiras iranianas são e deverão continuar a ser uma preocupação maior para as forças armadas persas. 

Por outro lado, mesmo com o ocidente achando que já dominou a situação, não se pode descartar que ações de desestabilização de um país até então submisso a Israel já pode estar em curso, Jordânia, que faz fronteira com todo o leste israelense.

Desta forma, se a Jordânia cair, ao mesmo tempo que a Síria, o jogo poderia se voltar a favor do Irã, contra Israel.

Mas por quais motivos o reino da Jordânia poderia vir a cair? Por vários. Descontentamento da base militar com o apoio da Jordânia a Israel. O grande número de palestinos refugiados na Jordânia descontentes com o apoio a Israel e o radicalismo dos terroristas que dominam a Síria, e que antes estavam apenas na fronteira Síria-Jordânia, que agora se espraiara pela Jordânia e região com mais facilidade.

Penso que a pretensão do ocidente era permitir que os radicais chegassem à Arabia Saudita, cada vez mais próxima da Rússia e da China, mas antes dela a Jordânia poderia cair, complicando os planos de Israel.

E o maior erro de Israel seria invadir a Jordânia, como fez na Síria. Nessa situação, o grande exército iraniano poderia confrontar abertamente as forças israelenses, tornando a queda do império israelense uma realidade possível em pouquíssimo tempo.

Um povo que recebeu apoio do então presidente sírio Assad para combater os terroristas foi o curdo, que domina o leste sírio. Eles poderiam ser um fiel na balança nesse jogo do ocidente contra o oriente? Não se esqueça de que foi o corajoso e justo curdo Saladino que conquistou Jerusalém para os muçulmanos.

Embora os curdos se dividam em pró-ocidente (do Iraque) e pró-oriente (da Turquia), são eles, com certeza, os fiéis da balança na antiga Síria.

Por enquanto não há certeza de nada, mas meras possibilidades, planos nos quais os analistas desenham perspectivas possíveis.

SÍRIA, POR PAULO SERGIO PINHEIRO

O professor e cientista social Paulo Sérgio Pinheiro deu uma aula sobre o HTS, e o seu movimento dentro da Síria que não foi inesperado, ao contrário do que muitos pensam,  e o que pode acontecer na região pós Síria devastada por radicais e invadida por Israel.
https://www.youtube.com/live/bfGMaP3UAeg?si=XYKaY7sE9kQmpW7g

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

UTOPIA TROPICAL, DIÁLOGO IMPERDIVEL COM NOAM CHOMSKY E CELSO AMORIM

Recomendo o documentário UTOPIA TROPICAL, do cineasta João Amorim, filho do diplomata Celso Amorim.

Essa película traz a realidade histórica do Brasil, através de uma conversa entre NOAM CHOMSKY e CELSO AMORIM.

É imperdível para quem ama história e geopolítica. Uma aula anti imperialista.

Está disponível no YouTube, de graça!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A HISTÓRIA DA PALESTINA E DOCUMENTOS HISTÓRICOS REVELADOS EM VÍDEO POR UMA UNIVERSIDADE DO LÍBANO.

Buscar a sua história não é apenas se situar e se fazer pertencer, mas trazer a verdade a si mesmo e ao mundo.

Muitos órfãos buscam saber sobre seus pais, assim como muitos filhos adotivos querem saber sobre os seus pais sanguíneos. Hoje, é possível buscar a sua ancestralidade por um teste genético e muitas vezes nos surpreendemos com o resultado!

Buscar a sua própria história e suas raízes faz parte da humanidade!

No início do século passado e logo após a segunda guerra mundial, o movimento sionista alardeava que a Palestina era uma terra desabitada, e muitos acreditaram.

Israel foi fundada e disse estar sob ataque terrorista desde então, e muitos acreditaram.

Israel invadiu terras egípcias, libanesas, sírias e palestinas sob o pretexto de se defender e anexou muitas delas, violando Resoluções da ONU, e muitos aceitaram a versão israelense.

Israel invadiu a Cisjordânia e a Gaza, uma pequena parcela daquilo que seria destinado aos palestinos, e muitos políticos israelenses disseram que era necessário exterminar os árabes e jogar uma bomba atômica em Gaza, como defesa, obviamente, e muitos acreditaram que Israel era sempre a vítima.

Israel praticou massacre de crianças e mulheres, bombardeou escolas, Igrejas, Mesquitas, prédios da ONU, massacrou jornalistas e funcionários humanitários e disse que era em defesa, por que no lugar em que só morreram mulheres e crianças havia terroristas, e muitos acreditaram.

Israel tem um dos exércitos mais bem armados do mundo, e do lado dos palestinos sequer há uniformes, botas e tanques. Há, sim, muitos órfãos que são capazes de dar a própria vida pela terra que perderam e que continuam a perder.

Feita essa introdução, é possível saber que a Palestina é habitada por povos árabes há mais de um milênio. Os Palestinos, que formam um povo arabizado, é uma mistura de filisteus, cananeus e árabes. Muitos são islâmicos, outros cristãos e alguns ateus. Dentre os árabes havia também muitos de fé judaica.

Expulsos de Portugal e Espanha, muitos judeus buscaram abrigo nos países árabes do norte da África, na Síria, no Líbano e até na não árabe Turquia. Judeus e árabes se identificavam e conviviam em harmonia.

Com a criação de Israel, muitos desses árabes judeus emigraram para Israel e lá se tornaram israelenses e assumiram a condição de povo judeu, desligando-se dos laços culturais com os árabes. O sionismo criou a etnia judaica e a eles, todos eles, chamou de semitas.

Semitas são os nascidos em parte limitada do Oeste da Ásia e seus descendentes. São onde os árabes vivem e onde os judeus árabes também viviam.

Israel, porém, é formada majoritariamente por judeus ashkenazis, vindos da Europa e da Rússia. Mas o sionismo chama os judeus como um todo de semitas, visando ligá-los à chamada Terra Prometida.

Mas os judeus historicamente não surgiram na Palestina, Judeia ou Israel, mas em terras babilônicas, daí serem descendentes do babilônico Abraão, assim como os árabes.

Os judeus, na verdade, invadiram o que era a antiga Palestina, a então Terra Prometida, guerrearam e expulsaram os cananeus que lá habitavam, cerca de 1.000 anos antes de Cristo.

A terra foi invadida por vários impérios. Dominada pelos romanos, cerca de 70 DC, os judeus foram expulsos de lá.

Desde o século VII DC a região esteve sob o domínio muçulmano, com pequenos períodos de dominação de impérios cristãos. Do século XIII até 1917 esteve sob domínio muçulmano, quando a Palestina passou a ser dominada pelo Império britânico. Um ano antes, em 1916, britânicos e franceses fizeram um acordo definindo o domínio sobre as terras do já decadente império turco-otomano no oriente médio (Acordo Sykes-Picot). Em 1917, uma alta autoridade britânica escreveu a um representante sionista do Reino Unido dizendo que a Grã-Bretanha pretendia destinar parte da Palestina para a criação de uma Nação judaica (Declaração Balfour).

Até 1900 não havia regiões judaicas na Palestina, embora judeus e árabes convivessem em harmonia, sendo que a região era amplamente povoada por árabes.  A imigração judaica foi aumentando ano a ano e apenas no período da segunda guerra a imigração judaica aumentou muito, mas mesmo assim era muito inferior ao número de palestinos. Daí surgiram grupos terroristas sionistas, visando à ocupação de vilas palestinas e à expulsão dos palestinos. Os massacres datam de antes da criação de Israel.

Em 1947 a ONU, através da Resolução 181, partilha a Palestina, ainda sob o domínio britânico, sem consultar o povo palestino e os países árabes. Em 1948, Israel se antecipa e declara independência.

Com as guerras na região, Israel foi se expandindo, ocupando áreas de palestinos e de outros países. Hoje, os palestinos vivem sob o domínio israelense na Cisjordânia e sofrem ataques de policiais, soldados e colonos israelenses. Os palestinos em Gaza vivenciam um massacre televisionado e transmitido ao vivo nas redes sociais.

O apartheid, a expulsão e o massacre de palestinos sempre fez parte do plano do estado sionista, ainda que não tenha sido apresentado explicitamente. A criação de um país só para uma religião em terra habitada por outro povo pressupõe a expulsão desse e até mesmo o massacre. O pequeno número desse povo que continuar a habitar a região sofrerá o apartheid, pois não pertence à etnia dominante. O genocídio que hoje assistimos ao vivo, não surgiu em outubro de 2023. Surgiu embrionariamente com as ideias sionistas e começou a ser implantado com a expulsão e massacre dos palestinos, antes mesmo da criação de Israel, em 1948.

As Nações Ocidentais, em especial Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Alemanha, sempre esconderam essa verdade de seus povos. Hoje, com as mídias sociais e a transmissão de imagens pelo celular, não há como ocultar, e as manifestações pró-palestinos domina as ruas das capitais ocidentais.

Com o surgimento do mundo multipolar, que está embrionário, a Palestina ocupa um espaço vital, representando a libertação do sul global do colonialismo e imperialismo ocidentais dos últimos séculos.

A Palestina, dessa forma, se correlaciona umbilicalmente com o mundo multipolar em formação. No mesmo processo de formação desse novo mundo, a Palestina será constituída formalmente e será capaz de abrigar os palestinos que lá estão e também os que se encontram na diáspora, pelo mundo afora. A Palestina pode não ser uma potência econômica ou militar (sequer há exército), mas será uma grande protagonista desse novo mundo geopolítico.

Mas os palestinos, mesmo sob ocupação, apartheid e massacres, nunca desistiram de sua história e de sua terra.

Um engenheiro e pesquisador palestino que vivenciou a Nakba, que é a expulsão dos palestinos de suas terras em 1948, documentou a existência de vilas palestinas antes da criação de Israel, com mapas, relatórios e outros dados. E foi capaz de reunir em documentos o número de habitantes de cada vila e o nome de cada uma delas. O seu nome é Salman Abu Sitta e ele foi entrevistado pela Universidade Americana de Beirute, no Líbano, em um evento realizado e transmitido pela Associação de Bibliotecários do Oriente Médio (Middle East Librarians Association). O programa foi gravado em inglês e é possível traduzir para o português no YouTube. Embora longo, o vídeo é muito interessante e tem revelações históricas importantes. A fala do Sr. Salman tem início por volta dos 40 minutos. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=uaiVFViA_LU. Se preferir, clique aqui para acessar o vídeo.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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